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Teoria e Questões comentadas

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Prof. André Marques Matéria: Sociologia 1 de 33


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Professor: André Marques
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APRESENTAÇÃO

Olá, pessoal!

Sejam muito bem-vindos a este curso de Sociologia. Eu e o


Exponencial preparamos estas aulas esperando que elas sejam muito úteis
para garantir um bom desempenho de vocês na prova para a Polícia Militar
de São Paulo – Oficial. Antes de falar do curso para vocês, quero falar um
pouquinho de mim.
Minha vida de “concurseiro” começou cedo, pois, quando eu
ainda cursava o ensino médio, já via nos concursos públicos a melhor forma
de conseguir uma boa remuneração e estabilidade e, assim, poder ajudar a
minha família. Com isso, comecei a fazer concursos ainda com 17 anos, para
já me preparar e pegar experiência, dividindo o tempo entre estudar para o
vestibular da Universidade de Brasília e para concursos.
Aos 17 anos, passei no vestibular da UnB e comecei a cursar
História, mas, mesmo assim, continuei a fazer concursos, agora, dividindo o
tempo entre estudar as matérias do curso de História e estudar para
concursos.
Aos 19 anos, fui nomeado no concurso do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS. Mesmo com todas as
dificuldades para conseguir conciliar o tempo de estudo entre a universidade e
os concursos, não parei de estudar para concursos, pois queria ser nomeado
em um concurso melhor.
Em 2009, graduei-me bacharel em História e, no mesmo ano,
comecei a cursar Direito no Centro Universitário de Brasília – UniCEUB e
continuei a estudar para concursos.
Em 2010, fui nomeado no concurso do Departamento de Estradas
de Rodagem do Distrito Federal – DER/DF e no concurso do Departamento de
Trânsito do Distrito Federal – DETRAN/DF, tomando posse neste, mas
continuando a estudar para concursos melhores.
Em 2014, graduei-me bacharel em Direito e tornei-me advogado,
sendo aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil quando ainda
cursava o 9º semestre da faculdade de Direito.
Fiz especialização em Direito Administrativo e Processo
Administrativo, sempre continuando a estudar para concursos melhores.
Senti na pele todas as angústias e ansiedades que vocês estão
vivendo, nunca tendo tempo suficiente para estudar exclusivamente para
concursos, sempre tendo que dividir o tempo de estudo com o trabalho e as
atividades acadêmicas. Por isso fico muito feliz de fazer parte do caminho de
vocês e ajudá-los a passar por essa fase tão difícil o mais rápido possível!

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Mesmo sem tempo para poder se dedicar ao estudo para passar em


um bom concurso público, é possível sim conseguir tal feito, basta dedicação,
ter em mãos os melhores materiais e seguir uma rotina de estudos bem
organizada. É aí que entra a equipe do Exponencial para te mostrar o
“caminho das pedras”.
Agora que vocês já me conhecem um pouquinho, podemos partir
para uma análise do nosso concurso.

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Análise das provas


de “Sociologia”

Este curso tem como objetivo preparar vocês para a prova de


Sociologia do concurso público para a Polícia Militar de São Paulo –
Oficial. O edital já foi publicado, ou seja, é a hora do “sprint final”, hora de
dar tudo de si para concluir a sua preparação e chegar na hora da prova em
condições de “brigar” de fato por uma das vagas.
A matéria de Sociologia neste concurso será cobrada da seguinte
forma, conforme disposto no edital:

SOCIOLOGIA
1. O homem na sociedade e a Sociologia
1.1. Como pensar diferentes realidades. 1.2. O homem como ser social.
2. O que permite ao homem viver em sociedade?
2.1. A inserção em grupos sociais: família, escola, vizinhança, trabalho.
2.2. Relações e interações sociais.
2.3. Socialização.
3. O que nos une e o que nos diferencia como humanos?
3.1. O que nos diferencia como humanos.
3.2. Conteúdos simbólicos da vida humana: cultura.
3.3. Características da cultura.
3.4. A humanidade na diferença.
4. O que nos desiguala como humanos?
4.1. Etnias.
4.2. Classes sociais.
4.3. Gênero.
4.4. Geração.
5. A diversidade social brasileira
5.1. A população brasileira: diversidade nacional e regional.
5.2. O estrangeiro do ponto de vista sociológico.
5.3. A formação da diversidade:
5.3.1. Migração, emigração e imigração.
5.3.2. Aculturação e assimilação.

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6. A importância do trabalho na vida social brasileira


6.1. O trabalho como mediação.
6.2. Divisão social do trabalho:
6.2.1. Divisão sexual e etária do trabalho.
6.2.2. Divisão manufatureira do trabalho.
6.3. Processo de trabalho e relações de trabalho.
6.4. Transformações no mundo do trabalho.
6.5. Emprego e desemprego na atualidade.
7. O homem em meio aos significados da violência no Brasil
7.1. Violências simbólicas, físicas e psicológicas.
7.2. Diferentes formas de violência: doméstica, sexual e na escola.
7.3. Razões para a violência.
8. Cidadania
8.1. O significado de ser cidadão ontem e hoje.
8.2. Direitos civis, direitos políticos, direitos sociais e direitos humanos.
8.3. A Constituição Brasileira e a Constituição Paulista.
8.4. A expansão da cidadania para grupos especiais:
8.4.1. Crianças e adolescentes, idosos e mulheres.
9. A organização política do estado brasileiro
9.1. Estado e governo.
9.2. Sistemas de governo.
9.3. Organização dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
10. A não cidadania
10.1. Desumanização e coisificação do outro.
10.2. Reprodução da violência e da desigualdade social.

A disciplina de Sociologia não costuma ser cobrada em concursos


públicos, sendo mais comum em vestibulares e no Exame Nacional do Ensino
Médio – Enem. Com isso, vocês verão que a grande maioria dos exercícios
serão retirados desses certames, além de exercícios inéditos, elaborados pela
equipe do Exponencial Concursos, com enfoque exclusivo para o concurso da
Polícia Militar de São Paulo – Oficial.
Nosso objetivo, portanto, é que vocês tenham acesso a um material
objetivo, porém que trabalhe os principais conceitos necessários para

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responder as questões de Sociologia. Produziremos um curso repleto de


questões para que vocês pratiquem os conteúdos e cheguem preparados
para as provas.

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No quadro abaixo segue o programa do nosso curso. Em cada aula


indicaremos e analisaremos os temas que julgamos mais pertinentes para uma
boa preparação voltada para a prova. Nós teremos 07 aulas teóricas,
incluindo esta que vocês estão lendo. Nelas, estudaremos os temas
conceituais ligados à Filosofia exigidos neste concurso.
Aula Conteúdo

00 Entendendo a Sociologia

01 O Homem na Sociedade

02 A Diversidade Social Brasileira

03 A Importância do Trabalho na Vida Social Brasileira

04 Significados da Violência no Brasil

05 Cidadania

06 A Organização Política do Estado Brasileiro

*Confira o cronograma de liberação das aulas no site do Exponencial, na página do curso.

Finalmente, hora de nos aventurarmos! Tenham uma boa aula!

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Aula 00 – Entendendo a Sociologia

Sumário

1 – O que é a Sociologia ____________________________________________________ 9


2 – Grandes nomes da Sociologia ___________________________________________ 11
2.1 – “Pioneiros” da Sociologia _____________________________________________ 11
2.2 – Sociólogos Clássicos _________________________________________________ 15
2.3 – Outros nomes importantes para a Sociologia _____________________________ 19
3 – Principais Correntes Sociológicas ____________________________________________ 23

4 - Questões Comentadas _________________________________________________ 28

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1 – O que é a Sociologia

A Sociologia pode ser entendida como o estudo sistemático da


organização das sociedades humanas e dos fatos sociais a elas
ligados. A Sociologia procura explicar o comportamento coletivo no âmbito de
sociedades, culturas e subgrupos como as classes sociais e estratos.
A estratificação social é a forma pela qual se estrutura, nas
sociedades, um sistema de posições e papéis sociais dos indivíduos, dispostos
em diferentes camadas (estratos) que correspondem a graus diferentes de
poder, riqueza e prestígio.
A teoria da estratificação social baseia-se sobretudo na sociologia
norte-americana. As diferentes posições (ocupações) têm grau desigual de
importância. Em geral, as pesquisas sobre estratificação social baseiam-se em
índices como a renda, a propriedade, a escolaridade, o prestígio da
profissão, a área residencial e a etnia.

A estratificação social constitui um tema polêmico nas ciências


sociais. Seus críticos salientam a tentativa de construção de um modelo
abstrato universal, independente da história das sociedades em que é
aplicado. Outros apontam a confusão conceitual com as noções de status,
camada e classe social. Outros ainda não negam a existência de estratificação,
mas procuram analisá-la no conjunto da estrutura social e paralelamente à
caracterização e ao desempenho das classes.
A Sociologia divide seu objeto de estudo com a Antropologia e com
a Psicologia, e constitui área limítrofe também da Economia, da Ciência

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Política e da História. Quando se utiliza da metodologia que preconiza a


quantificação dos fenômenos e a operacionalização dos conceitos, a Sociologia
serve-se amplamente da Estatística.
Embora o próprio nome Sociologia tenha sido criado por Auguste
Comte, os grandes pioneiros dessa ciência foram Émile Durkheim, Karl
Marx e Max Weber, dos quais falaremos mais especificamente no próximo
item.
A principal preocupação da Sociologia a partir da segunda metade
do século XX foi o estudo das estruturas e instituições sociais e as causas e
condições das mudanças sociais.

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2 – Grandes nomes da Sociologia

2.1 – “Pioneiros” da Sociologia

Montesquieu (1689-1755)
Escritor e pensador francês, um dos principais teóricos do
liberalismo político. Criador da sátira filosófica com “Cartas persas” (1721),
escreveu ainda “Considerações sobre as causas da grandeza dos romanos e
sua decadência” (1734).
Em sua obra mais importante, “Do espírito das leis” (1748),
desenvolveu a teoria da separação dos poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário. Suas ideias influenciaram os líderes da independência norte-
americana e parte dos líderes da Revolução Francesa. Algumas de suas teses
encontram-se nas Constituições de muitas nações atuais.

Saint-Simon (1760-1825)
Filósofo e economista francês, um dos expoentes do socialismo
utópico. Aristocrata, rompeu com a família, entrou para o Exército (1777) e
combateu ao lado dos americanos na Guerra de Independência (1781).
A partir de 1798, acalentou a ideia de uma nova Enciclopédia,
adaptada aos progressos científicos. Em 1803, publicou sua primeira obra
importante, “Cartas de um habitante de Genebra a seus contemporâneos”, em
que desejava a criação de um novo poder espiritual acima dos Estados, uma
religião da ciência que substituiria o catolicismo. Reduzido à pobreza, aliou-se
a Napoleão nos Cem Dias (1815), lançando-se depois na oposição aos
Bourbon.

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Sobretudo em sua revista L’Industrie (1816-1818), Saint-Simon


opunha à aristocracia nobiliária os novos proprietários, que eram os novos
proprietários dos bens nacionais. Para ele, o termo “industrial” tinha o mesmo
sentido que a palavra “produtor”. Era com todos os produtores que se deveria
construir uma sociedade nova, da qual estariam ausentes todos os ociosos. “A
Parábola”, que publicou em 1819, ilustrava essa ideologia.
Ideologicamente, desenvolveu seu pensamento na linha de um
socialismo planificador e tecnocrático, defendendo a criação de um Estado
organizado racionalmente por cientistas e industriais.
Preocupado com as condições de vida da classe operária,
reivindicava a criação de uma meritocracia, a emancipação feminina, a
nacionalização das indústrias e a abolição do direito de herança.
Sua doutrina ficou conhecida como industrialismo ou
sansimonismo e teve muitos adeptos na França da época, influindo nas
ideias sociológicas de Auguste Comte, que foi seu secretário. Um de seus
adeptos, Leroux, fez do jornal Le Globe o órgão do movimento.
Pode-se dizer, enfim, que a expansão industrial e comercial da
segunda metade do século XIX deve muito aos sansimonistas. Entre outras
obras escreveu: “Indústria ou discussões políticas, morais e filosóficas”
(1817); “Sistema Industrial” (1823); “Catecismo dos industriais” (1823-
1824); e o “Novo cristianismo” (1825).

Auguste Comte (1798-1857)


Considerado fundador da Sociologia. Politécnico, começou a ensinar
Matemática, depois se tornou secretário de Saint-Simon. Nessa época,
começou a escrever seu “Curso de filosofia positiva” (1830-1842).
A filosofia que elaborou apresenta-se como uma filosofia das
ciências. De um lado, Comte procede a uma classificação das ciências,

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segundo uma ordem de complexidade crescente. De outro, formula a lei dos


três estados, que, sucessivamente, caracterizam a história humana:
 Estado teológico: no qual Deus é a referência obrigatória do
homem;
 Estado metafísico: no qual a ignorância da realidade e a
descrença num Deus todo-poderoso levam a crer em relações
misteriosas entre as coisas;
 Estado positivo: única maneira para o espírito humano
apreender a realidade na sua plena consistência.

3 estados que
caracterizam a história
humana

Estado Estado Estado


teológico metafísico positivo

O Positivismo consiste em aplicar às ciências sociais os métodos


utilizados nas matemáticas para extrair leis que regem o desenvolvimento das
sociedades.
Comte apresentou o termo “física social” em 1822, em um ensaio
que marcou época, profundamente influenciado por Saint-Simon e onde ele
expôs o programa positivista. Pouco depois ofereceu uma definição de física
social como aquela ciência que se ocupa com o estudo dos fenômenos sociais
considerados à mesma luz dos elementos astronômicos, físicos, químicos e
fisiológicos, ou seja, como estando sujeitos a leis naturais e invariáveis, cuja
descoberta é o objetivo especial de suas pesquisas.
Quando ele apresentou o nome “sociologia”, observou que desejava
propor o novo termo como equivalente a física social, “a fim de poder fornecer
um só nome para a parte da filosofia natural interessada nas leis fundamentais
dos fenômenos sociais”.
No fim de sua vida, o positivismo que Auguste Comte preconizou
tornou-se uma religião da humanidade (”Catecismo positivista”, 1852).

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2.2 – Sociólogos Clássicos

Émile Durkheim (1858-1917)


Herdeiro do Positivismo, partindo da afirmação de que “os fatos
sociais devem ser tratados como coisas”, forneceu uma definição do normal e
do patológico aplicável a cada sociedade.
O normal é aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o
indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência
coletiva são entidades morais, antes mesmo de ter uma existência tangível.
Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização
deste, desde que consiga integrar-se a essa estrutura.
Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o
desenvolvimento de uma solidariedade entre seus membros. Uma vez que a
solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma
moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, numa sociedade
moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do
trabalho coletivo.
A partir do normal, Durkheim analisa o patológico. As sociedades
modernas são doentes porque sofrem de anomia. Estão submetidas a
mudanças tão brutais que o conhecimento coletivo não tem tempo para
estabelecer um corpo de regulamentação adequado.
Ante a imensa massa de homens que uma nação moderna
representa, o indivíduo só pode sentir-se solitário: o suicídio procede de
causas sociais e não individuais.
A Sociologia fortaleceu-se graças a Durkheim, e também pela
contribuição de toda uma equipe de pesquisadores. Suas obras principais são:
“Da divisão social do trabalho” (1893); “Regras do método sociológico”
(1894); “O suicídio” (1897); e “As formas elementares da vida religiosa”
(1912). Durkheim fundou também a revista L’Année Sociologique, que afirmou
a preeminência da escola durkheiniana no mundo inteiro.

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Karl Marx (1818-1883)


Segundo filho de um advogado liberal de confissão judaica
convertido ao protestantismo, Karl Marx estudou Direito nas universidades de
Bonn e Berlim, onde se interessou mais pela história e pela filosofia.
Em 1841 preparou em Iena uma tese sobre “As diferenças da
filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro”, que o fez descobrir a crítica
materialista da religião. Membro dos jovens hegelianos, ligou-se aos irmãos
Bauer e recebeu também a influência de Feuerbach.
Em 1842 tornou-se redator-chefe da Gazeta Renana, jornal de
oposição fundado por burgueses radicais. Foi então que tomou conhecimento
dos problemas econômicos e conheceu melhor o socialismo francês, pela
leitura de Saint-Simon, Fourier, Proudhon, etc.
Casou-se com uma amiga de infância, Jenny von Westphalen, em
1843, e mudou-se para Paris, onde lançou, após a interdição da Gazeta
Renana, os Anais Franco-Alemães, em cujo único número figura A questão
judaica (1844).
Hegel exerceu uma grande influência sobre os Manuscritos (1843-
1844), nos quais o jovem Marx desenvolveu uma filosofia onde a alienação é
o tema central. Na mesma época Marx redigiu sua Contribuição à crítica da
filosofia do direito de Hegel. Escreveu, contra os hegelianos, A sagrada família,
com Engels (1845), a Ideologia alemã (1845, só publicada em 1932) e, contra
Proudhon, Miséria da filosofia (1847).
O período vivido em Paris (1843-1845) e depois em Bruxelas (1845-
1848) foi marcado por uma intensa atividade política. Marx multiplicou os
contatos com os militantes operários e os emigrados alemães, uniu-se a
Engels, fundou a Sociedade dos Operários Alemães de Bruxelas e, com Engels,
estabeleceu uma verdadeira rede de correspondência comunista.
Os dois escreveram, entre outros, o Manifesto do Partido Comunista
(1848), solicitado pela Liga dos Comunistas. Esses foram seus anos de “acerto
de contas com sua consciência filosófica de outrora” e da elaboração do
materialismo histórico, sendo a ruptura com seu passado tanto política
como teórica.
Quando a Revolução de 1848 eclodiu, Marx foi expulso da Bélgica.
Fixou-se em Colônia, onde lançou a Nova Gazeta Renana (junho de 1848 a
maio de 1849), para a qual escreveu numerosos artigos em favor dos
operários (Trabalho assalariado e capital).
Expulso da Alemanha e depois da França, refugiou-se em 1849 em
Londres, onde viveu na miséria. Escreveu então Lutas de classes na França
(1850). Dispôs-se a estudar economia e concebeu sua obra-prima, O capital.

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Em 1864 foi convidado a assumir a direção da Associação Geral dos


Operários Alemães (I Internacional), para a qual redigiu o Discurso
inaugural e os Estatutos. Estando em Paris por ocasião da Comuna, deu-lhe
uma interpretação militante em A guerra civil na França (1871).
Continuou a redação de O capital, participando ativamente da
definição dos programas dos partidos operários alemão (Crítica do programa
de Gotha) e francês (Considerações sobre o programa do Partido Operário
Francês, 1880).
Auxiliou Engels na redação de Anti-Dühring (1878), mas, devido à
sua doença, à morte de sua mulher (1881) e de sua filha Jenny (1883), não
resistiu, vindo a falecer em 14 de março do mesmo ano.

Max Weber (1864-1920)


Foi conselheiro da delegação alemã às conferências que levaram ao
Tratado de Versalhes (1919) e integrante da comissão de peritos que redigiu a
Constituição da República de Weimar (1919).
Nacionalista alemão convicto, foi, no entanto, contrário ao racismo e
ao imperialismo. Segundo ele, o objeto da Sociologia envolve uma
reconstrução do sentido subjetivo original da ação e o reconhecimento da
parcialidade da visão do observador. Daí vem o nome sociologia
compreensiva, muitas vezes dado a seu método.
Negou qualquer monocausalidade dos fenômenos sociais,
ressaltando o que chamou de adequação de sentido, isto é, a congruência
da ação no âmbito de duas ou mais esferas que compõem o social.
Foi isso o que postulou em A ética protestante e o espírito do
capitalismo (1905), que parte da preocupação fundamental de suas análises:
a tendência à racionalização progressiva da sociedade moderna.
Seu método principal consiste na elaboração de “tipos ideais”, isto
é, elaborações conceituais do objeto humanizado, que permitam o
conhecimento dos fenômenos estudados.

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Realizou extensos estudos de história comparativa e foi um dos


autores mais influentes no estudo do surgimento e do funcionamento do
capitalismo e da burocracia, bem como da sociologia da religião.
Outras obras de Weber: “Ciência como vocação” (1919); “Política
como vocação” (1919); “Estudos reunidos sobre a sociologia da religião”
(1921); ”Economia e sociedade” (1922); “A metodologia das ciências sociais”
(1922); e “História econômica geral” (1923).

Georg Simmel (1858-1918)


Filósofo e sociólogo alemão. Interessou-se, sobretudo, pelos fatos
culturais, que estudou à luz do criticismo kantiano. Chegou, então, a um
relativismo enfaticamente individualista, admitindo, porém, a objetividade das
regras da lógica e dos princípios morais.
Sua sociologia é um estudo das formas de socialização, isto é,
das relações sociais em suas diferentes formas e manifestações. Obras
principais: ”Introdução à ciência moral” (1892), “Problemas da filosofia da
história” (1892), “Sociologia” (1908) e “Cultura filosófica” (1911).

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2.3 – Outros nomes importantes para a Sociologia

Herbert Spencer (1820-1903)


Autor de um sistema organicista e evolucionista de interpretação do
universo, baseou-se no princípio da evolução antes mesmo do próprio Darwin.
Lei universal que rege todos os fenômenos, a evolução é entendida por
Spencer como a manifestação de um ser absoluto que ele denomina
“Incognoscível” ou “Força”. E é a lei à qual se submete não só a natureza, mas
também o espírito.
A lei da evolução é definida por Spencer como a passagem do
homogêneo ao heterogêneo, do menos complexo ao mais complexo, do menos
adaptado ao mais adaptado, num processo que supõe a conservação da
matéria e da energia.
Spencer nega a existência de um ponto final na evolução. Segundo
ele, todo equilíbrio é apenas um ponto de partida para nova desintegração e,
por isso, todo o universo se acha submetido a uma mudança perpétua. Aplicou
a lei da evolução a todos os domínios da realidade, particularmente à biologia,
à psicologia, à ética e à sociologia.
Ao conjunto de sua doutrina deu o título de Sistema de Filosofia
Sintética, obra de fôlego que compreende os seguintes trabalhos: “Primeiros
princípios” (1862), “Princípios de biologia” (1864-1867), “Princípios de
psicologia” (1876-1896) e “Princípios de ética” (1879-1892).

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Bronislaw Malinowski (1884-1942)


Antropólogo britânico de origem polonesa. Durante os dois anos que
passou nas ilhas Trobriand (Melanésia), praticou um método então novo, o da
observação participante, e elaborou a teoria do funcionalismo. Escreveu
“Os argonautas do Pacífico ocidental” (1922) e “A sexualidade e sua repressão
nas sociedades primitivas” (1927).

Margaret Mead (1901-1978)


Antropóloga norte-americana. Suas pesquisas de campo a levaram a
estudar entre os samoanos uma técnica de educação que envolveria o
desaparecimento quase total da agressividade do indivíduo no grupo.
Seus métodos e resultados foram depois contestados, sem que o
interesse de suas teorias culturalistas tenha diminuído (Coming of Age in
Samoa, 1928).

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Talcott Parsons (1902-1979)


Sociólogo norte-americano. Sua obra ilustra a tentativa de constituir
uma teoria geral dos sistemas de ação na sociedade. Influenciado por Max
Weber, ele considera que a Sociologia é a ciência da ação social. Incorporou,
porém, ao seu sistema conceitual noções como as de papel, status ou grupo
de referência, todas saídas da psicologia social.
Ao funcionalismo, tomou emprestado o postulado segundo o qual
cada elemento da realidade social só pode ser compreendido se recolocado
num conjunto mais amplo. Simultaneamente, concentrou a atenção sobre as
estruturas sociais, que definiu como conjunto de relações interpessoais
relativamente estáveis.
Seu método, chamado “estrutural-funcionalista”, é ilustrado por
sua definição do sistema social, como “uma pluralidade de atores individuais
incluídos num processo de interações que se desenrola numa situação
modificada por propriedades físicas”. Essas ações são motivadas segundo uma
tendência de procurar um máximo de satisfação, e sua situação lhes é definida
e mediatizada por um sistema de símbolos organizado pela cultura da qual
eles participam.
Publicou: “A estrutura da ação social” (1937), “O sistema social”
(1952), “O negro americano” (1966), “Sociedades” (1966), “Teoria sociológica
e sociedade moderna” (1967), e “Estruturas políticas e sociais” (1969).

Claude Lévi-Strauss (1908-2009)


Após sua estadia no Brasil de 1934 a 1939, na recém fundada
Universidade de São Paulo – USP, período sobre o qual escreveu “Tristes
trópicos” (1955), teve que se exilar nos Estados Unidos, durante a guerra.
Depois, foi professor do Collège de France (1959-1982).

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Marcado por Durkheim e em seguida por Marcel Mauss, reencontrou


Jakobson durante sua estada em Nova York, o que o determinou a dar novas
bases, que denominou estruturalistas, à Antropologia.
Foi nesta perspectiva que ele escreveu “Estruturas elementares do
parentesco” (1949). Interessou-se em seguida pelos sistemas de classificação
(Le totémisme anjourd’hui, 1962; La penseé sauvage, 1962), e por fim pelos
mitos (Le cru et le cuit, 1964; Du miel aux cendres, 1967; L’origine des
manières de table, 1968; L’homme nu, 1971).
Reuniu seus artigos em ensaios intitulados Anthropologie structurale
I (1958), II (1973), Le regard éloigné (1983), La potière jalouse (1985).
Esteve no Brasil em 1984, para o cinquentenário da USP.
Além da análise de mitos indígenas da América de Norte, “História
de lince” (1991), indaga sobre a análise estrutural em confronto com a
história. Em 1993, publicou Regarder, écouter, lire, uma visão estruturalista
da arte.

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3 – Principais Correntes Sociológicas

Positivismo
Doutrina criada por Auguste Comte, segundo a qual toda a atividade
filosófica e científica deve efetuar-se somente no quadro da análise dos fatos
verificados pela experiência. O domínio das coisas em si é inacessível ao
espírito humano, que deve renunciar a todo a priori, limitando-se a formular
leis e relações entre os fenômenos observados.
O positivismo foi considerado por Auguste Comte como a base e o
fundamento metodológico de uma nova ciência social, a “física social” ou
“sociologia”. Mais tarde, o positivismo também foi concebido por Comte como
uma nova religião da humanidade.
No Brasil, o positivismo comteano alcançou grande expressão,
principalmente pelo trabalho de Miguel Lemos e Teixeira Mendes, exercendo
influência sobre diversos líderes republicanos, em especial Benjamin Constant.
Tanto é que o lema “ordem e progresso”, presente na bandeira nacional, é
um dos ideais da política de Comte.

Marxismo
O marxismo repousa sobre o materialismo e o socialismo científico,
constituindo ao mesmo tempo uma teoria geral e o programa dos movimentos
operários. Enquanto tal, o marxismo forma uma base de ação para estes
movimentos, na medida em que eles unem a teoria à prática.
Para os marxistas, o materialismo é a arma pela qual é possível
abolir a filosofia como instrumento especulativo da burguesia (idealismo) e
fazer dela um instrumento de transformação do mundo a serviço do
proletariado.
O conceito tem duas bases: o materialismo dialético e o
materialismo histórico. O primeiro coloca a simultaneidade da matéria e do
espírito, e a constituição do concreto por uma evolução concebida como
“desenvolvimento por saltos, por catástrofes, por revolução”, ocasionando
uma evolução em grau mais alto, graças à “negação da negação” (dialética).
O segundo coloca que a consciência dos homens é determinada pela
realidade social, ou seja, pelo conjunto de meios de produção, “base real
sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual
correspondem formas de consciência social determinada”.
A história humana, determinada pelas contradições dos modos de
produção situados em uma formação social e pelos meios de produção que
implicam a dominação de uma classe por outra (luta de classes). Esta

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conheceu diferentes períodos, entre os quais o mais recente, o capitalismo,


passou por diferentes fases sucessivas. No século XX, Rosa Luxemburgo e
Lênin, notadamente, interpretaram o capitalismo em termos de imperialismo.
Analisando o capitalismo, Marx elaborou uma teoria do valor: o
valor é a expressão da quantidade de trabalho social contido em uma
mercadoria, entendendo-se trabalho social como o tempo necessário para a
produção de uma mercadoria. No sistema capitalista, o trabalhador vende ao
proprietário dos meios de produção sua força de trabalho (o único “bem” de
que dispõe), tornada ela também mercadoria e submetida como tal às leis do
mercado da concorrência, gerando, assim, desemprego e baixos salários.
A diferença entre o valor criado por uma quantidade de trabalho
dada e o valor de mercado deste trabalho, pago ao trabalhador, Marx
denominou “mais-valia”. A taxa da mais-valia exprime, portanto, o grau de
exploração do assalariado. A tendência natural do explorador é o aumento da
mais-valia, e a acumulação do capital é a sua consequência.
Esta contradição só encontra solução na luta para a expropriação
dos exploradores pelos seus próprios explorados e a abolição do regime
assalariado. Para tal, os assalariados deveriam se unir em partidos agrupados
na Internacional, e transformar a sociedade capitalista em socialista pela
ditadura do proletariado, fase intermediária, ao fim da qual o aparelho do
Estado proletário se extinguiria por si próprio após o desaparecimento das
classes.
Depois de Marx e Engels, o marxismo conheceu uma fase de
expansão e de aportes críticos consideráveis, especialmente graças ao
surgimento dos partidos social-democratas e, após a fundação da III
Internacional, dos partidos comunistas.
Desenvolvido por Plekhânov na Rússia, por Kautsky na Alemanha,
por Otto Bauer na Áustria, por Antonio Labriola na Itália, o marxismo foi
abalado por uma primeira crise revisionista com Bernstein. Rosa Luxemburgo
desenvolveu a noção de acumulação do capital, Hilferding pôs em evidência o
papel do capital financeiro, sendo criticado por Lênin, que ressaltou o papel do
imperialismo. Lênin defendeu a tese da organização do partido comunista
como fração de vanguarda, consciência de classe operária, repousando sua
organização sobre o centralismo democrático.
Após a Revolução de Outubro e os fracassos dos movimentos
revolucionários na Europa (1919-1921), Gramsci lançou as bases de uma nova
concepção da luta revolucionária e do lugar dos intelectuais nela. Luckács
tentou restituir o papel da subjetividade do homem na consciência que ele
próprio tem das leis que a determinam. Korsch, que seguiu uma via análoga,
foi excluído do movimento comunista. Mao Tsé-tung (Mao Zedong) tornou
precisa a análise marxista, notadamente por suas teses sobre o lugar dos
camponeses nos meios de produção capitalista e, por consequência, sobre seu
papel na sociedade que evolui para o socialismo.

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Após a II Guerra Mundial, o marxismo experimentou um


crescimento considerável, principalmente nos países em desenvolvimento,
onde se constituiu em ponto de referência para os movimentos de libertação
nacional. Este crescimento foi acompanhado por desenvolvimentos e divisões,
tais como:
- a crítica ao stalinismo na antiga União Soviética e a suas práticas
nos países ocidentais;
- a ruptura entre a antiga União Soviética e a China;
- o retorno às fontes do “jovem Marx”, com Althusser; e
- a análise multiforme do imperialismo por militantes políticos (Ho
Chi Minh, Fidel Castro, Luís Cabral, Hailé Mengistu, Thomas Sankara, etc.).
Em troca, a teoria conheceu um declínio relativo na Europa
Ocidental. Porém, uma vigorosa historiografia marxista ocupou um importante
espaço entre os estudos marxistas, sobretudo na Inglaterra, com Hobsbawn,
Thompson e outros.

Estruturalismo
Corrente de pensamento da década de 1960 que visa privilegiar, por
um lado, a totalidade no que se refere ao indivíduo; por outro lado, o
sincronismo dos fatos em detrimento de sua evolução e, finalmente, as
relações que unem estes fatos bem mais do que os próprios fatos no seu
caráter heterogêneo e anedótico.
O estruturalismo é um método comum a certas ciências humanas,
que apreende os fatos humanos como uma “prática”, e não como um objeto
ou conceito, como uma totalidade (estrutura), que possui um sentido
intrínseco, e onde os elementos só se definem em referência aos outros ou ao
todo em seu lugar e em sua ordem de funcionamento (sua “série”).
A estrutura é geralmente definida como uma realidade simbólica
anterior à separação entre o real e o imaginário, entre o objeto e o conceito. A
filosofia estruturalista descreve o equilíbrio ou a atmosfera global da presença
humana nos objetos, nos homens e nas realidades culturais.
Em antropologia, Lévi-Strauss fez do estruturalismo um método tão
rigoroso quanto o das ciências exatas para estudar as relações de parentesco,
os ritos e os mitos das sociedades primitivas.
A pesquisa das estruturas não se interessa pelos problemas
individuais, mas busca o conjunto das relações que define uma “série” vivida,
onde cada elemento tem um papel próprio. É sobre a trama dessa vivência
global e inconsciente (a estrutura) que se desenvolvem os comportamentos
individuais.

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O estruturalismo conheceu sua forma mais completa na antropologia


social praticada por Claude Lévi-Strauss.
Outros setores são tocados pelo estruturalismo. A História, pelo
encontro de pesquisas já antigas, como as de Dumézil e Braudel, que acham
no estruturalismo um terreno revivificante. A história das ideias e
principalmente o marxismo (Althusser: Por Marx, 1965). A filosofia da história
(Foucault: As palavras e as coisas, 1966). A psicanálise, em Lacan (Escritos,
1966).
O desenvolvimento de um estruturalismo independe das
especialidades e comum a todas é paralelo à passagem destas à condição
científica (nascimento da noção de “ciências humanas”).

Funcionalismo
Doutrina segundo a qual a sociedade é percebida como um sistema
cujo equilíbrio depende da integração de seus diversos componentes. O
funcionalismo privilegia o estudo dos mecanismos de adaptação e de
integração.
A análise funcional é o estudo dos papéis, manifestos ou latentes,
desempenhados pelos diversos agentes sociais na manutenção ou na
autorregularão de um sistema social.

Historicismo
Doutrina segundo a qual, para compreender os fatos humanos,
sociais, culturais e políticos, é necessário considera-los como fenômenos
dinâmicos que se desenvolvem no tempo. Tais fatos não são, portanto,
considerados em seus valores intrínsecos, mas primordialmente como elos de
uma cadeia, como partes de um todo maior em permanente evolução.
O termo historicismo foi aplicado pela primeira vez no final do
século XIX, por Karl Werner, mas as origens da ideia da historicidade humana
remontam à Antiguidade. Particularmente importantes nesse sentido foram as
contribuições dos filósofos céticos e relativistas gregos. O mesmo pode ser
dito da concepção cristã sistematizada por Agostinho. Modernamente, as
formulações básicas do historicismo encontram-se em Vico e Hegel.
Na segunda metade do século XIX e no século XX, são exemplos de
concepções historicistas – com pontos de vista diversos e às vezes conflitantes
– as adotadas por Dilthey, Croce, Troeltsch, Mannheim.
Por sua dialética da história, o marxismo tem sido filiado ao
historicismo, embora rejeite o seu idealismo e relativismo extremo. Mesmo no
interior do pensamento marxista, o historicismo ganhou diversos significados.

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Foi corrente a interpretação, atribuída indevidamente a Karl Marx,


de que a história guardaria uma lógica própria, cuja compreensão permitiria
entender o presente e preparar o futuro. Outra concepção de historicismo, que
invertia quase completamente a anterior, julgando o pensamento histórico
como produto necessário de uma época determinada, teve curso entre os
herdeiros da tradição marxista.

Organicismo
Em filosofia, doutrina segundo a qual a vida resulta da composição e
coordenação dos órgãos que compõem os seres vivos. Explica os fatos da
sensibilidade e do pensamento por meio das funções orgânicas.
Em sociologia, doutrina que assimila a sociedade aos seres vivos e
tende a aplicar aos fatos sociais as leis e teorias biológicas.

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4 - Questões Comentadas

1 – (Sociólogo – SETRABES – UERR – 2018) Os séculos XVIII e XIX foram


palco de crises e desordens na organização da sociedade, advindas das
transformações trazidas pela industrialização da produção econômica e no
aparecimento do trabalho assalariado. A necessidade de buscar soluções a
esse clima de mudanças na ordem social fez surgir o positivismo, movimento
que influenciou as primeiras formas de pensamento social no Brasil. As
principais características do positivismo são:
A) objetividade científica, sociedade regulada por leis semelhantes às da
natureza e neutralidade científica.
B) progressismo, evolucionismo e relativismo cultural.
C) organicismo, materialismo e aplicação de métodos compreensivos.
D) neutralidade, objetivismo e aplicação de princípios metafísicos.
E) objetividade filosófica, sociedade regulada por leis semelhantes às da
natureza e neutralidade científica.
Resposta: “A”
Comentário: O Positivismo, doutrina criada por Auguste Comte, segundo a
qual toda a atividade filosófica e científica deve efetuar-se somente no quadro
da análise dos fatos verificados pela experiência. O domínio das coisas em si é
inacessível ao espírito humano, que deve renunciar a todo a priori, limitando-
se a formular leis e relações entre os fenômenos observados.

2 – (Sociólogo – SETRABES – UERR – 2018) “Montesquieu, Saint-Simon,


Comte e muitos outros foram os verdadeiros ‘pioneiros’ da sociologia.
Contudo, no início do século XX, quatro pensadores europeus foram de
especial importância para a disciplina; juntos, são chamados de ‘os sociólogos
clássicos’” (Charon e Vigilabt. Saraiva, 2017, p. 16). São eles:
A) K. Marx, C. Lévi-Strauss, B. Malinowski e M. Weber.
B) E. Durkheim, Georg Simmel, Margareth Mead e K. Marx.
C) Max Weber, E. Durkheim, Talcott Parsons e C. Lévi-Strauss.
D) B. Malinowski, C. Lévi-Strauss, Margareth Mead e E. Durkheim.
E) K. Marx, Max Weber, E. Durkheim e Georg Simmel.
Resposta: “E”
Comentário: De acordo com o livro de Charon e Vigilabt, Karl Marx, Max
Weber, Émile Durkheim e Georg Simmel são considerados como os sociólogos
clássicos. Todavia, tal posição não é unanime. Muitos autores consideram
Auguste Comte como sociólogo clássico e não consideram Georg Simmel.

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3 – (Professor de Educação Básica (Sociologia) – Secretaria de


Educação/DF – CESPE – 2017) Considerando os fundamentos teórico-
metodológicos das ciências sociais, julgue o item subsequente.

Auguste Comte, considerado um dos fundadores da sociologia, foi um dos


primeiros a empregar o termo sociologia, tendo-o utilizado de maneira
completamente desvinculada das ciências naturais.

Resposta: “ERRADO”
Comentário: O positivismo foi considerado por Auguste Comte como a base e
o fundamento metodológico de uma nova ciência social, a “física social” ou
“sociologia”.

4 – (Professor de Ensino Fundamental II e Médio (Sociologia) –


Secretaria Municipal de Educação/São Paulo – FGV – 2016) Assim como
o organismo, a sociedade deve ser estudada em duas dimensões: a da
estática e a da dinâmica social. A primeira – fator de coesão e harmonia –
analisa as suas condições de existência; ao passo que a segunda – fator de
progresso – examina o seu movimento.
Assinale a opção que identifica corretamente a doutrina sociológica à qual o
trecho se refere:
A) A física social de Auguste Comte.
B) O progresso da história de Karl Marx.
C) A evolução social de Herbert Spencer.
D) A mudança social em Georg Simmel.
E) O fato social em Émile Durkheim.
Resposta: “A”
Comentário: Comte definiu a “física social” como aquela ciência que se ocupa
com o estudo dos fenômenos sociais considerados à mesma luz dos elementos
astronômicos, físicos, químicos e fisiológicos, ou seja, como estando sujeitos a
leis naturais e invariáveis, cuja descoberta é o objetivo especial de suas
pesquisas.

5 – (Sociólogo – UNIFESSPA – CEPS/UFPA – 2018) Sobre a dinâmica das


mudanças sociais, está de acordo com o pensamento de Karl Marx afirmar
que:
A) a sociedade é formada por forças antitéticas que geram mudança social
através das suas tensões e lutas.

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B) as transformações que ocorrem na base econômica da sociedade só afetam


de modo residual e restrito o funcionamento das instituições sociais.
C) a organização das atividades econômicas, leva à divisão do trabalho, que
fortalece a consciência coletiva.
D) as classes antagônicas, por não conseguirem construir consensos, perdem
a condição de atores principais da história.
E) devido à dominância intelectual da elite, as classes oprimidas não podem
criar ideologias contrárias para combater as classes dominantes.
Resposta: “A”
Comentário: De acordo com Marx, a história humana é determinada pelas
contradições dos modos de produção situados em uma formação social e pelos
meios de produção que implicam a dominação de uma classe por outra (luta
de classes).

6 – (Cientista Social – Defensoria Pública/SP – FCC – 2015) Considere


abaixo as etapas do processo social conflitivo entre as duas classes
fundamentais no contexto do capitalismo, tal como proposto por Marx:

I. organização política

II. mudança revolucionária

III. interesses comuns

IV. luta de classes

V. relações de produção

A ordem correta das etapas é:

A) V, III, I, IV e II.
B) III, V, IV, I e II.
C) V, IV, II, I e III.
D) II, IV, III, V e I.
E) II, V, I, IV e III.
Resposta: “A”
Comentário: A diferença entre o valor criado por uma quantidade de trabalho
dada e o valor de mercado deste trabalho, pago ao trabalhador, Marx
denominou “mais-valia”. A taxa da mais-valia exprime, portanto, o grau de
exploração do assalariado. A tendência natural do explorador é o aumento da
mais-valia, e a acumulação do capital é a sua consequência.

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Esta contradição só encontra solução na luta para a expropriação dos


exploradores pelos seus próprios explorados e a abolição do regime
assalariado. Para tal, os assalariados deveriam se unir em partidos agrupados
na Internacional, e transformar a sociedade capitalista em socialista pela
ditadura do proletariado, fase intermediária, ao fim da qual o aparelho do
Estado proletário se extinguiria por si próprio após o desaparecimento das
classes.

7 – (Sociólogo – Prefeitura de Macapá – FCC – 2018) A primeira regra e


a mais fundamental é considerar os fatos sociais como coisas. (DURKHEIM,
Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p.
15)

Esse procedimento primordial do método sociológico desenvolvido por Émile


Durkheim consiste em:

A) identificar os fatos sociais mais volúveis e que variam conforme os anseios


individuais para, assim, definir sua explicação objetiva.

B) apreender os acontecimentos da sociedade a partir da consciência


individual do pesquisador.

C) afastar a sociologia do padrão científico encontrado nas ciências naturais.

D) estudar os fenômenos sociais como algo exterior aos indivíduos conscientes


que os concebem, por meio de observações e experimentações.

E) analisar cientificamente a sociedade a partir das representações do senso


comum.

Resposta: “D”
Comentário: Herdeiro do Positivismo, partindo da afirmação de que “os fatos
sociais devem ser tratados como coisas”, Durkheim forneceu uma definição do
normal e do patológico aplicável a cada sociedade. O normal é aquilo que é
ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa
que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo
de ter uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o
indivíduo deve permitir a realização deste, desde que consiga integrar-se a
essa estrutura.

8 – (Sociólogo – UNIFESSPA – CEPS/UFPA – 2018) A respeito da noção


de anomia presente no pensamento durkheimiano, é correto afirmar que:
A) em uma situação de anomia os controles sociais formais são enfraquecidos
e o único poder que consegue exercer a regulação do comportamento dos
indivíduos é o controle social informal exercido pelo Estado.

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B) as crises econômicas levam à anomia, enquanto um aumento brusco de


poder e de fortuna preserva a capacidade de coação da sociedade e evita a
sua desintegração.
C) liberdade absoluta e imune de qualquer regulamentação social é um fator
precursor da superação da condição anômica.
D) quando a sociedade é perturbada seja por uma crise dolorosa ou por
transformações felizes, mas demasiadamente súbitas, fica incapaz de exercer
seu poder de coação sobre os indivíduos.
E) a condição anômica é enfraquecida devido às paixões estarem mais
disciplinadas no momento em que necessitariam de uma disciplina menos
forte.
Resposta: “D”
Comentário: A partir do normal, Durkheim analisa o patológico. As
sociedades modernas são doentes porque sofrem de anomia. Estão
submetidas a mudanças tão brutais que o conhecimento coletivo não tem
tempo para estabelecer um corpo de regulamentação adequado.

9 – (Sociólogo – Prefeitura de Macapá – FCC – 2018) De acordo com a


concepção metodológica de Max Weber, o “tipo ideal” é um conceito decisivo
para o empreendimento científico da sociologia porque:
A) sistematiza e resume os dados empíricos recolhidos pelo pesquisador.
B) permite a formulação rigorosa dos problemas que a pesquisa enfrentará,
conforme o contexto histórico e social em que se insere.
C) decorre da neutralidade axiológica do pesquisador em relação ao seu objeto
de pesquisa.
D) consiste na formulação consciente pelo pesquisador de uma visão sobre o
que a sociedade deve ser.
E) pode ser generalizado para realidades empíricas diferentes daquela para a
qual foi concebido.
Resposta: “B”
Comentário: O método principal adotado por Max Weber consiste na
elaboração de “tipos ideais”, isto é, elaborações conceituais do objeto
humanizado, que permitam o conhecimento dos fenômenos estudados.

10 – (ENEM 2018 – 1º dia, Caderno 1 Azul – Ciências humanas e suas


tecnologias) QUESTÃO 73
A partir da segunda metade do século XVIII, com a primeira Revolução
Industrial e o nascimento do proletariado, cresceram as pressões por uma

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maior participação política, e a urbanização intensificou-se, recriando uma


paisagem social muito distinta da que antes existia.
(QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. Um toque de
clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002.)
As mudanças citadas foram conduzidas principalmente pelos seguintes atores
sociais:
A) Burguesia e trabalhadores assalariados.
B) Igreja e corporações de ofício.
C) Realeza e comerciantes.
D) Campesinato e artesãos.
E) Nobreza e artífices.
Resposta: “A”
Comentário: O acesso às matérias-primas, a compra de maquinário e a
disponibilidade de terras representavam algumas modalidades do controle da
burguesia industrial sob os meios de produção. Essas condições favoráveis à
burguesia também provocou a deflagração de contradições entre eles e os
trabalhadores, os baixos salários e a carência de outros recursos incentivaram
o aparecimento das primeiras greves e das revoltas operárias que, mais tarde,
deram origem aos movimentos sindicais.

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