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As autoridades civis mantiveram, de uma forma geral, o controlo efetivo sobre as forças de
segurança.
Houve relatos de mortes ilícitas Vida e Outras Mortes Ilícitas e com cometidas pelo Estado ou
seus agentes. Por exemplo, em 1 de Junho, um oficial dos Serviços de Investigação Criminal
(SIC) disparou mortalmente sobre um suspeito de crime de roubo em plena luz do dia
enquanto o suspeito estava deitado, ferido e rodeado de agentes do SIC. Uma transeunte
filmou o assassinato e o vídeo teve ampla divulgação nas redes sociais. Em 10 de Junho, o
Ministério do Interior, ao qual o SIC está subordinado, ordenou uma investigação sobre o
ocorrido , tendo o autor do crime sido colocado em prisão preventiva. As autoridades
acusaram-no, juntamente com 6 outros agentes presentes na cena do crime, de homicídio
qualificado. Até ao final do ano, prosseguia o julgamento dos 6 agentes. No seu relatório de
2017 denominado O Campo da Morte , o jornalista e ativista de direitos humanos Rafael
Marques, relatou a existência de uma campanha por parte do SIC, de assassinatos
extrajudiciais de jovens em Luanda. De acordo com o jornalista, muitas da s vítimas do SIC
eram acusadas de pequenos crimes ou simplesmente rotulados como “indesejáveis” por parte
de moradores das suas comunidades. O relatório adiantava que os assassinatos eram por
vezes realizados em coordenação entre elementos da polícia nacional e do SIC. Em Dezembro
de 2017, a PGR anunciou a criação de uma comissão de inquérito para investigar tais
alegações, sendo que até ao final do ano ainda prosseguiam as investigações. Em 14 de
Agosto, o Tribunal Provincial de Luanda condenou o primeiro-sargento José Tadi a 18 anos de
prisão e uma multa no valor de 1 Milhão de Kwanzas ($3,450) , pelo assassinato em 2016 de
Rufino António, de 16 anos de idade, durante uma demolição realizada pelas Forças Armadas
Angolanas (FAA) de residências alegadamente militares das FAA construídas ilegalmente. O
tribunal condenou três outros pelo seu envolvimento no caso, tendo cada um sido condenado
a 1 ano de prisão. Em Setembro, a família de Rufino António intentou uma acção judicial na
qual acusava o Estado de não tentar ou de não responsabilizar os oficiais das FAA que
comandavam a operação de demolição.
Pode, ainda, acontecer que, por razões diversas, a normalidade de um Estado seja posta
em causa por uma série de motivos. Nestas situações extremas, a questão que se coloca é
a de saber em que medida o Direito pode intervir para garantir a gestão adequada das
circunstâncias excecionais e o retorno à normalidade. Pode o Direito aceitar que o
exercício dos direitos fundamentais seja afetado, permitindo a sua suspensão? Esta
questão não diz respeito à titularidade dos direitos fundamentais, uma vez que os mesmos
são inalienáveis, mas a uma limitação ao seu exercício, em condições bem definidas e de
caráter excecional. Na vasta maioria das vezes, a limitação dos direitos fundamentais é
realizada pelos poderes públicos. Numa sociedade democrática baseada no princípio do
Estado de Direito, devem tais poderes ser sujeitos a prescrições específicas, que os
autorizem a limitar os direitos fundamentais e que determinem o “como” da limitação.
Dada a relevância desta matéria do ponto de vista do gozo dos direitos fundamentais,
importa conhecer os eventuais limites ou requisitos a verificar no processo de limitação do
âmbito de proteção e do exercício dos direitos fundamentais, os quais visam, desde logo,
diminuir o risco de limitações inconstitucionais.