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Aula 01
Aula 01
SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................................................................... 2
2. Pesquisa social e produção de conhecimento em Serviço Social .................................... 3
3. Assessoria, consultoria, auditoria e supervisão técnica em Serviço Social ...................... 6
3.1. As origens da temática assessoria/consultoria no Serviço Social .............................................. 6
3.1.1. Assessoria/Concultoria nos anos 1970 ................................................................................................................... 6
3.1.2. Assessoria/Concultoria nos anos 1980 ................................................................................................................... 7
3.1.3. Assessoria/Concultoria nos anos 1990 ................................................................................................................... 7
3.1.4. Assessoria/Concultoria nos anos 2000 ................................................................................................................... 7
1. INTRODUÇÃO
Olá Pessoal! Após nossa aula demonstrativa, onde fizemos as apresentações do professor, do
material e iniciamos o estudo de alguns temas do Serviço Social, vamos dar sequência ao nosso
curso, nos termos do edital.
Na presente aula vamos trabalhar, com foco na prova, os seguintes temas:
• Pesquisa social e produção de conhecimento em Serviço Social.
• Assessoria e Supervisão em Serviço Social.
• O projeto ético-político do Serviço Social.
• Direitos humanos e Serviço Social.
• Políticas sociais e relação Estado/sociedade. Contexto atual e o
neoliberalismo.
Aproveito a oportunidade para recomendar a leitura do meu artigo publicado em nosso site do
E àC à à áàá à àá àT -se de um breve relato, onde busco
passar aos candidatos um pouco da experiência adquirida nesses muitos anos da minha vida de
concursando, com valiosas dicas para sua preparação, tais como o uso de técnicas para a captação
da informação, aprofundamento do conhecimento, memorização e fixação.
Como poderão perceber, existe, em regra, um caminho longo a ser percorrido até a aprovação. No
entanto, quando o candidato começa a se preparar da forma correta, percorrerá este caminho em
linha reta, sendo esta, portanto, a menor distância até sua aprovação...
Na atual fase da preparação, sugiro enfaticamente que sejam utilizadas, durante a leitura, canetas
grifa-texto, com o objetivo de marcar as palavras-chave e trechos relevantes, segundo suas
necessidades e critérios de seletividade. Na próxima etapa, elas serão muito úteis na memorização
e fixação do conteúdo. Ao fim de cada capítulo, revise rapidamente todas as palavras-chave e
trechos marcados, por meio de uma leitura dinâmica, buscando na memória o conteúdo relacionado
com cada uma dessas palavras. Se a memória falhar, revise o conteúdo que não conseguir associar
aos respectivos conteúdos grifados. Em seguida, programe revisões destas marcações após 24h, 7
dias e 30 dias. Feitas algumas considerações iniciais, vamos iniciar a aula de hoje.
Portanto, conforme ressalta a autora, nenhuma teoria, por mais elaborada e desenvolvida
que ela se apresente, ela é capaz de todos os fenômenos e processos, afinal, o pesquisador terá a
capacidade apenas de recortar determinados aspectos da realidade para análise. (MINAYO, 1994)
Aprofundando melhor o entendimento, Minayo (1994) traz em seu livro que as teorias,
portanto, são capazes de apresentar explicações parciais de uma determinada realidade e para tanto
apresenta algumas funções, a saber:
a) colaboram para esclarecer melhor o objeto de investigação;
b) ajudam a levantar as questões, o problema, as perguntas e/ou as hipóteses com mais
propriedade;
c) permitem maior clareza na organização dos dados;
d) e também iluminam a análise dos dados organizados, embora não possam direcionar
totalmente essa atividade, sob pena de anulação da originalidade da pergunta inicial.
(MINAYO, 1994, p. 18 -19)
Resumindo, a teoria se apresenta como um conhecimento que nos serve no processo de
investigação, sendo parte importante de todo o processo de pesquisa, auxiliando na orientação para
a aquisição de dados, informações, bem como auxiliando o pesquisador para a análise dos mesmos
e dos seus conceitos. (MINAYO, 1994)
A autora afirma ainda que para o processo de investigação é necessária a construção de um
sistema de pro à à à à à à à à à à
à àP à à à à à à à à à MINáYO à à
p.19)
Segundo Minayo (1994, p.19), as proposições de uma teoria precisam ainda apresentar três
à à à àà à à à à à à à à à à
à à à à à à à à à à
Já em relação aos conceitos, a autora afirma que as à à à à à
à à à à à à MINáYO à à à
O aspecto cognitivo, segundo a autora apresenta conceito delimitador. Para melhor compreensão,
Minayo exemplifica da seguinte forma:
Na função pragmática, a autora afirma que o conceito deve ser operativo, tendo a capacidade
de permitir que o investigador a utilize em uma possível pesquisa de campo. (MINAYO, 1994, p. 20)
E no caráter comunicativo, o conceito precisa se apresentar objetivo, compreensível,
específico e abrangente, de forma a que interlocutores de diversas áreas sejam capazes de se
relacionar com ele.
Minayo (1994) sinaliza ainda a importância da pesquisa qualitativa, afirmando que ela tem a
capacidade de responder a questões muito particulares e que
ela se preocupa nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser
quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações,
crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais aprofundado das
relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis. (MINAYO, 1994, p. 21 -22)
A esse respeito, Guerra (2009), afirma que o caráter investigativo da profissão é reforçado em
virtude do contato direto com a realidade social que comumente os/as assistentes sociais têm, por
meio dos instrumentais técnico operativos, tais como atendimentos a indivíduos e famílias, visitas
domiciliares, visitas institucionais, entrevistas, análises territoriais, mapeamentos, etc que realiza,
ou seja, a intervenção direta na realidade da população.
Para Guerra (2009), quando o Assistente Social realiza a atende um usuário, realiza uma visita
domiciliar, ele está obtendo informações diretas da realidade, portanto, fazendo uso da dimensão
investigativa da profissão.
P à à à à à à à à à à à à
à à à à à à à à à à à à à GUE‘‘á à à
p. 713)
Desse modo, compreende-se que o/a assistente social produz conhecimentos o tempo todo,
não somente de caráter acadêmico nas universidades, centros de pesquisa, mas cotidianamente no
seu espaço de trabalho.
Os que requisitam os profissionais de Serviço Social para assessoria/consultoria vêem neste sujeito
uma capacidade de conhecimentos a serem disponibilizados, em geral sobre políticas sociais e na
área de mobilização social. E os profissionais de Serviço Social que buscam a assessoria/consultoria,
identificam esse espaço como propício para a efetivação do atual projeto de formação profissional
do assistente social ou como uma alternativa de trabalho.
A remota produção dos anos de 1970 apresenta a assessoria como uma estratégia de atuação que
visa à superação da tricotomia de intervenção, à época, do Serviço Social: caso, grupo e comunidade.
Aponta para a riqueza da atuação profissional na assessoria, mas já indica a nebulosa compreensão
do que seja assessoria, a partir de entrevistas com assistentes sociais que se julgam assessores.
O estudo conclui que na realidade poucas dessas atuações são de assessoria e o que há é
uma adoção dessa nomenclatura devido ao status que a mesma disponibiliza
(VASCONCELLOS; SAVOY; GUIRADO; 1977).
Os anos de 1980 apresentam duas importantes questões para o estudo do tema. O primeiro é o
artigo sobre assessoria escrito por Balbina Ottoni Vieira (1981) e inserido em seu segundo livro sobre
supervisão. Esse artigo, escrito em pressupostos do estrutural-funcionalismo, trata da importância
da assessoria para assistentes sociais. A segunda questão é a experiência, vivenciada por vários
cursos de Serviço Social no Brasil, da criação de campos próprios de estágio junto aos movimentos
sociais. Esses trabalhos, mesmo que na época não seja ainda uma assessoria, face à nebulosa relação
entre exercício profissional e prática política, foram os percussores das atividades de assessoria que
hoje os assistentes sociais desenvolvem no campo das políticas sociais.
Os anos de 1990 apresentam um boom da temática assessoria, que está ligado a duas questões. A
primeira pela conjuntura de reestruturação produtiva e reforma do aparelho do Estado que exigiu a
reorganização das instituições. Nesse processo, o conhecimento do Serviço Social foi solicitado (o
que demonstra o reconhecimento acadêmico da profissão) e disponibilizado, tanto na perspectiva
da busca da garantia dos direitos da população usuária, como ao contrário com vistas a contribuir
para aprofundamento da redução de direitos que a citada reforma e a reestruturação produtiva
promoveram. Aqui também há indícios de um elogio inocente dos assistentes sociais ao seu trabalho
de assessoria sem perceber que o deslocamento do seu exercício profissional, sem a sua substituição
por outro profissional da área, era prejudicial para a população usuária. Por outro lado, fruto do
mesmo reconhecimento acadêmico, há importantes experiências de assessorias a implementação
das políticas sociais pós Constituição Federal de 1988. Quanto à realização dos campos próprios de
estágio, há uma brusca redução destes na maioria dos cursos de Serviço Social do Brasil, fruto da
releitura do Serviço Social sobre a factibilidade destes e, em especial, do desfinanciamento da
extensão nas universidades. Produção importante sobre o tema é o artigo de Vasconcelos (1998).
Enfim, pelo que foi visto podemos observar que a temática vem sendo tratada no Serviço Social,
contudo não há uma clareza sobre o que seja. Historicamente, o exercício de assessoria está ligado
ao status que essa função tem, que está ligado ao reconhecimento intelectual que se dispensa ao
assessor. Consideramos importante a clareza do que seja assessoria/consultoria, não como uma
forma de supremacia desta. Ao contrário, para que não caiamos no modismo e neguemos outras
ações profissionais também importantes, como o trabalho com comunidades, com movimentos
sociais e a importância da supervisão de programas e de profissionais.
A distinção entre assessoria e consultoria é mínima. Consultoria vem da palavra consultar, que
significa pedir opinião. Portanto, consultoria é mais pontual que assessoria que remete a ideia de
assistir. Vale trazer aqui a definição de Vasconcelos (1998):
Os processos de assessoria são também solicitados tanto por uma equipe como por indicação
externa, mas neles nos deparamos com uma realidade diferente.
Uma vez definido o que seja assessoria e consultoria, passaremos aqui a chamar atenção para
algumas iniciativas que se apresentam como assessoria/consultoria, mas não são.
Como a supervisão profissional caiu em desuso no Serviço Social desde os anos de 1970, a
assessoria/consultoria tem sido utilizada como sinônimo. Contudo, como já apontava Vieira, não é:
A partir disso temos trabalhado com a perspectiva de que existem na atualidade três
frentes de assessoria, em potencial, a serem desenvolvidas e/ou aprofundadas pelos
profissionais de Serviço Social (MATOS, 2006).
No campo das atribuições privativas identificamos como importante reforçar e ampliar as atividades
de assessoria dos assistentes sociais aos profissionais da mesma profissão. Essa frente de assessoria
visa qualificar a intervenção profissional e traz o compromisso, em tese, da Universidade com a
formação profissional continuada dos assistentes sociais.
Análise relevante sobre essa frente de assessoria é desenvolvida por Vasconcelos (1998). A partir de
uma reflexão sobre a dicotomia entre teoria e prática na profissão e preocupada com a viabilização
de um projeto profissional competente, e que se posicione contra o avanço do projeto neoliberal, a
autora propõe como caminho uma articulação concreta entre a Academia e o meio profissional. Para
tanto, segundo a autora, se faz necessário romper com o raciocínio, na profissão, de que em um
espaço se elabora teoricamente e, em outro, se aplica/intervém. É nessa perspectiva que a autora
propõe como caminho a assessoria e/ou consultoria como uma estratégia possível.
Almeida (2006) trata da experiência de assessoria aos profissionais de Serviço Social por meio da
disciplina estágio supervisionado articulada ao projeto de extensão que coordena. Interessante,
porque nessa sua proposta os alunos de Serviço Social integram junto com o autor a equipe de
assessoria.
No campo das competências profissionais identificamos duas frentes de assessoria/consultoria:
• a assessoria à gestão das políticas sociais: atualmente, várias são as experiências de
assessoria prestada por assistentes sociais aos diferentes sujeitos envolvidos nesta área,
como por exemplo: aos gestores públicos, privados e filantrópicos; aos conselhos
tutelares, conselhos de direitos e de políticas; aos profissionais que atuam nos setores
públicos e privados; aos movimentos sociais; entre outros. Sobre essa frente é
importante que os integrantes da categoria profissional tenham clareza dos objetivos e
intenções dessa demanda. Importante reflexão, sobre os contraditórios interesses de
assessoria, é desenvolvida por Freire (2006), por meio da sua experiência de assessoria
a empresas, gestores e trabalhadores.
• a assessoria a organização política dos usuários: essa rica frente pode ser desenvolvida
no bojo das atividades que os profissionais de Serviço Social desenvolvem nos seus
locais de trabalho. Para tanto, faz-se necessário que as equipes de Serviço Social
desenvolvam um profundo debate sobre o seu exercício trabalho profissional, na
perspectiva do trabalho coletivo, para que a assessoria não vire um -trabalho à à
nem consista em uma ação episódica. Essa frente de assessoria pode vir a possibilitar
uma contribuição concreta da categoria, por meio do seu exercício profissional, para a
rearticulação e/ou fortalecimento dos movimentos sociais.
O primeiro ponto a ser tratado pelos assessores é o desvelamento do porque da assessoria. Em geral,
uma assessoria quando é solicitada é porque o profissional, a equipe ou movimento social identifica
a necessidade de alguma mudança. Por isso Vieira (1981), na concepção tradicional, trata da
importância da assessoria na mudança de hábitos e depois de congelamento das ações julgadas
corretas para aquelas equipes que se assessora. Assim, o assessor propõe a solução, por meio da
correção de problemas.
Contudo, a assessoria pode ser entendida como um processo que gera mudança, mas a partir de
uma relação em que assessores e assessorados possuem distintas contribuições a serem dadas. Isso
fica claro no texto de Vasconcelos (1998) quando a autora propõe que a Universidade desenvolva
assessoria as equipes de Serviço Social por meio do estágio supervisionado.
A assessoria não deve ser apenas para aqueles sujeitos ou equipes com problemas e sim um
processo, que pode ser continuado, de aperfeiçoamento da ação desenvolvida pelos assessorandos.
O assessor, na sua privilegiada posição de agente externo e a partir da sua capacidade profissional,
pode contribuir apontando caminhos e auxiliando na desvelação de questões que a equipe e o
profissional, sozinhos, não podem identificar.
Esse processo de estudo da realidade pode ser desenvolvido por meio de diferentes procedimentos.
Vasconcelos (1998), pensando em equipes de Serviço Social, propõe alguns eixos que, acreditamos,
também podem contribuir para outras frentes de assessoria, que são:
• conhecimento do estágio da equipe quanto à projeção do espaço profissional e dos seus
registros de prática (relatórios, artigos, estatísticas etc.);
• qual o tipo de relação eventual ou não com a Academia;
• expectativas da equipe sobre a assessoria/consultoria;
• qual o tempo disponível para as atividades que envolvam projetar, sistematizar e
analisar o fazer profissional;
Uma vez definidos os pressupostos da assessoria, cabe o início do processo em si. Essa etapa,
talvez a mais importante, é a operacionalização das intenções. É preciso ter claro que o assessor não
é um porta-voz do que deve ou não ser feito. Não está em cena aqui a figura de um assessor que
estuda a realidade, ouve e acolhe as sugestões de quem o contratou, que propõe alterações do fluxo
de trabalho e depois busca convencer a quem assessora congelar as suas ações, para que assim
possa ter o perfeito desempenho.
Ao contrário, o processo de assessoria é cotidianamente construído com os sujeitos fundamentais
os assessorados e estes têm autonomia em acatar ou não as proposições da assessoria. Esse
processo deve ser franco e aberto, por ambos os lados. O assessor é um sujeito propositivo, mas que
só terá êxito nesta atividade se tiver interlocução com quem assessora. Para tanto, fundamental é a
adoção de estratégias de trabalho participativas.
Uma vez atingido o objetivo, principal ou não, da assessoria, esta necessariamente não se acaba.
Entendemos que o processo pode ter continuidade ou não. Afinal, na nossa concepção não está em
cena uma adaptação a um modelo ideal de atuação. A realidade é dinâmica e apresenta
permanentemente desafios, que podem ser melhor encarados por meio da troca de conhecimentos
que a assessoria propicia. Importantes espaços para isso são as avaliações que devem ser
periodicamente realizadas.
Na nossa sociedade (em essência, capitalista), a divisão do trabalho é técnica, além de ser, também
por essência, social.
É social na medida em que cada um ocupa um determinado lugar no processo de produção, em
sentido amplo. E que tais locais são interdependentes. Por outro lado, não deixa de ser técnica no
que tange ao tipo de trabalho é realizado, ou seja, material ou intelectual.
Tudo isso se relaciona com o lugar no qual determinada profissão se encontra na especialização do
trabalho coletivo. Na nossa sociedade (de classes), devido à diversidade de interesses, tanto
individuais, como de grupos, é natural que surjam projetos societários dos mais diversos, inclusive
podendo se contrastar ou mesmo serem antagônicos.
Tratam-se de são projetos que trazem consigo diferentes concepções da própria sociedade e, por
conseguinte, do homem.
Nada obstante, os projetos profissionais, por sua própria natureza, não são construídos de maneira
independentes dos projetos societários, uma vez que lhe serve de meta, objetivos com finalidades
próprias. Como dissemos, há uma interdependência.
Dentro deste universo, os projetos ético-político profissionais (dentro dos quais o assistente social
está inserido) representam desdobramentos de uma visão mais crítica da sociedade, em sentido
amplo. Bem como, de uma visão, autocrítica, da própria profissão, conforme ocorreu a partir da
década de 60, com o movimento de Reconceituação do Serviço Social latino-americano, como vimos
anteriormente. Por sua vez, isso também está intimamente relacionado com a estrutura
macrossocietária, uma vez que a própria história da profissão está vinculada a um contexto de
grande recusa e crítica aos métodos conservadores e tradicionais, os quais historicamente
perpassam por ela.
Durante o terceiro Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, ocorrido no ano de 1979, na cidade
de São Paulo, a categoria profissional passou a legitimar uma nova direção ética, teórica e prática.
Notem a questão ética, totalmente ligada a reflexões sobre um contexto que não foge à moral.
“ à à à à à à à C à àV à à à
marco desta intenção de ruptura, uma das direções do processo de renovação do serviço social
brasileiro.
A partir deste Congresso foi estabelecido um amplo processo de mudança dentro da profissão,
cabendo destacar:
• a maior vinculação com a classe trabalhadora;
• laicização e ampliação do escopo da profissão;
• inserção acadêmica e científica da profissão;
• maior militância política contra a ditadura;
• a criação de uma proposta metodológica no campo do trabalho;
• amplo desenvolvimento organizativo das entidades como conselhos regionais e conselho
Federal;
• consequentes mudanças no perfil profissional.
Tais princípios estão intimamente ligados à própria Lei 8.662 de 1993, a qual regulamenta a profissão
de assistente social e também dá as Diretrizes Curriculares da ABEPSS de 1996.
Estes podem ser considerados o arcabouço jurídico específico, que dá uma base legal para a
constituição do projeto ético-político do Serviço Social brasileiro, uma vez que determinam e
fundamentam a formação e o trabalho destes profissionais.
Importante frisar a importância em debater o projeto ético-político do serviço social no Brasil na
medida em que, que dada a sua característica de projeto contra-hegemônico, trata-se de um grande
desafio, no que diz respeito a sua consolidação, uma vez que o cenário socioeconômico dentro do
qual ele está inserido não é um local onde tendências contestatórias ao padrão de acumulação
capitalista são os mais bem vindos.
É possível identificar fortes dilemas acerca da efetivação do projeto ético-político, pois, dentro da
própria categoria há posicionamentos otimistas acerca do mesmo, mas também há quem apresenta
obstáculos quanto a sua efetivação. Claro que este debate é saudável, desde que se chegue a
consensos de caminhos a seguir.
Importante comentarmos que, neste contexto, destacam alguns estudiosos que talvez tal projeto
seja menos um projeto ético-politico que balize a formação e o exercício dos profissionais e mais
uma pretensão imprecisa, duvidosa, e mesmo de incipiente clareza, que se expressam frases de
muito efeito e de pouca consistência.
De fato, pode-se observar recentemente grandes obstáculos à materialização do projeto ético-
politico do serviço social, na medida em que um pensamento neoliberal, que termina por preconizar
um mercado de consumo, um individualismo possessivo, os quais sobrepõem as reais prioridades
humanas e sociais, terminando por ampliar assim desigualdades pela concentração de renda, poder,
e mesmo ciência e cultura.
Isto posto, verifica-se claramente que é imprescindível fomentarmos as discussões acerca do projeto
ético-político, principalmente dentro de um cenário de tensões e contradições da nossa sociedade
contemporânea.
A despeito de sua importância significativa, é importante desmistificarmos que tal projeto (e mesmo
o Código referido) não se trata de um documento pronto, um guia sistematizado, que o profissional
irá receber após sua formação ou após efetivar sua inscrição no conselho regional. Tal projeto
pressupõe a construção de estratégias de implementação, intervenções mesmo, capazes de se
contrapor, de forma inabalável, à ordem social atual.
Trata-se o projeto de um valioso aporte teórico, ético e político para a construção de uma sociedade
diferente da capitalista, sem menosprezar suas qualidades, mas sem fechar os olhos aos seus
defeitos.
Cumpre, por fim, frisar que a efetivação do projeto somente se viabilizará na medida em que houver
uma real articulação da teoria com a realidade. Neste sentido, afirmam os estudiosos que há uma
importante necessidade de maior apropriação dos princípios do Código de Ética profissional como
basilares da atuação profissional entendendo que exige-se não apenas uma implementação de
variados documentos políticos e legais afeitos à profissão, mas também, a avaliação de questões
culturais, políticas e econômicas, as quais transcendem os projetos coletivos e societários.
Na introdução deste texto assinalamos que se o debate acerca do projeto ético-político é, nestes
termos, muito recente, a sua história remonta à transição dos anos setenta aos oitenta do século
passado. Com efeito, foi naqueles anos que a primeira condição para a construção deste novo
projeto se viabilizou: a recusa e a crítica ao conservadorismo profissional. É claro que a denúncia do
conservadorismo do Serviço Social não surgiu repentinamente na verdade, desde a segunda
metade dos anos sessenta (quando o Movimento de Reconceituação, que fez estremecer o Serviço
Social na América Latina, deu seus primeiros passos), aquele conservadorismo já era objeto de
problematização. O trânsito dos anos setenta aos oitenta, porém, situou esta problematização num
nível diferente na escala em que coincidiu com a crise da ditadura brasileira, exercida, desde 1º de
abril de 1964, por uma tecnoburocracia civil sob tutela militar a serviço do grande capital.
A resistência à ditadura, conduzida no plano legal por uma frente de oposição hegemonizada por
segmentos burgueses descontentes, ganhou profundidade e qualidade novas quando, na segunda
metade dos anos setenta, a classe trabalhadora se reinseriu na cena política, por meio da
que esta repercussão não foi idílica: envolveu fortes polêmicas e diferenciações no corpo profissional
o que, por outra parte, é uma saudável implicação da luta de ideias.
Tal repercussão foi favorecida, ademais, pelas modificações ocorridas no próprio corpo profissional
(seu aumento quantitativo, a presença crescente de membros provenientes das novas camadas
médias urbanas etc.). No entanto, para a constituição de um novo projeto profissional, a condição
política, primeira e necessária, não é suficiente outros componentes deveriam comparecer para
que ele tomasse forma.
Ainda nos anos setenta, quando, como resultado da Reforma Universitária imposta pela ditadura, o
Serviço Social legitimou-se no âmbito acadêmico, surgiram os cursos de pós-graduação (primeiro os
mestrados e depois, nos anos oitenta, os doutorados; também foram fomentadas as
especializações).
É nos espaços da pós-graduação, cujos primeiros frutos se recolhem no trânsito dos anos setenta
aos oitenta, que, no Brasil, se inicia e, nos anos seguintes, se consolida a produção de conhecimentos
a partir da área de Serviço Social então, o corpo profissional começou a operar a sua acumulação
teórica. Um balanço desta produção mostra que, apesar de muito desigual, ela engendrou uma
massa crítica considerável, que permitiu à profissão estabelecer uma interlocução fecunda com as
ciências sociais e, sobretudo, revelar quadros intelectuais respeitados no conjunto do corpo
profissional e, também, em outras áreas do saber.
Observe-se que a expressão massa crítica refere-se ao conjunto de conhecimentos produzidos e
acumulados por uma determinada ciência, disciplina ou área do saber. O Serviço Social é uma
profissão uma especialização do trabalho coletivo, no marco da divisão sócio-técnica do trabalho
-, com estatuto jurídico reconhecido (Lei 8.669, de 17 de junho de 1993); enquanto profissão, não é
uma ciência nem dispõe de teoria própria; mas o fato de ser uma profissão não impede que seus
agentes realizem estudos, investigações, pesquisas etc. e que produzam conhecimentos de natureza
teórica, incorporáveis pelas ciências sociais e humanas. Assim, enquanto profissão, o Serviço Social
pode se constituir, e se constituiu nos últimos anos, como uma área de produção de conhecimentos,
apoiada inclusive por agências públicas de fomento à pesquisa (como, por exemplo, o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq).
Na acumulação teórica operada pelo Serviço Social é notável o fato de, naquilo que ela teve e tem
de maior relevância, incorporar matrizes teóricas e metodológicas compatíveis com a ruptura com
o conservadorismo profissional nela se empregaram abertamente vertentes críticas,
destacadamente as inspiradas na tradição marxista. Isto significa que, também no plano da produção
de conhecimentos, instaurou-se um pluralismo que permitiu a incidência, nos referenciais cognitivos
dos assistentes sociais, de concepções teóricas e metodológicas sintonizadas com os projetos
societários das massas trabalhadoras (ou seja: de concepções teóricas e metodológicas capazes de
propiciar a crítica radical das relações econômicas e sociais vigentes). À quebra do quase monopólio
do conservadorismo político na profissão seguiu-se a quebra do quase monopólio do seu
conservadorismo teórico e metodológico.
Concomitantemente e este componente atravessará os anos oitenta e permanecerá na agenda
profissional ao largo da década seguinte -, ganhou peso o debate sobre a formação profissional: a
reforma curricular de 1982 foi precedida e sucedida por amplas e produtivas discussões, fortemente
estimuladas pela antiga ABESS.
outras dimensões éticas e profissionais não foram suficientemente aclaradas, o que obrigou, em
pouco tempo, à sua revisão.
Nesta revisão, que deu forma ao Código hoje vigente, as unilateralidades e limites de 1986 foram
superadas e, de fato, o novo Código incorporou tanto a acumulação teórica realizada nos últimos
vinte anos pelo corpo profissional quanto os novos elementos trazidos ao debate ético pela urgência
da própria revisão. Neste sentido, o Código de Ética Profissional de 1993 é um momento basilar do
processo de construção do projeto ético-político do Serviço Social no Brasil.
É no trânsito dos anos oitenta aos noventa do século XX que o projeto ético-político do Serviço Social
no Brasil se configurou em sua estrutura básica e, qualificando-a como básica, queremos assinalar
o seu caráter aberto: mantendo seus eixos fundamentais, ela é suficientemente flexível para, sem
se descaracterizar, incorporar novas questões, assimilar problemáticas diversas, enfrentar novos
desafios. Em suma, trata-se de um projeto que também é um processo, em contínuo
desdobramento. Um exemplo do seu caráter aberto, com a manutenção dos seus eixos
fundamentais, pode ser encontrado nas discussões acerca da formação profissional, produzidas com
as modificações advindas da vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDBEN (Lei
nº 9394, de 20 de dezembro de 1996): as orientações propostas por representantes do corpo
profissional (cf. ABESS, 1997 e 1998) ratificam a direção da formação nos termos do projeto ético-
político.
Esquematicamente, este projeto tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor
central a liberdade concebida historicamente, como possibilidade de escolha entre alternativas
concretas; daí um compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos
sociais. Consequentemente, este projeto profissional se vincula a um projeto societário que propõe
a construção de uma nova ordem social, sem exploração/dominação de classe, etnia e gênero. A
partir destas opções que o fundamentam, tal projeto afirma a defesa intransigente dos direitos
humanos e o repúdio do arbítrio e dos preconceitos, contemplando positivamente o pluralismo,
tanto na sociedade como no exercício profissional.
A dimensão política do projeto é claramente enunciada: ele se posiciona a favor da equidade e da
justiça social, na perspectiva da universalização do acesso a bens e a serviços relativos às políticas e
programas sociais; a ampliação e a consolidação da cidadania são explicitamente postas como
garantia dos direitos civis, políticos e sociais das classes trabalhadoras. Correspondentemente, o
projeto se declara radicalmente democrático considerada a democratização como socialização da
participação política e socialização da riqueza socialmente produzida.
Do ponto de vista estritamente profissional, o projeto implica o compromisso com a competência,
que só pode ter como base o aperfeiçoamento intelectual do assistente social.
Daí a ênfase numa formação acadêmica qualificada, fundada em concepções teórico metodológicas
críticas e sólidas, capazes de viabilizar uma análise concreta da realidade social formação que deve
abrir a via à preocupação com a (auto)formação permanente e estimular uma constante
preocupação investigativa.
Em especial, o projeto prioriza uma nova relação com os usuários dos serviços oferecidos pelos
assistentes sociais: é seu componente elementar o compromisso com a qualidade dos serviços
prestados à população, aí incluída a publicidade dos recursos institucionais, instrumento
âmbito do fenômeno da globalização que se gesta no mundo. Maria Lucia Barroco sintetiza essas
contradições nos princípios dos direitos humanos, conforme segue:
Avanços:
• Os direitos humanos supõem universalidade;
• Os direitos humanos supõem a democracia e a cidadania;
• Os direitos humanos supõem propriedade como direito natural e o Estado e as leis como
universais.
Limites:
• Esbarram em limites estruturais do capitalismo;
• Esbarram em limites reais: econômicos e sócio-políticos;
• Evidenciam a contradição do discurso abstrato da universalidade e a defesa de interesses
privados.
É a partir dessa lógica que se realiza a contradição entre os direitos humanos e o capitalismo, onde
se gesta um quadro de consequências que afetam uma grande parcela da sociedade, pois dessa
contradição amplia-se o abismo entre a riqueza e a pobreza, entre a liberdade e a desigualdade, a
miséria de milhares de pessoas em detrimento da riqueza de uma minoria.
Dentro dessas contradições e antagonismos que o Código de Ética do Serviço Social tenta defender
esta causa, entendendo que a garantia dos direitos humanos são essenciais à sobrevivência de
grande parte de nossa população.
Na formulação do Código de 1993, a incorporação desse princípio surge diante do quadro que se
gestava no Brasil e do posicionamento dos assistentes sociais diante desse quadro considerando os
valores éticos, contra todo tipo de abuso de autoridades, torturas e violências.
P à à à à à à à à à à à à à à
incentivada para alguns, delineia-se o retrato mesquinho à à à à
apodreceu e arrasta tudo e todos para dilemas sórdidos à à à à à à à à
bolsa nada de vida à á à àJ àF àC à à à à à
realidade destas] o que se torna necessário para defender o valor da vida
Não há como negar que a violação dos direitos humanos se faz presente na sociedade brasileira,
onde o senso comum atua de forma legitimadora da ideologia dominante, que acaba por naturalizar
a violação dos direitos humanos, e por maquiar a negligência do Estado. Importante lembrar que
somos herdeiros de uma cultura sócio histórica fruto de um sistema econômico que prioriza as
questões do capital em detrimento das questões humanas, o que de certa forma explica o senso
comum, mas não justifica.
Na busca de superar esse modelo da desigualdade, rompendo com o comportamento reprodutor
do paradigma da desumanização, o Serviço Social, ancorado pelo Código de Ética Profissional, que
oferece um respaldo no que se refere às atitudes profissionais, vai trabalhar com intuito de garantir
que esses direitos sejam respeitados, ultrapassando a visão conservadora da sociedade diante
dessas demandas.
Desta forma, a atuação do profissional do Serviço Social se dá de maneira descentralizada,
trabalhando nos diversos segmentos na busca da consolidação dos diversos direitos que compõe os
direitos humanos.
O Serviço Social trabalha no âmbito das contradições. É de extrema importância que o profissional
se construa de forma a compreender os mecanismos pelos quais a estrutura social se reproduz, o
conhecimento dessa dinâmica permite ao profissional desmistificar o senso comum, somente a
partir desse ponto é que a intervenção poderá atingir os objetivos previstos no Projeto Ético Político
da profissão, que se coloca no âmbito da participação dos sujeitos de direitos, no desenvolvimento
das lutas sociais para garantia dos direitos humanos.
O Código de Ética fornece uma base ética jurídica que tem como finalidade homogeneizar a atuação
do profissional do Serviço Social em todas as ramificações onde ele está apto a atuar, essa
penetração também deve ser alcançada no que diz respeito aos direitos humanos uma vez que suas
diretrizes estão intrinsecamente ligadas ao que se propõe no exercício da profissão.
Política tem relação com poder; com força e violência; com autoridade, coerção e
persuasão, ao mesmo tempo. É o estabelecimento de um jogo de forças e poder na
escolha e nas metas de ação a serem cumpridas (ARANHA e MARTINS, 1986).
A Política Social tem a conotação de poder e força por ser de âmbito oficial, ou seja, consiste em
estratégia governamental, composta de planos, projetos, programas e documentos variados, para
mediar os reflexos negativos da relação capital-trabalho.
Foi conquista das mobilizações e lutas dos trabalhadores, desde os primórdios da revolução
industrial nos séculos XVIII e XIX.
Existe um consenso em relação à origem das Políticas Sociais por volta do final do século XIX, em
que se criaram as primeiras leis e medidas de proteção social, com destaque para a Alemanha e a
Inglaterra, fruto de intensos debates entre liberais e reformadores sociais humanistas, segundo
Behring (2000).
Entretanto, somente houve a disseminação dessas medidas de seguridade social após a Segunda
Guerra Mundial, com a implantação do Welfare State ou Estado de Bem-Estar Social, em alguns
países da Europa.
Política “ à à à à à à à à à à à à àE
de Bem-E à àWelfare State, políticas públicas à à
Entretanto, o termo política social é genérico, provocando uma noção um tanto vaga. Mas é preciso
esclarecer que política social tem identidade própria. Refere-se a, segundo Pereira (1994):
Programa de ação que visa, mediante esforço organizado, a atender necessidades sociais
e cuja resolução ultrapassa a iniciativa privada, individual e espontânea e requer decisão
coletiva, regida e amparada por leis impessoais e objetivas, garantidoras de direitos.
Trata-se a política social de um tipo de política pública, sendo que as duas políticas são programas
de ação. Contudo, a política social é específica, contemplando a política econômica, agrária,
ambiental, dentre outras, operando no interior da política pública, que é mais ampla.
Não se pode entender política pública apenas como política de Estado, mas associada à coisa pública,
ou seja, pertencente à coletividade e submetida às mesmas normas e comunidade de interesse.
Embora as políticas públicas sejam regulamentadas e, em regra, financiadas pelo Estado, elas podem
ser controladas pelos cidadãos, através de entidades privadas ou ONGs.
Política social, Estado de Bem-Estar e Welfare State não são sinônimos, como geralmente são
tratados.
Política social é um conceito mais amplo do que Welfare State, que tem um significado histórico,
pois ocorreu no século XX, após a Segunda Guerra Mundial e tem caráter institucional, em que o
Estado capitalista, inspirado na filosofia do economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946),
regula e provém com benefícios e serviços sociais.
Enquanto a política social originou-se muito antes do século XX, desenvolveu-se em diferentes tipos
de relação entre Estado e sociedade civil.
As políticas sociais do Welfare State são identificadas com o conceito de cidadania, enquanto as
políticas sociais da Lei dos Pobres, patrocinadas inicialmente por regimes monárquicos, temiam
principalmente a desordem social, devido ao aumento da pobreza.
O Welfare State é um sistema de organização social que procura restringir as livres forças
do mercado em três principais direções:
a) garantindo direitos e segurança social a grupos específicos da sociedade, como
crianças, idosos e trabalhadores;
b) distribuindo, de forma universal, serviços sociais como saúde e educação; e
c) transferindo recursos monetários para garantir a renda dos mais pobres em certas
contingências, como a maternidade, ou em situações de interrupção de ganhos devido a
fatores como doença e desemprego.
Estas três áreas de proteção nem sempre foram consideradas de responsabilidade exclusiva do
Estado, o que somente ocorreu a partir dos anos 1940 devido aos seguintes eventos:
• a Segunda Guerra Mundial;
• a prosperidade econômica do pós-guerra;
• o surgimento do fascismo;
• a ameaça do comunismo;
• o fortalecimento da classe trabalhadora, dentre outros.
Com a ascensão da burguesia na política, cria-se o Estado como sistema diverso da sociedade civil.
Com a revolução burguesa, separa-se o privado do público. Assim, ocorre a institucionalização do
poder, não mais visto sob a ótica de quem o detém, o senhor feudal ou o monarca, mas daquele que
o representa de direito, e sua legitimidade repousa no mandato popular e não no uso da violência
ou do privilégio.
Mas não se pode esquecer que política social é resultado de pressão do movimento
operário em torno da insegurança (desemprego, invalidez, doença, velhice).
O movimento impõe o princípio dos seguros sociais. Os seguros sociais inicialmente eram caixas de
voluntários, que se tornaram obrigatórias, para cobrir perdas visando à segurança social do
trabalhador, cuja cobertura dá-se contra toda perda de salário.
O Estado democrático se coloca do ponto de vista do direito, mas como aponta Vieira (p. 12-1992):
Tal Estado de Direito não se realiza apenas com a garantia jurídico-formal desses direitos
e liberdades, expressa em documento solene. Quanto a eles, o Estado de Direito
determina sua proteção formalizada e institucionalizada na ordem jurídica e,
principalmente, reclama a presença de mecanismos socioeconômicos dirigidos e
planificados com a finalidade de atingir a concretização desses direitos.
Muitas razões de Estado têm conduzido a contradições entre a simples declaração dos direitos e
liberdades e a sua real efetivação. O que sustenta o Estado de Direito é a sociedade democrática.
Porém, nem toda sociedade é sociedade democrática.
Sociedade democrática, de acordo com Vieira (p. 13-1992):
produção.
Ou seja, deverá haver, de forma equitativa, distribuição de renda e as decisões serem tomadas no
coletivo, no que se refere às diversas formas de produção.
Assim, a criação de uma sociedade industrial de consumidores e a criação de um Estado de Bem
Estar Social, onde não é permitida a todos a decisão e o usufruto de bens e serviços, consiste apenas
em transformar essas pessoas em consumidores felizes, mas não cidadãos plenos.
Para finalizar, deve-se remeter às palavras de Faleiros (2000), o qual diz que:
a política social não pode ser vista de forma rígida, como se a realidade se apresentasse
dentro de um modelo teórico ideal. É preciso considerar sempre o movimento real e
concreto das forças sociais e da conjuntura.
Para o estudo da Política Social, faz-se necessário levar em conta, em primeiro lugar, o movimento
do capital e também os movimentos sociais. Estes se desenvolvem a partir das lutas em prol dos
cuidados com a saúde e da sua reprodução de curto e longo prazo.
Deve-se levar em conta, também, as conjunturas econômicas e a política, em que o Estado poderá
apresentar alternativas de ação.
Para realizar uma análise desses multifatores, o método dialético é o mais apropriado pelas
ferramentas que possui, com leitura abrangente e totalizadora, focalizando a dinâmica da sociedade
burguesa, e da desigualdade social inerente a essas relações de produção e reprodução.
Oferece ainda, o estudo das transformações ocorridas no século XX para analisar a Política Social até
a contemporaneidade.
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