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IFMG - Campus Santa Luzia

Disciplina: Materiais de Construção

Materiais de Construção

Professor: Ezequiel Breno Rodrigues Reis

Santa Luzia, 2021.


CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES
DAS MADEIRAS

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Características das Madeiras

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Características das Madeiras

• Madeira: material orgânico, de origem vegetal, encontrada


em florestas naturais e de reflorestamentos;

• Provavelmente o material de construção mais antigo devido


a sua disponibilidade na natureza e relativa facilidade de
manuseio;

• Norma: NBR 7190 / 1997 – Cálculo e execução de


estruturas de madeira;
• Características principais em contraste com o aço:
- anisotropia (ortotropia)
- variabilidade de propriedades (espécies)

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Características das Madeiras - Vantagens

• Excelente relação peso próprio / resistência:

Fonte: Estruturas de Madeira - 6ª Ed. 2012. Pfeil, Walter

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Características das Madeiras - Vantagens

• Ótimo isolamento térmico.

Comparação entre os coeficientes térmicos de


alguns materiais conhecidos:

Fonte: Apostila de Madeira Prof. Miguel Hilgenberg Neto (UFPR)


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Características das Madeiras - Vantagens

• Enorme potencial de renovação na natureza;

• Baixo consumo de energia no processo de usinagem;

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Características das Madeiras - Vantagens

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Fonte: Architecture Bois, 2008.
Características das Madeiras - Vantagens

• Apesar de material
inflamável, a estrutura de
madeira pode apresentar boa
resistência ao fogo.
• Camada mais externa sofre
carbonização, retardando a
propagação do calor para o
interior da seção e
conservando por um tempo
Seção de uma viga de madeira laminada colada, exposta ao
maior a resistência mecânica fogo durante 30 minutos.
Fonte: cdcc.usp.br
da peça.
• Comportamento previsível
perante o fogo.
Características das Madeiras - Vantagens

Estrutura em metal e madeira após um


incêndio

Viga de madeira

Viga metálica

WILCOX et al., 1991

Estrutura em metal e madeira após um incêndio


A 500°C, uma estrutura metálica já perdeu 80% de sua resistência.
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0
Características das Madeiras - Desvantagens

• Falta de homogeneidade.
 Variação das propriedades
mecânicas em relação as direções
longitudinal (L), radial (R) e
tangencial (T);

– Variação das propriedades físicas e


mecânicas dentro de uma própria
espécie;

Fonte: Apostila de Madeira Prof. Miguel Hilgenberg Neto (UFPR)

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Características das Madeiras - Desvantagens

• Higroscopia:
 Variação dos volumes e das resistências mecânicas conforme a
variação do teor de umidade;

• Durabilidade limitada quando desprotegida:


– Ataques de fungos e/ou insetos;
– Processo de secagem e tratamentos preservativos adequados
podem garantir durabilidade de 50 anos ou mais

• Ocorrência de defeitos:
– Nós, fendas, gretas, abaulamento, arqueadura;

Fonte: Apostila de Madeira Prof. Miguel Hilgenberg Neto (UFPR)


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Características das Madeiras - Desvantagens

 Limitação de espécies disponíveis com


boa durabilidade natural;

 Material heterogêneo e anisotrópico; Seção tronco maçaranduba. Fonte:


promapmadeiras.com.br

 Suscetível a agentes externos: clima,


fungos, insetos xilófagos (a durabilidade
pode ser limitada).
Seção tronco pinus.

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Classificação das Madeiras

 Botanicamente as árvores são classificadas como


“fanerógamas” (do grego phanerós, aparente; gamos,
gâmeta)

 O filo Phanerogamae (fanerógamas) foi dividido em duas


classes:
– Gimnospermas :
• coníferas (madeira mole)

– Angiospermas :
• monocotiledôneas (palmas e gramíneas)
• dicotiledôneas (madeira dura, madeira de lei)

Fonte: Estruturas de Madeira - 6ª Ed. 2012. Pfeil, Walter


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Árvores de Reflorestamento

EUCALIPTO – MADEIRA DURA


Árvores de Reflorestamento

PINUS ELIOTTI

Madeira mole

- Simetria dos galhos


- Folhas pontiagudas
Árvores Comercialmente Extintas

ARAUCÁRIAS - Madeiras moles


Árvores Comercialmente Extintas

PINHEIRO DO PARANÁ – Madeiras moles


Classificação das Madeiras

Fonte: Estruturas de Madeira - 6ª Ed. 2012. Pfeil, Walter


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Classificação das Madeiras

MOGNO

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Classificação das Madeiras

PARAJU OU MAÇARANDUBA

Densidade aparente: 11,4 kN/m3

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Corte e Transporte na Floresta

Devido às raízes rasas, as árvores são facilmente derrubadas com máquinas e


correntes, iniciando –se no local focos de desertificação. A floresta Amazônica é um
patrimônio irrecuperável. Uma vez sem árvores, para sempre ficará sem árvores.
Mesmo as florestas plantadas jamais recuperam as conexões biológicas dos biomas
pré-existentes.
As queimadas selam a
destruição
Transporte em balsas e em caminhões
Desdobramento do Tronco

NAS SERRARIAS AS MADEIRAS SÃO DESDOBRADAS


COM UMIDADE ACIMA DO PONTO DE SATURAÇÃO
DAS FIBRAS PS ( 33 % de conteúdo de umidade) 25
Desdobramento do Tronco

Há vários esquemas de desdobramento dos


troncos, de acordo com o diâmetro, espécie de
madeira e destino, bem como da qualidade do
tronco.

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Madeiras Transformadas

A estrutura do tecido lenhoso (fibras resistentes e unidirecionalmente


orientadas) é o principal elemento que torna a madeira um excelente
material de construção. Mas é também essa estrutura que confere os
prejuízos de heterogeneidade e anisotropia das tensões internas.

São denominados de transformação aqueles processos extremos de


beneficiamento das madeiras que buscam a reestruturação do material
a partir do rearranjo de suas fibras resistentes. Contribuem para a
sustentabilidade, devido o reaproveitamento de madeiras.

laminada/colada

compensada aglomerada reconstituída


Madeiras Transformadas

Madeira laminada colada (MLC)

Objetivam aumentar a espessura de tábuas com defeitos controlados.

É usada para fins estruturais.

Fonte: Google Images


Madeira Laminada Colada
Richmond Olympic Oval
Jogos Olímpicos de Inverno, Vancouver, 2010

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Madeira Laminada Colada

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Madeira Laminada Colada

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Madeira Laminada Colada

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Madeira Laminada Colada

Ponte pré-fabricada

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Madeira Laminada Colada

Emenda com chapas e parafusos

Emenda denteada ou finger joint 26


Madeiras Transformadas

E o piso laminado?

Não é uma madeira laminada, mas sim


uma madeira reconstituída aglomerada
(de alta densidade) com revestimento de
lâminas protetoras e decorativas.

Fonte: Google Images


Madeiras Transformadas

Madeira compensada laminada (ou contraplacada)

É formada pela colagem de lâminas, em número ímpar e


com alternação do sentido de orientação das fibras.

Objetiva melhorar as propriedades mecânicas, conferindo


isotropia e homogeneidade.

Usada para formas, forros, lambris, tapumes, portas


internas etc.

nte: Google Images


Madeiras Transformadas
Fórmicas, por exemplo, podem ser usadas
Madeira aglomerada para revestimento/proteção externa.

São chapas e artefatos obtidos pela aglomeração (com colas e


resinas) de pequenos fragmentos de madeiras. Objetivam peças de
baixo custo, com uso de madeira de reflorestamento ou reciclada.

Tem boas propriedades para


isolamento termoacústico.

É usada internamente, para móveis, forros e outros revestimentos de


baixa responsabilidade mecânica.

São pouco resistentes à umidade, ao sol direto e às cargas mecânicas.


Também pouco resistem à furação por pregos, parafusos e outros
elementos de montagem. Necessitam de estratégias como uso de calhas
ou colagem.

nte: Google Images


Madeiras Transformadas

Madeira reconstituída

São chapas e artefatos obtidos pela aglomeração (com colas e


resinas) de fibras dispersas, extraídas do lenho.

Entenda-se como fibras as próprias fibras, partículas, lascas, tiras,


cavacos.

O MDF (Medium Density Fiberboard) consiste na mistura de fibras de


madeira prensadas, somadas de resina para dar liga.

É um material leve, sensível e de fácil


manuseio e transporte.
onte: Google Images

É importante manter esse material livre de umidade e fora do alcance


de luz solar direta. É também importante, devido à sensibilidade,
tomar cuidado ao arrastar ou colocar muito peso em cima de objetos
feitos desse material.
Madeiras Transformadas

Madeira reconstituída

O MDP (Medium Density Pannel) é produzido através de partículas da


madeira e, diferente do MDF, é mais resistente e suporta um acúmulo
de peso maior.

Fonte: Google Images

A principal diferença entre o MDP e o MDF é que no painel de MDP


são utilizadas partículas de madeira em camadas, ficando as mais
finas nas superfícies e as mais grossas no miolo. Já no MDF
aglutinam-se fibras de madeira.
Madeiras Transformadas

Madeira reconstituída

O OSB (Oriented Strand Board) é


uma chapa de feixes orientados,
com multicamadas feitas de aparas
de madeira, com forma e espessura
predeterminadas e unidas com
adesivo/resina.

Tem propriedades mecânicas


semelhantes ao MDF e MDP, mas
maior resistência às intempéries,
podendo ser aplicado externamente.

Fonte: Google Images


Madeiras Transformadas

Madeira composta

Chamados de WPC (Wood Plastic Composites, ou madeira plástica),


são compostos de madeira com plásticos, obtidos pela reciclagem de
resíduos de plásticos e fibras vegetais.

Tem boas propriedades de isolamento térmico e elétrico, resistência


ao desgaste e impermeabilidade.

Fonte: Google Images


PROPRIEDADES FÍSICAS DAS MADEIRAS

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TEOR DE UMIDADE

 Apresenta uma grande influência na densidade e a


secagem sem cuidado causa retração;

 Valor de referência de norma:


12% (grau de umidade padrão)

𝑷𝒊 − 𝑷𝒔
𝑼 % = 𝟏𝟎𝟎
𝑷𝒔

𝐏𝐢 : peso inicial da madeira


𝐏𝐬 : peso da madeira seca em estufa

Fonte: Estruturas de Madeira - 6ª Ed. 2012. Pfeil, Walter 12


TEOR DE UMIDADE

 Devido a natureza higroscópica o grau de


umidade de uma peça de madeira em
serviço varia continuamente;

 A umidade está presente na madeira de


duas formas:
– Água livre: contida no interior da cavidade das
células ocas – fácil eliminação por secagem;

– Água impregnada: adsorvida nas paredes das


fibras – difícil de ser eliminada;

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DENSIDADE

• Densidade Básica:
𝐦𝐬𝐞𝐜𝐚 : massa completamente seca
𝐕𝐬𝐚𝐭 : volume saturado

– Densidade apontada como valor de referência na literatura


técnica / científica internacional

• Densidade Aparente:

𝐦𝟏𝟐% : massa na umidade 12%


(umidade padrão)

– Densidade utilizada na classificação da madeira e no cálculo


estrutural

Fonte: Estruturas de Madeira - 6ª Ed. 2012. Pfeil, Walter 45


ORTOTROPIA

 Comportamentos diferentes nas direções paralela


(longitudinal - A) e perpendicular (transversal - B)
as fibras.

Fonte: Estruturas de Madeira - 6ª Ed. 2012. Pfeil, Walter 46


ORTOTROPIA

 As diferenças das propriedades


nas direções radial e
tangencial são relativamente
menores quando
comparadas com a direção
longitudinal;

 Para utilização estrutural, as


propriedades são apresentadas
somente no sentido paralelo B
às fibras (longitudinal) e no
sentido perpendicular às A
fibras (radial e tangencial
indistintamente)

Fonte: Estruturas de Madeira - 6ª Ed. 2012. Pfeil, Walter 47


OUTRAS PROPRIEDADES

• Retratibilidade
 Redução das dimensões das peças de madeira devido a
saída da água de impregnação – varia de acordo com a
direção considerada das fibras da madeira;

• Resistência ao fogo
– Ao contrário do que se pensa a madeira não tem baixa
resistência ao fogo. A peça exposta ao fogo torna-se
combustível para a propagação de chamas, porém, após
alguns minutos de queima, a camada externa
carbonizada torna-se um isolante térmico, retardando o
efeito do incêndio;

Fonte: Estruturas de Madeira - 6ª Ed. 2012. Pfeil, Walter 48


OUTRAS PROPRIEDADES

• Durabilidade natural
 Varia de acordo com as características de cada espécie;
 A baixa durabilidade natural pode ser compensada por
tratamentos preservativos;

• Resistência química
– A maior parte das espécies de madeira conhecidas tem
boa resistência à ação química, fato pelo qual a solução
é muito adotada em ambientes com agressividade
química;

Fonte: Estruturas de Madeira - 6ª Ed. 2012. Pfeil, Walter 20


BIBLIOGRAFIA
BAUER, L. A. F. Materiais de construção. Volume 1. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

BAUER, L. A. F. Materiais de construção. Volume 2. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

FREIRE, W. J.; BERALDO, A. L. (coord.) Tecnologias e materiais alternativos de construção. Campinas: Ed. UNICAMP, 2003.

MAGALHÃES, F. Concreto e cimento Portland: especificações e ensaios. Versão 1.0. Apostila. (Curso Superior de Tecnologia
em Construção de Edifícios) – Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Rio Grande: IFRS, [s.d.]a Disponível em:
<http://academico.riogrande.ifrs.edu.br/~fabio.magalhaes>. Acesso em: 2 ago. 2012.

MAGALHÃES, F. Materiais componentes do concreto: especificações e ensaios. Versão 1.0. Apostila. (Curso Superior de
Tecnologia em Construção de Edifícios) – Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Rio Grande: IFRS, [s.d.]b. Disponível em:
<http://academico.riogrande.ifrs.edu.br/~fabio.magalhaes>. Acesso em: 2 ago. 2012.

MAGALHÃES, F. Rochas, madeiras e materiais cerâmicos : especificações e ensaios. Versão 1.0. Apostila. (Curso Superior de
Tecnologia em Construção de Edifícios) – Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Rio Grande: IFRS, [s.d.]c. Disponível em:
<http://academico.riogrande.ifrs.edu.br/~fabio.magalhaes>. Acesso em: 2 ago. 2012.

RIBEIRO, C. C.; PINTO, J. D. S.; STARLING, T. Materiais de construção civil. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000.

ROCHA, J. C.; XAVIER, L. L. Materiais de construção civil. Apostila. Disciplina ECV 5330. (Graduação em Engenharia Civil) –
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: Departamento de Engenharia Civil; UFSC, 2000.

SILVER, P.; MCLEAN, W. Introducción a la tecnologia arquitectónica. Barcelona: Parramón, 2008.

Material baseado nas notas de aula do professor Luís Eustáquio Moreira - EEUFMG - DEES
OBRIGADO!

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