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não conseguir boas notas mesmo tendo estudado bastante para uma prova. Tem também
aqueles que sentem que rapidamente esquecem o que aprenderam apenas poucas
semanas antes.
"Há estudantes que se esforçam tremendamente, mas de modo errado e acumulam muito
conhecimento superficial ou declaratório, sem conseguir alcançar um nível mais
conceitual", diz à BBC News Brasil Matthew Bernacki, professor associado na Escola de
Educação da UNC (Universidade da Carolina do Norte) em Chapel Hill (EUA).
Grifar não necessariamente vai fazer o estudante aprender o conteúdo, segundo estudos científicos - Getty Images
via BBC
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30/01/2023 15:44 Como estudar para prova (e o que não funciona tanto) - 29/01/2023 - Educação - Folha
Confira a seguir as técnicas comuns que ele e seus colegas na UNC consideram pouco
eficientes —e como substituí-las na prática.
Embora ler e grifar textos sejam uma parte importante do aprendizado, não costumam
bastar para o estudante ganhar domínio do conteúdo estudado. Reler, em especial, requer
esforço e tempo que nem sempre compensam, porque "dá uma falsa sensação de
familiaridade com o conteúdo". "Quando você sai do texto, não consegue reproduzir o que
leu", diz Bernacki.
"Mas se você grifa sem nenhum propósito em particular ou apenas como forma de se
manter atento ao texto, pode obter menos benefícios."
- Criar perguntas, problemas ou "quizzes" para você mesmo responder. É o que Bernacki
chama de "prática de reaquisição" de conteúdo;
- Ao testar a si mesmo, você aumenta sua capacidade de reter o conteúdo estudado, explica
o pesquisador;
- Para conteúdos técnicos, como matemática, vale detalhar o problema e os passos para
resolvê-lo.
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Conhecimento acumulado na véspera da prova muitas vezes não vira uma memória de longa duração; por isso,
pesquisadores sugerem estudos mais espaçados - Getty Images via BBC
Passar a véspera da prova estudando é uma prática comum para tentar se sair bem. Mas o
esforço costuma servir para ir bem só naquela prova e não para memorizar de fato o
conteúdo.
"Costumamos aglutinar todo o estudo em um intervalo muito pequeno, o que pode servir
de imediato, mas não para o uso de longo prazo", explica Bernacki.
Em vez de estudar várias horas apenas na véspera da prova, vale mais a pena fazer sessões
de estudo curtas, porém espaçadas ao longo de vários dias, do conteúdo que você quer
aprender.
"O importante é como você usa o seu tempo de estudo e não a duração do seu tempo de
estudo", diz o Centro de Aprendizado. "Sessões longas levam à perda de concentração e,
consequentemente, a menos aprendizado e retenção."
Na prática, você talvez vá estudar pela mesma quantidade de tempo (ou menos) do que se
deixasse tudo para a véspera. A vantagem é que dará ao cérebro tempo para fortalecer as
conexões neurais daquele aprendizado, que terá mais chance de se converter em uma
memória de longa duração.
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Explicar a si mesmo o conteúdo e testar os próprios conhecimentos são métodos para realmente aprender - Getty
Images via BBC
Depois disso, você tem cinco minutos para recompensar o seu cérebro com alguma
distração —por exemplo, fazendo um lanche ou checando suas mensagens. E, daí, você
volta para mais um bloco de 35 minutos de estudo.
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Bernacki destaca, porém, que não basta aplicar as técnicas acima como se fossem fórmulas
mágicas que funcionam em todos os momentos, mas sim identificar quais técnicas se
adequam mais a cada objetivo de aprendizado. Isso passa pelo que o especialista chama de
autorregulação nos estudos.
"Às vezes, o conhecimento é muito concreto e explícito —por exemplo, um fato, uma
definição, uma fórmula, que podem ser estudados mais brevemente. Mas outras coisas são
mais complexas, têm múltiplas etapas ou exigem um entendimento mais conceitual. São
mais difíceis de se estudar de uma vez só. Então, você precisa gerar seu próprio
conhecimento e suas próprias respostas e se autoavaliar: 'O quanto eu entendi isto?'."
Ao melhorar a eficiência dos estudos e a autorregulação, melhora-se também a motivação e engajamento - Getty
Images via BBC
Bernacki tem aplicado essas técnicas e monitorado seus resultados principalmente entre
grupos de estudantes de cursos STEM (sigla em inglês para ciências, tecnologia,
engenharia e matemática) e também universitários de primeira geração, ou seja, jovens
que são os primeiros de suas famílias a entrar na universidade —que costumam ter um
repertório menor de técnicas de estudo para desbravar esse período desafiador.
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Os estudantes se saíram 12% melhor do que o grupo de controle nas provas finais do
curso.
Bernacki diz que as técnicas têm embasamento científico e podem ser usadas por qualquer
pessoa, inclusive estudantes brasileiros que queiram melhorar seu desempenho. Há
planos para oferecer um curso específico para estudantes internacionais que queiram se
inscrever em universidades americanas.
Por exemplo, "Qual nível de entendimento é preciso alcançar (em determinado curso)? E
quais as ferramentas relevantes para isso? (...) Deixar isso mais transparente aos
estudantes é muito importante", ele explica.
"A maioria de nós é capaz de lembrar de alguma matéria que era desafiadora, mas que
sabíamos qual percurso seguir, mas também matérias em que pensávamos: 'Queria muito
ter aprendido aquilo, mas nunca sabia qual era o objetivo nem entendia o que estávamos
aprendendo'. Isso costuma ser muito desafiador para os alunos e pode mudar o percurso
de alguns deles."
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