Você está na página 1de 8

UniFOA – Centro Universitário de Volta Redonda

Soldagem Subaquática

Alunos: Iago Moreira de Oliveira – 201910604

Matheus de Souza da Silva – 201820521

Pedro Henrique de Oliveira Teixeira – 201910624

Vitor Hugo Rodger Netto – 201910506

Disciplina: Engenharia de Soldagem

Data: 10/22
1 – Histórico

Criada na Rússia em 1932 e aperfeiçoada pela marinha americana, os processos


de soldagem subaquática vêm ganhando atenção nos últimos 50 anos devido às
vantagens que apresentam em relação à soldagem ao ar livre de componentes
que operam na condição subaquática. Tais processos vêm sendo utilizados em
operações de reparo e manutenção e de componentes e estruturas destinadas
principalmente à extração de petróleo no leito do oceano. Uma vez que os
componentes metálicos falham devido a colisões com navios, deformações
causadas por tempestades e por corrosão, estes precisam ser reparados de
forma rápida para não interromper a produção. Porém, apesar de sua larga
utilização pela marinha norte-americana, a expansão do desenvolvimento das
diferentes técnicas da soldagem subaquática se deve pelo aumento da
exploração do petróleo e gás em alto mar. Dentre os processos de soldagem
utilizados, destacam-se a soldagem com eletrodos revestidos (SMAW) e a
soldagem com arames tubulares auto protegidos (FCAW). O processo com
eletrodos revestidos foi o primeiro a ser utilizado e é aplicado até os dias atuais.
Entretanto, nas operações subaquáticas, existe a busca constante pela maior
produtividade, isto é, maior taxa de deposição de metal. Neste sentido, o
processo com arames tubulares apresenta-se mais vantajoso, pois não são
necessárias interrupções periódicas para substituir o eletrodo, uma vez que este
é alimentado continuamente através de uma bobina. A estabilidade dos
processos de soldagem realizados na água é menor em comparação aos
processos realizados ao ar. A menor estabilidade está relacionada à presença
de água na região do arco e nos contatos elétricos. Algumas tochas especiais
vêm sendo desenvolvidas para melhorar a qualidade das soldas subaquáticas.

Figura 1 – Soldagem Subaquática.


2 – Princípio e Aplicações
Apesar de eletricidade e água, no mesmo ambiente, serem praticamente
sinônimo de curto-circuito, existem processos de solda feitos embaixo da água
em uma profundidade de até 100 metros, o que apresenta um grande risco, pois
quanto mais o soldador afunda para fazer a solda, mais frio e escuro o ambiente
fica, logo, é preciso fazer todo um preparo sobre o trabalhador, para que ele
consiga trabalhar em diferentes níveis de pressão. Existem dois processos
quando se trata de solda subaquática:

Solda úmida: Na maioria das vezes, os mergulhadores usam soldagem por arco
de metal blindado (SMAW) ou “soldagem com vareta”, pois é o método mais
econômico e versátil para soldagem úmida. Com esse método, eles produzem
um arco elétrico entre seu eletrodo e os metais da infraestrutura (como aço
inoxidável e alumínio) que são soldados entre si. É importante que
mergulhadores soldadores mantenham seus eletrodos limpos. Além disso, uma
vez que alcançaram a área de soldagem, os mergulhadores geralmente
verificam os arredores em busca de quaisquer obstruções ou riscos à segurança
antes de realizar a soldagem. Quando o mergulhador está pronto, ele começa
colocando o eletrodo na superfície do alvo e sinalizando à equipe para ligar a
corrente, gerando 300 a 400 amperes de eletricidade por meio de corrente
contínua (DC). Quanto a como o mergulhador não é eletrocutado, a chave está
na espessa camada de bolhas gasosas que o fluxo (ou revestimento externo) do
eletrodo cria para cobrir a solda e proteger a eletricidade da água, gases
corrosivos e outras substâncias oxidantes compostos. A equipe também usa
corrente contínua (DC), pois é mais seguro e eficaz para uso subaquático do que
a corrente alternada (AC). Outros tipos comuns de métodos de soldagem
subaquática úmida incluem:

Soldagem com arames tubulares auto protegidos (FCAW) - Faz uso de um metal
de adição alimentado continuamente ou eletrodo para soldar ligas à base de
níquel e metais de ferro fundido, entre outros;

Soldagem por Fricção (FW) - Usa alta fricção e calor em vez de fusão de material
para fundir metal ou termoplásticos.

Figura 2 - Soldagem Subaquática úmida.


Solda seca: Como mencionado anteriormente, a soldagem a seco ou soldagem
de habitat envolve o uso de uma câmara hiperbárica enquanto se refere ao
mesmo processo básico de soldagem. Depois de criar uma vedação ao redor da
estrutura que precisa ser soldada, as mangueiras conectadas enxáguam a água
e a substituem por uma mistura de gases, como hélio e oxigênio. Depois de
retirar toda a água, a câmara hiperbárica será pressurizada até a profundidade
correta para evitar o mal de descompressão. A técnica a ser utilizada dependerá
do tamanho da câmara. Outros quatro tipos de métodos de soldagem a seco que
os mergulhadores de solda escolhem:

Soldagem por pressão - método usado para trabalhar em um vaso de pressão,


que mede aproximadamente uma unidade de pressão de atmosfera (semelhante
à pressão ao nível do mar).

Soldagem de Habitat - O soldador-mergulhador usa uma pequena câmara do


tamanho de uma sala com a mesma pressão externa (pressão ambiente) na
profundidade de trabalho. A câmara irá deslocar a água para o corpo de água
circundante antes que o mergulhador do soldador entre.

Soldagem em Câmara Seca - O mergulhador soldador entra na pequena câmara


por baixo e fica coberto apenas da cabeça até os ombros (com o equipamento
de mergulho).

Soldagem a ponto seco - Técnica usada para câmaras que são claras e quase
tão pequenas quanto a cabeça de uma pessoa. Ele é colocado no local de
soldagem e o mergulhador-soldador terá que inserir o eletrodo no habitat, que
irá vedar convenientemente ao redor dele.

Figura 3 - Soldagem Subaquática Seca.

Grande parte da pesquisa e do desenvolvimento em soldagem subaquática


realizada até hoje tem sido direcionada para a atividade de extração de
petróleo no mar. Portanto, parte do potencial de utilização da soldagem
subaquática está concentrada no reparo de elementos estruturais de
plataformas marítimas e de tubulações.
3 – Equipamentos e Características dos Consumíveis

O operador normalmente utiliza equipamento de mergulho completo. O capacete


é equipado protetor facial articulado e óculos de solda com filtro n°6 ou 8. A
Marinha Norte Americana recomenda que a cabeça do mergulhador seja isolada
do capacete por uma grossa capa e por uma tira de borracha no botão da válvula
de exaustão. Em águas rasas o mergulhador poderá executar o trabalho usando
apenas luvas de borracha e protetor facial, isto somente é permitido pela Marinha
em casos de extrema emergência.

Figuras 4 e 5 – Capacete de mergulho e roupa de mergulho respectivamente.

Como os revestimentos dos eletrodos são danificados pela água, os eletrodos


devem ser impermeabilizados, onde o acetato de celulose é apropriado para esta
finalidade segundo a literatura da Marinha Norte Americana quanto aos materiais
recomendados para impermeabilizar eletrodos. Após a impermeabilização, o
novo revestimento aplicado deve ser removido das pontas dos eletrodos
expondo o arame para facilitar a abertura do arco. O mergulhador deve carregar
poucos eletrodos por vez, dependendo do tempo de proteção proporcionado
pela impermeabilização do revestimento. Alguns eletrodos se usados
rapidamente após o mergulho proporcionam performance satisfatória mesmo
usado sem a impermeabilização do revestimento. A maior parte das soldas
subaquáticas são realizadas com o eletrodo f 3/16” e f 5/32”. A Marinha Norte
Americana recomenda o uso do eletrodo E6013 para todas as posições de
soldagem. O eletrodo 3/16” é recomendado para todos os trabalhos, exceto
quando a chapa é muito fina para este tipo. Todavia, experimentos recentes
indicam que os eletrodos E6027 e E7024 com pó de ferro também são
satisfatórios quando usados com as mesmas técnicas. Os revestimentos dos
eletrodos com pó de ferro são tratados com parafina para protegê-los da água.
Porta eletrodo sem mola com garra de metal pode ser usado em baixo d’água
quando isolados cuidadosamente com tiras de borracha.
Figuras 6 e 7 – Eletrodo e Porta Eletrodo à prova d’água.

A fonte de solda preferida é do tipo gerador DC com até 300 amperes de


capacidade, conectado em polaridade direta (negativo). Uma chave de
segurança deve ser instalada no circuito de solda, e esta deverá permanecer
aberta por todo o tempo, exceto quando o soldador estiver soldando. Uma chave
unipolar é normalmente usada. Cuidados devem ser tomados para que a ação
positiva da chave não seja afetada por avarias ou isolação inadequada entre os
cabos e a fonte de solda, que poderiam permitir passagem de corrente através
da chave e alguma parte metálica. Fontes AC podem ser usadas se necessário,
mas precauções especiais devem ser tomadas para proteger o mergulhador.
Motores diesel são preferidos para geradores DC em trabalhos em alto mar para
reduzir riscos de incêndio. Cabos de solda extra-flexíveis tipo 2/0 são
recomendados para soldagem subaquática, um cabo tipo 1/0 com 3 metros de
comprimento é conectado ao porta eletrodo para facilitar o manuseio. Para
compensar queda de tensão nos cabos, a tensão de saída deverá ser
compensada no circuito de abertura do gerador DC. Incluindo o equipamento
básico, certos acessórios auxiliares são necessários ao mergulhador. Estes
incluem um grampo “C” para facilitar a fixação do cabo, um raspador para
remoção de organismos marinhos, pintura e ferrugem, também é necessário,
bem como uma escova de aço e um picão para limpeza do metal base e remoção
de escória.

Figura 8 – Máquina de Solda.


4 – Segurança Operacional
Uma vez que os soldadores subaquáticos têm muito mais variáveis com as quais
trabalhar, pode-se afirmar que é um campo apenas para mergulhadores-
soldadores experientes (incluindo engenheiros e gerentes) que estão totalmente
preparados para evitar riscos e lidar com perigos, como os seguintes por
exemplo:

Falha no suprimento de ar do operador devido ao mal funcionamento de


qualquer equipamento ou dispositivo: Nesta situação cabe a verificação dos
seguintes equipamentos e dispositivos antes do início da operação: umbilical
(composto por mangueira de suprimento de ar e linha de vida; verificação do
reservatório de ar; verificação do funcionamento dos compressores de ar;
verificação das garrafas para suprimento de ar; verificação dos painéis de
controle; verificação das válvulas e do tubo respirador. Todos os instrumentos
de controle, dispositivos e equipamentos deverão estar operando de acordo com
o estabelecido pela NR-15.
Risco de Choque Elétrico: Garantir isolamento elétrico adequado,
desligamento automático do fornecimento de energia, utilização e verificação do
funcionamento de dispositivos de segurança que impeçam a presença de
tensões ou correntes elevadas.
Riscos devido as condições da água: Deve-se avaliar as condições
meteorológicas da área de operação antes do início da atividade; avaliação das
condições de visibilidade; avaliar se o capacete equipado com lanterna fornece
luminosidade adequada para a execução da operação; verificação da presença
de correntezas e da altura das ondas.
Risco de doenças descompressivas: Conforme NR-15, a descompressão é
um conjunto de procedimentos através do qual um mergulhador elimina de seu
organismo o excesso de gases inertes absorvidos durante determinadas
condições hiperbáricas, sendo tais procedimentos absolutamente necessários,
no seu retorno à pressão atmosférica, para a preservação da integridade física.
Portanto, é importante consultar tabelas de descompressão antes de se iniciar a
operação, para que sejam definidos importantes parâmetros como: tempo de
fundo, paradas para descompressão e tempo total de subida.

5 – Conclusão
Por fim, a soldagem subaquática não é muito diferente da soldagem em terra
seca. Ambos usam as mesmas técnicas e equipamentos básicos de soldagem,
no entanto, é um campo de trabalho perigoso que envolve anos de treinamento
para obter não apenas o conhecimento e as habilidades exigidas, mas também
a certificação necessária de uma escola de mergulho comercial credenciada. As
precauções vão além de estar amarrado à superfície, onde é imprescindível para
a segurança do profissional ter outro mergulhador-soldador para auxiliar e
monitorar o trabalho e estar em comunicação direta com a equipe durante toda
a operação de soldagem.
6 – Referências

(ASSUNÇÃO, Marcelo T., GONÇALVES JUNIOR, Marcos - “Conceitos e


aplicações da soldagem subaquática com arames tubulares”, 2022)
Disponível em: <https://www.editoracientifica.com.br/artigos/conceitos-e-
aplicacoes-da-soldagem-subaquatica-com-arames-tubulares>.
Acesso em: 18/10/2022

(ALVES, Gilvan, “Como a soldagem subaquática é realizada”, 2017)


Disponível em: <https://www.dicasecuriosidades.net/2017/02/como-soldagem-
subaquatica-e-realizada.html>.
Acesso em: 18/10/2022

(Soldador.com.br, “Solda Subaquática”, 2020).


Disponível em: <https://www.soldador.com.br/post/solda-subaqu%C3%A1tica>
Acesso em: 18/10/2022

(PAYÃO FILHO, João C., MELLO, Ricardo T., MEDEIROS, Raimundo C.,
PARANHOS, Ronaldo – Infosolda - “Histórico Recente da Soldagem
Subaquática Molhada”, 2013). Disponível em: < https://infosolda.com.br/405-
historico-recente-da-soldagem-subaquatica-molhada/>.
Acesso em: 18/10/2022

(DEKKER, Cameron - Water Welders - “Practical Guide to Underwater Welding


Equipment & Purpose”, 2022)
Disponível em: <https://waterwelders.com/underwater-welding-equipment-
guide/>.
Acesso em: 18/10/2022

(BISAIO, Denilson, “Solda Arco Subaquática”, 2013)


Disponível em: <https://infosolda.com.br/422-solda-arco-subaquatica/>.
Acesso em: 18/10/2022

Disponível-em:-<https://pt.scribd.com/document/400477014/Soldagem-
subaquatica-Riscos>.
Acesso em: 18/10/2022

Disponível em: <https://tmsoldabrasil.wixsite.com/tmsolda/post/como-funciona-


a-soldagem-subaqu%C3%A1tica>
Acesso em: 18/10/2022

Você também pode gostar