Você está na página 1de 43

Veículo de Comunicação do Colégio Brasileiro de Cirurgiões

Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 3

Diretório A P R E S E N T A Ç Ã O
Nacional
Biênio 2006 / 2007
Presidente
TCBC José Reinan Ramos (RJ)

1º Vice-Presidente
TCBC Armando de Oliveira e Silva (RJ)

2º Vice-Presidente
ECBC Dario Birolini (SP)

Vice-Presidente do Núcleo Central


TCBC Antonio Carlos R. G. Iglesias (RJ)

2º Vice-Presidente do Núcleo Central


TCBC Renam Catharina Tinoco (RJ)

Vice-Presidente Setor I
TCBC Geraldo Ishak (PA)

Vice-Presidente Setor II
TCBC Francisco Ney Lemos (CE)

Vice-Presidente Setor III


TCBC Edmundo Machado Ferraz (PE)

Vice-Presidente Setor IV
TCBC Edvaldo Fahel (BA)

Vice-Presidente Setor V
TCBC José Eduardo de A. Nascimento (MT)

Vice-Presidente Setor VI
TCBC Cleber Dario Pinto Kruel (RS)

Secretário-Geral
TCBC Dayse Coutinho Valente (RJ)

1º Secretário
TCBC Ricardo Antonio Correia Lima (RJ)

2º Secretário
TCBC Elizabeth Gomes dos Santos (RJ)

3º Secretário
TCBC Paulo Gonçalves de Oliveira (DF)

Tesoureiro-Geral
TCBC José Luiz Xavier Pacheco (RJ)

Tesoureiro-Adjunto
TCBC Paulo César Lopes Jiquiriçá (RJ)

Diretor de Publicações E X P E D I E N T E
TCBC José Eduardo Ferreira Manso (RJ)
Boletim Informativo do
Diretor de Biblioteca e Museu Colégio Brasileiro de Cirurgiões
TCBC Arídio G. Ornellas do Couto Filho (RJ) Rua Visconde Silva, 52 – 3º andar - Botafogo – Rio de Janeiro / RJ CEP: 22271-090
Tel.: (21) 2537-9164 www.cbc.org.br cbc@cbc.org.br
Diretor de Patrimônio e Sede Tiragem: 8.000
TCBC Flávio Tavares Rothfuchs (RJ)

Diretor de Defesa Profissional Produção editorial e Projeto Gráfico


TCBC Fernando Cordeiro (SP) News Comunicação
Tel/Fax: (21) 2567-5008 / 2569-8136 www.newson.com.br news@newson.com.br
Ex-Presidente do exercício 2004/2005 Editor: João Maurício Rodrigues (Registro 18.552);
TCBC Roberto Saad Jr. (SP) Coordenador de Produção: Marcelo Vitorino;
Programação Visual: Alexandre Maia
4 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

S U M Á R I O

Consenso 1
Interativo Tratamento do Câncer Gástrico Precoce ___________________________ 5

Consenso 3
Videolaparoscopia na Doença Diverticular ___________________________________ 8

Consenso 4
Linfonodo Sentinela em Câncer __________________________________________ 14

Consenso 5
Carcinoma bem diferenciado de tireóide (CBDT) ____________________________ 22

Consenso 6
Metástases Hepáticas do Câncer do Aparelho Digestivo _______________________ 28

Consenso 7
Tratamento de complicações na colecistectomia laparoscópica __________________ 31

Consenso 8
Tratamento Adjuvante e Neo-Adjuvante em Câncer Colorretal _________________ 34

Consenso 9
Algoritmo no Diagnóstico do Abdome Agudo _______________________________ 40
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 5

C O N S E N S O 1

Consenso Interativo Tratamento do


Câncer Gástrico Precoce
PAINEL INTERATIVO
Coordenador
Paciente Fem, 54a, ASA 1, dispepsia há 2 meses TCBC Joaquim Gama-Rodrigues (SP)

Integrantes
ACBC Alemar R. Salomão (RJ)
ACBC Carlos Eduardo Jacob (SP)
TCBC Cláudio J. C. Bresciani (SP)
TCBC Eduardo Linhares (RJ)
Dr. Fause Maluf (SP)
TCBC Flávio Saavedra Tomasich (PR)
TCBC Francisco Martins Rodrigues (SP)
TCBC José Carlos Del Grande (SP)
TCBC Miguel C. P. Monteiro (RJ)
ACBC Shoiti Kobayasi (SP)
TCBC Richard R. Gurski (RS)

• AP – adenocarcinoma bem-diferenciado.
• Exame radiológico de tórax e ultrassonografia abdo-
minal – ndn.

1. Está indicado o exame ecoendoscópico desta lesão?


SIM 79 %
NÃO 21 %

2. Qual informação deve ser esperada do exame


ecoendoscópico?

• Estadio linfonodal - 0
• Profundidade da invasão parietal - 100 %
• Metástases peritoneais - 0 3. Qual o risco de metástase para linfonodo, em
• Derrames cavitários de pequeno volume - 0 adenocarcinoma gástrico bem-diferenciado, menor de
• Identificação de fibrose na camada submucosa - 0 20mm, sem úlcera ou cicatriz, restrito à mucosa?
•< 0,5% __________________________ 25 %
A ecoendoscopia revelou tratar-se de lesão •0,5 – 1% _________________________ 18 %
intramucosa. •1 - 5% ___________________________ 36 %
•5 – 10% _________________________ 11 %
•Não há risco de N+ nesta situação _____ 11 %
6 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 1

4. Ainda que a paciente aceite o tratamento cirúrgico • É um procedim. mais radical que a ressecção
convencional e que apresente boas condições clínicas, em cunha. _______________________ 8 %
você indicaria inicialmente o tratamento endoscópico? • É somente indicada para tumores localizados
SIM 71 % na face anterior do estômago. _______ 0 %
NÃO 29 % • Necessita endoscopista na sala cirúrgica.33 %
• Somente está indicada em pacientes sem
condição clínica para a gastrectomia D2
radical. _________________________ 0 %

9. Quanto à ressecção em cunha laparoscópica para o


tratamento do câncer gástrico precoce pode-se afir-
mar:
• Não há vantagens no seu emprego
pois a morbidade é semelhante à da
gastrectomia. ____________________ 0 %
• Pode ser empregado para tumores
na face anterior e grande curvatura do
estômago. _____________________ 67 %
• Como neste tipo de ressecção todas as cama-
das da parede gástrica são incluídas, pode-se
5. Após a ressecção endoscópica, qual o intervalo para
empregá-la em câncer gástrico precoce com
os exames endoscópicos de controle?
1. Anual ____________________________ 0 % invasão da camada submucosa. ____ 33 %
2. Semestral no 1o. Ano/ Anual _________ 24 %
3. Trimestral no 1o. Ano/ Semestral 10. O tratamento radical dos diferentes tipos de
2o. Ano/ Anual ___________________ 76 % adenocarcinoma gástrico precoce admite a alternati-
4. Trimestral por 5 Anos/ Anual __________ 0 % va; assinale a correta:
5. O controle deve ser feito • Mucosectomia _________________ 13 %
com exames de ecoendoscopia ________ 0 % • ressecção em cunha _______________ 0 %
• Endogastrocirurgia _______________ 0 %
6. O câncer gástrico precoce é o adenocarcinoma que: • gastrectomia D1 assistida __________ 6 %
• Surgiu há menos de 24 meses __________ 4 % • todas as alternativas anteriores podem ser
• Cujo tamanho é inferior a 2 cm _________ 0 % adequadas ____________________ 81 %
• Não apresenta metástase à distância ____ 0 %
• Invade somente mucosa ou 11. Qual o método pré-operatório que pode estabele-
a submucosa gástrica _______________ 92 % cer o nível de invasão do câncer gástrico nas diferentes
• Não apresenta metástase linfonodal _____ 4 % camadas da parede do estômago?
• Endoscópico ____________________ 0 %
7. A média de diagnóstico do câncer gástrico precoce
• Ecoendoscópico _______________ 73 %
no Brasil em relação ao câncer avançado é:
• Biópsia com imuno-histoquímica ___ 23 %
• < 5% ___________________________ 48 %
• Nenhum dos anteriores ____________ 5 %
• 5 a 10% _________________________ 19 %
• 10 a 15% ________________________ 24 %
• 15 a 20% _________________________ 0 % 12. No tratamento radical do câncer gástrico preco-
• > 20% __________________________ 10 % ce, a extensão da linfadenectomia é dependente das
seguintes alternativas:
8. Em relação à endogastrocirurgia para tratamento • Tipo histológico __________________5 %
câncer gástrico precoce a assertiva correta é: • Nível de invasão da parede gástrica ___ 5 %
• Com finalidade radical pode ser empregada • Dimensão do tumor _______________ 0 %
em casos em que a linfadenectomia é dispen- • Tipo macroscópico do tumor _______ 0 %
sável. ________________________ 58 % • Todas as anteriores _____________ 89 %
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 7

C O N S E N S O 1

13. Qual o percentual de casos de câncer gástrico pre- 15. Qual o índice de cura para 10 anos após ressecção
coce adequados para tratamento radical endoscópico? gástrica e linfadenectomia radical no câncer gástrico
• < 10% ______________________ 78 % precoce?
• 10 a 20% ______________________ 6 % • < 50 % ________________________ 5 %
• 20 % ________________________ 17 % • 50 a 70 % ______________________ 5 %
• 70 a 80 % ______________________ 0 %
14. Qual o índice médio de mortalidade na gastrectomia • > 80 % ______________________ 89 %
por câncer gástrico precoce?
• < 1% ________________________ 12 % 16. No tratamento cirúrgico radical do câncer gástri-
• 1 a 2 % ______________________ 59 % co precoce pode haver indicação para:
• 2 a 4 % ______________________ 29 % • Pancreatectomia parcial _________ 29 %
• 4 a 6 % ________________________ 0 % • esplenectomia _________________ 12 %
• > 6 % _________________________ 0 % • omentectomia total _____________ 59 %

Quesito Resultado

Freqüência do diagnóstico Média = 12%


Usa ecoendoscopia Sim 40% Não 60%
Ressecção limitada Sim 77% Não 23%
Mucosectomia endoscópica Sim 82% Não 18%
Mucosectomia por endogastro Sim 54% Não 46%
Ressecção cunha Sim 77% Não 23%
Gastrectomia laparoscópica Sim 84% Não 16%
Gastre subtotal Y de Roux 66,66%
Gastre total Y de Roux 91,6%
Há indicação de pancreatectomia Sim 0% Não 100%
Há indicação de esplenectomia Sim 16% Não 84%

Mortalidade gastrectomia - subtotal Média = 1,5%


Mortalidade gastrectomia - total Média = 4,0%
Sobrevivência 5 anos > 90%

CONCLUSÕES

Analisamos uma porcentagem acima de 70%.Para admitir-se consenso observa-se que:

1. A ecoendoscopia é útil para definir a profundidade da 4. O tipo histológico, o nível de invasão da parede gás-
lesão gástrica. trica, a dimensão do tumor e o tipo macroscópico do
tumor são parâmetros importantes na definição do
2. O tratamento endoscópico é uma opção válida para o risco de metástase linfonodal.
tratamento do câncer gástrico precoce e que o segui-
mento após ressecção endoscópica deve ser trimes- 5. É reconhecido que somente uma pequena parcela dos
tral no 1° ano, semestral 2° ano e, a seguir, anual. pacientes com câncer gástrico precoce devem ser tra-
tados por métodos minimamente invasivos.
3. O tratamento minimamente invasivo (ressecção em
cunha, endogastrocirurgia e gastrectomia D1) são op- 6. A cura obtida no tratamento radical do câncer gástri-
ções válidas para o tratamento radical do câncer gás- co precoce é superior a 80%.
trico precoce.
8 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 3

Videolaparoscopia na
Doença Diverticular
Introdução
Este é o primeiro Consenso sobre Videolaparoscopia na Coordenador
Doença Diverticular organizado pelo Colégio Brasileiro de ACBC Renato Arioni Lupinacci (SP)
Cirurgiões. A despeito da pertinência das questões, há mui-
tos pontos controversos cuja resposta dependerá do anda- Integrantes
mento das evidências científicas. Nessas situações, a comis- TCBC Fernando Cordeiro (SP)
são não chegou a um consenso, razão porque nesses casos se TCBC Francisco S. P. Regadas (CE)
omitiu um posicionamento absoluto. TCBC Hélio Moreira (GO)
Para todas as questões selecionadas pela comissão, uma TCBC Jayme Vital dos S. Souza (BA)
pesquisa estruturada da literatura científica foi realizada. Pro- TCBC Juvenal Góes (SP)
curou-se basear as recomendações segundo um Consenso, TCBC Luís Cláudio Pandini (SP)
porém a partir do achado da melhor evidência científica dis- TCBC Paulo Gonçalves de Oliveira (DF)
ponível acerca da questão. Toda evidência científica encon- TCBC Renato Valmassoni Pinho (PR)
trada foi classificada de acordo com a proposta do Projeto TCBC Rubens Valarini (PR)
Diretrizes elaborado em parceria pela Associação Médica Dr. Sérgio Araújo (SP)
Brasileira e pelo Conselho Federal de Medicina (Quadro 1). TCBC Univaldo Etsuo Sagae (PR)

QUADRO 1. GRAU DE RECOMENDAÇÃO E da diverticulose colônica aumenta com a idade. Parece inferi-
FORÇA DE EVIDÊNCIA or a 10% para a população com menos de 40 anos, atinge um
A: Estudos experimentais e observacionais de melhor terço da população acima dos 45 anos e está estimada entre
consistência 50% e 66% para os indivíduos com mais de 80 anos poden-
B: Estudos experimentais e observacionais de menor do atingir até 80% dessa população idosa. Não existe evi-
consistência dente correlação com o sexo3(D). Estima-se que entre 10% e
C: Relatos ou séries de casos 25% dos indivíduos com diverticulose evoluirão com
D: Publicações baseadas em consensos ou opiniões diverticulite 2(D).
de especialistas
Diagnóstico da crise de diverticulite aguda
A avaliação inicial do paciente com suspeita de diverticulite
Definições e Epidemiologia deve ser a mesma em todo paciente com dor abdominal agu-
A diverticulose do intestino grosso refere-se à presença da e inclui anamnese dirigida, exame físico geral, abdominal e
de divertículos no cólon. toque digital do reto 2(D).
A diverticulite significa a presença de inflamação e de in- Ainda que cerca de 85% dos episódios de diverticulite
fecção associadas aos divertículos, mais freqüentemente, os ocorra em cólon esquerdo, mais precisamente em cólon
de localização no cólon sigmóide. sigmóide, divertículos e diverticulite podem ocorrer em todo
A doença diverticular corresponde ao conjunto de mani- o cólon. A diverticulite do cólon direito ocorre mais
festações associáveis a diverticulose desde dor abdominal freqüentemente em orientais asiáticos e segue mais
incaracterística até a diverticulite complicada 1(D). A freqüentemente curso mais benigno 3(C).
diverticulite não-complicada representa aquela com O diagnóstico da diverticulite aguda não raramente pode
peridiverticulite ou flegmão enquanto a diverticulite compli- ser realizado com base na anamnese e exame físico bem con-
cada é aquela que resulta em obstrução intestinal, formação duzidos. Recomenda-se que, quando a apresentação deixar
de abscesso, peritonite ou fístula 1(D). poucas dúvidas, não sejam realizados exames adicionais 2(D).
A maioria dos pacientes com divertículos é assintomática Por outro lado, o diagnóstico clínico isolado pode estar in-
o que dificulta a estimativa de sua prevalência. A prevalência correto em até um terço dos casos4(D). Além do mais, a
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 9

C O N S E N S O 3

comprovação diagnóstica e documentação de uma crise de em dois tempos) em contraponto às operações em três tem-
diverticulite é útil ao planejamento do acompanhamento e da pos como resultado de menor sépsis residual, menor número
proposta terapêutica, sobretudo se estes vierem a ser condu- de reoperações e menor internação hospitalar associados à
zidos por outro especialista. Embora freqüentemente reali- primeira opção7(A). No entanto, em um pequeno estudo
zado na prática clínica diária e vantajoso economicamente, prospectivo e randomizado8(A), para pacientes com
não há evidência suficiente para recomendar a realização do peritonite purulenta difusa [estágio III da classificação de
diagnóstico de diverticulite aguda com base exclusivamente Hinchey, nula mortalidade foi observada entre os pacientes
na anamnese e no exame físico. submetidos a operações em três tempos quando compara-
Face à possibilidade de se oferecer tratamento por dos aos pacientes submetidos a ressecção e colostomia (24%).
videolaparoscopia da diverticulite do sigmóide, objetivamos É antigo o conhecimento acerca dos resultados de maior
verificar se a investigação diagnóstica de uma crise de morbidade associados à drenagem isolada da cavidade9(C).
diverticulite aguda foi modificada. É opinião desse painel que No entanto, com o advento da videolaparoscopia, a possibi-
o diagnóstico da crise de diverticulite aguda segue os mes- lidade de tratar a crise aguda utilizando esta via de acesso na
mos moldes indepedentemente da via de acesso para trata- urgência e realizando-se colorrafia, irrigação e drenagem para
mento cirúrgico a ser oferecida aos pacientes. os casos complicados vem sendo testada em experiências
iniciais 10 (C).
Via de acesso para o tratamento cirúrgico de urgência Não há ainda no entanto evidência suficiente para se re-
da diverticulite aguda do sigmóide comendar a não-ressecção do sigmóide na diverticulite com-
Na diverticulite aguda, a localização e magnitude da con- plicada. No entanto, diante dessas evidências recentemente
taminação determinam a apresentação clínica e o prognósti- publicadas na literatura, é opinião desse consenso que a via
co. Microperfurações podem permanecer restritas à gordu- de acesso por vídeo pode ser empregada na diverticulite
ra pericólica entre folhetos peritoneais do mesossigmóide aguda complicada estágios II e III da classificação de Hinchey5
originando apenas um flegmão ou abscesso pericólico. Perfu- em casos selecionados para pacientes não-instáveis10(C).
rações maiores podem resultar na formação de abscessos
que podem atingir localmente a cavidade peritoneal exigindo Preparo intestinal mecânico para o tratamento cirúr-
o bloqueio pelo grande omento ou outros órgãos gico eletivo da diverticulite do sigmóide
intraperitoneais (intestino delgado, útero e anexos ou bexiga) As vantagens potencialmente associadas ao bom pre-
originando massa palpável ou trajetos fistulosos. Perfurações paro intestinal mecânico de interesse para a videocirurgia
em peritônio livre são mais raras porém podem dar causa a colorretal resultam da ausência de carga fecal sólida ou
peritonite purulenta ou fecal difusas com ou sem líquida no interior do cólon o que poderia levar a maior
pneumoperitônio identificável à radiografia simples do abdo- facilitação da manipulação intestinal no intraoperatório
me, situações graves e associadas a variável letalidade. e menor repercussão infecciosa resultante de lesão inad-
Hinchey e cols.5(C) publicaram uma classificação para a vertida de alça colônica. O menor risco de infecção da
intensidade do processo inflamatório e infeccioso na ferida operatória, de deiscência de anastomose e a pos-
diverticulite aguda (Quadro 2). sível menor gravidade das repercussões infecciosas após
a deiscência estão associados ao bom preparo intesti-
nal há cerca de 100 anos de forma a constituir quase um
QUADRO 2. dogma11(A). Ainda que não se possa medir qualquer van-
CLASSIFICAÇÃO DE HINCHEY5(C) tagem resultante do emprego do preparo intestinal me-
Estágio I - abscesso pericólico cânico em cirurgia colorretal eletiva, este ainda ganha a
Estágio II - abscesso distante (retroperitoneal ou preferência da maioria dos cirurgiões colorretais no
pélvico) mundo e em nosso meio, provavelmente como resulta-
Estágio III - peritonite purulenta difusa do da baixa morbidade associada ao preparo
Estágio IV - peritonite fecal difusa modernamente sendo sua realização nas situações
eletivas a rotina para todos os especialistas participan-
tes desse painel.
A perfuração não-bloqueada na diverticulite aguda com Não se pôde no entanto encontrar evidência científi-
peritonite difusa fecal ou purulenta resultantes representa gra- ca para recomendar um tipo de preparo intestinal me-
ve ameaça à vida com mortalidade de até 28%6(C). O trata- cânico do cólon sobre outro para as operações por
mento cirúrgico de urgência deve ser realizado através da vídeo realizáveis para o tratamento da doença
ressecção do segmento perfurado e colostomia (operação diverticular.
10 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 3

Via de acesso para o tratamento cirúrgico eletivo da anastomose colorretal verdadeira como forma de prevenir a
diverticulite aguda do sigmóide recorrência da diverticulite. Para tanto, recomenda-se verifi-
Para o tratamento cirúrgico eletivo, a operação de esco- car a ausência dos apêndices epiplóicos e das tênias cólicas
lha tornou-se a sigmoidectomia ou colectomia esquerda com no local a servir de margem distal da furuta anastomose ma-
anastomose colorretal12(C)13(C). Todo o cólon sigmóide deve nual ou mecânica.
ser removido2(D).
As operações eletivas são mais frequentemente realiza- Indicações de conversão
das após a realização de preparo intestinal completo e sob Atualmente, não há consenso em relação à definição de
antibioticoprofilaxia de amplo espectro. Pratica-se a conversão em cirurgia colorretal por videolaparoscopia o
sigmoidectomia ou colectomia esquerda com anastomose que torna bastante impreciso o trabalho de se avaliar os efei-
colorretal manual ou mecânica. tos desse expediente sobre um grupo de pacientes operados
A operação pode ser realizada pela via de acesso e sobretudo compará-los. Em recente revisão, avaliaram-se
videolaparoscópica com segurança o que pode trazer menor 28 estudos onde estiveram arrolados 3.232 pacientes sub-
dor, duração do íleo pós-operatório e hospitalização mais metidos a operações colorretais laparoscópicas. Vinte e dois
curta 14,15(C). Apesar de constituir ainda em nosso meio técni- dos estudos (79%) não incluíam definição de conversão 30(B).
ca associada a maior custo e dependente da experiência do Os índices de conversão em operações colorretais
cirurgião, experiências consistentemente demonstraram a laparoscópicas podem variar de 7% a 77%. As indicações
segurança e eficácia dessa via de acesso para o tratamento para conversão à laparotomia podem ser enquadradas em
cirúrgico eletivo da diverticulite aguda. Menor dor, menor duas situações: de dificuldade técnica para prosseguir com a
duração do íleo pós-operatório e da duração da internação operação por laparoscopia, ou de complicação
hospitalar já foram demonstrados por estudos retrospecti- intraoperatória 31(B).
vos 16-19,20 e prospectivos 21,22, 23 comparando a via de acesso A maior importância em avaliar as indicações de conver-
convencional com a videolaparoscópica. são reside no fato de que há evidências acerca da maior
morbidade resultante da conversão quando comparada aos
Via de acesso para o tratamento cirúrgico da hemor- pacientes que tiveram operação completada por vídeo33(B)
ragia por doença diverticular ou mesmo quando comparada aos pacientes operados pela
O tratamento cirúrgico de urgência se impõe quando a via convencional33(B). Em que pese isto possa representar
hemorragia não houver cessado espontaneamente e após o um viés relacionado ao paciente e à gravidade da doença que
insucesso do tratamento endoscópico. As colectomias seg- motivou o tratamento cirúrgico, a seleção dos pacientes e
mentares só devem ser realizadas se houver diagnóstico da decidir rapidamente pela conversão parece medida associa-
origem do sangramento. Para os pacientes com sangramento da a menor morbidade.
persistente e na ausência de diagnóstico endoscópico ou Representam indicações de conversão: necessidade
arteriográfico, a colectomia total deve ser realizada. de realizar extensa lise de bridas, sangramento de grande
A operação de colectomia total vídeo-assistida está asso- vaso ou não-controlável pela via de acesso por vídeo, lesão
ciada a resultados similares à realizada por via convencional de víscera oca ou parenquimatosa não-reparável por vídeo,
exceto por maior tempo operatório 24(B),25(B),26(B) de modo peritonite fecal difusa e dificuldade de reconhecimento
que é recomendação desse consenso que a colectomia total anatômico ou de exposição de estruturas.
vídeo-assistida pode ser oferecida a pacientes estáveis e com
indicação de tratamento cirúrgico devido a hemorragia di-
gestiva por doença diverticular. QUESTÕES ORIGINALMENTE FORMULADAS:
PARA A APRESENTAÇÃO
Avaliação intraoperatória do nível distal de ressecção 1. Diagnóstico de uma crise de diverticulite aguda
intestinal durante a colectomia laparoscópica por do sigmóide na era da vídeo-laparoscopia (mu-
diverticulite dou, não mudou)
Há evidências que apontam para risco de recidiva de 2. Via de acesso para tratamento cirúrgico de urgên-
crises de diverticulite após tratamento cirúrgico de até 10% cia da diverticulite aguda estágio II da classifica-
sendo que pode haver necessidade de reoperação em cerca ção de Hinchey: é possível realizar por
de 3%27(C)2(D). A anastomose colossigmoideana parece ser videolaparoscopia?
o principal determinante da recidiva de diverticulite após o 3. Via de acesso para suspeita de diverticulite aguda
tratamento cirúrguco eletivo28(C). com peritonite difusa em paciente com bom estado
Os membros desse painel recomendam a realização da
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 11

C O N S E N S O 3

9. Nagorney DM, Adson MA, Pemberton JH. Sigmoid


geral: pode ser realizada por videolaparoscopia? diverticulitis with perforation and generalized peritonitis.
4. Via de acesso para suspeita de diverticulite aguda Dis Colon Rectum 1985;28(2):71-5.
com peritonite difusa em paciente em mau estado 10. Da Rold AR, Guerriero S, Fiamingo P, Pariset S, Veroux M,
geral: pode ser realizada por videolaparoscopia? Pilon F, et al. Laparoscopic colorrhaphy, irrigation and
5. Via de acesso para tratamento cirúrgico de urgên- drainage in the treatment of complicated acute diverticulitis:
cia da hemorragia digestiva por doença initial experience. Chir Ital 2004;56(1):95-8.
diverticular 11. Guenaga KF, Matos D, Castro AA, Atallah AN, Wille-
6. Via de acesso para tratamento cirúrgico eletivo Jorgensen P. Mechanical bowel preparation for elective
da diverticulite do sigmóide colorectal surgery. Cochrane Database Syst Rev
7. Uso do enema opaco no pré-operatório do trata- 2005(1):CD001544.
mento cirúrgico eletivo por vídeo da diverticulite: 12. Levien DH, Mazier WP, Surrell JA, Raiman PJ. Safe resection
sim ou não? for diverticular disease of the colon. Dis Colon Rectum
8. Preparo de cólon para tratamento cirúrgico por 1989;32(1):30-2.
vídeo da diverticulite do sigmóide: sim ou não? 13. Belmonte C, Klas JV, Perez JJ, Wong WD, Rothenberger
Qual? DA, Goldberg SM, et al. The Hartmann procedure. First
9. Quais as referências anatômicas utilizadas para de- choice or last resort in diverticular disease? Arch Surg
terminar o nível distal de ressecção durante o tra- 1996;131(6):612-5; discussion 6-7.
tamento cirúrgico eletivo da diverticulite do 14. Kockerling F, Schneider C, Reymond MA, Scheidbach H,
sigmóide por videolaparoscopia? Scheuerlein H, Konradt J, et al. Laparoscopic resection of
sigmoid diverticulitis. Results of a multicenter study.
Laparoscopic Colorectal Surgery Study Group. Surg Endosc
Referências bibliográficas 1999;13(6):567-71.
1. Simpson J, Scholefield JH, Spiller RC. Origin of symptoms 15. Bouillot JL, Berthou JC, Champault G, Meyer C, Arnaud JP,
in diverticular disease. Br J Surg 2003;90(8):899-908. Samama G, et al. Elective laparoscopic colonic resection
2. Wong WD, Wexner SD, Lowry A, Vernava A, 3rd, Burnstein for diverticular disease: results of a multicenter study in
M, Denstman F, et al. Practice parameters for the 179 patients. Surg Endosc 2002;16(9):1320-3.
treatment of sigmoid diverticulitis—supporting 16. Dwivedi A, Chahin F, Agrawal S, Chau WY, Tootla A, Tootla
documentation. The Standards Task Force. The American F, et al. Laparoscopic colectomy vs. open colectomy for
Society of Colon and Rectal Surgeons. Dis Colon Rectum sigmoid diverticular disease. Dis Colon Rectum
2000;43(3):290-7. 2002;45(10):1309-14; discussion 14-5.
3. Markham NI, Li AK. Diverticulitis of the right colon— 17. Faynsod M, Stamos MJ, Arnell T, Borden C, Udani S, Vargas
experience from Hong Kong. Gut 1992;33(4):547-9. H. A case-control study of laparoscopic versus open sigmoid
4. Reifferscheid M. Diverticulosis and diverticulitis of the colectomy for diverticulitis. Am Surg 2000;66(9):841-3.
sigmoid colon. A contribution to the pathogenesis of the 18. Lawrence DM, Pasquale MD, Wasser TE. Laparoscopic
sclerosis of the sigmoid colon. Digestion 1968;1(3):129- versus open sigmoid colectomy for diverticulitis. Am Surg
39. 2003;69(6):499-503; discussion -4.
5. Hinchey EJ, Schaal PG, Richards GK. Treatment of 19. Lauro A, Alonso Poza A, Cirocchi R, Doria C, Gruttadauria
perforated diverticular disease of the colon. Adv Surg S, Giustozzi G, et al. [Laparoscopic surgery for colon
1978;12:85-109. diverticulitis]. Minerva Chir 2002;57(1):1-5.
6. Berry AR, Turner WH, Mortensen NJ, Kettlewell MG. 20. Gonzalez R, Smith CD, Mattar SG, Venkatesh KR, Mason
Emergency surgery for complicated diverticular disease. E, Duncan T, et al. Laparoscopic vs open resection for the
A five-year experience. Dis Colon Rectum treatment of diverticular disease. Surg Endosc
1989;32(10):849-54. 2004;18(2):276-80.
7. Zeitoun G, Laurent A, Rouffet F, Hay J, Fingerhut A, Paquet 21. Tuech JJ, Pessaux P, Rouge C, Regenet N, Bergamaschi R,
J, et al. Multicentre, randomized clinical trial of primary Arnaud JP. Laparoscopic vs open colectomy for sigmoid
versus secondary sigmoid resection in generalized diverticulitis: a prospective comparative study in the
peritonitis complicating sigmoid diverticulitis. Br J Surg elderly. Surg Endosc 2000;14(11):1031-3.
2000;87(10):1366-74. 22. Tuech JJ, Regenet N, Hennekinne S, Pessaux P, Bergamaschi
8. Kronborg O. Treatment of perforated sigmoid diverticulitis: a R, Arnaud JP. Laparoscopic colectomy for sigmoid
prospective randomized trial. Br J Surg 1993;80(4):505-7. diverticulitis in obese and nonobese patients: a prospective
12 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 3

comparative study. Surg Endosc 2001;15(12):1427-30. 30. Gervaz P, Pikarsky A, Utech M, Secic M, Efron J, Belin B, et
23. Senagore AJ, Duepree HJ, Delaney CP, Dissanaike S, Brady al. Converted laparoscopic colorectal surgery. Surg Endosc
KM, Fazio VW. Cost structure of laparoscopic and open 2001;15(8):827-32.
sigmoid colectomy for diverticular disease: similarities 31. Schwandner O, Schiedeck TH, Bruch H. The role of
and differences. Dis Colon Rectum 2002;45(4):485-90. conversion in laparoscopic colorectal surgery: Do predictive
24. Pokala N, Delaney CP, Senagore AJ, Brady KM, Fazio VW. factors exist? Surg Endosc 1999;13(2):151-6.
Laparoscopic vs open total colectomy: a case-matched 32. Slim K, Pezet D, Riff Y, Clark E, Chipponi J. High morbidity
comparative study. Surg Endosc 2005. rate after converted laparoscopic colorectal surgery. Br J
25. Ho YH, Tan M, Eu KW, Leong A, Choen FS. Laparoscopic- Surg 1995;82(10):1406-8.
assisted compared with open total colectomy in treating slow 33. Marusch F, Gastinger I, Schneider C, Scheidbach H, Konradt
transit constipation. Aust N Z J Surg 1997;67(8):562-5. J, Bruch HP, et al. Importance of conversion for results
26. Marcello PW, Milsom JW, Wong SK, Brady K, Goormastic obtained with laparoscopic colorectal surgery. Dis Colon
M, Fazio VW. Laparoscopic total colectomy for acute Rectum 2001;44(2):207-14; discussion 14-6.
colitis: a case-control study. Dis Colon Rectum 34. Lord SA, Larach SW, Ferrara A, Williamson PR, Lago CP,
2001;44(10):1441-5. Lube MW. Laparoscopic resections for colorectal carcino-
27. Frizelle FA, Dominguez JM, Santoro GA. Management of ma. A three-year experience. Dis Colon Rectum
post-operative recurrent diverticulitis: a review of the 1996;39(2):148-54.
literature. J R Coll Surg Edinb 1997;42(3):186-8. 35. Schlachta CM, Mamazza J, Gregoire R, Burpee SE, Pace
28. Benn PL, Wolff BG, Ilstrup DM. Level of anastomosis and KT, Poulin EC. Predicting conversion in laparoscopic
recurrent colonic diverticulitis. Am J Surg colorectal surgery. Fellowship training may be an
1986;151(2):269-71. advantage. Surg Endosc 2003;17(8):1288-91.
29. Thaler K, Baig MK, Berho M, Weiss EG, Nogueras JJ, 36. Ortega AE, Beart RW, Jr., Steele GD, Jr., Winchester DP,
Arnaud JP, et al. Determinants of recurrence after sigmoid Greene FL. Laparoscopic Bowel Surgery Registry.
resection for uncomplicated diverticulitis. Dis Colon Preliminary results. Dis Colon Rectum 1995;38(7):681-
Rectum 2003;46(3):385-8. 5; discussion 5-6.

CONSENSO

Grau de Recomendação e Força de Evidência* Diverticulite (D)


• Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência Classificação de Hinchey:
• Estudos experimentais e observacionais de menor • Hinchey I - abscesso pericólico
consistência • Hinchey II - abscesso à distância
• Relatos ou série de casos • Hinchey III - peritonite purulenta
• Publicações baseadas em consensos ou opiniões de • Hinchey IV - peritonite fecal
especialistas
* Conforme Associação Médica Brasileira Diagnóstico da Diverticulite Aguda (D)
e Conselho Federal de Medicina • A investigação diagnóstica deve seguir os mesmos
padrões independentemente da via de acesso para
Condições básicas tratamento cirúrgico a ser oferecida aos pacientes.
• Condições clínicas do paciente
• Equipes cirúrgica e anestésica treinadas Tratamento da Diverticulite Aguda (C)
• Material e equipamento adequados • A drenagem de abscesso por videolaparoscopia,
nas situações em que a drenagem percutânea gui-
Classificação Clínica (D) ada por método de imagem não se encontra dis-
• Doença não complicada sintomática ponível ou não resultou em esvaziamento da cole-
• Doença sintomática recorrente ção, deve ser considerada.
• Doença complicada (hemorragia, abscesso, flegmão, • A via laparoscópica pode ser utilizada nos casos de
perfuração, peritonite, estenose, fístula, obstrução de in- Hinchey II, sendo que o tipo de operação, com ou sem
testino delgado por aderências inflamatórias, neoplasia anastomose primária ou com ou sem estomia, deverá
maligna que não pode ser descartada) ser considerado independentemente da via de acesso.
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 13

C O N S E N S O 3

• A videolaparoscopia pode ser utilizada para os paci- Nível proximal de ressecção intestinal no trata-
entes estáveis com peritonite purulenta (Hinchey III) mento cirúrgico da diverticulite (C)
com o objetivo de realizar, preferencialmente, a • É importante que seja ressecado o segmento do-
ressecção do segmento perfurado, colostomia e lava- ente, espástico ou inflamado, e não todos os
gem da cavidade peritoneal. divertículos ressaltando-se por isso a importância
da avaliação radiológica pré-operatória nos ca-
Tratamento da Diverticulite Aguda (D) sos eletivos.
• Para pacientes com peritonite fecal difusa (Hinchey
IV) a via de acesso para o tratamento cirúrgico deve Nível distal de ressecção intestinal no tratamen-
ser a laparotomia. to cirúrgico da diverticulite (C)
• Deve ser ressecado todo o sigmóide e para tanto
Preparo mecânico para tratamento cirúrgico recomenda-se verificar a ausência dos apêndices
eletivo da diverticulite do sigmóide (A) epiplóicos e das tênias cólicas no local a servir de
• Ainda há recomendação para a realização de prepa- margem distal da futura anastomose.
ro intestinal de boa qualidade, muito embora não te-
nha havido consenso quanto ao tipo de preparo intes- Indicações de conversão (B)
tinal a ser utilizado. • Dificuldade técnica para prosseguir com a opera-
ção videolaparoscópica;
Via de acesso para tratamento cirúrgico eletivo (B) • Complicações intraoperatórias.
• A videolaparoscopia deve ser considerada uma op-
ção para o tratamento cirúrgico eletivo da doença Não Houve Consenso
diverticular. • Número e posição dos trocartes
• Necessidade de mobilização do ângulo esplênico
Via de acesso para tratamento cirúrgico da hemor- • Abordagem do mesocólon para mobilização e
ragia por doença diverticular (B) ligadura vascular
• A videolaparoscopia pode ser oferecida a pacientes • Localização da incisão auxiliar
estáveis e com indicação de tratamento cirúrgico.
14 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 4

Linfonodo Sentinela
em Câncer
Metodologia utilizada para elaboração do consenso
As evidências da literatura atual indicam que o estabeleci- Coordenador
mento de consenso para a pesquisa de linfonodo sentinela em TCBC Ademar Lopes (SP)
oncologia é factível apenas para melanoma cutâneo e câncer
de mama. Baseados nessa premissa, um documento prelimi- Integrantes
nar foi gerado, contendo um “guia de perguntas” enviado por TCBC Alberto Julius Alves Wainstein (MG)
e-mail a todos os integrantes. As perguntas foram baseadas TCBC Carlos Cauduro SchiRmer (RS)
no consenso brasileiro estabelecido para a pesquisa de TCBC Fábio de Oliveira Ferreira (SP)
linfonodo sentinela (PLS) em melanoma cutâneo, proposto ACBC Francisco Aparecido Belfort (SP)
pelo GBM (Grupo Brasileiro para o Estudo do Melanoma). A TCBC Luiz Gonzaga Porto Pinheiro (CE)
utilização dessa metodologia foi facilitada porque três inte- ECBC Marcos Fernando de Oliveira Moraes (RJ)
grantes do consenso atual fizeram parte da elaboração do TCBC Maurício Augusto S. Magalhães Costa (RJ)
consenso do GBM. Com base no guia de perguntas, os inte- TCBC Miguel Ângelo Rodrigues Brandão (BA)
grantes foram acrescentando suas contribuições, confrontan- TCBC Pedro Carlos Basílio (RJ)
do a experiência pessoal com os dados de publicações TCBC Renato Santos de Oliveira Filho (SP)
selecionadas no MEDLINE. Assim, um segundo documento
preliminar foi construído e enviado a todos os integrantes
para reavaliação, antes da apresentação plenária. A partir da no produto das linfadenectomias, e a morbidade decorrente
reunião pré-congresso, modificações finais foram realizadas dos esvaziamentos axilares continuaram desafiando a abor-
e as conclusões apresentadas em plenário no congresso do dagem dos linfáticos da axila até os anos 90.
CBC. Paralelamente, altas taxas de morbidade também eram
observadas nas linfadenectomias inguinais ou ílio-inguinais,
Histórico realizadas para o tratamento da doença linfonodal em carci-
No final do século XIX, desapontado com os resultados noma de pênis, o que motivou Cabañas a publicar em 1977 o
obtidos por Bilroth e imaginando tratar-se de doença primeiro trabalho sobre a pesquisa de linfonodo “sentinela”,
locorregional, William Stuart Halsted introduziu a com o objetivo de evitar as linfadenectomias desnecessárias
mastectomia radical como tratamento padrão para o câncer e reduzir sua morbidade. O método de estadiamento pro-
de mama, preconizando a remoção da mama em monobloco posto por Cabañas consistiu na injeção de contraste em va-
com os músculos peitorais e os linfáticos da axila. As taxas de sos linfáticos do dorso do pênis, seguida da verificação da
recidiva loco regional observadas nas cirurgias de Bilroth e área de drenagem através de estudo radiográfico. Com essa
Halsted foram, respectivamente, de 80% e 6%. A grande metodologia, verificou-se que o contraste sempre drenava
diferença nas taxas de controle da doença deu origem à “Es- para linfonodo inguinal superficial, localizado no quadrante
cola de Cirurgia Oncológica”. Os princípios da cirurgia de súpero-medial, próximo à junção dos vasos epigástricos su-
Halsted foram aplicados para a maioria dos carcinomas, pre- perficiais com a veia safena, ao que chamou de linfonodo
conizando-se a remoção do tumor primário com margem sentinela. O achado foi confirmado por dissecção linfonodal
adequada, associada ao máximo possível de drenagem linfá- e estudo histopatológico, constatando-se alta acuracidade.
tica loco regional. O trabalho de Cabañas gerou grande impacto na comunida-
A partir dos anos 60, o câncer de mama passou a ser de urológica, e foi considerado por algum tempo um bom
entendido como doença loco regional e sistêmica, fato esse método de estadiamento. Trabalhos posteriores demonstra-
que, associado ao progresso do tratamento multidisciplinar, ram, no entanto, que a metodologia proposta por Cabañas
deu início ao tratamento conservador do câncer de mama, a estava associada a altos índices de resultados falsos negati-
partir da década de 70, fundamentando-se basicamente na vos, talvez por ser este um método estático de estudo da
quadrantectomia e no esvaziamento axilar. No entanto, o ris- drenagem linfática, ou até mesmo, pela complexidade da dre-
co de doença sistêmica, a ausência de doença microscópica nagem linfática peniana.
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 15

C O N S E N S O 4

A partir de 1992, através de metodologia dinâmica Conseqüentemente, os pacientes poderão ser encaminhados
conseguida mediante injeção de corante azul patente (Morton) para terapia adjuvante mais precocemente.
e, posteriormente, radiotraçador (Krag), surgiram inúmeros
trabalhos demonstrando alta acuracidade no estadiamento
da doença linfonodal em melanoma cutâneo e em câncer de LNS em melanona
mama, tornando possível o estabelecimento de um consenso Indicações
para a abordagem dos linfonodos através da pesquisa do - Breslow >= 0,76 mm
linfonodo sentinela. - Breslow < 0,76, associado a:

Consenso sobre a Pesquisa de Linfonodo Sentinela em • Ulceração e/ou


Melanoma Cutâneo • Regressão e/ou
• Clark IV/V
Indicações
A pesquisa de linfonodo sentinela em melanoma cutâneo
está indicada quando se constata espessura de Breslow mai- Metodologia para a pesquisa de linfonodo sentinela em
or ou igual a 0,76mm. Se a espessura for menor que 0,76mm melanoma
mas estiver associada a ulceração e/ou regressão e/ou Clark
IV/V, o método também é indicado. Linfocintigrafia
A proposta acima deriva de estudos que apontaram fato- A linfocintigrafia deve ser feita sempre, em média 6-12 horas
res de risco para metástases linfonodais, a saber: antes do ato cirúrgico podendo, porém ser realizada até 24
a) taxa de metástases linfonodais de 5,3% com espessu- horas antes. É fundamental que exista a integração e comunica-
ra de Breslow entre 0,76mm e 1,0mm (aumento da ção do cirurgião com o serviço de medicina nuclear para que
taxa quando a técnica do PCR é empregada para sejam informadas e documentadas as fases dinâmica e estática.
detecção de micrometástases); Com o uso da linfocintigrafia, diferenças de drenagem
b) melanomas espessos que regrediram e apresentam linfonodal são identificadas em relação aos padrões
espessura fina; anatômicos clássicos, com grande número de drenagens am-
c) fase de crescimento vertical, encontrada em 59%; bíguas. Inúmeros trabalhos demonstram que o estudo dinâ-
d) presença de mitoses na derme, particularmente em mico do fluxo linfático definindo as cadeias de drenagem do
contagens maiores que 3 por mm2. sítio primário do melanoma é fundamental para uma correta
A taxa de positividade do linfonodo sentinela nos casos identificação do linfonodo sentinela.
de melanoma primário com espessura menor que 1mm é de Linfonodos de intervalo (definidos como sendo aqueles si-
4%, e de 3 a 5,0% com espessura entre 0,76 e 1,00 mm. tuados ao longo do trajeto de um vaso linfático, entre o local
Dado relevante a ser considerado é que em estudos com do melanoma primário e uma base linfática conhecida) foram
análise multivariada, nenhum fator clínico ou histopatológico encontrados em 148 (7,2%) de 2045 pacientes estudados atra-
foi significativamente associado com o envolvimento do LS vés de linfocintilografia pré-operatória. Neste estudo,
em pacientes com melanomas < 1 mm. Outros estudos pro- micrometástases foram encontradas em 14% dos linfonodos
põem que pacientes com menos de 40 anos de idade e/ou de intervalo, incidência semelhante à observada em linfonodos
taxa mitótica igual a 5 (p=0,0001; OR = 2,3) seriam candi- localizados em cadeias conhecidas. Em alguns pacientes o
datos à pesquisa de linfonodo sentinela. linfonodo de intervalo foi o único linfonodo acometido por
Esses dados justificam o uso da técnica da linfadenectomia metástase. Os linfonodos de intervalo devem ser removidos
seletiva em pacientes com espessura de Breslow entre junto com quaisquer outros linfonodos sentinelas adicionais,
0,76mm e 1mm. O percentual de 5% de metástases pois somente assim a técnica da linfadenectomia seletiva esta-
linfonodais pode ser considerado pequeno, mas, deve ser rá completa e evitar-se-á o resultado falso negativo.
valorizado, pois, apesar da espessura fina, o comportamento A taxa de linfonodos sentinelas de intervalo nos melanomas
biológico pode ser agressivo. Além disso, deve-se considerar de extremidades e do tronco é próxima a 5% e cerca de
que para 2005 a incidência esperada de melanomas finos 10% das metástases linfonodais podem estar presentes so-
(abaixo de 1,0 mm) é de 70%. Assim, se a pesquisa do mente no linfonodo de intervalo.
linfonodo sentinela não for realizada em situações como esta,
o diagnóstico da metástase linfonodal será tardio e o prog- Radiotraçador
nóstico reservado. A linfadenectomia seletiva torna o Para a realização da pesquisa de linfonodo sentinela em
estadiamento mais acurado e pode ter papel terapêutico. melanoma o radiofármaco é o Tecnécio 99, rotineiramente
16 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 4

utilizado na maior parte dos procedimentos de medicina nu- Encerramento da pesquisa


clear por apresentar energia ideal para a detecção através de A pesquisa do linfonodo sentinela deve ser encerrada ape-
câmeras de cintilação (140 KeV). Apresenta meia vida curta nas quando o valor de contagem no linfonodo ex-vivo for
(6 horas) o que resulta em baixas doses de exposição para o menor que 10% do valor da contagem inicial ou quando se
paciente. É de fácil disponibilidade e de baixo custo. Reco- observa taxa linfonodo/basal maior ou igual a 3:1. Recomen-
menda-se a uniformização dos “carreadores” Dextran 500 da-se que todos os linfonodos com contagem =10% que a
ou Fitato. As imagens digitais devem ser registradas em fil- observada no linfonodo ex-vivo sejam removidos.
mes radiográficos e emitidos laudos descritivos dos achados O número médio de linfonodos removidos é de 1,47, de-
de cada exame. monstrando que o linfonodo sentinela nem sempre é único, o
que reafirma a necessidade da associação do “gamma probe”
ao corante vital, pois não são raros os achados de linfonodos
LNS em melanona corados e “frios” e linfonodos não corados e “quentes”.
- Linfocintigrafia
• Até 24hs pré-cirurgia Anestesia/ Internação
- Corante Vital O uso da anestesia geral é preferido para todos os sítios.
• 10 minutos antes da incisão Bloqueio ou anestesia local podem ser utilizados para pes-
- “Gamma probe” quisa do linfonodo sentinela na região inguinal.
A internação de 1 dia é recomendada, podendo ser reali-
zado no esquema “Day-Clinic”, sempre em ambiente hospi-
Corante vital talar, em função dos riscos inerentes a qualquer procedimen-
Recomenda-se a utilização do Azul Patente como corante to cirúrgico.
vital, em média no volume de 1,0 ml, em localização intra-
dérmica, seguindo-se a orientação dos quatro pontos carde- Comentários adicionais
ais, distantes cerca de 3,0 mm dos bordos da lesão primária ou A pesquisa do linfonodo sentinela em cabeça e pescoço é
da cicatriz, nos casos de biópsia excisional prévia. As lesões mais complexa, havendo maior dificuldade para a identifica-
maiores e mais distantes da base linfonodal podem receber um ção em função da proximidade de estruturas nobres e da
volume maior que 1,0 ml, porém não superior a 2,0 ml. variação da drenagem linfática. No entanto, a técnica pode
O local deve ser massageado suavemente e o membro ser realizada com eficácia mantendo-se o princípio de asso-
elevado, caso este corresponda ao sítio primário. Quando ciar o corante vital ao “gamma probe” para melhorar a taxa
a localização é no tronco, a mesa de operação pode ser de identificação. Deve-se ter em mente a possibilidade de
inclinada por 10 minutos para que a drenagem por gravi- tatuagem persistente quando a lesão primária já houver sido
dade na direção da cadeia linfonodal regional possa ser previamente ampliada. No caso do linfonodo sentinela ocu-
facilitada. Deve-se aguardar pelo menos 10 minutos antes par localização intra-parotídea, é discutível a indicação da
de realizar a incisão da pele sobre o local do linfonodo parotidectomia; caso indicada, o procedimento deve ser re-
sentinela. O tempo de trânsito do corante desde o do sítio alizado por cirurgião com experiência na anatomia da região
de injeção (local primário) até linfonodo sentinela varia de para minimizar o risco de lesão de nervo facial.
acordo com a região anatômica do corpo, porém, é em No tronco, a maior dificuldade observada é a drenagem
média de 12 minutos (variação de menos de 1 minuto a ambígua. Thompson encontrou drenagem multidirecional em
1 hora). 49% dos casos (26% em casos de melanoma de dorso),
O azul patente é eliminado em 24-48 horas através de presença de linfonodo de intervalo em topografia
excreção biliar e urinária, justificando a mudança na colo- intramuscular, 20% de drenagem para cadeia mamária inter-
ração da urina, que deve ser do conhecimento dos pacien- na em melanomas peri-umbilicais e algumas drenagens dire-
tes e da enfermagem. Os efeitos colaterais são raros, mas tas para linfonodos para-aórticos em melanomas de dorso.
pode ocorrer reação anafilática ao corante (<1%), com Nos membros inferiores, a drenagem para a cadeia linfática
necessidade de tratamento imediato. inguinal contra-lateral foi encontrada em 1% dos casos; 20%
das drenagens linfáticas aberrantes do membro inferior ocor-
“Gamma probe” reram para a fossa poplítea; alguns pacientes com melanoma
O uso do detector manual de radiação gama ou “gamma do antebraço apresentaram drenagem direta para a cadeia
probe” deve ser incluído na rotina. Não é recomendada a supra clavicular.
pesquisa do linfonodo sentinela utilizando-se somente o Diferentemente do câncer de mama, a biópsia de conge-
corante vital ou somente o “gamma probe”. lação não deve ser empregada na pesquisa de linfonodo
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 17

C O N S E N S O 4

sentinela de pacientes com melanoma. A sensibilidade da clínico NCI-04-C-0114 do National Cancer Institute.
biópsia de congelação em identificar metástases no linfonodo No carcinoma ductal in situ, a indicação é controversa,
sentinela é baixa (59%), fragmentos do linfonodo sentinela no entanto, quando se constata a presença de micrometástases
podem ser perdidos e aumentar a taxa de falso negativos > 2mm, ocorre mudança do estadiamento (upstaging) e con-
(7,5%). seqüentemente da proposta terapêutica. As taxas de metástase
O estudo anatomopatológico deve seguir a recomenda- no linfonodo sentinela variam de 4 a 8% quando o diagnósti-
ção da Organização Mundial de Saúde. O “imprint” poderá co é feito por imunohistoquímica. A relevância clinica destes
ser utilizado nos casos de suspeita clínica de doença achados, no entanto, é ainda desconhecida. Para o carcino-
macroscópica, com taxa de sensibilidade de 62%. ma in situ tipo comedo, em função da maior probabilidade de
focos invasivos não surpreendidos ao exame histopatológico,
há maior tendência para realizar a pesquisa do linfonodo
LNS em melanona sentinela.
Anatomopatologia É consenso que o linfonodo sentinela representa a primei-
- Não usar congelação ra estação de drenagem linfática dos tumores da mama. O
“Imprint” se suspeita macroscópica seu acometimento por células neoplásicas define o status axi-
lar. É reconhecida a drenagem alternativa para a cadeia ma-
- Cortes seriados mária interna, embora sua exploração cirúrgica de rotina es-
teja ainda em fase de avaliação.
- Marcadores IMH (se HE Negativo)
S-100, HMB-45, Melan A
LNS em mama
Indicações
Curva de aprendizado - Tu < 3,0 cm, axila (-)
Morton e colaboradores analisaram a acurácia do - Carcinoma intraductal de alto grau
mapeamento linfático em predizer a metástase para o
linfonodo sentinela. Foi realizado o mapeamento linfático e a
biópsia do linfonodo sentinela em um estudo multicêntrico, Metodologia para a pesquisa de linfonodo sentinela em
comparando com dados de um serviço já organizado (John câncer de mama
Wayne Cancer Center). Os autores concluíram que a técnica
da linfadenectomia sentinela pode ser ensinada com sucesso Linfocintigrafia
e aplicada como um protocolo em vários centros, sendo im- A maioria dos trabalhos de língua inglesa sugere a realiza-
portantes componentes para o sucesso da técnica, a aborda- ção de cintigrafia pré-operatória, o que permite a marcação
gem multidisciplinar, curva de aprendizado de pelo menos cutânea orientada da busca cirúrgica, bem como identifica
30 casos consecutivos e a associação de azul patente e drenagens alternativas. Para alguns autores, no entanto, o
radiocolóide. método onera o procedimento e deve ser opcional. Quando
Outros autores concluíram que a fase de aprendizado é o identificador é o corante, a técnica não se justifica. Nos
de 150 procedimentos com 60 casos de linfonodos positi- casos de tumores localizados nos quadrantes internos, a
vos. Basearam-se em estudo realizado, comparando quatro linfocintigrafia pré-operatória é recomendada pela possibili-
fases da curva de aprendizado: 25, 50, 75 e 150 procedimen- dade de identificação de drenagem para a cadeia da mamária
tos com o número correspondente de 10, 20, 30 e 60 casos interna.
de linfonodos positivos e analisando os valores da não identi- De maneira análoga ao descrito para o melanoma, a
ficação do linfonodo sentinela e a taxa de falso negativo. linfocintigrafia deve ser feita em média 6-12 horas antes do
ato cirúrgico, ainda que possa ser realizada até 24 horas
Consenso sobre a Pesquisa de Linfonodo Sentinela em antes.
Câncer de Mama Existem alternativas diversas quanto ao local de injeção
do radiofármaco e do corante vital, que podem ser aplicados
Indicações na derme que recobre o tumor, na região periareolar, no
A pesquisa do linfonodo sentinela em câncer de mama local da biopsia e intra-tumoral. A injeção periareolar parece
está indicada para tumores < 3 cm com axila clinicamente ser mais indicada e tem a vantagem de propiciar distância
negativa. A indicação em tumores > 3 cm e em estádios adequada entre o local de injeção e a cadeia linfática. Este
clínicos = IIA encontra-se em fase de avaliação no ensaio aspecto adquire maior relevância mediante injeção do
18 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 4

radiotraçador pela menor possibilidade de confusão na con- submetido a exame por HE com cortes de 1 a 2mm, o que
tagem entre o local de injeção e a cadeia de drenagem. Para aumenta a sensibilidade e especificidade na pesquisa de célu-
os tumores dos quadrantes internos com axila clinicamente las neoplásicas.
negativa, a injeção deve ser peritumoral profunda e a Giuliano et al. demonstraram a correlação entre o
cintilografia pré-operatória é mandatória para avaliação da linfonodo sentinela e o status axilar utilizando técnica de HE e
cadeia mamária interna. imunoistoquímica para todos os linfonodos da axila em 60
Em pacientes submetidos à quimioterapia neoadjuvante, pacientes portadores de câncer de mama, comparando o
alguns trabalhos relatam a possibilidade de identificação de linfonodo sentinela com 1087 linfonodos “não sentinela”,
mais de três linfonodos sentinela, provalmente em conseqü- confirmando correlação segura entre o status do linfonodo
ência da formação de vias alternativas secundárias à esclerose sentinela e status axilar para os 02 métodos, com taxa de
do linfonodo previamente acometido pelo tumor. erro de 0,9%. Embora referido em diversos trabalhos, não
há consenso sobre o prognóstico de pacientes com linfonodo
Radiotraçador sentinela identificado apenas pelo método imunoistoquímico,
O radiofármaco recomendado é o Tecnécio99. Quanto não havendo razão para a realização rotineira de
ao “carreador”, na maioria dos trabalhos verifica-se a utili- imunoistoquímica na prática clínica
zação do sulfito coloidal em função do tamanho da partícula
e da captação pelos macrófagos. A albumina é utilizada sob a
forma de macro-partícula quando se deseja maior tempo de LNS em mama
permanência da substância radioativa no local da injeção. As Anatomopatologia
partículas de tamanho médio também permitem a identifica- - “Imprint” é aceito
ção de linfonodos sentinela. No Brasil, o carreador mais uti- - Congelação não deve ser usada
lizado é o fitato coloidal (Labcex). - IMH se HE (-)

Corante vital
O azul patente foi o primeiro corante a ser empregado. Comentários adicionais
Comparativamente, o uso do radiofármaco é mais
dispendioso e exige equipamentos adicionais. Alguns autores Curva de aprendizado
defendem o do azul patente como técnica isolada segura para A média de falsos negativos nas publicações avalia-
identificação do linfonodo sentinela, questionando-se a ne- das foi de 7,05%. A taxa de falsos negativos é referencial
cessidade do uso de radiofármacos e detecção intra-opera- para controle da curva de aprendizado, aceitando-se
tória com probe. Estudos experimentais confirmam a acurácia como habilitado para executar a técnica o profissional
semelhante dos dois métodos. que obtém um índice de falso negativo = 10%, com o
linfonodo sentinela controlado pelo esvaziamento axi-
lar subseqüente. Tafra et al. relataram taxa de falso ne-
LNS em mama gativo de 4% por cirurgiões que realizaram mais de
Metodologia dez procedimentos e de 15% para aqueles com menos
- Linfocintigrafia de dez práticas. O percentual de falsos negativos foi
- Corante Vital - Azul Patente ainda maior em pacientes com tumores dos quadrantes
- “Gamma pobre” internos (30%) (injeção peri-tumoral).
O American College of Surgeons Oncology Group e
a American Society of Breast Surgeons recomendam um
Avaliação anatomopatológica do linfonodo sentinela mínimo de 30 procedimentos. McMasters e colabora-
O Consenso do Colégio Americano de Patologistas defi- dores, numa análise de 2.148 procedimentos realiza-
ne que o estudo trans-operatório do linfonodo sentinela deva dos por 226 cirurgiões relatam como ponto de corte
ser realizado pela técnica de “imprint”, uma vez que, no estu- para um número aceitável de falsos negativos a realiza-
do de cortes por congelação, uma porção significativa de ção de 20 casos. Outros autores relataram que com um
tecido linfonodal é perdida. corte de 23 casos, o índice de falso negativo foi inferior
Nos exames de rotina das peças de esvaziamento, todos a 10%.
os linfonodos são estudados com apenas dois cortes na re- Pela análise dos dados, pode-se inferir que são ne-
gião do hilo. Com a pesquisa do linfonodo sentinela, o linfonodo cessários 20 procedimentos para o treinamento do ci-
identificado passa a ser melhor estudado. Todo material é rurgião e familiarização com a técnica.
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 19

C O N S E N S O 4

Pesquisa de Linfonodo Sentinela em Tumores do Apa- Bibliografia consultada – melanoma cutâneo


relho Digestivo 1. Alex JC, Krag DN. Gama-probe-guided localization of lymph
A PLS também tem sido realizada sob a forma de proto- nodes. Surg Oncol 1993;2:137-44.
colo em diversos centros de tratamento oncológico para 2. Bleicher RJ, Foshag LS, Essner R, Morton DL. Sentinel
tumores gastrintestinais. Neste caso, a finalidade não é al- node positivity and characteristics of thin invasive cutaneous
terar o porte da cirurgia, mas permitir a identificação de melanomas. In: 54th Cancer Symposium SSO; 2001.
linfonodos que devem ser selecionados para estudo 3. Bleicher RJ, Foshag LS, Essner R, Morton DL. Sentinel
anatomopatológico detalhado, o que poderá implicar em node positivity and characteristics of thin invasive cutaneous
mudança do estadiamento. À luz dos conhecimentos atuais, melanomas. In: 54th Cancer Symposium SSO; 2001.
no entanto, não é possível estabelecer consenso para as 4. Cook MG, Spatz A, Brocker EB, Ruiter DJ. Thin (<1,00
indicações. mm) metastasizing melanomas. Melanoma Res 2001; 11 S18-9.
5. Crary BM, Brady MS, Lewis JJ, Coit DG. Sentinel lymph
Bibliografia consultada – metodologia e histórico node biopsy in the management of patients with primary cutaneous
1. Cabañas RN. An approach for the treatment for the penile melanoma: review of a large single-institutional experience with
carcinoma. Cancer 1977; 39:456-66. an emphasis on recurrence. Ann Surg 2001; 233:250-8.
2. Fisher B, Anderson S, Bryant J, et al. Twenty-year follow- 6. Donald Morton, John Thompson, Karakousis, Douglas
up of a randomized trial comparing total mastectomy, lumpectomy, Reintgen. Validation of the Accuracy of Intraoperative Lymphatic
and lumpectomy plus irradiation for the treatment of invasive Mapping and Sentinel Lymphadenectomy for Early-Stage
breast cancer. N Engl J Med 2002;347:1233. Melanoma. A Multicenter Trial. The Multicenter Selective
3. Gentil F, Callia W, de Souza e Sa A, Cavalcanti S, Garcia E, Lymphadenectomy Trial Group. MSLT.. Annals of Surgery vol 230.
Gianotti Filho O, Varella AD. Mammary carcinoma- N4:453-465. 1999
multidisciplinary treatment with bilateral mastectomy and 7. Fadi H, Reintgen D. The progression of melanoma nodal
immediate reconstruction. J Surg Oncol 1980;96:12-4. metastasis is dependent on tumor thickness of the primary. Ann
4. Giulinao AE, Kirgan DM. Lymphatic mapping and sentinel Surg Oncol 1999; 6:144-9.
lymphadenectomy for breast cancer. Ann Surg 1994;220:391-8. 8. Fisher B, Fisher ER. Barrier function of lymph node tumor
5. Halsted WS. The results of operation for the cure of cancer cells and erytrocytes. Cancer 1967;20:1.907-13.
of the breast performed at the Johns Hopkins from June 1989 to 9. Gershenwald JE, Colome MI, Lee JE, et al. Patterns of
January 1894. John Hopkins 1894;4:297-323. recurrence following a negative sentinel lymph node biopsy in
6. Hellman S. Natural history of small breast cancer. J Clin 243 patients with stage I or II melanoma. J Clin Oncol 1998;
Oncol 1994;12:2.229-34. 16(6):2253-60.
7. Lopes A, Hidalgo GS,, Kowalski LP Torloni H, Rossi BM, 10. J Thompson, HM Shaw. Should tumor mitotic rate and
Fonseca FP. Prognostic factors in carcinoma of the penis: pacient age, As well as tumor thickness, be used to select
multivariate analysis of 145 patients treated with amputation melanoma patients for sentinel node biopsy? Ann Surg Oncol,
and lymphadenectomy. J. Urol 1996;156:1637- 42. 2004, 11 (3): 233-5
8. Lopes A, Rossi BM, Fonseca FP, Morini S. Unreliability of 11. KB Stitzemberg, PA Groben, SL Stern, NE Thomas, TA
modified inguinal lymphadenectomy for clinical staging of penile Hensing, LB Sansbury, DW Ollila. Indications for lymphatic
carcinoma. Cancer 1996;77:1099-102. mapping and sentinel lymphadenectomy in patiens with thin
9. Neves RI, Belfort F, Brandão M, Castanheira D, Jorge D, melanoma (Breslow thickness < or = 1.0mm) Ann Surg Oncol,
Parro F, Junqueira JR G, Steck H, Duprat J, Rezende J, Moreno M, October 1, 2004;11(10): 900-6
Santos R, Akaishi E, Machado Filho O, Brechtbühl ER. Relatório 12. Krag DN, Meijer SJ, Weaver DL, et al. Minimal-access
final do consenso nacional sobre linfonodo sentinela em surgery for staging of malignant melanoma. Arch Surg
melanoma. Boletim informativo do GBM - ANO VI - No. 24, 1995;130:654-8.
janeiro, fevereiro e março 2004. Acta Oncol Bras vol 23, n 3, 13. McMasters KM, Edwards MJ, Ross MI, Wong SL, Reintgen
499-503, 2003. DL. Sunbelt melanoma trial: frequency of non-sentinel lymph
10. Perinetti E, Crane DB, Catalona WJ. Unrealibity of sentinel node metastasis in melanoma. Ann Surg Oncol 2002; 9:137-41.
lymph node biopsy for staging of penile carcinoma. J Urol 14. McMasters KM, Reintgen DS, Ross MI, et al. Sentinel
1980;124:734-5. lymph node biopsy for melanoma: how many radioactive nodes
11. Veronesi U, Cascinelli N, Mariani L, et al. Twenty-year should be removed? Ann Surg Oncol 2001; 8:192-7.
follow-up of a randomized study comparing breast-conserving 15. Medina-Franco H, Beenken SW, Heslin M, Urist M.
surgery with radical mastectomy for early breast cancer. N Engl J Sentinel node biopsy for cutaneous melanoma in the head and
Med 2002;347:1227. neck. Ann Surg Oncol 2001; 8:716-9.
20 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 4

16. Messina JL; Glass LF; Cruse CW; Bermann C; Ku NK; DL lymph node biopsy in breast cancer patients: the medical oncology
Reintgen. Pathologic Examination of the Sentinel Lymph Node in perspective. J Surg Oncol. 2004 Mar;85(3):129-32.
Malignant Melanoma, Am J Surg Pathol 23(6): 686-90, 1999 8. Chao C. The use of frozen section and
17. Morton DL, Wen DR, Wong JH et al. Technical details of immunohistochemistry for sentinel lymph node biopsy in breast
intraoperative lymphatic mapping for early stage melanoma. Arch cancer. Am Surg. 2004 May;70(5):414-9.
Surg 1992;127:392-9. 9. Cox CE, White L, Stowell N, Clark J, Dickson D, Furman
18. Porter GA, Ross MI, Berman RS, et al: How many lymph B, Weinberg E, Jakub J, Dupont E. Clinical considerations in breast
nodes are enough during sentinel lymphadenectomy for primary cancer sentinel lymph node mapping: a Moffitt review. Breast
melanoma? Surgery 2000; 128:306-11. Cancer. 2004;11(3):225-32; discussion 264-6.
10. Cserni G. Surgical pathological staging of breast cancer by
19. Sondak VK, Taylor JMG, Sabel MS, Mitotic rate and younger
sentinel lymph node biopsy with special emphasis on the
age are predictors of sentinel lymph node positivity: lessons
histological work-up of axillary sentinel lymph nodes. Breast
learned from generation of a probabilistic model. Ann Surg Oncol
Cancer. 2004;11(3):242-9; discussion 264-6.
2004; 11: 247-58
11. Fraile M, Rull M, Julian FJ, Fuste F, Barnadas A, Llatjos M,
20. Stojadinovic A; Bryan PJ; Clary MD; Busan KJ; Coit DG. Castella E, Gonzalez JR, Vallejos V, Alastrue A, Broggi MA. Sentinel
Value of frozen-section analysis of sentinel lymph nodes for primary node biopsy as a practical alternative to axillary lymph node
Cutaneous malignant melanoma. Ann Surg 235(1):92-8. 2002. dissection in breast cancer patients: an approach to its validity.
21. Tanis PJ; Nieweg OE; Hart AA; Kroon BBR. The illusion of Ann Oncol. 2000 Jun;11(6):701-5. Erratum in: Ann Oncol 2000
the learning phase for lymphatic mapping. Ann Surg Oncol. Dec;11(12):1619.
9(2):142-7, 2002. 12. Gipponi M, Bassetti C, Canavese G, Catturich A, Di Somma
22. Thompson JF, Uren RF, Shaw HM, et al. Location of sentinel C, Vecchio C, Nicolo G, Schenone F, Tomei D, Cafiero F. Sentinel
lymph nodes in patients with cutaneous melanoma: new insights lymph node as a new marker for therapeutic planning in breast
into lymphatic anatomy. J Am Coll Surg 1999; 189:195-204. cancer patients. J Surg Oncol. 2004 Mar;85(3):102-11.
23. Uren RF, Howman-Giles R, et al. Interval nodes: the 13. Goyal A, Douglas-Jones A, Newcombe RG, Mansel RE;
forgotten sentinel nodes in patients with melanoma. Arch Surg ALMANAC Trialists Group. Predictors of non-sentinel lymph node
2000; 135:1168-72. metastasis in breast cancer patients. Eur J Cancer. 2004
Jul;40(11):1731-7.
Bibliografia consultada – câncer de mama 14. Goyal A, Horgan K, Kissin M, Yiangou C, Sibbering M,
1. Allweis TM, Badriyyah M, Bar Ad V, Cohen T, Freund HR. Lansdown M, Newcombe RG, Mansel RE, Chetty U, Ell P,
Current controversies in sentinel lymph node biopsy for breast Fallowfield L, Kissin M; ALMANAC Trialists Group. Sentinel lymph
cancer. Breast. 2003 Jun;12(3):163-71. node biopsy in male breast cancer patients. Eur J Surg Oncol.
2. Arcan P, Ibis E, Aras G, Cam R, Kucuk NO. Identification of 2004 Jun;30(5):480-3.
sentinel lymph node in stage I-II breast cancer with 15. Goyal A, Newcombe RG, Mansel RE, Chetty U, Ell P,
lymphoscintigraphy and surgical gamma probe: comparison of Tc- Fallowfield L, Kissin M, Sibbering M; ALMANAC Trialists Group.
99m MIBI and Tc-99m sulfur colloid. Clin Nucl Med. 2005 Sentinel lymph node biopsy in patients with multifocal breast
May;30(5):317-21. cancer. Eur J Surg Oncol. 2004 Jun;30(5):475-9
3. Bevilacqua JL, Gucciardo G, Cody HS, MacDonald KA, 16. Ikeda T, Jinno H, Kitagawa Y, Kitajima M. Emerging patterns
Sacchini V, Borgen PI, Van Zee KJ. A selection algorithm for internal of practice in the implementation and application of sentinel
mammary sentinel lymph node biopsy in breast cancer. Eur J Surg lymph node biopsy in breast cancer patients in Japan. J Surg Oncol.
Oncol. 2002 Sep;28(6):603-14. 2003 Nov;84(3):173-5.
4. Bonnema J, van de Velde CJ. Sentinel lymph node biopsy 17. King TA, Fey JV, Van Zee KJ, Heerdt AS, Gemignani ML,
in breast cancer. Ann Oncol. 2002 Oct;13(10):1531-7. Port ER, Sclafani L, Sacchini V, Petrek JA, Cody HS 3rd, Borgen PI,
5. Breslin TM, Cohen L, Sahin A, Fleming JB, Kuerer HM, Montgomery LL. A prospective analysis of the effect of blue-dye
Newman LA, Delpassand ES, House R, Ames FC, Feig BW, Ross volume on sentinel lymph node mapping success and incidence of
MI, Singletary SE, Buzdar AU, Hortobagyi GN, Hunt KK. Sentinel allergic reaction in patients with breast cancer. Ann Surg Oncol.
lymph node biopsy is accurate after neoadjuvant chemotherapy 2004 May;11(5):535-41.
for breast cancer. J Clin Oncol. 2000 Oct 15;18(20):3480-6. 18. Kuerer HM, Newman LA. Lymphatic mapping and sentinel
6. Cantin J, Scarth H, Levine M, Hugi M; Steering Committee lymph node biopsy for breast cancer: developments and resolving
on Clinical Practice Guidelines for the Care and Treatment of Breast controversies. J Clin Oncol. 2005 Mar 10;23(8):1698-705.
Cancer. Clinical practice guidelines for the care and treatment of 19. Lagios MD. Clinical significance of immunohistochemically
breast cancer: 13. Sentinel lymph node biopsy. CMAJ. 2001 Jul detectable epithelial cells in sentinel lymph node and bone marrow
24;165(2):166-73. Erratum in: CMAJ 2001 Sep 18;165(6):744. in breast cancer. J Surg Oncol. 2003 May;83(1):1-4.
7. Catzeddu T, Bertelli G, Del Mastro L, Venturini M. Sentinel 20. Lovrics PJ, Chen V, Coates G, Cornacchi SD, Goldsmith
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 21

C O N S E N S O 4

CH, Law C, Levine MN, Sanders K, Tandan VR. A prospective colloids produced excellent results. Breast J. 2001 Nov-
evaluation of positron emission tomography scanning, sentinel Dec;7(6):388-91.
lymph node biopsy, and standard axillary dissection for axillary 33.Sener SF, Winchester DJ, Brinkmann E, Winchester
staging in patients with early stage breast cancer. Ann Surg DP, Alwawi E, Nickolov A, Perlman RM, Bilimoria M, Barrera
Oncol. 2004 Sep;11(9):846-53. Epub 2004 Aug 16. E, Bentrem DJ. Failure of sentinel lymph node mapping in
21. Mahajna A, Hershko DD, Israelit S, Abu-Salih A, Keidar patients with breast cancer. J Am Coll Surg. 2004
Z, Krausz MM. Sentinel lymph node biopsy in early breast May;198(5):732-6.
cancer: the first 100 cases performed in a teaching institute. Isr 34.Shoher A, Lucci A. Emerging patterns of practice in the
Med Assoc J. 2003 Aug;5(8):556-9. implementation and application of sentinel lymph node biopsy
22. Mariani G, Erba P, Villa G, Gipponi M, Manca G, Boni G, in breast cancer patients in the United States. J Surg Oncol.
Buffoni F, Castagnola F, Paganelli G, Strauss HW. 2003 Jun;83(2):65-7.
Lymphoscintigraphic and intraoperative detection of the sentinel 35.Singh Ranger G, Mokbel K. The evolving role of sentinel
lymph node in breast cancer patients: the nuclear medicine lymph node biopsy for breast cancer. Eur J Surg Oncol. 2003
perspective. J Surg Oncol. 2004 Mar;85(3):112-22. Jun;29(5):423-5.
23. Miltenburg DM, Miller C, Karamlou TB, Brunicardi FC. 36.Thevarajah S, Huston TL, Simmons RM. A comparison
Meta-analysis of sentinel lymph node biopsy in breast cancer. J of the adverse reactions associated with isosulfan blue versus
Surg Res. 1999 Jun 15;84(2):138-42. methylene blue dye in sentinel lymph node biopsy for breast
24. Motomura K, Komoike Y, Nagumo S, Kasugai T, cancer. Am J Surg. 2005 Feb;189(2):236-9.
Hasegawa Y, Inaji H, Noguchi S, Koyama H. Sentinel node biopsy 37.Tuttle TM, Zogakis TG, Dunst CM, Zera RT, Singletary
to avoid axillary lymph node dissection in breast cancer. Breast SE. A review of technical aspects of sentinel lymph node
Cancer. 2002;9(4):337-43. identification for breast cancer. J Am Coll Surg. 2002 .
25. Newman LA. Lymphatic mapping and sentinel lymph 38.Tuttle TM. Technical advances in sentinel lymph node
node biopsy in breast cancer patients: a comprehensive review biopsy for breast cancer. Am Surg. 2004 May;70(5):407-13.
of variations in performance and technique. J Am Coll Surg. 39.van Wessem KJ, Meijer WS. Sentinel lymph node biopsy
2004 Nov;199(5):804-16. in breast cancer: results of intradermal periareolar tracer
26. Nos C, Freneaux P, Louis-Sylvestre C, Hurren JS, Heitz injection and follow-up of sentinel lymph node-negative
D, Sastre-Garau X, Clough KB. Macroscopic quality control patients. Breast. 2004 Aug;13(4):290-6.
improves the reliability of blue dye-only sentinel lymph node 40.Wong SL, Chao C, Edwards MJ, Carlson DJ, Laidley A,
biopsy in breast cancer. Ann Surg Oncol. 2003 Jun;10(5):525- Noyes RD, McGlothin T, Ley PB, Tuttle T, Schadt M, Pennington
30. R, Legenza M, Morgan J, McMasters KM; University of Louisville
27. Pelosi E, Bello M, Giors M, Ala A, Giani R, Bussone R, Breast Cancer Study Group. Frequency of sentinel lymph node
Bisi G. Sentinel lymph node detection in patients with early- metastases in patients with favorable breast cancer histologic
stage breast cancer: comparison of periareolar and subdermal/ subtypes. Am J Surg. 2002 Dec;184(6):492-8; discussion 498.
peritumoral injection techniques. J Nucl Med. 2004 41.Wong SL, Edwards MJ, Chao C, Tuttle TM, Noyes RD,
Feb;45(2):220-5. Carlson DJ, Cerrito PB, McMasters KM. Sentinel lymph node
28. Purushotham AD, Upponi S, Klevesath MB, Bobrow L, biopsy for breast cancer: impact of the number of sentinel
Millar K, Myles JP, Duffy SW. Morbidity after sentinel lymph nodes removed on the false-negative rate. J Am Coll Surg.
node biopsy in primary breast cancer: results from a randomized 2001 Jun;192(6):684-9; discussion 689-91.
controlled trial. J Clin Oncol. 2005 Jul 1;23(19):4312-21. 42.Xavier NL, Amaral BB, Cerski CT, Fuchs SC, Spiro BL,
29. Radovanovic Z, Golubovic A, Plzak A, Stojiljkovic B, Oliveira OL, Menke CH, Biazus JV, Cavalheiro JA ,
Radovanovic D. Blue dye versus combined blue dye-radioactive Schwartsmann G. Sentinel lymph node identification and
tracer technique in detection of sentinel lymph node in breast sampling in women with early breast cancer using 99m Tc
cancer. Eur J Surg Oncol. 2004 Nov;30(9):913-7. labelled dextran 500 and patent blue V dye. Nucl Med
30. Roy P, Bobin JY, Esteve J. Methodological questions in Commun. 2001 Oct;22(10):1109-17.
sentinel lymph node analysis in breast câncer patients. Ann 43.Zavagno G, Meggiolaro F, Bozza F, Scalco G, Racano C,
Oncol. 2000 Nov;11(11):1381-5. Rubello D, Pescarini L, De Salvo G, Lise M. Sentinel lymph
31. Sanidas EE, de Bree E, Tsiftsis DD. How many cases are node biopsy in breast cancer: the GIVOM experience in Veneto,
enough for accreditation in sentinel lymph node biopsy in breast Italy. Tumori. 2002 May-Jun;88(3):S52-4.
cancer? Am J Surg. 2003 Mar;185(3):202-10. 44.Zavagno G, Meggiolaro F, Rossi CR, Casara D, Pescarini
32. Sato K, Uematsu M, Saito T, Ishikawa H, Tamaki K, L, Marchet A, Denetto V, Baratella P, Lise M. Subareolar
Tamai S, Wong JR, Kusano S, Hiraide H, Mochizuki H. Sentinel injection for sentinel lymph node location in breast cancer.
lymph node identification for patients with breast cancer using Eur J Surg Oncol. 2002 Nov;28(7):701-4.
large-size radiotracer particles: technetium-99m-labeled tin
22 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 5

Carcinoma bem diferenciado


de tireóide
Introdução
O Colégio Brasileiro de Cirurgiões(CBC) entendendo que Coordenador
apesar dos avanços nos métodos de diagnostico, técnica cirúrgica TCBC Jorge Pinho(PE)
e cuidados clínicos endocrinológicos, observa diferenças de
sobrevida dos pacientes com carcinomas bem diferenciado de Integrantes
tireóide(CBDT) no Brasil. A razão deste consenso é estabelecer ECBC Alberto Rosseti Ferraz (SP)
condutas para o CBDT e implementar protocolos que levariam TCBC Fernando Dias (RJ)
melhores cuidados e subseqüentes melhora da sobrevida desses TCBC Jacob Kligerman (RJ)
pacientes com no Brasil. TCBC Dr. Raul Pruinelli (RS)
É bem verdade que o tratamento do CBDT permanece con- TCBC Roberto de Araújo Lima (RJ)
trovertido, mesmo entre os estudiosos que participaram deste TCBC Dr. José Maria Porcaro Salles (MG)
consenso. Este trabalho sobre o CBDT representa um projeto de TCBC Cláudio Roberto Cernea (SP)
diretrizes dos membros do Colégio Brasileiro de Cirurgiões para TCBC Dr. Manuel Domingos da Cruz Gonçalves (RJ)
que no próximo Congresso, em Belo Horizonte, possamos dar TCBC Roberto Souza Camargo (SP)
continuidade aprimorando dando maiores contibuições princi- TCBC Dr. Glauco da Costa Alvarez (RS)
palmente no campo dos marcadores moleculares chegando a
resultados mais expressivos a curto prazo, esclarecendo definiti-
vamente a questão. Com este consenso , CBC espera contribuir publicamente
A origem dos carcinomas diferenciados da tireóide são as para iniciar um protocolo que possa diminuir a morbidade e
células foliculares produtoras de T4 e tireoglobulina(Tg). aumentar o custo beneficio no tratamento de 15,000,000 paci-
Para estabelecer um estudo prospectivo e randomizado seri- entes que em potencial possuem nódulo de tireóide.
am necessários dois braços de estudos com mais de 100 pacien- Este consenso enfatiza a alta qualidade e o melhor custo
tes cada, durante 30 anos para se organizar um consenso indiscu- benefício, evitando tratamentos excessivamente agressivos,
tível definindo se o melhor tratamento seria a tireoidectomia total em pacientes com excelente prognóstico, assim como, trata-
ou tireoidectomia parcial, já que este tumores tem evolução lenta, mento inadequado para pacientes com alto risco de
isso torna os trabalhos realizados de níveis de evidência baixos. recorrência e mortalidade.
A incidência do nódulo de tireóide é bastante alta principal-
mente em mulheres. Nessas pacientes o risco de desenvolver um
nódulo palpável é de 5–10%. Com ajuda de exames de imagens OS ELEMENTOS QUE AUMENTAM
mais de um terço das mulheres deverão ter pelo menos um nódu- AS SUSPEITAS DE MALIGNIDADE SÃO:
lo de tireóide. Em contraste, aproximadamente 17,000 novos • IDADE – jovem abaixo de 20 anos e adultos aci-
casos de câncer de tireóide são diagnosticados anualmente nos ma de 50 anos tem a maior incidência de câncer
Estados Unidos (0.004% da população), e a mortalidade câncer de tireóide em nódulos palpáveis.
de tireóide é rara. • SEXO – a proporção de nódulos malignos em ho-
O mais importante é que a maioria desses pacientes são mens é duas vezes maior do que em mulheres.
curáveis com tratamento e seguimento apropiados, o que de- • Nódulo mais rouquidão ou disfagia.
monstra que aproximadamente 190,000 pacientes estão sobrevi- • História de radioterapia no pescoço durante a in-
vendo com câncer de tireóide e alguns com mais de 40 anos de fância ou adolescênçia.
sobrevida após o diagnóstico. • Nódulo duro, irregular e fixo.
Os maiores debates no CBDT são os seguintes: (1) a extensão • Linfonodos cervicais palpáveis.
da ressecção cirúrgica primária; (2) qual a necessidade e qual a • História de câncer de tireóide prévia.
extensão do esvaziamento cervical; (3) quando empregar dose • Acometimento de planos superficiais do pescoço.
ablativa; (4) que nível de supressão do TSH deve ser empregado.
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 23

C O N S E N S O 5

Carcinomas bem diferenciados da tireóide do o resultado usual é de “Padrão Folicular” ou “Padrão de


O CBDT é dividido em carcinoma papilifero e carcino- Células de Hürthle” não fazendo diagnóstico diferencial com
ma folicular, sendo que esse tem uma variante histológica bócios, adenomas e tireoidites crônicas. Estes resultados
importante que é o carcinoma de células de Hürthle, em são considerados suspeitos para malignidade e o tratamen-
que predominam as células de mesmo nome, ou células to freqüentemente é cirúrgico.
oxifílicas. É sem duvida o método de melhor custo benefício efeti-
O carcinoma papilífero felizmente é o mais freqüente, vo em distinguir os nódulos benignos dos malignos pré-ope-
responsável por cerca de 75-80% dos casos de câncer de ratoriamente.
tireóide nos EUA e é encontrado microscopicamente em
10% das necrópsias. Fatores Prognósticos
Esses são 3 vezes mais comuns em mulheres que em Os resultados dos pacientes tratados efetivamente para
homens e tem o pico etário entre a 3ª e 4ª décadas de vida. o carcinoma diferenciado da tireóide são favoráveis. A
Há extensão extra-tireoideana em 10% dos casos e sobrevida de 10 anos para os adultos na idade entre 20 e 45
ocorrem metástases cervicais em quase 40% dos casos. Já anos são 80– 90%. Entretanto, 5–20% desenvolvem reci-
as metástases à distância ocorrem principalmente para pul- divas locais ou regionais e 10–15% desenvolvem metástases
mões e ossos entre 1-15%. à distancia.
Em crianças, o carcinoma papilifero tem um comporta- A mortalidade dos pacientes com câncer de tireóide é
mento biológico diferente, mais multicêntrico, com alto ín- de cerca de 9%. Pacientes com alto risco de recidiva e de
dice de metástases regionais (60-80%) e à distância (10- mortalidade devem ser identificados durante o diagnóstico
20%). procurando estabelecer os fatores prognósticos.
É importante salientar que neste grupo etário, cerca de São 4 os fatores variáveis principais que tem péssimo
30% dos pacientes apresentam recidivas locais, regionais e prognóstico: idade extrema, sexo masculino, tumor
à distância, mais a mortalidade é baixa. histologicamente pouco diferenciado e estadiamento clinico
O carcinoma folicular ocorre em menos de 10% dos avançado.
pacientes, é muito raro em crianças, e o pico de incidência A presença de linfonodos metastáticos no exame inicial
etária é elevada sendo mais comum em mulheres. não aumenta o risco de morte, mas aumenta o risco de
Metástases regionais são raras, e à distância, para pul- recidiva local. Linfonodos cervicais metastáticos não são
mões, ossos e cérebro, ocorrem em 20% dos casos, princi- comumente encontrados no Carcinoma Bem Diferenciado
palmente nos carcinomas de células de Hürthle e em paci- Folicular da Tireóide (CBDFT) e sua presença pode indicar
entes com mais de 40 anos (34%). um pior prognóstico.
O carcinoma folicular com invasão capsular mínima ra-
Aspectos Diagnósticos ramente se dissemina ou causa morte. O prognóstico é um
Geralmente a maioria dos pacientes apresentam quei- pouco pior quando há invasão vascular. Porém, quando o
xas de nódulos cervicais que podem corresponder ao tu- carcinoma folicular tem uma invasão vascular extensa
mor primário ou metástase cervical. Em alguns pacientes, o demosnstra um péssimo prognóstico e freqüentemente de-
tumor pode estar clinicamente oculto, e a tumoração monstra disseminação hematogênica para ossos e pulmão.O
impalpável pode ter sido reconhecida através de imagem carcinoma folicular pouco diferenciado (insular) é sempre
de alta resolução ou durante intervenção cirúrgica presu- invasivo e associado a prognóstico reservado.
mindo se tratar de doença benigna da tireóide.
O exame de ultra-som (US) é muito empregado no diag- IDADE
nóstico dos nódulos tireoidianos benignos e malignos po- A idade na época do diagnóstico é o fator prognóstico
dendo ainda avaliar metástases cervicais. Muitas vezes o mais consistente do CBDT e o risco de recidiva e morte
nódulo é descoberto a partir de um US de rotina. No entan- aumenta com a idade, particularmente após os 40 anos de
to, seus achados são muito inespecíficos para caracteriza- idade. Quando a idade é usada no TNM ou AMES ou
ção do nódulo, quanto à sua natureza. GAMES, o prognóstico não prediz recurrência da doença.
Por esta razão, quase todos os nódulos são puncionados, Crianças (abaixo de 10 anos de idade) tem maior risco de
através da punção aspirativa por agulha fina (PAAF), de pre- recurrência do que crianças mais velhas ou adolescentes.
ferência sendo empregada a US. A PAAF é excelente no
diagnóstico do carcinoma papilífero (sensibilidade e SEXO
especificidade muito elevadas 95%) e muito pouco especí- Em alguns estudos o sexo masculino tem se mostrado
fica nos carcinomas foliculares e de células de Hürthle, quan- ser fator de risco para um pior prognóstico.
24 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 5

HISTOLOGIA entes pertencentes ao grupo de alto risco tiveram uma sobre-


O prognóstico do carcinoma papilifero é melhor do que vivência pior a longo prazo, de apenas 57%. Baseado na
o carcinoma folicular, entretanto se retiramos os efeitos da análise dos grupos de risco, os autores propuseram uma abor-
idade e extensão do tumor, a taxa de sobrevida são compará- dagem cirúrgica agressiva em pacientes dentro do grupo de
veis. Dentro do grupo do carcinoma papilifero, o prognósti- alto risco, e uma abordagem menos agressiva com os pacien-
co desfavorável é associado a tipos histológicos específicos, tes do grupo de baixo risco. As decisões para o grupo de
grau de diferenciação celular, assim como invasão capsular e risco intermediário devem levar em consideração a
vascular, são aspectos de carcinoma folicular associado a agressividade do tumor.
prognóstico reservado. Carcinoma folicular pouco diferenci-
ado (carcinoma insular) e carcinoma de celulas Hürthle são
associados a resultados desfavoráveis. PREPARAÇÃO PARA CIRURGIA
• Deverá obter o consentimento de todos pacientes
EXTENSÃO TUMORAL após a explanação sobre a cirurgia.
O risco de recidiva e mortalidade está correlacionado • Complicação específica da cirurgia da tIreóide
com tamanho do tumor primário. Invasão extratireoidiana, deve ser informada para todos pacientes.
metástases para linfonodos, e metástases à distância são fato- • A avaliação com vídeo-estroboscopia do laringe
res prognósticos importantes. das pregas vocais deve ser realizado antes da ci-
Estudos realizados pelo Memorial Sloan-Kettering Cancer rurgia.
Center (MSKCC) – GAMES (1995), incluindo um grande nú-
mero de pacientes com um seguimento a longo prazo, reve-
lou significantes fatores prognósticos em relação ao câncer Carcinomas bem diferenciados da Tireóide - CBDT
de tiróide. Estes fatores incluem a idade, o grau de diferenci-
ação do tumor, tamanho, extensão extratireoideana e pre- TRATAMENTO CIRÚRGICO
sença de metástases à distância. Baseado neste estudo, os O tratamento mais importante no CBDT é o tratamento
fatores prognósticos podem ser divididos em fatores relacio- cirúrgico.
nados aos pacientes (como idade e sexo) e os fatores relaci- A cirurgia mínima deverá ser uma lobectomia mais
onados ao tumor (como tamanho, grau de diferenciação, ex- istmectomia, segundo alguns serviços, embora outros em-
tensão extratireoideana do tumor primário, e a presença de preguem a tireoidectomia total, com a remoção de ambos os
metástases à distância). Baseadas nestas duas categorias de lobos, istmo e lobo piramidal.
fatores (paciente e tumor), os fatores de risco no câncer dife- Quando há diagnóstico pré-operatório de malignidade,
renciado de tireóide podem ser divididos em grupos de bai- seja por PAAF ou mesmo no intra-operatório por exame de
xo, intermediário e alto risco. congelação, classicamente é recomendado a tireoidectomia
Os dados da Mayo Clinic e da Lahey Clínic, por sua vez, total. Quando o diagnóstico de carcinoma folicular, é realiza-
dividiram os pacientes em grupos de baixos e alto risco. A do pelo exame histopatológico com parafina no pós-opera-
mortalidade no grupo de baixo risco era menos que 2%, e a tório, o paciente deve ser submetido à nova intervenção para
mortalidade no grupo de alto risco era de aproximadamente complementação da tireoidectomia, sendo essa realizada o
46%. Os dados do MSKCC revelaram uma perspectiva inte- mais breve possível, em até sete dias, para que o índice de
ressante em relação aos grupos de risco. Os autores dividi- complicações não seja muito elevado. Apesar disso é preferí-
ram os pacientes em grupos de baixo, intermediário e de alto vel realizar congelaçao intra-operatório inclusive para dife-
risco. Os pacientes no grupo de baixo risco incluem pacien- renciar acometimento dos linfonodos. Alguns trabalhos têm
tes abaixo de 45 anos de idade e com tumor de baixo risco; o recomendado a lobectomia + istmectomia para tumores de
grupo de alto risco inclui paciente acima de 45 anos de idade baixo risco, tendo-se como parâmetros a idade menor que
e tumores de alto risco. Os autores classificaram também 40 anos, sexo feminino com tumores pequenos, menores que
seus pacientes em um grupo de risco intermediário que inclui 1,5cm, não-invasivos e sem metástases.
pacientes jovens com tumores agressivos ou pacientes de Há estudos retrospectivos de grande casuística que ofe-
idade avançada com tumores menos agressivos. Quando os recem respaldo a esta conduta, mostrando resultados equi-
pacientes eram divididos nestes três grupos diferentes, exis- valentes à tireoidectomia total. Há alguns argumentos a favor
tia claramente uma diferença estatística na sobrevida basea- da tireoidectomia parcial como ser um procedimento de
da em análise dos grupos de risco. Embora os carcinomas menores complicações como lesão definitiva do nervo
diferenciados de tireóide sejam geralmente considerados ter laríngeo recorrente e hipoparatireoidismo definitivo, com
um prognóstico excelente, é aparente nesta análise que paci- resultados parecidos.
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 25

C O N S E N S O 5

Ao realizar o procedimento cirúrgico deve-se explorar A tireoglobulina (Tg) deve ser solicitada durante o au-
cuidadosamente as cadeias linfáticas de risco (níveis II, III, IV e mento do TSH por exemplo, no dia da PCI e subseqüente-
VI). Se o achado for suspeito deve-se proceder à ressecção mente usada para monitorar doença recorrente. O seu au-
para exame histopatológico de prefeência com congelação, mento é sugestivo de recidiva, assim como a sua redução é
que irá orientar se há indicação de esvaziamento cervical um bom prognóstico. Aumentos da tireoglobulina geralmente
onde na maioria das vezes deverá ser seletivo e o mais con- indicam doença ativa, quando se torna necessária nova PCI..
servador possível. Se o nódulo é do nível VI, o esvaziamento Deve-se dosar o anticorpo anti-tireoglobulina, que pode
do compartimento central é suficiente. Se o linfonodo é da neutralizar a tireoglobulina e torná-la indetectável. A sensi-
cadeia jugulo-carotidea todos os níveis citados acima devem bilidade da tireoglobulina é 88% e a especificidade 99%.
ser tratados. Esvaziamento cervical radical usualmente não é Após a PCI, com ou sem o tratamento com radioiodo, o
necessário. paciente é tratado com hormônio tireoidiano, usualmente a
O nervo laríngeo inferior deve ser identificado e preser- tiroxina (T4), em dose supressiva, ou seja, deixando-se o
vado em qualquer situação. Lesões de nervos laríngeo inferi- TSH em seu limite superior (hipertireoidismo sub-clinico)
or estão entre 1-6% e a lesão bilateral corresponde a 1/10 com a intenção de se evitar o crescimento de metástases
do achado das lesões citadas acima. microscópicas não detectadas pela PCI.
Deve-se ter bastante cuidado em preservar o ramo ex- O cálcio deve ser solicitado junto com a albumina e se
terno do nervo laríngeo superior por que esta morbidade encontrar hipocalcemia o tratamento deve ser iniciado.
atinge particularmente a qualidade vocal, e esta lesão pode A maioria das recidivas ocorre na primeira década após
ser mas encontrada do que a lesão do nervo laríngeo inferior a cirurgia, mas o seguimento deve ser por toda a vida do
e por isso é importante a realização da Vídeo- Estroboscopia paciente.
do Laringe no pós-operatório.
TSH RECOMBINANTE HUMANO (Tirotrofina
Tratamento com Radioiodo (I¹³¹) - Seguimento alfa injetável)
Após a tireoidectomia total, o paciente deverá ser sub- A administração de tirotrofina alfa injetável estimula o
metido à pesquisa de corpo inteiro com I131 (PCI). Para esse tecido tireoidiano a captar iodo radioativo para realiza-
procedimento, os níveis de TSH devem estar elevados, aci- ção de PCI e a liberar tireoglobulina para realização de
ma de 30 ui/ml, sendo assim possível o diagnóstico de sua dosagem. Isto permitirá que o paciente continue reali-
metástases tanto regionais como à distância. Em muitos ca- zando a reposição hormonal. Esta é sua principal vanta-
sos, há captação residual cervical. Nessa situação há diver- gem, evitar os sintomas do hipotireoidismo como: dimi-
gências quanto à quantidade de captação que deve ser reali- nuição da freqüência cardíaca, diminuição das funções
zada a ablação com iodo radioativo. O mais aceito atualmen- neuromusculares, parestesia, fadiga, ressecamento da pele,
te é que, captações maiores que 1% ou a presença de massas depressão, ansiedade, perda de apetite, intolerância ao
cervicais ou à distância suspeitas para metástases, devem ser frio, ganho de peso, diminuição da capacidade cognitiva e
tratadas com dose terapêutica do radioiodo. Alguns autores possíveis interrupções das atividades profissionais e soci-
não concordam com o benefício do I131, alegando que não ais dos pacientes.
há, em muitos casos, vantagem comprovada. A dose é de 0,9 mg e deve ser administrado via IM a
Não sendo possível de imediato a PCI deve iniciar a repo- cada 24 horas, em duas doses, antes da dosagem de
sição hormonal com tiroxina(T4) após a cirurgia, por 30 dias, tireoglobulina (Tg) e PCI.
evitando assim os incômodos do hipotireoidismo prolonga- Entretanto, devido ao alto custo deve ser usado apro-
do. A reposição normal para adulto é como protocolo de priadamente para contribuir no diagnóstico do paciente,
meia dose que deve ser interrompido três semanas antes da no tratamento assim como no seu seguimento.
pesquisa de corpo inteiro com I¹³¹ (PCI) e da dose ablativa do
tecido tireoideano remanescente com I¹³¹ (30-100 mCi).
Nos casos onde há metástase a dose utilizada será a tera- AS PRINCIPAIS INDICAÇÕES SÃO:
pêutica, 150 mCi para linfonodos e pulmão, e 200 mCi para • Pacientes com hipopituitarismo;
ossos podendo ser repetido dependendo da captação. Outra • Metástase funcionante causando supressão do TSH;
opção para o tratamento de metástases, principalmente em • Paciente com isquemia cardíaca severa;
casos de tumores avançados, é usar cálculos de dosimetria • Paciente com história de doença psiquiátrica pre-
interna para administrar doses altas evitando assim compli- cipitada pelo hipotireoidismo;
cações como toxicidade para a medula óssea ou pneumonite • Paciente com doença avançada.
actínica.
26 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 5

RADIOTERAPIA EXTERNA and the role of radiotherapy. Horm Metab Res Suppl 1989;
A radioterapia é usada infreqüentemente e provavelmen- 21:21-5
te reduz a recorrência local em pacientes de alto risco de 9. Chonkich GD, Petti GH Jr, Goral W. Total thyroidectomy in
recidiva devido doença residual, quando a cirurgia não é re- the treatment of thyroid disease. Laryngoscope 1987;
comendada. A radioterapia deve ser bem planejada para pre- 97:897-900.
venir mielopatia. 10. Ruegemer JJ, Hay ID, Bergstralh EJ, et al. Distant
metastases in differentiated thyroid carcinoma: a
multivariate analysis of prognostic variables. J Clin
PRINCIPAL INDICAÇÃO: Endocrinol Metab 1988; 67:501-8.
• Tumores irressecáveis que não concentram I¹³¹. 11. Barraclough BM, Barracloug BH. Ultrasound of the thyroid
• Evidência macroscópica de invasão durante a ci- and parathyroid glands. World J Surg 2000; 24:158.
rurgia com doença residual macro-ou microscópi- 12. St. Louis JD, Leight GS, Tyler DS, et al.
ca, particularmente se o tumor não concentra I¹³¹. 13. Mazzaferri EL. Management of a solitary thyroid nodule.
• Doença recorrente no pescoço onde a cirurgia ou N Engl J Med 1993; 328:553-9.
a radioiodoterapia I¹³¹ não é recomendada. 14. Belfiore A, Garofalo MR, Giuffrida D, et al. Increased
• Tratamento paliativo de doentes inoperáveis com aggressiveness of thyroid cancer in patients with Graves’
metástase para ossos, mediastino, cérebro, colu- disease. J Clin Endocrinol Metab 1990; 70:830-5.
na vertebral ou outras áreas. 15. Mazzaferri EL, Jhiang SM. Long-term impact of initial
surgical and medical therapy on papillary and follicular
thyroid cancer. Am J Med 1994; 97:418-28.
QUIMIOTERAPIA PALIATIVA 16. Ozaki O, Ito K, Kobayashi K, et al: Thyroid carcinoma in
A quimioterapia não tem uma rotina no manuseio do Graves’ disease. World J Surg 1990; 14:437-40.
CBDT. Seu uso é restrito ao estágio final da doença não con- 17. Akslen LA, Haldorsen T, Thoresen SO, et al. Survival and
trolado pela cirurgia, radioiodoterapia com I¹³¹ ou radiotera- causes of death in thyroid cancer: a population-based
pia externa. Os agentes usados são a doxorubicina e study of 2479 cases from Norway. Cancer Res 1991;
cisplatinum, mais a taxa de resposta parcial no seu melhor 51:1234-41.
resultado está entre 10-20%. A quimioterapia deve ser só 18. Al-Saleh MS, Al-Kattan KM. Incidence of carcinoma in
empregada em pacientes com doença progressiva e sintomá- multinodular goitre in Saudi Arabia. J R Coll Surg Edinb
tica. 1994; 39:106-8.
19. Arganini M, Behar R, Wu TC, et al. Hürthle cell tumors: a
Referências Bibliográficas twenty-five-year experience. Surgery 1986; 100:1108-
1. Yamamoto Y, Maeda T, Izumi K, et al.Occult papillary car- 15.
cinoma of the thyroid. A study of 408 autopsy cases. 20. Thompson NW, Dunn EL, Batsakis JG, et al. Hürthle cell
Cancer 1990; 65:1173-9. lesions of the thyroid gland. Surg Gynecol Obstet 1974;
2. Correa P, Chen VW. Endocrine gland cancer.Cancer 1995; 139:555-60.
75:338-52. 21. Rossi RL, Majlis D, Rossi RM. Thyroid cancer. Surg Clin
3. DeGroot LJ, Kaplan EL, McCormick M, et al. Natural history, North Am 2000; 80:571-80.
treatment, and course of papillary thyroid carcinoma. J 22. McConahey WM, Hay ID, Woolner LB, et al. Papillary
Clin Endocrinol Metab 1990; 71:414-24. thyroid cancer treated at the Mayo Clinic, 1946 through
4. Blass DA, Delaney M, Spagnolo SV. Hemoptysis as the 1970: initial manifestations, pathologic findings, therapy,
sole presentation of thyroid carcinoma. J Nucl Med 1985; and outcome. Mayo Clin Proc 1986; 61:978-96.
26:1039-41. 23. Shaha AR. Congroversies in the management of thyroid
5. Mazzaferri EL, de los Santos ET, Rofagha-Keyhani S. Solitary nodule. Laryngoscope 2000;110:183-93.
thyroid nodule: diagnosis and management. Med Clin 24. Mann B, Buhr HJ. Lymph node dissection in patients with
North Am 1988; 72:1177-211. differentiated thyroid carcinoma - who benefits?.
6. Beierwaltes WH. Radioiodine therapy of thyroid disease. Langenbeck´s Arch Surg 1998; 383:355-8.
Int J Rad Appl Instrum [B] 1987; 14:177-81. 25. Krishnamurthy GT, Blahd WH. Radioiodine I-131 therapy
7. De Keyser LF, Van Herle AJ. Differentiated thyroid cancer in the management of thyroid cancer. A prospective study.
in children. Head Neck Surg 1985; 8:100-14. Cancer 1977; 40:195-202.
8. Samaan NA, Schultz PN, Hickey RC. Medullary thyroid 26. Crile G Jr, Antunez AR, Esselstyn CB Jr, et al. The
carcinoma: prognosis of familial versus sporadic disease advantages of subtotal thyroidectomy and suppression of
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 27

C O N S E N S O 5

TSH in the primary treatment of papillary carcinoma of Semin Oncol 1987; 14:306-14.
the thyroid. Cancer 1985; 55:2691-7. 37. Sizemore GW, Carney JA, Heath H 3 rd. Epidemiology of
27. Bartalena L, Martino E, Pacchiarotti A, et al. Factors medullary carcinoma of the thyroid gland: a 5-year
affecting suppression of endogenous thyrotropin secretion experience (1971-1976). Surg Clin North Am 1977;
by thyroxine treatment: retrospective analysis in athyreotic 57:633-45.
and goitrous patients. J Clin Endocrinol Metab 1987; 64: 38. Saad MF, Ordonez NG, Rashid RK, et al. Medullary carci-
849-55. noma of the thyroid. A study of the clinical features and
28. Ozata M, Suzuki S, Miyamoto T, et al. Serum thyroglobulin prognostic factors in 161 patients. Medicine 1984;
in the follow-up of patients with treated differentiated 63:319-42.
thyroid cancer. J Clin Endocrinol Metab 1994; 79:98- 39. Schroder S, Brocker W, Baisch H, et al. Prognostic factors
105. in medullary thyroid carcinomas. Survival in relation to
29. Haapala AM, Soppi E, Morsky P, et al. Thyroid antibodies age, gender, stage, histology, immunocytochemistry, and
in association with thyroid malignancy II: qualitative DNA content. Cancer 1988; 61:806-16.
properties of thyroglobulin antibodies. Scand J Clin Lab 40. Simpson WJ, Palmer JA, Rosen IB, et al. Management of
Invest 1995; 55:317-22. medullary carcinoma of the thyroid. Am J Surg 1982;
30. Lubin E, Mechlis-Frish S, Zatz S, et al. Serum thyroglobulin 144:420-2.
and iodine-131 wholebody scan in the diagnosis and 41. Mooradian AD, Allam CK, Khalil MF, et al. Anaplastic
assessment of treatment for metastatic differentiated transformation thyroid cancer: report two cases and review
thyroid carcinoma. J Nucl Med 1994; 35: 257-62. of the literature. J Surg Oncol 1983; 23:95-8.
31. Brierley JD, Tsang RW. External-beam radiation therapy 42. Shvero J, Gal R, Avidor I, et al. Anaplastic thyroid carcino-
in the treatment of differentiated thyroid cancer. Semin ma. A clinical, histologic, and immunohistochemical study.
Surg Oncol 1999; 16:42-9. Cancer 1988;62: 319-25.
32. Mazzaferri EL, Young RL, Oertel JE, et al. Papillary thyroid 43. Nel CJ, van Heerden JA, Goellner JR, et al. Anaplastic
carcinoma: the impact of therapy in 576 patients. Medicine carcinoma of the thyroid: a clinicopathologic study of 82
1977; 56:171-96. cases. Mayo Clin Proc 1985; 60:51-8.
33. Brunt LM, Wells SA Jr. Advances in the diagnosis and 44. Niederle B, Roka R, Fritsch A. Transsternal operations in
treatment of medullary thyroid carcinoma. Surg Clin North thyroid cancer. Surgery 1985;98:1154-61.
Am 1987; 67:263-79. 45. Tennvall J, Lundell G, Hallquist A, et al. Combined
34. Chong GC, Beahrs OH, Sizemore GW, et al. Medullary doxorubicin, hyperfractionated radiotherapy, and surgery
carcinoma of the thyroid gland. Cancer 1975; 35:695- in anaplastic thyroid carcinoma. Report on two protocols.
704. The Swedish Anaplastic Thyroid Cancer Group. Cancer
35. Williams ED. Medullary carcinoma of the thyroid. In: 1994; 74:1348-54.
DeGroot LJ, editor. Endocrinology. 2nd ed. Philadelphia: 46. Ferraz AR, Araújo FVJF, Gonçalves AJ, Fava AS, Lima RA.
W.B.Saunders; 1989. Diagnóstico e tratamento do câncer da tireóide, Projeto
36. Sizemore GW. Medullary carcinoma of the thyroid gland. Diretrizes AMB-CFM 2001.
28 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 6

Metástases Hepáticas do Câncer


do Aparelho Digestivo
1 - Quais os tumores metastáticos em fígado com indi-
cação de ressecção hepática? Coordenador
Basicamente nos tumores colo-retais e neuro-endócrinos. TCBC Luiz Augusto Carneiro D’ Albuquerque (SP)
Em casos selecionados ou dentro de protocolos clínicos, apro-
vados pelas comissões científicas de hospitais com experiência Integrantes
em cirurgia do figado, poderá indicar-se ressecção hepática nos TCBC Júlio Cezar Uili Coelho (PR)
tumores metastáticos de mama, dos tumores genito-urinários, TCBC Joaquim Ribeiro Filho (RJ)
do sarcoma, do melanoma, da papila duodenal e do estômago. TCBC Antonio Nocchi Kalil (RS)
TCBC Agnaldo Soares Lima (MG)
2 - Dos casos acima selecionados, quando indicar a ci- ACBC Alexandre Prado de Resende (MG)
rurgia? ECBC Armando De Cápua Junior (SP) FALECIDO
Quando a doença é estável e restrita ao fígado, desde que TCBC Carlos Eduardo Rodrigues Santos (RJ)
a ressecção possa ser completa , não se deixando doença TCBC Paulo Herman (SP)
residual. Exceção feita ao tumor metastático de ovário em Dr. Artthur Malziner
que poderá ser indicada a ressecção quando a doença resi-
dual for inferior a 1 cm( somando-se a area do tumor primá-
rio à do tumor metastático em fígado) . Realiza-se reavaliação utilizando-se de
métodos de imagem, de preferência tomografia
3 - Metástase colo-retal metacrônica – quando ope- computadorizada ,sempre com finalidade cirúrgica.
rar? Quando não estiver disponível esquema de QTS
Indica-se a imediata resseccão da metastase hepática ou eficaz,indica-se ressecção, assim que possível clini-
das metastases, sempre que possível e Quimioterapia camente, no prazo acima definido.
sistêmica quando a lesão /lesões hepáticas forem inoperaveis,
com avaliação periódica por métodos de imagem (3 em 3 5 - Mestástase de Ca colo-retal: existe indicação
meses), indicando-se a ressecção assim que a doença de hepatectomia quando existe doença extra-he-
metastática torne-se ressecavel. pática?
Se após estadiamento rigoroso,com métodos de
4 - Metástase colo-retal sincrônica – quando QTS? quan- imagem que avaliem o corpo inteiro ou se disponivel
do operar? a realização do PET- CT e nestes diagnosticar-se exis-
Existem basicamente dois cenários : tir somente a metástase pulmonar ressecável ou a re-
A - Colectomia e hepatectomia no mesmo tempo cidiva local ressecável o paciente deverá ser opera-
operatório ou em dois tempos? do.
Qualquer das opções acima é válida, podendo operar-se Restante de situações clinicas restrito a protoco-
os dois tumores em 1 só tempo ou em dois tempos , em geral los específicos.
entre 6 a 8 semanas após a resseção do tumor primário, Reforça-se o principio de somente operar-se quan-
sempre dependendo da experiência do grupo. do ocorrer completa ressecçào do tumor/ tumores
Recomenda-se 2 equipes cirúrgicas distintas ,ambas com metastáticos, não sendo considerado ético deixar-se
capacitaçao comprovada em sua área de ação. doença residual ou realizar-se cirurgia com finalida-
de de citoredução
B – Se em dois tempos, quando ressecar?
Quando o paciente tem acesso a QTS comprovadamente 6 – Ca colo-retal: na presença de metástases pul-
eficaz, após a cirurgia de ressecção do tumor primário , de- monares e hepáticas, por onde começar?
verá primeiramente realizar QTS, com reavaliação dentro Onde a doença é mais avançada ou existe maior
de 6 a 8 semanas. probabilidade de irressecabilidade .
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 29

C O N S E N S O 6

7 – Qual o estadiamento pré-operatório básico na PAINEL INTERATIVO


metástase do CA colo-retal?
Deverá realizar-se TC ou RM abdominal e pélvica, TC de 1- Colectomia e hepatectomia no mesmo tempo
tórax. operatório?
A – Papel do PET SCAN: Sim ou não
É fortemente recomendavel a realização do PET SCAN,
sempre que possivel. 2- Se em dois tempos, quando realizar a
hepatectomia?
8 – Estadiamento intra -operatório mínimo? A – 1 mês
Inventário completo e minucioso da cavidade, com pes- B – 2meses
quisa de implantes intra-abdominais e/ou de qualquer tipo de C – 3 meses
doença extrahepática, além da USGrafia intra-operatória.
Julgamos altamente recomendavel a realização da 3 – QT entre a cirurgia colônica e hepatectomia
ultrasonografia intraoperatória quando da cirurgia hepática Sim ou não

9 – Metástases de CA colo-retal: preservação de 4 – Reavaliar após quantos meses


parênquima, extenção de margens. A–2
A preservação de parênquima hepático deve ser objetivo B–3
primordial , sendo recomendada uma margem cirúrgica de C–6
1,0 cm.
Quando não for possível a margem cirúrgica de 1,0 cm, 5 – US intra operatório é obrigatório
deverá obter-se confirmadamente , ao menos, margem mi- Sim ou não
croscópica livre de doença.
6 – Ressecção de metástases de tumor colo-retal
10 – Metástase de CA colo-retal. Quando indicar a com acometimento linfonodal do pedículo (N1)
radiofrequência? Quando está contra-indicada? Sim ou não
Está indicada quando houver contra-indicação clínica ou
cirúrgica à hepatectomia e em associação à ressecção hepá- 7 – Ressecção de metástases de tumor colo-retal
tica. com metástase pulmonar
Existe contra-indicação relativa em pacientes com Sim ou não
anastomose bilio-digestiva e principalmente em lesões maio-
res que 3,0 cm.
Existe contra-indicação absoluta na presença de doença
extra-hepática não passível de tratamento e em lesões próxi-
mas à via biliar principal
Não existe indicação alguma com finalidade citoredutora
ou nas lesões que excedam os limites acima recomendados.
A ressecção hepática é a melhor forma de tratamento curati-
vo das metastases hepáticas de cancer colorretal

11 –Há lugar para a QTS intra-arterial no tratamento


de metástases colo-retais?
Somente dentro de protocolos experimentais .

12 – Nas metástases hepáticas de CA colo-retal a QTS


após ressecção é obrigatória?
Sim é obrigatória.

13 – QTS neoadjuvante nas metástases colo-retais


ressecáveis?
Não.
30 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 6

CONSENSO: METÁSTASES HEPÁTICAS

1 - Quais os tumores metastáticos em fígado com 7 – Qual o estadiamento pré-operatório básico na


indicação de ressecção hepática? metástase do CA colo-retal?
Tumores colo-retais e neuro-endócrinos. Em casos seleci- TC ou RM abdominal e pélvica, TC de tórax.
onados ou dentro de protocolos, tumores de mama, A – Papel do PET SCAN:
genito-urinários, sarcoma, melanoma, papila duodenal e É desejável a realização do PET SCAN quando disponí-
estômago. vel.

2 - Dos casos acima selecionados, quando indicar a 8 – Estadiamento pré-operatório mínimo?


cirurgia? Inventário da cavidade e US intra-operatório.
Quando a doença é estável e restrita ao fígado, desde que
a ressecção possa ser completa. Exceção feita ao ovário 9 – Metástases de CA colo-retal: preservação de
quando a doença residual for inferior a 1 cm. parênquima, extenção de margens.
Preservação de parênquima deve ser um objetivo, sendo
3 - Metástase colo-retal metacrônica – quando operar? recomendada uma margem cirúrgica de 1 cm. Quando
Cirurgia imediata quando possível e QT quando não for possível a margem cirúrgica ce 1 cm, deve-se
irressecável, com avaliação periódica. obter uma margem microscópica livre de doença.

4 - Metástase colo-retal sincrônica – quando QTS? 10 – Metástase de CA colo-retal. Quando indicar a


quando operar? radiofrequência? Quando está contra-indicada?
A - Colectomia e hepatectomia no mesmo tempo Está indicada quando houver contra-indicação clínica ou
operatório? cirúrgica à hepatectomia e em associação à ressecção.
Qualquer das opções é válida, dependendo da experiên- Está contra-indicação relativa em pacientes com
cia do grupo. anastomose bilio-digestiva, em lesões maiores que 3 cm.
Contra-indicação absoluta na presença de doença extra-
B – Se em dois tempos, quando ressecar? hepática não passível de tratamento e em lesões próxi-
Quando o paciente tem acesso a QT comprovadamente mas à via biliar principal.
eficaz, primeiro QT com reavaliação dentro de 6 a 8
semanas, com finalidade cirúrgica. Quando QT eficaz não 11 – Há lugar para a QTS intra-arterial no trata-
disponível, ressecção quando possível. mento de metástases colo-retais?
Dentro de protocolos.
5 - Mestástase de Ca colo-retal: existe indicação de
hepatectomia quando existe doença extra-hepática? 12 – Nas metástases de CA colo-retal a QTS pós
Após estadiamento rigoroso, metástase pulmonar ressecção é obrigatória?
ressecável, recidiva local ressecável. Restante restrito a Sim.
protocolos específicos.
13 – QTS neoadjuvante nas metástases colo-retais
6 – Ca colo-retal: na presença de metástases pul- ressecáveis?
monares e hepáticas, por onde começar? Não.
Onde a doença é mais avançada.
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 31

C O N S E N S O 7

Tratamento de complicações na
colecistectomia laparoscópica
Coordenador Integrantes
ECBC Luiz Rohde (Coordenador) (RS) TCBC Adhemar Monteiro Pacheco Jr. (SP)
TCBC Alessandro Bersch Osvaldt (RS)
ECBC Jose Eduardo Monteiro da Cunha (SP)
TCBC Luiz Pereira Lima (RS)
TCBC Raul Chatagnier Filho (RS)
TCBC Tarcisio Trivino (SP)
TCBC Telesforo Bacchella (SP)

Via biliar de diâmetro normal (0,5 – 0,8 cm). Secção


parcial, diagnosticada no intra-operatório.
• Conversão para laparotomia.
• Sutura com colocação de dreno de Kehr exteriorizado
em contra-abertura na via biliar ou pelo ducto cístico.

Lesões puntiformes podem ser suturadas por laparoscopia,


conforme experiência do cirurgião.

Via biliar de diâmetro normal (0,5 – 0,8 cm). Secção


completa, diagnosticada no intra-operatório, sem per-
da de substância
• Conversão para laparotomia.
• Anastomose término-terminal com colocação de dreno
de Kehr exteriorizado em contra-abertura na via biliar.

Via biliar de diâmetro normal (0,5 – 0,8 cm). Secção


completa, diagnosticada no intra-operatório, com 2,5
cm de perda de substância.
• Conversão para laparotomia.
• Hepatico ou coledocojejunoanastomose com alça de
jejuno exclusa em Y de Roux.

Não houve consenso em relação ao uso de drenos


transanastomóticos. Os que usam exteriorizam ou pela alça jejunal
ou transepático.
32 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 7

Via biliar de 0,8 cm de diâmetro. Secção completa,


diagnosticada no intra-operatório, com perda de subs-
tância. Impossibilidade de tratamento com intenção
resolutiva. Paciente será referenciado
• Conversão para laparotomia.
• Drenagem da via biliar para o exterior
• Sutura do cabo distal da via biliar quando acessível.
• Drenagem da cavidade

No pós-operatório precoce a paciente apresenta qua-


dro (clínica e exames) compatível com coleção biliar
localizada.
• Colangiografia endoscópica retrógrada diagnóstica (CER).
• Abordagem laparoscópica para drenagem da cavidade.

A abordagem laparoscópica e a conduta ficam subordinadas


ao achado da CER

Pós-operatório precoce. Quadro clínico e exames de


imagem compativeis com peritonite biliar generaliza-
da. Paciente estável.
• Colangiografia endoscópica retrógrada (CER)
diagnóstica.
• Abordagem laparoscópica para lavagem e drenagem
da cavidade.
• A conduta é dependente do grau e da natureza da
lesão.

A abordagem laparotômica inicial é defendida por um dos


participantes.

Estenose cicatricial da via biliar distal de 0,9 cm de diâ-


metro (Bismuth I / Strasberg E 1) com 1 cm de exten-
são
• 80 % dos participantes optam pela cirurgia.
• 20 % iniciam com dilatação e colocação de prótese
endoscópica. Cirurgia na ausência de resposta favo-
rável ao tratamento endoscópico
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 33

C O N S E N S O 7

Estenose cicatricial da via biliar (Bismuth III / Strasberg


E 3).
Cirurgia: Hepaticojejunoanastomose com preferência
para a técnica de Hepp-Couineaud.

Utiliza o duodeno para a anastomose biliodigestiva no


tratamento da estenose cicatricial da via biliar? Em que
situações?
O duodeno não é utilizado.

Um dos participantes utiliza em pacientes gastrectomizados


à B II.

PAINEL INTERATIVO
Estuda a vascularização da via biliar principal estenosada
antes da derivação biliodigestiva?
Não

Um dos participantes estuda a vascularização na presença de


atrofia de lobo hepático associada

Direciona o jejuno (bengala da alça) para a parede


abdominal nas vias biliares finas e altas com a finalida-
de de facilitar acesso endoscópico para eventual poste-
rior dilatação?
Não.........................50 %
Sim ........................50 %

Qual o fio que utiliza para as anastomoses


biliodigestivas?
Características do fio:
• Sintético
• Monofilamentar
• Absorvível
• Menor diâmetro (5,0 – 4-0)

Recomendações para realização de anastomose


biliodigestiva
• Boa aposição de mucosa
• Sem tensão
• Não comprometer a vascularização
• Anastomose em via biliar sadia
• Extensão da anastomose, se possível, > 2 cm
• Fio sintético, absorvível, monofilamentar e fino
• Evitar cauterização próximo a anastomose
34 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 8

Tratamento Adjuvante e
Neo-Adjuvante em Câncer Colorretal
Objetivo do Consenso
Definição de qual a melhor conduta a ser adotada em Coordenador
virtude da avaliação dos resultados pessoais e mundiais so- ECBC José Alfredo dos Reis Neto (SP)
bre os parâmetros gerais do que “PODE ser feito e do que
não DEVE ser feito”, e, dentro das possibilidades, originar Integrantes
um protocolo que possa servir de base na terapêutica atual TCBC Angelita Habr-Gama (SP)
do Câncer Colorretal. TCBC Benedito Mauro Rossi (SP)
ASCBC Frederico Costa (CE)
Conceituação TCBC José Reinan Ramos (RJ)
TCBC Leonaldson dos Santos Castro (RJ)
Neo adjuvância: tratamento oncológico que prece- TCBC Mauro de Souza Leite Pinho (SC)
de o ato cirúrgico (inclui, atualmente, radioterapia e Dr. Miguel Guizzardi
quimioterapia). TCBC Raul Cutait (SP)
Dr. Roberto Almeida Gil
Adjuvância: tratamento oncológico realizado após a TCBC Sérgio Brenner (PR)
realização da cirurgia (inclui, atualmente, radiotera-
pia e quimioterapia); Secretário
TCBC Joaquim Simões Neto (SP)

Anatomia As definições a serem consideradas são similares quanto


Para avaliar a indicação de um tratamento, seja ele neo- aos limites anatômicos:
adjuvante, adjuvante ou mesmo cirúrgico é importante consi-
derar a conceituação anatômica de divisão do reto. (Figuras
1 e 2). • Bacon & Recio
Muito embora existam algumas variações entre a. superior - intraperitoneal
anatomistas e cirurgiões quanto a esta divisão, principalmen- b. inferior – extraperitoneal
te no estabelecimento de seus limites, o consenso atual se vira
para a existência de um reto superior (intraperitoneal) e um • Laurence, ª
reto inferior (extraperitoneal). a. superior: da terceira peça sacra até segunda
Desta forma, neste consenso, serão considerados dois valva retal (Kohlrausch)
grupos distintos: b. inferior: da linha pectínea até a segunda valva
retal (Kohlrausch).
• Cólon e reto superior: não existe experiência
mundial suficiente sobre neo adjuvância em cân- Estudo realizado em peças anatômicas na PUC Campi-
cer do cólon e do reto superior; nas demonstrou que a altura da reflexão peritonial estava em
7.5 cm no homem e em 8 centímetros na mulher, com uma
• Reto Inferior: existe consenso mundial para neo variação máxima de 10 centímetros e mínima de 7 centíme-
adjuvância. tros.
Portanto, do ponto de vista prático, deve ser considera-
do como um tumor de reto inferior todo aquele alcançado
É importante, portanto, definir o que se considera como por um toque retal (mesmo que seja alcançado unicamente
reto inferior.
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 35

C O N S E N S O 8

pelo seu limite infe- mes devem ser realizados, como parte de um estadiamento
rior – borda distal da enfermidade, tanto local como geral:
do tumor). Isto 1. toque retal
corresponde a uma 2. colonoscopia
distância máxima 3. ultra-sonografia endorretal 360 graus
(média) de 8 cm, a 4. ressonância magnética abdominal e pélvica
partir da linha 5. radiografia simples de tórax,
pectínea.
Para o especia- Na impossibilidade da realização destes exames (ultra-
lista, no entanto, o som endorretal e ressonância magnética) para a definição
limite a ser conside- exata do estádio de um tumor realizar os seguintes exames
rado é a altura do como alternativa:
fundo de saco de 1. toque retal
Douglas ou a segun- 2. colonoscopia
da valva retal 3. tomografia computadorizada de abdômen e pelves
(Bacon& Recio; 4. radiografia simples de tórax
Gorsch).
Figura 1: altura média alcançada por um toque retal. O toque retal é, portanto, obrigatório na definição do
estadiamento de um tumor localizado no segmento inferior
do reto.

Câncer do reto inferior


Com base no conceito de divisão do reto admitido no
consenso e do ponto de vista prático, deve ser considerado
como um tumor de reto inferior todo aquele alcançado por
um toque retal (figura 1). Para o especialista deve ser consi-
derado como tumor do reto inferior todo aquele localizado
abaixo da reflexão peritonial (figura 2).
Isto corresponde a uma distância aproximada de 8 cm, a
partir da linha pectínea.

Neo adjuvância
Figura 2: corte anatômico de reto, demonstrando a altura do fundo de A neo adjuvância é considerada padrão para o tratamen-
saco de Douglas (S – reto superior, I reto inferior).
to de determinadas lesões, com ou sem linfoadenopatia posi-
Estadiamento do tumor tiva, localizadas neste segmento de reto.
A classificação TNM (UICC 2002 - 6th edition), servirá O consenso recomenda a neo adjuvância para os tumores
como padrão para o estadiamento do tumor e a conseqüente diagnosticados como pertencentes aos estádios IIa/b e IIIa/
terapêutica a ser adotada. b/c ou para tumores com, no mínimo, 3 das seguintes carac-
terísticas clínicas presentes e determinadas ao toque retal, o
Estádio 0 ____________________________ Tis N0 M0 que determinaria clinicamente um tumor estádio II ou mes-
Estádio I __________________________ T1/T2 N0 M0 mo III:
Estádio IIA ___________________________ T3 N0 M0 1. infiltração,
Estádio IIB ___________________________ T4 N0 M0 2. invasão,
Estádio IIIA _ T1/T2 N1 M0 (N1 de 1 a 3 linfonodos +) 3. fixação,
Estádio IIIB _______________________ T3/T4 N1 M0 4. ulceração,
Estádio IIIC _ qqT N2 M0 (N2 mais de 4 linfonodos +) 5. linfoadenopatia positiva.
Estádio IV __________________________ qqT qqN M1
Em casos de dúvidas diagnósticas quanto ao estadiamento
Exames a serem realizados para configurar o entre tumores T2 e T3 a neo adjuvância deverá ser realizada,
estadiamento do tumor ou seja, em caso de dúvidas quanto ao estadiamento, efetuar
Após o tumor ter sido diagnosticado, os seguintes exa- o tratamento neo-adjuvante.
36 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 8

Para os tumores estádio I, porém classificados como


T2N0M0, de localização próxima ao canal anal, tumores
que invadem o aparelho esfincteriano, também, é recomen- 2. regressão completa do tumor, quando os sucessi-
dada a neo-adjuvância. vos exames complementares de imagem,
endoscópicos e microscópicos, negativos, suge-
Tratamento neo-adjuvante recomendado rem um desaparecimento do tumor. Consideran-
1. radioterapia conformacional, com intensidade modu- do-se a possibilidade de doença residual micros-
lada, na dose de 4.500 a 5040 cGy, em doses cópica não detectável e a inexistência de uma massa
fracionadas de 180 cGy/dia, realizada com Acelera- crítica de estudos demonstrando a radicalidade
dor Linear. de cura somente com a neo adjuvância, prevalece
2. quimioterapia em dois ciclos, utilizando 5-fluoruracil o consenso de que tais pacientes devam ser sub-
e leucovorin realizando-se o primeiro ciclo nos pri- metidos ao tratamento cirúrgico.
meiros 3 dias da radioterapia e o segundo ciclo nos Embora realizada por alguns serviços dentro
últimos 3 dias da irradiação. Outras drogas poderão de rígidos protocolos de seguimento e com am-
ser utilizadas, desde que devidamente acompanha- plo conhecimento do paciente e de seus familiares
dos os seus resultados (existem várias opções, dentre sobre a possibilidade de recidivas, a conduta
elas existem grupos utilizando xeloda, pela facilidade expectante em casos de regressão completa
de administração oral ou FOLFOX, acreditando em tumoral permanece em fase de avaliação, não po-
melhor resultado terapêutico). dendo ser considerada como um procedimento
de consenso no tratamento do câncer retal. Esta
Cirurgia conduta somente deveria ser tomada em proto-
O tratamento cirúrgico deve ser realizado em todos os colos de pesquisa, aprovados por Comissão de
pacientes como complementação à neo adjuvância. Ética em Pesquisa institucional ou CONEP, com
A cirurgia a ser realizada pode se basear no estadiamento consentimento informado assinado pelo paciente.
obtido após a neo adjuvância, avaliando-se o grau de regres-
são do tumor.
A avaliação para definir o grau de regressão (involução) Adjuvância em câncer do reto inferior
do tumor. Deve ser realizada depois de decorridas quatro, O tratamento adjuvante em 6 ciclos deverá ser realizado
seis e oito semanas do término da neo adjuvância, recomendan- nos estádios IIB e quaisquer dos estádios III, observados após
do-se, no entanto, que qualquer conduta deva ser tomada a cirurgia, no exame de anatomia patológica do espécime
somente após a avaliação de 8 semanas. retirado.
Esta avaliação deve ser feita com o mesmo critério obe- Em caso de dúvidas, principalmente em relação ao
decido no estadiamento inicial: exame digital, endoscopia, estadiamento do tumor (a relação entre o estadiamento esta-
biópsias e ecografia endorretal. belecido no pré e no pós-cirurgia) é conveniente efetuar a
Nas cirurgias de ressecção do reto inferior é recomenda- adjuvância.
da a excisão total perirretal (excisão total do mesorreto). Drogas recomendadas: 5-fluoruracil e leucovorin.
Outras drogas poderão ser utilizadas, desde que devida-
mente acompanhados os seus resultados ou desde que as
OBSERVAÇÃO mesmas tenham sido as administradas anteriormente no tra-
Diante dos resultados cada vez melhores obtidos através tamento neo-adjuvante.
da neo adjuvância, alguns autores tem buscado considerar
o grau de resposta do tumor na avaliação do tratamento Câncer do cólon e do reto superior
cirúrgico, podendo ser classificado da seguinte forma: Neo adjuvância
Como a radioterapia da cavidade abdominal tem limita-
1. regressão incompleta: quando existe uma varia- ções pelo baixo índice de tolerância dos órgãos intra-abdo-
ção negativa do estadiamento, com diminuição do minais à irradiação e pela falta de estudos que determinem
volume, da penetração parietal e da celularidade uma mudança no prognóstico da recidiva abdominal, a neo
do tumor, porém, persistindo um tumor residual. adjuvância não é tratamento atualmente recomenda-
Esta involução tumoral pode variar de 90% a 50% do para os tumores tanto de origem do cólon quanto para os
do estadiamento inicial. de reto superior.
Apenas os tumores considerados como de estádio IV
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 37

C O N S E N S O 8

devem ser submetidos ao tratamento neo-adjuvante, sendo considerados pelo exame anatomopatológico da peça
muito provável que este seja o único a ser realizado se as ressecada como de estádios IIb e quaisquer dos estádios
metástases não forem consideradas ressecáveis (o termo neo III.
adjuvância, portanto, seria substituído por terapêutica). Outras drogas poderão ser utilizadas, desde que devida-
mente acompanhados os seus resultados.
Adjuvância Tumores obstrutivos ou perfurados, mesmo sendo de es-
A quimioterapia com 8 ciclos de 5-fluoruracil e tádio IIa, também dever ser submetidos ao tratamento
leucovorin é recomendada para os tumores ressecados e adjuvante quimioterápico.

* O termo neo adjuvância, portanto, seria substituído por terapêutico, se metástases não forem ressecáveis.

* somente para os tumores baixos com invasão de plano dos esfíncteres.


** permanece em fase de avaliação, não podendo ser considerada como um procedimento de consenso no tratamento do câncer retal. Esta
conduta somente deveriam ser tomados em protocolos de pesquisa, aprovados por Comissão de Ética em Pesquisa institucional ou CONEP, com consenti-
mento informado assinado pelo paciente.
38 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 8

* permanece em fase de avaliação, não podendo ser considerada como um procedimento de consenso no tratamento do câncer retal. Esta conduta somente
deveria ser tomada em protocolos de pesquisa, aprovados por Comissão de Ética em Pesquisa institucional ou CONEP, com consentimento informado assinado
pelo paciente.

Referências bibliográficas: Kiado, Budapest, 1969.


1. Bacon HE. Cancer of the Colon, Rectum and Anal Canal. 8. Fletcher GH. Textbook of Radiotherapy. Philadelphia: Lea
ed JB Lippincott Co, 1964. & Febiger, 1980:704-16.
2. Balslev I, Pedersen, M, Tegljaerg PS et al. Postoperative 9. Gama AH, Souza PMSB, Ribeiro Jr U, Campos F, Souza Jr
radiotherapy in rectosigmoid cancer Dukes B and C : AHS, Nadalin W, Gansi R, Rodrigues JG. Low Rectal Cancer:
interim report from a randomized multicentre study. Br.J Impact of pre-operative radiation and chemotherapy on
Cancer 1982;46:551-6 surgical treatment. Hospital das Clínicas of the University
3. Buroker T, Nigro N, Correa J, Vaitkevicius VK, Samson M, of São Paulo Medical School Experience. In New Trends in
Considine B. Combination preoperative radiation and Coloproctology. JA Reis Neto, ed. Revinter, cap 10(9):423-
chemotherapy in adenocarcinoma of the rectum: preliminary 429, 2000.
report. Dis Colon Rectum 1976;19:660-3. 10. Gary-Bobo J, Pujol H, Solassol C, Broquerie JL, Nguyen M. L’
4. Cohen AM, Gunderson LL, Welch CE. Selective use of irradiation pré-operatoire du cancer rectal: résultats à 4 ans
adjuvant radiation therapy in resectable colorectal de 116 cas. Bull Cancer 1979;66:461-6.
adenocarcinoma. Dis Colon Rectum 1981;24:247-51. 11. Glimenius B,Graffman S, Pahlman L, Rimsten A, Wilander
5. Cummings BJ, Rider WD, Harwood AR, Keane TJ, Thomas E. Preoperative irradiation with high dose fractionation in
GM. Radical external beam radiation therapy for adenocarcinoma of the rectum and rectosigmoid. Acta
adenocarcinoma of the rectum. Dis Colon Rectum Radiol 1982;21:373-9.
1983;23:30-6. 12. Goligher JC. Surgery of the anus, rectum and colon. 4th
6. Cummings BJ. Adjuvant radiation therapy for rectal ed. London: Bailliere Tindall, 1980.
adenocarcinoma. Dis Colon Rectum 1984;27:826-36. 13. Gunderson LL, Dosoretz DE, Hedberg SE, et al. Low dose
7. Drobni S, Incze F. Surgery of rectal Cancer. Ed Akademiai preoperative radiation surgery and elective post-operative
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 39

C O N S E N S O 8

radiation therapy for resectable rectum and rectosigmoid cinoma. A 10-year randomized trial. Dis Colon Rectum
carcinoma. Cancer 1983; 52:446-51. 1989;32:702-10.
14. Haskel CM. Cancer treatment. Philadelphia: WB Saunders, 29. Reis Neto JA, Quilici FA, Cordeiro F, Ciquini S, Reis Jr JA,
1980;276-304. Kagohara O, Simões Neto J. Long-term results of
15. Higgins GA, Conn JH, Jordan PH, Humphrey EW, Roswit preoperative radiotherapy for cancer of the lower rectum.
B, Keehn RJ. Pre-operative radiotherapy for colorectal In New Trends in Coloproctology, JA Reis Neto, ed. Revinter,
cancer. Ann Surg 1975;181:624-31. cap 10(7):401-410, 2000
16. Kodner I, Myerson RJ. Preoperative radiation therapy for 30. Roswit B, Higgins GA, Keehn RJ. Preoperative irradiation
rectal cancer. In New Trends in Coloproctology, JA Reis for carcinoma of the rectum and rectosigmoid colon: report
Neto, ed. Revinter, cap 10(6):385-399, 2000. of a National Veterans Administration randomized study.
17. Kligerman MM. Radiotherapy and rectal cancer. Cancer Cancer 1975;35:1597-1602.
1977;39:986-90. 31. Sofo L, Ratto C, Doglietto GB, Valentini V et al.
18. Kligerman MM, Urdaneta N, Lnowlton A, Vidone R, Intraoperative radiation therapy in integrated treatment
Hartman PV, Vera R. Preoperative irradiation of of rectal cancers: results of phase II study. Dis Colon
rectosigmoid carcinoma including its regional lymph nodes. Rectum 1996; 39:1396-1403.
AJR 1972;114:498-503. 32. Stearn MW Jr, Deddish MR, Quan SH. Preoperative
19. Morson BC. Factors influencing the prognosis of early roentgen therapy for cancer of the rectum. Surg Gynecol
cancer of the rectum. Proc.R Soc Med 1966, 59:607- Obstet 1959;109:225-9.
611. 33. Stearn MW Jr. Pre- or post-operative radiation in
20. Pählman I, Glimelius B. Pre or postoperative radiotherapy resectable tumors. In: Welwaart K, Blumgart LH, Breuning
in rectal and rectosigmoid carcinoma. Ann Surg 1990, J, eds. Colorectal cancer. The Hague: Leiden University
211: 187-195. Press, 1980:153-9.
21. Pählman I, Glimelius B. The value of adjuvant radiotherapy 34. Stevens KR, Allen CV, Fletcher WS. Peroperative
for rectal cancer.Eur J Cancer 1995; 31A: 1347-1350. radiotherapy for adenocarcinoma of the rectosigmoid.
22. Papillon J. New prospects in the conservative treatment Cancer 1976;37:2866-8.
of rectal cancer (abstr). Dis Colon Rectum 1984;27:566- 35. Swedish Rectal Cancer Trial. Improved survival with
7. preoperation radiotherapy in respectable rectal cancers.
23. Papillon J. Rectal and Anal Cancer. Berlin: Springer-Verlag, Neng J Med 1997; 336: 423-430.
1980; 24-32. 36. Walz BJ, Fleshman Jr JW. Adjunctive use of radiation therapy
24. Reis Neto JA, Quilici FA, Cordeiro F . Radioterapia Pré- in rectal adenocarcinoma. In Colon, Rectal and Anal
Operatória em Câncer do Reto. XXIX Cong Bras Surgery. Current techniques and controversies. I J Kodner,
Proctologia; Belo Horizonte, 1979. RD Fry, JP Roe, ed CV Mosby Co, cap18(4):204-217,
25. Reis Neto JA, Quilici FA, Cordeiro F. Radioterapia + Cirur- 1985.
gia: Novos Conceitos em Câncer do Reto. XXX Cong Bras 37. Wassif SB, Langenhorst BL, Hop WC. The contribution of
Proctologia;Rio de Janeiro:1980. preoperative radiotherapy in the management of
26. Reis Neto JA, Quilici FA, Cordeiro F . Pre-Operative borderline operability rectal cancer. In: Salmon SE, Jones
Radiotherapy for Cancer of the Rectum. Colo-Rectal Mass SE, eds Adjuvant therapy of cancer. New York: Grune &
Screening & Management; 4th Int Symp Prev and Detect Stratton, 1979:612-21.
of Cancer; London, 1980. 38. Wassif SB. The role of preoperative adjuvant therapy in
27. Reis Neto JA, Quilici FA, Cordeiro F, Reis JA Junior. the management of borderline operability rectal cancer.
Radiotherapy and Survival-Rate. XIVth Biennial Congress Clin Radiol 1982;3:353-8.
ISUCRS; Crete: 1992 . 39. Zucali R, Gardani G, Volterrani F. Adjuvant post-operative
28. Reis Neto JA, Quilici FA, Reis JA Junior. A comparison of radiotherapy in locally advanced rectal and rectosigmoidal
Nonoperative vs. Preoperative radiotherapy in rectal car- cancer. Tumori 1980;31:592-600.
40 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 9

Algoritmo no Diagnóstico
do Abdome Agudo
Coordenador
TCBC Hamilton Petry de Souza (RS)

Integrantes
TCBC Edivaldo Massazo Utiyama (SP)
TCBC José Ivan de Andrade (SP)
TCBC José Júlio do Rego Monteiro Filho (RJ)
TCBC José César Assef (SP)
TCBC Rene Mariano de Almeida (BA)
TCBC Ricardo Breigeiron (RS)
TCBC Rogério Saad Hossne (SP)

1. Anamnese
• Tempo de evolução
• Características da dor
• Sintomas associados
• Idade
• Doenças associadas
• Uso de medicações
• Cirurgias prévias
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 41

C O N S E N S O 9

2. Exames complementares básicos


• RX abdome agudo
• Hemograma
• EQU
• Amilase
• Lipase
• β-HCG *

PAINEL INTERATIVO

1. No abdome agudo inflamatório qual o primeiro 4. Caso o exame escolhido não esclareça sua sus-
exame de imagem a ser solicitado? peita diagnóstica, qual a próxima etapa em relação
• RX abdome agudo – 78% aos exames de imagem no abdome agudo
• Ultrassom – 22% perfurativo?
• Tomografia computadorizada • RX abdome agudo – 3%
• Ultrassom – 25%
2. Caso o exame escolhido não esclareça sua sus- • Tomografia computadorizada – 72%
peita diagnóstica, qual a próxima etapa em relação
aos exames de imagem no abdome agudo inflama- 5. No abdome agudo obstrutivo qual o primeiro exa-
tório? me de imagem a ser solicitado?
• RX abdome agudo • RX abdome agudo – 94%
• Ultrassom – 76% • Ultrassom
• Tomografia computadorizada – 24% • Tomografia computadorizada – 6%

3. No abdome agudo perfurativo qual o primeiro 6. Caso o exame escolhido não esclareça sua sus-
exame de imagem a ser solicitado? peita diagnóstica, qual a próxima etapa em relação
• RX abdome agudo – 97% aos exames de imagem no abdome agudo obstrutivo?
• Ultrassom – 3% • RX abdome agudo – 6%
• Tomografia computadorizada • Ultrassom – 9%
• Tomografia computadorizada – 84%
42 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Boletim CBC Edição • Especial • 2006

C O N S E N S O 9

7. No abdome agudo vascular/isquêmico qual o pri- 14. A videolaparoscopia tem lugar no abdome agu-
meiro exame de imagem a ser solicitado? do perfurativo?
• RX abdome agudo – 63% Sim – 50%
• Ultrassom – 13% Não – 50%
• Tomografia computadorizada – 23%

10. Caso o exame escolhido não esclareça sua sus- 15. A videolaparoscopia tem lugar no abdome agu-
peita diagnóstica, qual a próxima etapa em relação do obstrutivo?
aos exames de imagem no abdome agudo vascular/ Sim – 34%
isquêmico? Não – 66%
• RX abdome agudo – 7%
• Ultrassom – 20%
• Tomografia computadorizada – 73% 16. A videolaparoscopia tem lugar no abdome agu-
do vascular/isquêmico?
11. No abdome agudo hemorrágico qual o primei- Sim – 83%
ro exame de imagem a ser solicitado? Não – 17%
• RX abdome agudo – 24%
• Ultrassom – 70% 17. A videolaparoscopia tem lugar no abdome agu-
• Tomografia computadorizada – 6% do hemorrágico?
Sim – 69%
12. Caso o exame escolhido não esclareça sua sus- Não – 31%
peita diagnóstica, qual a próxima etapa em relação
aos exames de imagem no abdome agudo 18. Na suspeita de abdome agudo isquêmico, sem
hemorrágico? que haja evidência inequívoca de indicação cirúrgi-
• RX abdome agudo – 3% ca, qual o exame de imagem que deve ser solicita-
• Ultrassom – 24% do?
• Tomografia computadorizada – 73% • Ultrassom com doppler – 27%
• Angiografia – 38%
13. A videolaparoscopia tem lugar no abdome agu- • Angio-Tomografia – 23%
do inflamatório? • Angio-Ressonância – 12%
Sim – 90%
Não – 10%
Boletim CBC Edição • Especial • 2006 Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia 43

C O N S E N S O 9

Para fins de uma melhor compreensão dos eventuais lei- nais e institucionais deverão ser respeitadas para sua
tores quando da publicação do “consenso”, apreciaria se implementação prática, tendo em vista a extensa vari-
pudesse haver as colocações abaixo referidas: abilidade de condutas. Sua visão é geral, devendo
servir como um guia básico.
Os colegas responsáveis pelo “Consenso 9 - Algoritmo 3. Quando no algoritmo há referência a “tratamento es-
no Diagnóstico do Abdome Agudo”, esclarecem o que pecífico”, isto se refere na imensa maioria das vezes a
segue: “tratamento cirúrgico”. No entanto, como eventual-
mente, há casos abdominais agudos que não têm indi-
1. O consenso se refere a DIAGNÓSTICO, não entrando cação imediata de cirurgia (por exemplo, pancreatite
qualquer aspecto terapêutico. aguda), preferiu-se o termo “tratamento específico”.
2. O tema foi de “difícil consenso”, já que é muito polê- 4. Os percentuais referidos nas perguntas, referem-se às
mico, controverso e diversas peculiariedades regio- respostas dos presentes na sessão interativa.

Você também pode gostar