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Apostila Modulo 1226 01. INTRODUCAO A TEOLOGIA
Apostila Modulo 1226 01. INTRODUCAO A TEOLOGIA
1. O QUE É TEOLOGIA
2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA
4. TEOLOGIA PENTECOSTAL
6. FONTES DA TEOLOGIA
7. O TEÓLOGO
8. DOUTRINA E RELIGIÃO
9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ
1. O QUE É TEOLOGIA
[1] Teologia é inteligível. Ela pode ser compreendida pela mente humana de
maneira ordenada e racional. [2] Teologia requer explicação. Isso, por sua vez,
envolve a exegese (análise dos textos no original) e a sistematização de ideias.
[3] a fé cristã tem sua base na Bíblia, por isso a teologia cristã é um estudo
1
PFEIFFER, Charles F. et. al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p.1910.
2
SOARES, Esequias et. al. Teologia Sistemática, Rio de Janeiro: CPAD, 2011. p.51.
3
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.396.
baseado na Bíblia. Logo, teologia é a descoberta, a sistematização e a
apresentação das verdades a respeito de Deus.4
4
RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
p.15.
5
GEISLER, N. Teologia Sistemática: Introdução à teologia. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
p.11.
6
BERKHOF, Louis.
7
RAHNER, apud RAUSCH, T. P. Introdução à Teologia. São Paulo: Paulus, 2004. p.15.
8
MEDRADO, Eudaldo Freitas. Introdução à Teologia. Disponível em
http://www.famedrado.kit.net/
Canal%2004/01.htm. Acesso: 19.11.2015.
9
MYATT, Allan e FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Faculdade
Teológica Batista de São Paulo, 2002. p.12.
deve considerá-la como o estudo das relações do Criador (Deus) com a criatura
(homens).
Conceituar a teologia simplesmente como o estudo de Deus seria muita
presunção para o ser humano, uma vez que, Deus, transcende o entendimento
humano. Em outras palavras, a mente humana é incapaz de estudar, ou
conhecer a Deus na sua plenitude. Deus se revela ao homem, e este, é capaz
de conhecê-lo. O conhecimento produz um relacionamento, que não
necessariamente, permita um conhecimento pleno da “mente” de Deus. O
relacionamento produzido por um relacionamento íntimo com Deus permite ao
homem viver na plenitude daquilo que Deus projetou para ele. Deus é conhecido
através das suas obras e das suas atividades. Por isso a teologia dá conta destas
atividades na medida que elas acompanham o nosso conhecimento.
Deus pode ser conhecido e é possível ao homem conhecer a Deus. Isso
torna a teologia plenamente possível. De acordo com Strong existem ao menos
três possibilidades para a teologia: [a] Deus é um ser real que se relaciona com
o universo; [b] A mente humana é capaz de conhecer a Deus e perceber sua
relação com o universo; e [c] Deus provê sua revelação (João 17.3: E a vida
eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste. Efésios 1.17: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de
revelação).
Hordern destaca que a teologia é um tratado ou desenvolvimento bem
ordenado do pensamento que se possa obter a respeito de Deus. De acordo
com este autor “a palavra ‘Deus’ não pode ser definida de forma exaustiva, mas
é normalmente empregada para representar o que quer que se creia como sendo
o fato ‘último’, a fonte da qual tudo o mais teria provindo, o valor supremo ou a
origem de todos os valores da existência. Deus vem a ser o ente admitido como
sendo digno de constituir-se no alvo e no propósito da vida. A luz de tais
considerações, torna-se evidente que ninguém poderá passar sua existência
sem a adoção de alguma forma de teologia”.10
De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe o termo “teologia” pode ser
usado tanto para abranger um estudo dogmático de uma parte das Escrituras,
10
HORDERN, William E. Teologia Contemporânea. São Paulo: Hagnos, 2004. p.5.
como do todo. Dessa forma, é correto falar da teologia do Antigo Testamento ou
da teologia do Novo Testamento. O termo “teologia”, segundo este dicionário,
assume um sentido mais amplo, ou seja, tem a finalidade de cobrir todo o
conteúdo do ensino das Escrituras que o homem pode vir a conhecer em relação
à Deus, e também o relacionamento de Deus com tudo o que Ele criou.11
A teologia cristã estruturou-se na história relacionando-se com a filosofia.
Sobre esta relação e sobre a história da teologia cristã Domingos destaca que:
11
PFEIFFER, Charles F. et. al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p.1910.
vozes que muitos cristãos em nossos dias chamariam de "seitas", ao passo que
os desafios externos eram semelhantes as vozes que muitos hoje chamariam
"céticos". É dessas vozes desafiadoras que surgiu a necessidade e os
primórdios da ortodoxia - uma declaração definitiva daquilo que é teologicamente
correto.12
QUESTÕES PROPOSTAS
12
OLSON, Roger E. História da Teologia Cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo:
Editora Vida, 2001. p. 668.
2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA
13
FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em
www.itsimonton.tripod.com/apostila_
teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015.
uma atitude, e deve ser um impulso. A fé cristã é uma completa confiança em
Cristo, pela qual se realiza a união com o Seu Espírito, havendo a vontade de
viver a vida que Ele aprovaria.14
Para Frisotti a teologia pode ser compreendida com sendo uma ciência
em que a razão do crente, guiada pela fé teologal, se esforça para compreender
melhor os mistérios revelados em si mesmos e em suas consequências para a
existência humana.15 Sobre fé e teologia Frisotti destacou que:
14
BUCKLAND, A.R. “Fé”. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Editora Vida, 2007.
15
FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em
www.itsimonton.tripod.com/apostila_
teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015.
16
Ibidem.
das ciências positivas. Faz isso para chegar a uma inteligência mais profunda
da Palavra de Deus.
Trata de responder à seguinte pergunta, qual é exatamente a verdade
revelada por Deus? Procura determinar e estabelecer o que Deus revelou e
como o revelou, se o fez diretamente o indiretamente, de modo explícito o
implícito, com expressões obscuras ou claras. E porque as doutrinas reveladas
não se encontram sempre com a mesma nitidez, costuma ser necessário um
trabalho de interpretação de termos e expressões.
Teologia especulativa: aprofunda nas verdades reveladas, mostra sua
inteligibilidade, a conexão e harmonia que reina entre elas, servindo-se da ajuda
das ciências humanas. Leva a uma compreensão mais funda do dado revelado.
Mas não deve ser confundida com uma simples especulação; não é a aplicação
de uma filosofia técnica à compreensão da doutrina revelada mas a Teologia
especulativa cai sob o controle e ob a luz do mistério de salvação. Não é uma
super-estructura da Teologia positiva, senão o pensamento especulativo se
encontra englobado na Teologia positiva. O dado de fé não é unicamente o ponto
de partida; é o princípio vital que a anima ao longo de todo seu recorrido de
reflexão crente.
A possibilidade da Teologia especulativa se fundamenta numa
epistemologia realista: a doutrina revelada pressupõe que a mente humana se
ordena à verdade e é capaz de conhecer a Deus de maneira limitada e certa.
Para isso, tem grande importância o tema da analogia. Permite-nos falar de Deus
de modo que nosso linguagem tenha sentido. Algo podemos dizer de Deus ainda
que Ele não pode ser explicado univocamente.
A Teologia especulativa possui duas grandes tarefas: compreender e
organizar o dado revelado. 1. Compreende o melhor possível o dado revelado.
Não quer dizer que os mistérios possam ser demonstrados o assimilados como
si fossem dados totalmente evidentes. Mas que é a busca do sentido preciso que
se encerra na fé e a relação dos mistérios entre si. 2. Trabalho sistemático: a
Teologia procura expor com rigor os preâmbulos da fé (mostrar que a fé, ainda
que não seja evidente, não é absurda). Apresentar una síntese dos mistérios da
fé (de modo que se mostre o melhor possível a unidade e a coerência da doutrina
revelada). E relacionar seus dados e conclusões com o mundo da ciência e da
cultura.17
QUESTÕES PROPOSTAS
3. A diferença A teologia positiva privilegia as pesquisas da Sagrada Escritura, dos Padres da Igreja, os
ensinamentos dos Concílios, da liturgia e de outros relatos da Tradição. Confere um valor especial à
teologia bíblica e à história dos dogmas. Dedica muita atenção à análise e à síntese dos ensinamentos
do magistério da Igreja.
TEOLOGIA ESPECULATIVA: Teologia especulativa: aprofunda nas verdades reveladas, mostra sua
inteligibilidade, a conexão e harmonia que reina entre elas, servindo-se da ajuda
das ciências humanas. Leva a uma compreensão mais funda do dado revelado.
17
FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em
www.itsimonton.tripod.com/apostila_
teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015.
3. DIVISÃO CLÁSSICA DA TEOLOGIA
[1] A teologia exegética (exegética vem da palavra grega que significa "sacar"ou
"extrair" a verdade) procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras.
Um conhecimento das línguas originais nas quais foram escritas as Escrituras
pertence a este departamento da teologia. [2] A teologia histórica traça a história
do desenvolvimento da interpretação doutrinária, e envolve o estudo da história
da igreja. [3] A teologia dogmática é o estudo das verdades fundamentais da fé
como se nos apresentam nos credos da igreja. [4] A teologia bíblica traça o
progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia, e descreve a maneira
de cada escritor apresentar as doutrinas importantes. Por exemplo: segundo
este método ao estudar a doutrina da expiação estudar-se-ia a maneira como
determinado assunto foi tratado nas diversas seções da Bíblia — no livro de Atos,
nas Epístolas, e no Apocalipse. Ou verificar-se-ia o que Cristo, Paulo, Pedro ou
João disseram acerca do assunto. Ou descobrir-se-ia o que cada livro ou seção
das Escrituras ensinou concernente às doutrinas de Deus, de Cristo, da
18
RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
p.15-16.
expiação, da salvação e de outras. [5] A teologia sistemática. Neste ramo de
estudo os ensinos bíblicos concernentes a Deus e ao homem são agrupados em
tópicos, de acordo com um sistema definido; por exemplo, as Escrituras
relacionadas à natureza e à obra de Cristo são classificadas sob o título:
"Doutrina de Cristo".19
19
Ibidem. p.10-11.
20
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.617.
21
Ibidem.
22
ARANTES, Fernando. A Bíblia, seu intérprete e sua interpretação. Disponível em
http://www.ipjg.org.br/ed/VisaoBiblica/Textos/2007/A-Biblia-seu-Interprete-e-sua-Interpretacao-
a.doc. Acesso: 23/04/2009.
Milton S. Terry afirmou que as qualificações de um intérprete competente
podem ser ditas como: Intelectual, educacional e espiritual. Para ele o intelecto
entra justamente na percepção clara do significado do texto. A argumentação
lógica do autor sacro pode ser percebida por alguém que esteja atento
intelectualmente. Um exemplo é a clara divisão que o apóstolo Paulo faz da carta
aos Efésios, colocando nos capítulos 1-3 um bloco eminentemente doutrinário e
de 4-6 outro bloco eminentemente prático. Uma mente analítica, que saiba
discernir o que um texto está ensinando é muito importante para o intérprete.
A imaginação, segundo Terry precisa ser controlada. Algumas pessoas
têm uma mente fértil demais e isto pode prejudicar a boa interpretação do texto.
O intérprete deve usar sua mente para analisar, comparar e examinar a
Escritura. A razão deve ser aplicada em cada parte da Escritura. A Bíblia foi
escrita em linguagem humana, apela a nossa razão, convida a investigação e
pesquisa, condena a crença cega. A maior tarefa de um intérprete é ensinar o
que aprendeu, e ensinar outros extraírem o aprendizado da Escritura. Sem isso
em mente a interpretação não terá tanto valor. O apóstolo recomenda a Timóteo:
“Ora, é necessário que o servo do Senhor seja... apto a instruir...” (2 Tm 2:24)23
Para Terry a qualificação educacional compreende os fatos acerca dos
quais o intérprete deve estar inteirado, fatos que são aprendidos com estudo e
pesquisa. A geografia da Palestina e regiões vizinhas que influenciaram nos
escritos bíblicos. As histórias gerais e bíblicas são também importantes no que
tange a confirmação e complementação da revelação que nos é trazida na
Escritura – complementação histórica. A cronologia, o discernimento de tempos
e épocas é também de especial valor na interpretação. Os sistemas políticos que
envolveram a revelação bíblica esclarecem também a compreensão do que foi
revelado. O modo de produção, o sistema escravista, o comércio, as guerras,
tudo isto pode ser adquirido com pesquisa e estudo. Mais uma vez temos a
exortação do apóstolo que diz a Timóteo: “Até a minha chegada aplica-te à
leitura, à exortação ao ensino. Não te faças negligentes para com o dom que há
em ti...” (1Tm. 4:13, 14).24
A qualificação espiritual é, também, fundamental à interpretação bíblica,
Intelecto e estudo são importantes, mas sem contato com o Espírito Santo que
23
TERRY, Milton S., Biblical Hermeneutics. Grand Rapids, MI: Zondervan 1977. Pp.151-158.
24
Ibidem.
é o autor da Bíblia tudo é incompleto, afirma Terry. Portanto como ensina o Dr.
Loyd Jones “é imprescindível que haja uma aproximação espiritual no texto. O
pecado pode vendar nossos olhos a ponto de não enxergarmos com clareza a
vontade de Deus revelada em um texto estudado mesmo com empenho. O maior
objetivo do intérprete deve ser o de alcançar a verdade, preceito ou doutrina do
texto estudado. Não podemos permitir que o texto fale o que queremos ouvir,
mas lutar para ouvir o que o texto tem a nos dizer. O apóstolo Paulo nos exorta
dizendo: “Por isso o pendor da carne é inimizado contra Deus, pois não está
sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8.7).25
25
Ibidem.
da Igreja na área de missões (história da Igreja) e a reflexão que ela faz sobre
sua missão (história da teologia), ou a evolução de suas práticas litúrgicas
(história da Igreja) e a reflexão sobre o significado do culto e da liturgia (teologia
histórica). Esse estudo do pensamento e do ensino da Igreja pode ter várias
abordagens. A história do dogma é a análise de certos temas doutrinários
particulares que receberam uma definição oficial e normativa da Igreja. Alguns
historiadores entendem que apenas três áreas de doutrina se inserem na história
do dogma: a doutrina da Trindade (definida nos Concílios de Nicéia e de
Constantinopla), a doutrina da pessoa divino-humana de Cristo (Concílio de
Calcedônia) e a doutrina da graça ou, mais especificamente, a relação entre a
graça divina e a vontade humana no que se refere à salvação. No outro extremo
está a história do pensamento cristão, que identifica um vasto campo de
investigação, incluindo tópicos que estão além dos limites da teologia clássica,
como certas questões filosóficas, éticas, políticas e sociais. Os estudiosos
também empregam os termos “história das ideias” e “história intelectual” para se
referir a esse contexto mais amplo dentro do qual se insere a teologia histórica.
A história da teologia não tem um campo tão limitado como a história do dogma,
nem tão amplo como a história do pensamento cristão, mas usa ambas as áreas
em sua elaboração. Seu objetivo é considerar o corpo de doutrinas existente na
vida da Igreja em cada período da história. 26
26
MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São Paulo: Mundo Cristão,
2007. p.15-16.
27
McGRATH, Alister apud MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São
Paulo: Mundo Cristão, 2007. p.17.
28
Ibidem. p.18.
3.3 Teologia Dogmática
A Dogmática pode ser definida como um discurso da Igreja acerca da sua fé. É
uma reflexão teológica feita a partir da Igreja sobre questões às quais ela crê e
que precisa fundamentar de forma inteligível e ordenada para que expresse o
ponto de vista da igreja como uma entidade orgânica da sociedade, mas também
da comunidade cristã como um todo diante do mundo, dos incrédulos aos grupos
participantes de outros credos ou religiões. É, em suma, um discurso racional
sobre a fé que a comunidade vivencia na prática litúrgica e nas doutrinas que ela
crê e pratica. No meio fundamentalista, especialmente no norte-americano, é
comum confundir dogmática com teologia sistemática, confusão essa ainda mais
acentuada por obras como as de Stanley Horton que se apresentam como
teologia sistemática, mas que na verdade são tratados dogmáticos no seu
[a] Uma atividade cuja finalidade é esclarecer os temas e as ideias da Bíblia sem
os pressupostos que inevitavelmente dão um certo colorido às interpretações
particulares. Em outras palavras, trata-se da tentativa de determinar o que a
Bíblia realmente ensina, mesmo que os resultados sejam embaraçosos para o
estudioso e sua denominação. Essa atividade, na verdade, embaraça a todas as
denominações, cuja própria existência depende da distorção de certos ensinos
da Bíblia. [b] A tentativa para articular a significação teológica da Bíblia como um
todo. Isso é uma tarefa quase impossível, porque a Bíblia não é um livro
homogêneo, conforme as pessoas gostam de acreditar. Não obstante, a
tentativa resulta em pontos positivos, a despeito de seu inevitável fracasso. [c] A
tentativa de construir um completo sistema teológico, mediante o uso da Bíblia
como única fonte informativa. Isso tem sido tentado por muitos evangélicos
fundamentalistas e conservadores. Também foi tentado por Karl Barth e sua neo-
30
OLIVEIRA, Edson Douglas de. Dicionário Teológico: Dogmática. Disponível em
http://comunidadewesleyana.blogspot.com.br/2009/10/dicionario-teologico_8820.html. Acesso:
27.12.2015.
ortodoxia, ou pelos grupos protestantes que aprovam a rejeição das tradições
eclesiásticas, dos pais da Igreja e dos concilias, como autoridade, conforme fez
Lutero. [d] O pressuposto é que todos os autores da Bíblia concordam em seus
pontos de vista fundamentais, e juntamente com exposições de ideias
pretendem descobrir exatamente quais eram os pontos de vista daqueles
autores sagrados.31
31
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.6. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.361-362.
32
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.840.
33
Ibidem.
benefício da humanidade pecadora. Além do mais, esta unidade deve fazer um
elo entre os dois testamentos, pelo menos para os cristãos, que afirmam que
Jesus, como o Cristo ressurreto, era o Messias anunciado no AT. O AT
apresenta a promessa e o NT, seu cumprimento; esta ideia é apoiada pelas
palavras de Jesus (Mt 5.17;Jo 5.39; cp. também G1 4.4). Assim, a teoria bíblica
deve dar atenção ao que liga o livro como uma unidade em termos históricos e
teológicos. [b] História da salvação. Stendahl está correto quando afirma que
na Teologia Bíblica, “a história se apresenta como o tear do tecido teológico”. A
unicidade da fé bíblica baseia-se na revelação de Deus por meio dos eventos
da história. A fé judaica-cristã mantém- se separada de todas as religiões da
humanidade exatamente porque não foi fundamentada em mitologias ou ciclos
da natureza. Nem procede de exploração filosófica ou de experiências místicas.
Eldon Ladd comenta: “Ela surgiu das experiências históricas de Israel, antigas
e novas, nas quais Deus se deu a conhecer” (“The Saving Acts of God”, ChT,
III [1961], 18). O Deus de Israel era o Deus da história, o Geschichtsgott, como
os alemães dizem. Uma olhada superficial na Bíblia comprova este fato, pois
nos leva por um caminho histórico — uma série de eventos — desde a Criação,
o chamado de Abraão, o Êxodo, a entrada do povo em Canaâ, o
estabelecimento e a conduta dos reinos, o exílio, o retomo à Palestina, a vida
de Cristo e o estabelecimento da igreja. Estes eventos não são ocorrências
acidentais na história; são atos do Deus vivo, o qual possui um interesse
redentor em seu povo. Assim, esta história é Die heilsgeschichte, "história da
salvação”, e nela Deus mostra sua natureza redentora e a traz à existência e
sustenta seu povo redimido. Von Hofinann. von Rad, G. E. Wright, O. Cullmann,
J. Danielou, E. Rust e muitos outros teólogos do Antigo e do Novo Testamentos
têm enfatizado a centralidade da história na fé judaica-cristã. Sendo isto
verdade, para ser válida em sua metodologia, a Teologia Bíblica deve mostrar
essa história da salvação, porque a revelação de Deus de si mesmo na história
é um dos pontos fundamentais do pensamento bíblico. [c] Cristo, a chave das
Escrituras. Para os cristãos, como Rust destaca, Cristo é o “Senhor das
Escrituras, assim como é Senhor da história e da vida”. Sem o NT, o AT
apresenta um quadro inacabado da redenção de Deus. É uma promessa sem
cumprimento. Significativamente, a igreja primitiva não repudiou as antigas
Escrituras, não somente porque o Mestre não repudiou, mas também porque o
AT proporcionava a única base para o entendimento e a comprovação da sua
existência na história sagrada de Israel. A chave para essa interpretação
necessária era o advento de Cristo. Três eventos em especial, registrados na
história de Lucas-Atos, intensificam este fato. (1) O caminho de Emaús (Lc
24.13-35). Concernente à conversa do Mestre, Lucas registra: “Começando por
Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito
constava em todas as Escrituras” (Lc 24.27). (2) A defesa de Estêvão (At 7).
Obviamente, se Estêvão tivesse a chance de tenninar seu discurso, teria
demonstrado o papel de Cristo na história. De fato, Cristo era não somente a
chave, mas também o clímax redentor. (3) Filipe e o eunuco etíope (At 8.26-39).
Surpreendentemente, o eunuco estava lendo Isaías 53. Quando admitiu que
não compreendia o que estava lendo, “Filipe explicou; e, começando por esta
passagem da Escritura anunciou-lhe a Jesus” (v. 35). Cristo é o cumprimento
das promessas feitas ao povo de Israel e este fato governa o NT. É fácil afirmar
que Cristo é a chave das Escrituras; entretanto, ao se comprovar isso, levanta-
se a questão hermenêutica: como Cristo se relaciona ao AT? Devemos procurar
figuras? Existe uma tipologia histórica que reconheça legitimamente a unicidade
da fé dos santos do AT, mantendo ao mesmo tempo a equação promessa-
cumprimen- to? A tarefa da Teologia Bíblica é muito exata neste ponto. [d]
Confessional e Kerigmático. A Bíblia tem uma dimensão de testemunho. Não
se trata apenas do registro de tantos eventos e fatos relacionados a um antigo
povo, mas é também uma profunda declaração de sua fé num Deus que agiu
em prol de sua salvação. Judeus e cristãos “confessam” Deus como Salvador
e pregam, por meio das Escrituras, que ele é o Salvador da humanidade e, em
particular, por meio de Jesus Cristo na fé do Novo Testamento. Para a Teologia
Bíblica, em termos de metodologia, isso significa que: (1) algumas declarações
bíblicas não devem ser tomadas primariamente como declarações teológicas,
com um apoio lógico e racional por trás delas. Elas de fato têm significado
teológico, mas em primeiro lugar são declarações de fé. Em certos casos, isso
as coloca acima da análise plena e explícita. (2) Até onde é possível, os
elementos confessionais e kerigmáticos devem ser evidentes na sistematização
do pensamento da Bíblia. Alguém pode não ir tão longe quanto G. E. Wright,
dizendo que a “Teologia Bíblica é o ensaio confessional da história, com suas
inferências”. Entretanto, a natureza confessional do material bíblico deve ser
demonstrada para que a Teologia Bíblica seja realmente bíblica. Basear-se em
abstrações filosóficas e teológicas é apresentar uma concepção truncada da fé,
e de fato perder de vista sua natureza vibrante. (3) Ao se praticar a Teologia
Bíblica é importante também “ler nas entrelinhas”. Por exemplo, enquanto a
maioria das cartas de Paulo foi escrita para tratar de problemas locais de um
tipo ou de outro e não possui o caráter altamente racional dos tratados
teológicos, implícita e, às vezes, até explicitamente, expressa uma posição
teológica geral de sua parte. Portanto, o teólogo do NT terá de extrair algumas
inferências das declarações de Paulo e então relacioná-las ao conjunto do
material paulino e ao NT como um todo. Reiterando, a Teologia Bíblica é um
estudo definitivo da Bíblia, auxiliado por todas as outras disciplinas bíblicas, na
qual é feita uma tentativa de demonstrar, por meio de alguns sistemas sugeridos
biblicamente, a revelação de Deus por meio de Cristo, expressando seu
propósito de redimir a humanidade pecadora. 34
34
Ibidem. p.845-847.
35
ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1992. p.16.
36
HAMMETT, John apud MYATT, Allan e FERREIRA, Frank. Teologia Sistemática. Rio de
Janeiro: Faculdade Teológica Batista de São Paulo, 2002. p.13.
acha que pode ser um teólogo teórico, fazendo uma “teologia pura” se engana.
Quem não faz a teologia com as necessidades do povo nos bancos da igreja em
mente não é teólogo de verdade. É um fato que quase todos os teólogos de
maior influência através dos séculos eram pastores também. 37
37
MYATT, Allan e FERREIRA, Frank. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Faculdade Teológica
Batista de São Paulo, 2002. p.13-14.
i) Bibliologia: O estudo da Bíblia – 2Tm 3.16: “Toda a Escritura é
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir,
para instruir em justiça”.
QUESTÕES PROPOSTAS
1.Charles
Ryrie aponta três tipos de teologia: [a] Por época – por exemplo, teologia
patrística, teologia medieval, teologia reformada e teologia contemporânea; [b]
Por ponto de vista – por exemplo, teologia arminiana (defendida por Armínio),
teologia calvinista (defendida por João Calvino), teologia barthiana (defendida
por Karl Barth), teologia da libertação, etc.; e [c] Por ênfase – por exemplo,
teologia histórica, teologia bíblica, teologia sistemática, teologia apologética,
teologia exegética, etc.
2. teologia exegetica, teologia historica, teologia dogmatica, teologia sistematica, teologia biblica
3. Seu papel é formular as crenças e dogmas da Fé cristã de maneira ordenada, racional e coerente
cristologia, angelologia, hamartiologia, etc
4. TEOLOGIA PENTECOSTAL
38
ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p.557.
39
ABARCA, Rodrigo. A parte da história da igreja que não foi devidamente contada. Os
Valdenses - O Israel dos Alpes. Revista Águas Vivas. Ano 8, no. 45, maio-junho de 2007.
origem parece remontar-se a uma época anterior. A antigüidade dos Valdenses
é testemunhada por várias fontes, tanto internas como externas ao movimento,
e também por algumas características muito particulares de sua fé e práticas. O
inquisidor Rainero, que morreu em 1259, escreveu: "Entre todas estas seitas...
a dos leonistas (leia-se Valdenses).. foi a que por mais tempo tem existido,
porque alguns dizem que tem perdurado desde os tempos de Silvestre (Papa
em 314-335 DC), outros, do tempo dos apóstolos". Marco Aurelio Rorenco,
pároco de São Roque em Turin, em seu reconto e história dos mesmos, escreveu
que os Valdenses são tão antigos que não se pode precisar o tempo de origem.
Além disso, os próprios Valdenses se consideravam muito antigos e originavam
a sua fé dos tempos apostólicos. Na verdade, embora seja impossível precisar
o seu início, é provável que fossem em seu núcleo essencial um remanescente
que se separou da cristandade oficial rejeitando a união da igreja e o estado,
depois da ascensão de Constantino em 311 DC (por ex: os novacianos). Alguns
deles puderam ter emigrado para os remotos e isolados vales alpinos, onde
conservaram intactas por muitos séculos a sua fé e pureza evangélicas, alheios
a todas as controvérsias e lutas posteriores. Embora mais adiante tivesse
estreita comunhão com outros grupos de irmãos perseguidos.
Os Valdenses reconheciam na Escritura a única autoridade final e definitiva para
sua fé e práticas. Criam na justificação pela fé e rejeitavam as obras meritórias
como fonte de salvação. Além da Escritura não sustentavam nenhum credo ou
confissão de fé particular. Apesar disso, conseguiram conservar quase intactas
a sua fé e as suas práticas ao longo de vários séculos; o qual prova de passagem
que o melhor remédio contra a heresia e o engano é a espiritualidade apoiada
em uma profunda fidelidade e apego à Escritura. 40
40
Ibidem.
palavra latina que traduzida para o português significa “somente”. Estes
princípios serviram de base, ou pilar, para a prática de uma vida religiosa cristã.
Os cinco solas são: [a] Sola Scriptura: Somente a Escritura é nossa regra de fé
e prática; [b] Sola Fide: a salvação é pela Fé Somente; [c] Sola Gratia: a
salvação se dá pela Graça Somente; [d] Solus Christus: Cristo Somente é
suficiente para nos salvar; e [e] Soli Deo Gloria: Somente a Deus devemos dar
a Glória.
41
SCHELLING, Sergyo A. A história do pentecostalismo no Brasil através da Assembleia de
Deus. Disponível em http://ministeriorazaoefe.webnode.com.br/products/a-historia-do-
pentecostalismo-no-brasil-atraves-da-assembleia-de-deus/. Acesso: 30.12.2015.
42
Ibidem.
A mensagem do batismo no Espírito Santo influenciou os Estados Unidos
e deu origem a diversas denominações evangélicas pentecostais. Schellling
destaca que um dos primeiros movimentos pentecostais, fruto do reavivamento
norte-americano, teve destaque em Ricgard G. Sperling, pastor batista
licenciado, que promoveu reuniões na Carolina do Norte, marcada por intensa
glossolalia (falar em línguas estranhas). Mas foi Charles Fox Parham,
“evangelista metodista dos movimentos de santidade”, quem realmente
aprofundou a discussão em torno do batismo do Espírito Santo. “Convencido
pelos seus próprios estudos de Atos dos Apóstolos e influenciado por Irwin
Sandford, testemunhou Parham um reavivamento notável na escola Bethel, em
Topeka, Kansas, em janeiro de 1901.43
43
Ibidem.
44
Ibidem.
sobressaem os dons da glossolalia (o de falar línguas desconhecidas), da cura
e da profecia.45
45
Disponível em http://www.portalbrasil.net/religiao_pentecostalismo.htm. Acesso: 23.12.2015.
46
CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas de Jovens e Adultos: Movimento Pentecostal – As doutrinas
da nossa fé. 2º. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
O Cessacionismo é a teoria de que muitos milagres, bem como dons espirituais,
existiam em função da formação do cânon do Novo Testamento – quer dizer que
houve um poderoso derramamento de milagres na vida de Jesus, e dos
apóstolos, mas que cessou depois de encerrado o cânon do Novo Testamento.
A ideia é que os milagres confirmaram a divindade de Cristo (fato este que está
fora de dúvida) e, semelhantemente, confirmaram a origem divina da atuação e
doutrina dos apóstolos (outro fato inabalável). Tudo isso concorreu para os
registros em todos os livros do Novo Testamento serem reconhecidos como obra
legítima e permanente de Deus, parte integrante das Escrituras Sagradas. E isso
também é certo. Quando me converti a Cristo, a conversão envolveu a aceitação
da inspiração plenária, inerrância e infalibilidade da Bíblia. Inclusive entendo que
qualquer conceito da Bíblia que não a reconhece assim, está fora do arraial do
cristianismo”.
47
ICP – Instituto Cristão de Pesquisas.
teologicamente a nossa fé. Como esquecer, porém, Stanley Horton, Wayne
Gruden, J. Rodman Williams e Gordon Fee? No Brasil, lembro o pastor Antonio
Gilberto que, além de teólogo, abriu-nos um espaçoso caminho no árduo e
incompreendido solo da Educação Cristã. 48
48
ANDRADE, Claudionor de. A excelência teológica dos Pentecostais. Disponível em
http://www.cpadnews.com.br/blog/claudionorandrade/posts/29/a-excelencia-teologica-dos-
pentecostais.html. Acesso: 15.12.2015.
49
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. p.195.
50
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2004. p.225.
QUESTÕES PROPOSTAS
Como podemos conhecer a Deus sem estudar a revelação que Ele faz de Si
mesmo? Como saber quem Ele é e o que Ele tem feito e faz, quem somos nós
em relação a Ele, o que Ele requer de nós,etc., se não investigarmos o que Ele
deixou revelado para nosso conhecimento? Pois esse é o trabalho da Teologia.
Esse trabalho parte de três pressupostos: O primeiro é o de que Deus existe; o
segundo, de que Ele pode ser conhecido, embora não de modo exaustivo e
completo; e o terceiro, de que Ele tem Se revelado tanto por meio de Suas obras
(criação e providência - Revelação Geral - Sl19.1,2; At 14.17), como,
principalmente, nas Santas Escrituras (Revelação Especial - Hb1.1,2; 1 Pd
1.20,21). É porque Deus Se revelou que podemos conhece-Lo. Nosso
conhecimento de Deus não é intuitivo, nem natural, mas comunicado por Ele
mesmo através dos meios que soberanamente escolheu. “Fazer teologia”,
portanto, não é inventar teorias a respeito de Deus e de Suas obras, nem mesmo
“descobrir” a Deus, mas conhecer e compreender a revelação que Ele próprio
deu de Si. Por isso, qualquer estudo de Deus que não tiver a Sua revelação
como base, meio e princípio regulador não é “teologia”, devidamente
entendida.52
Com frequência, alguém diz assim: “Por que preocupar-se com assuntos de
teologia? Os teólogos passam o tempo inutilmente discutindo questões sem
qualquer importância ...” Passemos a um exame dessa maneira de pensar. Por
que será que os problemas citados são considerados sem importância? É claro
51
SANTOS, João Alves dos. A igreja precisa de teologia? Disponível em
http://www.soluschristus.com.br/2010/06/igreja-precisa-de-teologia.html. Acesso: 23.12.2015.
52
Ibidem.
que quem faz semelhante objeção tem em mente algum conceito do que se deva
admitir como sendo de mais alto valor, em comparação com o que ele se acha
na condição de asseverar que os argumentos dos teólogos lhe parecem
destituídos de importância. Isso quer dizer que tal pessoa se encontra em
determinada posição teológica, tem uma opinião com referência à natureza de
Deus, conceitos, portanto, que o levam a proclamar como sem importância os
argumentos enunciados pelos teólogos. De modo que, mesmo um ataque assim,
endereçado contra a teologia, não passa de uma investida de natureza teológica.
Frequentemente ouvimos pessoas dizendo que não é o que alguém crê e, sim,
o que faz que tem importância. Trata-se de meia verdade, que, como acontece
com as verdades apresentadas pela metade, chega a ser perigosa. E meia
verdade porque, do ponto de vista cristão, o pensamento teológico não é
nenhum fim em si mesmo. O cristianismo é doutrina que se propõe a ser vivida.
Visa a resultar em ações. De forma que, se permanecer sempre como
pensamento, torna-se algo até mesmo destituído de verdadeiro cristianismo e,
portanto, fútil.53
53
HORDERN, William E. Teologia Contemporânea. São Paulo: Hagnos, 2004. p.5.
provoca na igreja uma maneira correta de viver, poder, firmeza e ousadia. [5]
Para dar cumprimento às ordens ou sugestões das Escrituras que
encorajam o exame das Escrituras (Jo 5.39); que ordenam a pregação “a tempo
e fora de tempo” (2Tm 4.2); que afirmam que o bispo “seja apto para ensinar”
(1Tm 3.2); que ordenam o bom manejo da “palavra da verdade” (2Tm 2.15). A
teologia é necessária, pois enseja o exame, a pregação, o ensino, a eficiência
do conhecimento da Palavra. 54
A teologia deve ser “feita” por todos. É um equívoco pensar que a teologia
deve ser feita apenas por pessoas que aspiram o ministério formal de uma
determinada denominação religiosa, ou por um grupo selecionado de pessoas.
De acordo com Solano Portela, “estudar (fazer) teologia não é uma área
segregada à academia teológica; não pertence à esfera de intelectuais maçantes
que se preocupam em descobrir e firmar termos técnicos incompreensíveis aos
demais mortais; não é monopólio daqueles que escrevem livros meramente para
adquirir a respeitabilidade e admiração de seus colegas docentes; nem pertence
a mosteiros anacrônicos, que procuram se aproximar de Deus distanciando-se
do mundo que Ele criou. Mas é tarefa de todas as pessoas”.55
Compreender as Escrituras, e, sobretudo, colocar em prática e
compartilhar seus ensinamentos, é “fazer” teologia. Em Mt 22.29 Jesus adveritu
os homens sobre a necessidade de conhecer as Escrituras: “Jesus, porém,
respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de
Deus”. Em Mc 12.24 Jesus chama à atenção sobre o cuidado do conhecimento
das Sagradas Escrituras: “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura não
errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?”
Vincent Cheung afirma que uma das maiores razões para se estudar
teologia é o valor intrínseco do conhecimento sobre Deus. Cada outra categoria
de conhecimento é um meio para um fim, mas o conhecimento de Deus é um
fim digno em si mesmo. E, visto que Deus Se revelou através da Escritura,
conhecer a Escritura é conhecê-lo, e isto significa estudar teologia.56 Este autor
54
CAMPOS, Geraldo Magela. Teologia em Perguntas e Respostas. Disponível em
http://pt.scribd.com/doc/139935737/Teologia-em-Perguntas-e-Respostas-Geraldo-Magela-
Campos-pdf#scribd. Acesso: 28.12.2015.
55
PORTELA, Solano. Disponível em http://www.teologiaevida.com.br/2012/08/porque-devo-
estudar-teologia.html. Acesso: 29.12.2015.
56
CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Disponível em: http://monergismo.com/?p=789.
Acesso: 29.12.2015.
afirma também que um repúdio à teologia é também uma recusa de conhecer a
Deus por meio do modo por ele prescrito. O conhecimento da Escritura —
conhecer sobre Deus ou estudar teologia — deve estar cima de tudo da vida e
pensamento humano. A teologia define e dá significado a tudo que alguém possa
pensar ou fazer. Ela está cima de todas as outras necessidades (Lucas 10.42);
nenhuma outra tarefa ou disciplina se aproxima dela em significância. Portanto,
o estudo da teologia é a atividade humana mais importante.57
57
Ibidem.
advertido a “comunicar”. Comunhão existe quando há “associação”. Essa era a
força essencial dos cristãos primitivos. Embora um movimento minoritário, eles
compartilhavam a força de pertencer um ao outro e a Deus.58
58
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 3. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.838-839.
59
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.3. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.699.
60
BEHS, Edelberto. Ação diaconal é uma exigência num mundo excludente, globalizado e
violento. Disponível em http://www.ieclb.org.br/noticia.php?id=7877. Acesso: 17.11.2014.
segundo a Confissão de Augsburgo. Entende-se que a pregação do Evangelho
também acontece através da ação diaconal (compreendida como o serviço ao
próximo). Diferentes modelos diaconais vêm sendo praticados em diferentes
igrejas, de acordo com a história, sociedade e o contexto em que se encontram. 61
61
Ibidem.
62
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.899-900.
Você pode ler um bom texto sobre a importância do estudo da teologia em
http://esdrascabral.blogspot.com.br/2012/06/necessidade-do-estudo-
teologico.html
QUESTÕES PROPOSTAS
1. Se a pessoa não conhece as escrituras sagradas ela não poderá colocar em praticas seus
ensinamentos e compartilhar aos outros os ensinamentos das escrituras sagradas, portanto é necessario
compreender as escrituras.
2. 1= nosso conhecimento precisa de organização, e a teologia vai organizar os ensinos tratados sobre
as obras, doutrinas, ensinamentos sobre as escrituras sagradas,
2= para desenvolvimento do carater, ao fazer ''teologia'' o conhecimento de Deus vai influenciar no nosso
carater
3 = para capacitação intelectual= a teologia capacita intelectualmente o homem para ensinar,
compartilhar, pregar, a respeito da fé cristã
4= para dar firmeza e ousadia a igreja no estabelecer o reino de Deus
a maneira correta de interpretar provoca uma maneira correta de viver, poder, adoração, serviço e etc
correto
5= para dar cumprimento as ordens ou sugestões das escrituras
3. Koinonia é uma palavra de origem grega e significa “comunhão”. Este termo se tornou muito comum
entre os cristãos, sendo utilizado no sentido de companheirismo, participação, compartilhamento e
contribuição com o próximo e com Deus.
Diakonia é uma palavra derivada do grego, significa ''servir'' usada na Bíblia, Novo Testamento, com
diferentes sentidos. Algumas vezes, refere-se à ajuda material específica para pessoas em necessidade.
Em outros momentos, significa o servir das mesas e, em outros ainda, se refere à distribuição de recursos
financeiros.
Marturia Trata-se do testemunho compartilhado pela igreja
Kerigma Refere-se à proclamação do evangelho a todos os homens
em todas as partes do mundo.
6. FONTES DA TEOLOGIA
A palavra portuguesa Bíblia vem do grego, biblia, que é o plural de blblion, “livro”.
Portanto, significa “Iivros”. Essa palavra deriva-se originalmente da cidade
fenícia de Biblos (no Antigo Testamento, Gebal), que era um dos antigos e
importantes centros produtores de papiro, o papel antigo. Com o tempo, esse
vocábulo terminou sendo usado para designar as Sagradas Escrituras. A palavra
grega biblos significa um livro, um escrito qualquer, tendo mesmo servido para
indicar o livro da vida, como se vê em Ap 3.5, isto é, um livro sagrado.
Estritamente falando, biblos era um livro, e biblion era um livrinho. A palavra
Bíblia, mediante um desenvolvimento histórico divinamente dirigido, segundo
cremos, veio a designar o Livro dos livros, as Escrituras Sagradas, compostas
do Antigo e do Novo Testamento, a principal fonte de ensinamentos religiosos e
éticos de nossa civilização. Por volta do século II d.C., os cristãos gregos já
chamavam suas Escrituras Sagradas de Bíblia, ou seja, “os livros”. Quando esse
título foi então transferido para a versão latina, foi traduzido no singular, dando a
entender que “o Livro” é a Bíblia. [...] No Novo Testamento encontramos o
vocábulo “Escrituras”, empregado para indicar o Antigo Testamento (Mt. 21.42;
Mc 14.49; Rm 15.4), ou Sagradas Escrituras (Rm 1.2), ou, a “lei e os profetas”
(Mt 5.17), ou “lei” (Jo 10.34), ou “os oráculos de Deus” (Rm 3.2).63
63
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.527.
vontade. As Escrituras, conforme as temos, são suficientes para tal finalidade”.64
A Bíblia é a mais rica fonte de informações sobre Cristo, em especial, quando
trata de sua messianidade. Outras fontes sobre Cristo, tendem enfatizar seu
aspecto histórico, pouco ou nada falando sobre seu poder divino de perdoar
pecados. Paulo Anglada destaca que o reconhecimento das Sagradas Escrituras
como autoridade suprema é tanto inferencial como direta:
64
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.
palavras de Deus, introduzindo suas profecias com as assim chamadas fórmulas
proféticas, dizendo: "assim diz o Senhor," "ouvi a palavra do Senhor," ou "palavra
que veio da parte do Senhor." No Novo Testamento, vários textos do Antigo
Testamento são citados, sendo atribuídos a Deus ou ao Espírito Santo. Por
exemplo: "Assim diz o Espírito Santo..." (Hb 3:7ss). A autoridade apostólica
também evidencia a autoridade suprema das Escrituras. O Apóstolo Paulo dava
graças a Deus pelo fato de os tessalonicenses terem recebido as suas palavras
"não como palavra de homens, e, sim, como em verdade é, a palavra de Deus,
a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes" (1Ts
2:13). Que autoridade teria Paulo para exortar aos gálatas no sentido de
rejeitarem qualquer evangelho que fosse além do evangelho que ele lhes havia
anunciado, ainda que viesse a ser pregado por anjos? Só há uma resposta
razoável: ele sabia que o evangelho por ele anunciado não era segundo o
homem; porque não o havia aprendido de homem algum, mas mediante
revelação de Jesus Cristo (Gl 1:8-12). Jesus também atesta a autoridade
suprema das Escrituras: pelo modo como a usa, para estabelecer qualquer
controvérsia: "está escrito" (exemplos: Mt 4:4,6,7,10; etc.), e ao afirmar
explicitamente a autoridade das mesmas, dizendo em João 10:35 que "a
Escritura não pode falhar”. 65
[b] Tradição – “A leitura das Escrituras nunca é neutra; sempre está filiada
a alguma tradição interpretativa, e mesmo sem perceber, geralmente lemos a
Bíblia com a ótica da tradição a qual pertencemos”.66
65
AGLADA, Paulo. A Doutrina Reformada da Autoridade Suprema das Escrituras. Disponível em
http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/autoridade_anglada.htm. Acesso: 29.12.2015.
66
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.
repousam. [3] Os concílios eclesiásticos manipularam esses credos e lhes
fizeram adições, apresentando interpretações das Escrituras, de onde se
originaram tradições. [4] Regras de fé, interpretações bíblicas, raciocínios e
apareceram nos escritos dos pais da Igreja. Irineu, Clemente de Alexandria,
Tertuliano, Hipólito, Orígenes e Novaciano referira-se às suas regras de fé, que
faziam parte de credos existentes ou não. [5] O sincretismo. A medida que o
cristianismo foi sendo difundido por diferentes áreas geográficas e culturas,
foram sendo incorporados elementos de crenças e práticas locais, e isso
também veio a constituir um elemento nas tradições emergentes, geralmente de
natureza negativa. [6] As tradições católicas romanas são o supremo exemplo
do entronizamento das tradições, às vezes prejudicando as Sagradas Escrituras,
pois a essas tradições também se confere ali a aura de autoridade. É verdade
que boa parte dessas tradições católicas romanas tem um fundo bíblico; mas
outra boa parte não passa de sincretismo. [7] A Reforma Protestante
presumivelmente fez a Igreja cristã retornar às "Escrituras somente". Mas, na
verdade, grande parte das tradições ocidentais teve continuidade nos vários
grupos protestantes que surgiram em cena. Mas então novas tradições foram
criadas, mediante credos rígidos, que eram interpretações específicas das
Escrituras. Todos esses credos deixam de lado certos ensinos bíblicos, além de
torcerem outros ensinos bíblicos. [8] Desenvolvimento doutrinário. Muitos
teólogos modernos insistem na tese que a doutrina deve evoluir, a fim de que a
verdade possa ser obtida em qualquer sentido ou grau significativo. Assim, as
tradições sempre haveriam de emergir, somente para serem substituídas por
outras, mais evoluídas. [9] A revolta contra a ortodoxia: as tradições liberais.
Começando no século XVIII, mas florescendo nos séculos XIX e XX, os eruditos
liberais e os críticos desenvolveram uma tradição toda própria que produziu
efeitos que minimizaram a fé nas tradições mais antigas, e rejeitaram de forma
total o autoritarismo e seus diversos conceitos de infalibilidade, sem importar-se
das próprias Escrituras. [10] Os credos modernos. Esses credos funcionam de
quatro maneiras diversas: a. Declarações. Coisas que figuram claramente nas
Escrituras são meramente declaradas e descritas. b. Interpretações. Coisas que
não são necessariamente claras, e, em certos casos, coisas que são repelentes
para certas mentes, recebem interpretações apropriadas de indivíduos ou
denominações que as provêem. c. Distorções. É patente que todas as
denominações cristãs distorcem certos trechos bíblicos, para que se adaptem
ao seu esquema das coisas. d. Omissões. Certas passagens ou versículos são
simplesmente omitidos, conforme fazem os hiper dispensacionalistas que
declaram que a maior parte do Novo Testamento não pertence à Igreja cristã,
não servindo de autoridade quanto à doutrina cristã. Não há que duvidar que as
tradições tem seu uso. Algumas vezes as tradições ultrapassam, legitimamente,
as Escrituras, mas nem por isso deixam de ser verdadeiras. Por outro lado, com
frequência, essas tradições laboram em erro, adicionando elementos prejudiciais
à fé e à prática. Essas são as tradições que devemos repelir.67
67
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.6. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.466-467.
68
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.
dia tirar nossos sapatos ao vir para o templo? Aqui, o princípio de reverência e
temor a Deus devem ainda nos dirigir. 69
[d] Razão - O teólogo não pode evitar o uso da razão em seu labor
teológico. Por exemplo, somente o fato de ler as Sagradas Escrituras, interpretá-
las, já envolve o uso da razão, seja para ser alfabetizado, ou conhecer os idiomas
originais das Escrituras, utilizar os meios básicos de interpretação de um texto,
etc.70
De acordo com Paul Tillich, teólogo alemão, a razão é uma condição
necessária para a fé, eliminando assim a ideia de uma irracionalidade no
exercício da fé. Para Tillich “somente um ser dotado de razão pode ser possuído
por algo incondicional e distinguir preocupações últimas das provisórias [...]
Assim a razão é uma condição necessária para a fé, e fé é o ato em que a razão
irrompe extaticamente para além de si [...] entre a natureza verdadeira da fé e a
natureza verdadeira da razão não há contradição”71. Champlin observa que a
razão entra perfeitamente em harmonia com a fé religiosa, além de servir para
expressá-la. “A razão exibe logicamente aquilo que a religião sente e põe em
prática. A razão é compatível com a fé religiosa, tendo a função de expressá-la
e defendê-la. Mas a fé cristã, com base na revelação bíblica transcende à razão,
conferindo-nos algumas doutrinas que são inatingíveis para a razão”.72
69
MILHORANZA, Alexandre. As diferenças culturais na interpretação da Bíblia. Disponível em
http://www.milhoranza.com/2009/09/08/hermeneutica-diferencas-culturais/#axzz3vlmaGdmu.
Acesso: 30.12.2015.
70
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.
71
TILLICH, Paul apud Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.442-444.
72
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.558-559.
A resposta hesitante do homem à sua própria pergunta é identificada, valorizada
na fé cristã. À luz da revelação, manifesta-se a superabundância de sentido,
contida no sentido que o homem mesmo descobriu no mundo. 73
QUESTÕES PROPOSTAS
3. Fé é uma atitude operante e um processo que traduz o fato de Deus na experiência do homem. “
Experiência” é viver uma vida cristã normal, por meio da fé em Deus. É expressar a vida de Cristo na
caminhada diária. É provar do sucesso e vitória de Cristo pela demonstração prática do fato de Deus.
73
SCHILLEBEECKX, Edward. Experiência humana e fé cristã: as duas fontes da teologia.
Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-arquivadas/28686-experiencia-
humana-e-fe-crista-as-duas-fontes-da-teologia. Acesso: 30.12.2015.
7. O TEÓLOGO
74
Guia do Estudante da Editora Abril. Disponível em http://guiadoestudante.abril.com/profissoes/
ciencias-humanas-sociais/teologia-687903.shtml. Acesso: 29.12.2015.
75
ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997. p.162.
76
CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Disponível em: http://monergismo.com/?p=789.
Acesso: 29.12.2015.
Sobre o teólogo, a revista Ultimato publicou algo interessante sobre seu
perfil:
77
O teólogo a serviço de Deus e não da teologia. Disponível em
http://www.ultimato.com.br/revista/
artigos/338/o-teologo-a-servico-de-deus-e-nao-da-teologia. Acesso: 29.12.2015.
Quando falamos na operação propriamente dita da teologia, o Guia do
Estudante informa que a área de atuação do teólogo pode ser verificada em
várias frentes, entre elas: [a] Consultoria – Assessorar pessoas e organizações
públicas ou privadas que utilizem a religião no desenvolvimento de seu trabalho;
[b] Ensino - Dar aulas em escolas de ensinos fundamental e médio sobre religião
e ética; [c] ONGs - Orientar grupos religiosos e atender a instituições que
realizam trabalhos sociais voltados para a religião; [d] Pesquisa - Estudar o
fenômeno religioso e sua relação com a atividade humana; e [e] Sacerdócio –
Atuar no ministério formal da igreja.
QUESTÕES PROPOSTAS
1. Nas minhas palavras teólogo é aquele que estuda teologia, estuda as religiões, aqueles que buscam
entender as bases doutrinarias de uma religião.
2. consultoria assessorar pessoas ou organizações publicas ou privada, ensino dar aula em escolas nas
disciplinas de religião no ensino fundamental e também do ensino médio, ONGs orientar grupos
religiosas ou instituições, sacerdócio atuar no ministério formal, pesquisa estudar o fenomeno da religioso
3. o limite do conhecimento que o homem pode ter de Deus é o conhecimento que permite o homem se
relacionar com Deus o criador do universo.
8. DOUTRINA E RELIGIÃO
Essa palavra significa “ensino”... Vem do latim, doctrina, cuja forma verbal ~
docere, "ensinar", O termo tem um sentido geral, podendo referir-se a qualquer
tipo de ensino, como também pode indicar algum ensino especifico, como a
doutrina da salvaçiio. Também pode envolver as ideias de crença, dogma,
conceito ou princípio fundamental ou normativo por detrás de certos atos. Esse
vocábulo traz imediatamente às nossas mentes ideias e ensinamentos
religiosos, porque usualmente é assim que o ouvimos ser dito. A expressão “a
doutrina” pode aludir aos ensinamentos de Cristo, ou ao sistema de ensinos
cristãos. Porém, o propósito da doutrina cristã é a mudança da vida dos cristãos,
pelo que o termo não deve subentender meros conceitos intelectuais e
religiosos, que compõem algum sistema. Essa palavra dá a entender aqueles
ensinos usados pelo Espirito a fim de transformar almas humanas, tornando-as
semelhantes ao seu Mestre. As doutrinas formalizadas na forma de credos
tendem a estagnar a viva energia dos ensinamentos de Cristo. Seus ensinos
apontam para categorias do ser que não podem ser expressas distintamente
como conceitos verbais. Quando Jesus convidou: “...aprendei de mim...” (Mt
11.29), certamente ele não estava pensando em alguma sistematização de
ideias a seu respeito, e, sim, na capacidade transformadora de sua doutrina e
Espírito, capaz de transformar seus discípulos (aprendizes).78
78
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.228-229.
79
Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Melhoramentos: 2009.
4:3-4; Tito 1.2,9, etc.). Podemos dizer, de modo mais completo agora, que
Teologia é o conjunto de verdades extraídas dos ensinos bíblicos a respeito de
Deus e de Sua obra, e que são apresentadas de modo sistemático, na forma de
um corpo de doutrinas. A essa forma ordenada de doutrinas, dá-se inclusive, o
nome de ‘Teologia Sistemática’. O adjetivo aqui, não altera o conceito de
teologia”.80
Alguns aspectos interessantes contribuem para o entendimento da
aplicação do termo “doutrina” em sua aplicação bíblica. Deusimar Barbosa, em
Manancial das Doutrinas bíblicas, observa alguns destes aspectos:
[1] A palavra doutrina vem do hebraico “legach” que significa “ensino, instrução”. É
traduzida por ensino em outras versões bíblicas (TB, NTLH,NVI). [2] Do grego é
“didaché” significa” ensinamento”, aquilo que é ensinado. (Mt 7.28; Tt 1.9; Ap
2.14,15,24), o ato de ensino, instrução (Mc. 4-2; Rm. 16-17). “Didaskalia” significa “aquilo
que é ensinado”, “doutrina, ensino, instrução”(Mt 15.9; Mc 7.7; Ef 4.14; Cl 2.22; 1Tm
1.10; 4.1,6; 6.1,3; Tt 1.9; 2.1,10; Rm 12.7; 15.4; 1Tm 4.13,16; 5.17; 2Tm 3.10,16; Tt 2.7).
O termo didaché é usado apenas duas vezes nas epistolas pastorais (2Tm 4.2; Tt 1.9),
enquanto o termo didaskalia é empregado 15 vezes. Os dois termos são usados nos
sentidos ativos e passivos, ou seja, o ato de ensinar e o que é ensinado. A voz passiva
é predominante em didaché, e a voz ativa, em didaskalia. O primeiro coloca em relevo a
autoridade, o ultimo, o ato. A parte do apostolo Paulo, os outros escritores só usam o
termo didaché, exceto em Mt 15.9 e Mc 7.7, que usa didaskalia. [3] Do latim é “doctrina”,
do verbo “docio”, que significa “ensinar, instruir, educar”. Portanto a palavra doutrina é o
“conjunto coerente de idéias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas”. Ressalto
que doutrina do latim doctrina, significa “ensino, instrução dada ou recebida, arte, ciência,
doutrina, teoria, método.” [4] Quando falamos de doutrina bíblica estamos falando do
ensino das Sagradas Escrituras. A Bíblia Sagrada é a palavra de Deus e, portanto, o
ensino das Sagradas Letras, nada mais é que o puro ensino da Bíblia, o ensino da
palavra de Deus, o ensino de Deus ao homem, acerca da salvação do homem, de Jesus
Cristo, o Senhor e Salvador, do Espírito Santo, o consolador, da Criação dos céus e da
terra, do pecado, da origem, queda, restauração e destino final do homem, missão e
destino da Igreja e do porvir. Portanto, doutrina é o ensino que Deus concede ao homem
a partir da sua poderosíssima palavra da revelação de Deus à humanidade caída em
pecado, que está inserida nas Sagradas Escrituras. [5] É um conjunto de princípios que,
80
SANTOS, João Alves dos. A igreja precisa de teologia? Disponível em
http://www.soluschristus.com.br/2010/06/igreja-precisa-de-teologia.html. Acesso: 23.12.2015.
tendo como base as Sagradas Escrituras, orienta o nosso relacionamento com Deus,
com a Igreja e com os nossos semelhantes. 81
81
BARBOSA, Deusimar. Manancial das Doutrinas Bíblicas - Fortalecendo e edificando a nossa
fé sobre o fundamento dos apóstolos e de Cristo. Disponível em:
http://profdeusimarbarbosa.blogspot
.com/2009/07/deusimar-barbosa-manancial-das.html. Acesso em 19 de dezembro de 2015.
religioso, e por outro lado a pessoa pode ser verdadeiramente religiosa sem
possuir um conhecimento sistemático doutrinário”.82
QUESTÕES PROPOSTAS
82
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2004. p.5.
9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ
83
COUTO, Geremias. E agora, como viveremos? A Igreja ante os desafios dos últimos dias.
Lições Bíblicas – Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p.7-8.
A fé diz respeito à “palavra bíblica que se refere tanto à crença intelectual
quanto à confiança ou ao compromisso em um relacionamento”84. Num sentido
amplo é uma ação de demonstração de confiança sobretudo na figura de uma
outra pessoa. Para Grenz, “os autores bíblicos geralmente não fazem distinção
entre fé como crença e fé como confiança, mas tendem a considerar que a
verdadeira fé consiste tanto no que se crê (e.g., que Deus existe, que Jesus é o
Filho de Deus) quanto no compromisso para com uma pessoa digna de
confiança e capaz de salvar (i.e., confiança na pessoa de Cristo como meio de
salvação)”85. Assim, cosmovisão imprime no indivíduo uma fé, que no caso
religioso, manifesta-se na confiança em Deus.
Numa análise bíblica clássica, o termo “fé” tem origem na palavra hebraica
heemim, no grego pisteuô e no latim fidem. O texto bíblico de Hebreus 11.1
define a “fé” como sendo o firme fundamento das coisas que se esperam, e a
prova das coisas que se não veem. Andrade destaca que a “fé” é “a confiança
que depositamos em todas as providências de Deus. É a crença de que Ele está
no comando de tudo, e que é capaz de manter as leis que estabeleceu. É a
convicção de que a sua Palavra é a Verdade. Enfim, é a tranquilidade que
depositamos no plano de salvação por Deus estabelecido, e executado por seu
Filho, no Calvário”86.
Vine, na observação etimológica’ do termo “fé, destaca que:
84
GRENZ, Stanley J. et al. Dicionário de Teologia. São Paulo: Vida, 1999. p.57.
85
Ibidem.
86
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. p.156.
87
VINE, W.E. et. al. Dicionário Vine - Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo
Testamento e do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. p.648.
Vine destaca que os principais elementos da “fé" em sua relação com o
Deus invisível, em distinção da “fé” no homem, são ressaltados sobretudo no uso
deste substantivo e do verbo correspondente, pisteuõ. Diz ele:
88
Ibidem.
89
BUCKLAND, A.R. “Fé”. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Vida, 2007. p.874.
90
Ibidem.
Na análise de Buckland é possível verificar que a fé não se trata de uma
atitude irracional, pelo contrário, ela é fruto de uma revelação que permite ao
indivíduo experimentar um relacionamento com o seu Deus. Geralmente, a
liquidez do mundo atual, que não encaixa-se de forma equilibrada em valores e
princípios, julga ser esta confiança uma experiência ilusória, sem comprovação
crível, atribuindo à ela um conceito de limitação frente à uma infinidade de
caminhos. Esta visão que despreza a experiência da fé, pouco tem contribuído
para a formação de um indivíduo saudável e relevante para o mundo em que
vive.
Esses termos descrevem a relação que existe entre o homem e Deus. A
fidelidade é resultado da confiança depositada no próprio Deus, e esta relação é
pouco compreendida pelo homem que não vive esta experiência. Tenney
destaca que a fé e a fidelidade “são, em alguns aspectos, correlativos, pois a fé
do homem é aquilo que responde a e é sustentada pela fidelidade de Deus. Em
outros aspectos pode ser um desenvolvimento de pensamento, pois a fé por
parte do homem deveria levá-lo à fidelidade”91.
91
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Vol. 2. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p. 776-777.
92
Ibidem.
como sendo fruto de uma ignorância cultural e científica. Viver na sociedade que
despreza o absoluta e rechaça a fé, é um desafio que exige convicções cada vez
mais profundas.
Fé tem a ver com sentido último, com valores sobre os quais se funda a
existência humana. Este sentido e estes valores, necessariamente, se
expressarão concretamente numa “ideologia”, que para Segundo é todo o
sistema de meios racionais para concretizar e expressar estes valores. Enquanto
a fé tem a ver com sentido, a ideologia tem a ver com eficácia. Importante é que
se trata de “dimensões humanas diferentes e complementares” (Segundo, p.33).
Nesta perspectiva, Segundo resguarda a dimensão da fé como insubstituível e
ao mesmo tempo libera o ser humano para, com sua racionalidade, lutar por
justiça e libertação, dentro de suas coordenadas sociopolíticas concretas. 93
93
SEGUNDO, Juan Luis apud Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.442-
444.
94
LIETH, Thomas e LIETH, Norbert. O que é realmente o fundamentalismo. Disponível em
http://www.chamada.com.br/mensagens/fundamentalismo.html. Acesso: 17.02.2014.
95
Ibidem.
um indivíduo intransigente, exclusivista e incapaz de viver na plenitude da vida
com a sociedade, em contraste com a história antiga, que considerava o
fundamentalista alguém digno de louvor pela bravura da defesa de seus ideais.
Todas as formas de conservadorismo passaram a ser caracterizadas de
fundamentalismo, afirma Lieth: “A pessoa que defende sua posição com
entusiasmo e veemência é ‘fundamentalista’. A conjuntura, na qual, o tema
fundamentalismo aparece, está ligada aos contornos nada precisos do conceito
e da questão fundamentalismo. Quanto mais imprecisos são os contornos, tanto
mais facilmente se pode caracterizar algo ou alguém de fundamentalismo ou de
fundamentalista”96. Do ponto de vista histórico, o conceito de “fundamentalismo”
teve sua origem no mundo ocidental cristão, sobretudo para manifestar oposição
aos valores defendidos pelo liberalismo no século XIX:
96
Ibidem.
97
Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.452-456.
teológica, tivemos um curso intitulado «História do Fundamentalismo», que
acompanhava as raízes do fundamentalismo por todas as Escrituras Sagradas,
com o intuito de mostrar que, sem importar o título usado, as figuras da Bíblia
foram todas fundamentalistas, e que assim deveriam ser todos os crentes na
Bíblia. Quanto ao tipo, o fundamentalismo é aparentado da teologia evangélica
da época anterior à Iluminação, embora defira da mesma por rejeitar,
deliberadamente, os métodos e conclusões da crítica bíblica histórica do penado
posterior à Iluminação. Os teólogos mais antigos não haviam tratado mais
extensivamente as questões envolvidas naquele desenvolvimento, porquanto
foram produto de eruditos dos séculos XIX e XX. 98
98
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.829.
99
GALINDO, Florencio. O fenômeno das seitas fundamentalistas. Petrópolis: Vozes, 1995.
p.167.
100
Ibidem.
crenças cristãos”.101 O fundamentalismo contribui também para a evangelização
e para o zelo da fidelidade à Palavra de Deus. Em linhas gerais, o
fundamentalismo é uma ação, que em sua essência, se contrapõe aos valores
antibíblicos e anticristãos, que se levantam em todos os períodos da história.
QUESTÕES PROPOSTAS
1. O que significa ser fundamentalista? alguem ou algum grupo religioso que defende veemente
seus ideiais
POR QUE ALGUNS GRUPOS RELIGIOSOS TEM TEM SIDO FUNDAMENTALISTAS EXTREMAMENTE
VIOLENTOS COM A SOCIEDADE.
101
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.829.
REFERÊNCIAS
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