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SUMÁRIO

1. O QUE É TEOLOGIA

2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA

3. DIVISÃO CLÁSSICA DA TEOLOGIA

3.1 Teologia Exegética


3.2 Teologia Histórica
3.3 Teologia Dogmática
3.4 Teologia Bíblica
3.5 Teologia Sistemática

4. TEOLOGIA PENTECOSTAL

5. A NECESSIDADE DE “FAZER” TEOLOGIA

5.1 A teologia nas funções da igreja

6. FONTES DA TEOLOGIA

7. O TEÓLOGO

8. DOUTRINA E RELIGIÃO

9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ
1. O QUE É TEOLOGIA

Diversos são os conceitos e entendimentos sobre a “teologia”. É


imprescindível o entendimento do termo para evitar equívocos sobre seu real
significado. De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, é difícil encontrar uma
boa e abrangente definição para a teologia, pois praticamente todas elas são, ou
simples demais, ou tendem a dar mais importância a uma das fontes de uma
teologia totalmente desenvolvida, excluindo outras.1 A teologia sofreu
preconceito em todas as eras da história e por diversas ocasiões recebeu o
tratamento de mitologia pagã. Orígenes foi o primeiro a empregá-lo no contexto
cristão como “a sublimidade e a majestade da teologia”. A partir de Eusébio de
Cesaréia, a palavra popularizou-se no cristianismo.2
A teologia não foi criada por si mesma, no sentido que a revelação e a fé
tenham-na criado ou construído. As duas palavras gregas que formam o termo
indicam o seu objetivo. “O termo teologia vem do grego theôs, "deus", e Iogos,
"estudo", "discurso", "raciocínio". Assim, essa palavra indica o estudo das coisas
relativas a Deus, à sua natureza, obras e relações com os homens, etc. Uma
definição léxica diz: um corpo de doutrinas acerca de Deus, incluindo seus
atributos e relações como homem; especialmente aquele corpo de doutrinas
estabelecido por alguma igreja ou grupo religioso em particular". Essa é uma
definição restrita. Mas esse vocábulo também é usado em um sentido mais geral:
"O estudo da religião, que culmina em uma síntese ou filosofia da religião; além
disso, uma pesquisa crítica da religião, especialmente da religião cristã". 3
Charles Ryrie destaca que existem pelo menos três elementos incluídos
no conceito geral de teologia:

[1] Teologia é inteligível. Ela pode ser compreendida pela mente humana de
maneira ordenada e racional. [2] Teologia requer explicação. Isso, por sua vez,
envolve a exegese (análise dos textos no original) e a sistematização de ideias.
[3] a fé cristã tem sua base na Bíblia, por isso a teologia cristã é um estudo

1
PFEIFFER, Charles F. et. al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p.1910.
2
SOARES, Esequias et. al. Teologia Sistemática, Rio de Janeiro: CPAD, 2011. p.51.
3
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.396.
baseado na Bíblia. Logo, teologia é a descoberta, a sistematização e a
apresentação das verdades a respeito de Deus.4

Para Geisler a teologia é o estudo daquilo que é referente a Deus, seja a


sua natureza, as suas obras, bem como a sua relação com a sua criação (o
homem). É um discurso racional a respeito de Deus.5 Berkhof diz em sua
sistemática que a Teologia é o conhecimento sistematizado de Deus de quem,
por meio de quem, e para quem são todas as coisas.6 Para Rahner, teologia é a
explanação e explicação consciente e metodológica da revelação divina
recebida e apreendida na fé (…) A tarefa da teologia é articular os elementos
conceituais implícitos na fé cristã.7
Na construção de um bom conceito para a teologia, Medrado faz uma
observação: De que se trata a teologia? De Deus e tudo o que se refere a ele,
isto é, o mundo universo: a criação, a Salvação e tudo o mais. E isso está já na
palavra mesma de “teologia” estudo de Deus. Mas como Deus é o determinante
de tudo, então, qualquer coisa pode ser objeto de consideração do teólogo.
Deus, com efeito, pode ser definido como a realidade que determina todas as
realidades.8
No contexto da religião cristã, Myatt afirma que “a teologia não é o estudo
de Deus como algo abstrato, mas é o estudo do Deus pessoal revelado na Bíblia.
Necessariamente isso inclui tudo o que é revelado sobre Ele e as suas obras e
relações com as criaturas”.9 Para Strong a “teologia é a ciência de Deus e das
relações entre Deus e o universo”. De acordo com Gruden, “teologia é o estudo
de Deus e de todas as suas obras”. Para Hodge “teologia não é somente ‘a
ciência de Deus’ nem mesmo ‘a ciência de Deus e do homem’, ela também dá
conta das relações entre Deus e o universo”. Um bom conceito para a teologia

4
RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
p.15.
5
GEISLER, N. Teologia Sistemática: Introdução à teologia. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
p.11.
6
BERKHOF, Louis.
7
RAHNER, apud RAUSCH, T. P. Introdução à Teologia. São Paulo: Paulus, 2004. p.15.
8
MEDRADO, Eudaldo Freitas. Introdução à Teologia. Disponível em
http://www.famedrado.kit.net/
Canal%2004/01.htm. Acesso: 19.11.2015.
9
MYATT, Allan e FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Faculdade
Teológica Batista de São Paulo, 2002. p.12.
deve considerá-la como o estudo das relações do Criador (Deus) com a criatura
(homens).
Conceituar a teologia simplesmente como o estudo de Deus seria muita
presunção para o ser humano, uma vez que, Deus, transcende o entendimento
humano. Em outras palavras, a mente humana é incapaz de estudar, ou
conhecer a Deus na sua plenitude. Deus se revela ao homem, e este, é capaz
de conhecê-lo. O conhecimento produz um relacionamento, que não
necessariamente, permita um conhecimento pleno da “mente” de Deus. O
relacionamento produzido por um relacionamento íntimo com Deus permite ao
homem viver na plenitude daquilo que Deus projetou para ele. Deus é conhecido
através das suas obras e das suas atividades. Por isso a teologia dá conta destas
atividades na medida que elas acompanham o nosso conhecimento.
Deus pode ser conhecido e é possível ao homem conhecer a Deus. Isso
torna a teologia plenamente possível. De acordo com Strong existem ao menos
três possibilidades para a teologia: [a] Deus é um ser real que se relaciona com
o universo; [b] A mente humana é capaz de conhecer a Deus e perceber sua
relação com o universo; e [c] Deus provê sua revelação (João 17.3: E a vida
eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste. Efésios 1.17: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de
revelação).
Hordern destaca que a teologia é um tratado ou desenvolvimento bem
ordenado do pensamento que se possa obter a respeito de Deus. De acordo
com este autor “a palavra ‘Deus’ não pode ser definida de forma exaustiva, mas
é normalmente empregada para representar o que quer que se creia como sendo
o fato ‘último’, a fonte da qual tudo o mais teria provindo, o valor supremo ou a
origem de todos os valores da existência. Deus vem a ser o ente admitido como
sendo digno de constituir-se no alvo e no propósito da vida. A luz de tais
considerações, torna-se evidente que ninguém poderá passar sua existência
sem a adoção de alguma forma de teologia”.10
De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe o termo “teologia” pode ser
usado tanto para abranger um estudo dogmático de uma parte das Escrituras,

10
HORDERN, William E. Teologia Contemporânea. São Paulo: Hagnos, 2004. p.5.
como do todo. Dessa forma, é correto falar da teologia do Antigo Testamento ou
da teologia do Novo Testamento. O termo “teologia”, segundo este dicionário,
assume um sentido mais amplo, ou seja, tem a finalidade de cobrir todo o
conteúdo do ensino das Escrituras que o homem pode vir a conhecer em relação
à Deus, e também o relacionamento de Deus com tudo o que Ele criou.11
A teologia cristã estruturou-se na história relacionando-se com a filosofia.
Sobre esta relação e sobre a história da teologia cristã Domingos destaca que:

Um fato importante da História da Teologia cristã, é que ela exige,


inevitavelmente, certa consideração sobre a filosofia e as influências filosóficas.
A partir do século II, quando começa a nossa história, a filosofia torna-se a
principal interlocutora da teologia, e mesmo com a oposição de alguns pais da
Igreja, como por exemplo, o teólogo cristão norte-africano Tertuliano, quando
perguntou retoricamente: "O que Atenas tem que ver com Jerusalém? E o que
a Academia tem que ver com a igreja?", querendo protestar contra o uso
crescente da filosofia grega (Atenas/academia) pelos pensadores cristãos que
deveriam ter se fundamentado exclusivamente nas escrituras e em fontes cristãs
(Jerusalém/igreja). O Pai da igreja e apologista, Justino Mártir referiu-se ao
cristianismo como a "Filosofia verdadeira", ao passo que o mestre cristão do
século III, Clemente de Alexandria, identificou o pensador grego Sócrates como
um "cristão antes de Cristo", já tempos mais tarde, no século XIII, o pensador
Blaise Pascal, asseverou que o "deus dos filósofos não é o Deus de Abraão,
Isaque e Jacó!" O relacionamento entre a reflexão cristã e a filosofia constitui
uma parte muito importante da história da teologia cristã, e fornece algumas das
tensões mais emocionantes dessa história. E para seu melhor estudo, a teologia
cristã foi dividida em períodos, os quais são: [a] O período Patrístico, c. 100 -
451; [b] A idade Média e o Renascimento, c. 1050 - c.1500; [c] Os períodos das
Reformas e da pós-Reforma, c. 1500 - c. 1750; [d] O período Moderno e o pós-
Moderno, c. 1750 - até os dias atuais. Fica evidente a dificuldade de traçar linhas
divisórias nítidas entre muitos desses períodos, por exemplo, as relações entre
a idade média, o renascimento e a reforma são controvertidos, e alguns
acadêmicos entendem que os dois últimos períodos são uma continuação do
primeiro, embora outros os vejam como períodos totalmente distintos um do
outro. O que podemos afirmar é que a história da Teologia Cristã começa no
século II, cerca de cem anos depois da morte e ressurreição de Cristo, com o
início da confusão entre os cristãos no Império Romano, tanto dentro quanto fora
da Igreja. Os desafios internos principais eram semelhantes a cacofonia de

11
PFEIFFER, Charles F. et. al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p.1910.
vozes que muitos cristãos em nossos dias chamariam de "seitas", ao passo que
os desafios externos eram semelhantes as vozes que muitos hoje chamariam
"céticos". É dessas vozes desafiadoras que surgiu a necessidade e os
primórdios da ortodoxia - uma declaração definitiva daquilo que é teologicamente
correto.12

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Um bom texto sobre o conceito de teologia pode ser verificado em


http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/teologia-o-que-e.

QUESTÕES PROPOSTAS

1. A teologia é plenamente possível, ou seja, sua ação é prática. Justifique com


suas palavras essa afirmação.

2. Qual a relação do texto de Jo 17.3 e Ef 1.17 com a construção de um conceito


para a teologia?

3. Crie um conceito sobre a teologia com suas palavras.

12
OLSON, Roger E. História da Teologia Cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo:
Editora Vida, 2001. p. 668.
2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA

O alvo da teologia é permitir que o homem se relacione com seu criador


e compreenda a manifestação deste no desenvolvimento da história. O alvo da
teologia está centrado em Deus, em especial, no seu plano de salvação para o
homem por intermédio de Cristo.

A Teologia se distingue da Teodicéia, que é o conjunto de conhecimentos que o


homem pode chegar a ter de Deus sem ajuda da Revelação sobrenatural e se
limita a estudar a existência, o ser e os atributos divinos. A ciência teológica
estuda o ser de Deus, na medida em que pode ser alcançado. Não se esquece
nunca que Deus é um mistério, não é um objeto do qual se possa dar informação
como dos outros seres. Que a Teologia é a ciência de Deus significa que tudo
se trata nela principalmente desde o ponto de vista divino. A distinção tradicional
é a seguinte: [1] Objeto material – é a realidade da que propriamente se ocupa
a Teologia. O objeto é Deus e todas as realidades por Ele criadas e governadas
por seu desígnio salvador. O objeto material primário ou principal é Deus e o
objeto secundário são todas as coisas criadas enquanto ordenadas a Deus. [2]
Objeto formal, indica o ponto de vista. Um é o objeto formal “quod”: o que é
próprio de Deus. “Deus sub ratione Deitatis” e o objeto formal “quo” designa a
luz intelectual sob a que o objeto é considerado. Neste caso, a razão iluminada
ou guiada pela fé.13

A teologia deve promover a fé, deve incentivar o homem a viver de forma


justa por intermédio do desenvolvimento de uma vida de fé. Rm 1.16,17 diz:
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus
para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas
o justo viverá pela fé”. Para Buckland a simples fé implica uma disposição de
alma para confiar noutra pessoa. Difere de credulidade, porque aquilo em que
a fé tem confiança é verdadeiro de fato, e, ainda que muitas vezes transcenda a
nossa razão, não lhe é contrário. A credulidade, porém, alimenta-se de coisas
imaginárias, e é cultivada pela simples imaginação. A fé difere da crença porque
é uma confiança do coração e não apenas uma aquiescência intelectual. A fé é

13
FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em
www.itsimonton.tripod.com/apostila_
teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015.
uma atitude, e deve ser um impulso. A fé cristã é uma completa confiança em
Cristo, pela qual se realiza a união com o Seu Espírito, havendo a vontade de
viver a vida que Ele aprovaria.14
Para Frisotti a teologia pode ser compreendida com sendo uma ciência
em que a razão do crente, guiada pela fé teologal, se esforça para compreender
melhor os mistérios revelados em si mesmos e em suas consequências para a
existência humana.15 Sobre fé e teologia Frisotti destacou que:

A fé é assentir a uma verdade enquanto digna de ser crida. O próprio da Teologia


é analisá-la. O motivo formal da fé é a autoridade de Deus que se revela; o da
Teologia é a percepção da razão da inteligibilidade do crido. A fé é sempre
pressuposto absoluto da Teologia. De modo que a Teologia deve ser feita desde
dentro e a partir da fé, e é assim algo mais que uma simples reflexão racional
sobre os dados da revelação. Por isso afirma Agostinho: “intelligere ut credas,
credere ut intelligas” (deves entender para crer e deves crer para entender).
Anselmo de Canterbury entendia a Teologia como “fides quarens intellectum”; a
fé que busca entender, não por curiosidade, mas por amor e veneração ao
mistério. O crente não discute a fé, mas mantendo-la firme busca dar razões do
por que da fé. Portanto, a Teologia é desenvolvimento da dimensão intelectual
do ato de fé. É uma fé reflexiva, fé que pensa, compreende, pergunta e busca.
Trata de elevar, dentro do possível credere ao nível do intelligere. O Teólogo se
apóia no conhecimento de Deus pela fé, na razão humana e nas suas
descobertas certas. Então, com tudo isto, o Teólogo tenta ordenar e interpretar
os dados que são objeto de fé, de modo que se veja sua unidade tal como Deus
o dispôs.16

Em seu estudo sobre a natureza da teologia, Frisotti, tem um olhar


interessante sobre ela ao observar que ela possui objetivo positivo e
especulativo. O texto abaixo é um resumo do pensamento de Frisotti.
A Teologia positiva é a ciência do conteúdo integral da Revelação, que
tenta determinar e traçar toda a história documental do objeto crido em sua
revelação, sua transmissão e sua proposição. Deseja conhecer o corpo ou a
forma externa do dado revelado, com o estilo metódico e exaustivo que é próprio

14
BUCKLAND, A.R. “Fé”. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Editora Vida, 2007.
15
FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em
www.itsimonton.tripod.com/apostila_
teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015.
16
Ibidem.
das ciências positivas. Faz isso para chegar a uma inteligência mais profunda
da Palavra de Deus.
Trata de responder à seguinte pergunta, qual é exatamente a verdade
revelada por Deus? Procura determinar e estabelecer o que Deus revelou e
como o revelou, se o fez diretamente o indiretamente, de modo explícito o
implícito, com expressões obscuras ou claras. E porque as doutrinas reveladas
não se encontram sempre com a mesma nitidez, costuma ser necessário um
trabalho de interpretação de termos e expressões.
Teologia especulativa: aprofunda nas verdades reveladas, mostra sua
inteligibilidade, a conexão e harmonia que reina entre elas, servindo-se da ajuda
das ciências humanas. Leva a uma compreensão mais funda do dado revelado.
Mas não deve ser confundida com uma simples especulação; não é a aplicação
de uma filosofia técnica à compreensão da doutrina revelada mas a Teologia
especulativa cai sob o controle e ob a luz do mistério de salvação. Não é uma
super-estructura da Teologia positiva, senão o pensamento especulativo se
encontra englobado na Teologia positiva. O dado de fé não é unicamente o ponto
de partida; é o princípio vital que a anima ao longo de todo seu recorrido de
reflexão crente.
A possibilidade da Teologia especulativa se fundamenta numa
epistemologia realista: a doutrina revelada pressupõe que a mente humana se
ordena à verdade e é capaz de conhecer a Deus de maneira limitada e certa.
Para isso, tem grande importância o tema da analogia. Permite-nos falar de Deus
de modo que nosso linguagem tenha sentido. Algo podemos dizer de Deus ainda
que Ele não pode ser explicado univocamente.
A Teologia especulativa possui duas grandes tarefas: compreender e
organizar o dado revelado. 1. Compreende o melhor possível o dado revelado.
Não quer dizer que os mistérios possam ser demonstrados o assimilados como
si fossem dados totalmente evidentes. Mas que é a busca do sentido preciso que
se encerra na fé e a relação dos mistérios entre si. 2. Trabalho sistemático: a
Teologia procura expor com rigor os preâmbulos da fé (mostrar que a fé, ainda
que não seja evidente, não é absurda). Apresentar una síntese dos mistérios da
fé (de modo que se mostre o melhor possível a unidade e a coerência da doutrina
revelada). E relacionar seus dados e conclusões com o mundo da ciência e da
cultura.17

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre o objeto da teologia em


http://www.webartigos.com/artigos/um-ensaio-sobre-o-objeto-de-estudo-da-
teologia/54465/

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Qual a diferença entre Teologia e Teodiceia?

2. Explique a diferença entre fé e credulidade.

3. Qual a diferença entre teologia positiva e teologia especulativa?

1. Teodicéia, que é o conjunto de conhecimentos que o


homem pode chegar a ter de Deus sem ajuda da Revelação sobrenatural e se
limita a estudar a existência, o ser e os atributos divinos. A ciência teológica
estuda o ser de Deus, na medida em que pode ser alcançado.

2. fé é crer ter uma completa confiança em Deus, fé é confiança de coração. CREDULIDADE


credulidade, porém, alimenta-se de coisas
imaginárias, e é cultivada pela simples imaginação.

3. A diferença A teologia positiva privilegia as pesquisas da Sagrada Escritura, dos Padres da Igreja, os
ensinamentos dos Concílios, da liturgia e de outros relatos da Tradição. Confere um valor especial à
teologia bíblica e à história dos dogmas. Dedica muita atenção à análise e à síntese dos ensinamentos
do magistério da Igreja.

TEOLOGIA ESPECULATIVA: Teologia especulativa: aprofunda nas verdades reveladas, mostra sua
inteligibilidade, a conexão e harmonia que reina entre elas, servindo-se da ajuda
das ciências humanas. Leva a uma compreensão mais funda do dado revelado.

17
FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em
www.itsimonton.tripod.com/apostila_
teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015.
3. DIVISÃO CLÁSSICA DA TEOLOGIA

Antes de tratar diretamente sobre a divisão da teologia, é importante


destacar que a mesma pode ser catalogada de diversas maneiras. Charles
Ryrie aponta três tipos de teologia: [a] Por época – por exemplo, teologia
patrística, teologia medieval, teologia reformada e teologia contemporânea; [b]
Por ponto de vista – por exemplo, teologia arminiana (defendida por Armínio),
teologia calvinista (defendida por João Calvino), teologia barthiana (defendida
por Karl Barth), teologia da libertação, etc.; e [c] Por ênfase – por exemplo,
teologia histórica, teologia bíblica, teologia sistemática, teologia apologética,
teologia exegética, etc.18
A divisão clássica da teologia geralmente tem como base o tipo de
teologia por ênfase, objetivando organizar os assuntos para facilitar seu estudo
e sua compreensão. Basicamente, numa perspectiva clássica, a teologia divide-
se em cinco partes: teologia exegética, teologia histórica, teologia dogmática,
teologia bíblica e teologia sistemática. É possível encontrar em outros autores
diferentes divisões, fato que não invalida o posicionamento clássico, apenas
divide a teologia nas diversas perspectivas que ela pode ser observada. Myer
Pearlman, observa do ponto de vista clássico, a teologia classificada da
seguinte maneira:

[1] A teologia exegética (exegética vem da palavra grega que significa "sacar"ou
"extrair" a verdade) procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras.
Um conhecimento das línguas originais nas quais foram escritas as Escrituras
pertence a este departamento da teologia. [2] A teologia histórica traça a história
do desenvolvimento da interpretação doutrinária, e envolve o estudo da história
da igreja. [3] A teologia dogmática é o estudo das verdades fundamentais da fé
como se nos apresentam nos credos da igreja. [4] A teologia bíblica traça o
progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia, e descreve a maneira
de cada escritor apresentar as doutrinas importantes. Por exemplo: segundo
este método ao estudar a doutrina da expiação estudar-se-ia a maneira como
determinado assunto foi tratado nas diversas seções da Bíblia — no livro de Atos,
nas Epístolas, e no Apocalipse. Ou verificar-se-ia o que Cristo, Paulo, Pedro ou
João disseram acerca do assunto. Ou descobrir-se-ia o que cada livro ou seção
das Escrituras ensinou concernente às doutrinas de Deus, de Cristo, da

18
RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
p.15-16.
expiação, da salvação e de outras. [5] A teologia sistemática. Neste ramo de
estudo os ensinos bíblicos concernentes a Deus e ao homem são agrupados em
tópicos, de acordo com um sistema definido; por exemplo, as Escrituras
relacionadas à natureza e à obra de Cristo são classificadas sob o título:
"Doutrina de Cristo".19

3.1 Teologia Exegética

A teologia exegética busca o verdadeiro significado das Escrituras. Esse


termo vem do grego, “ex” (fora) e “agein” (guiar), ou seja, “liderar” ou “explicar".
Champlin destaca que a palavra portuguesa exegese é usada para indicar
“narrativa”, “tradução” ou “interpretação”. Dentro do contexto teológico, a ênfase
recai sobre a interpretação de modos formais de explicação que podem ser
aplicados a algum texto, a fim de se compreender o seu sentido. Na linguagem
técnica, a exegese aponta para a interpretação de alguma passagem literária
específica, ao mesmo tempo em que os princípios gerais aplicados em tais
interpretações são chamados hermenêutica.20
O contrário da exegese é a eisegese. Sobre a eisegese Champlin diz que
este termo significa ler no texto aquilo que alguém quer encontrar ali, mas que,
na realidade, não se encontra no mesmo, ou então significa distorcer um texto
para adaptá-lo às próprias ideias do intérprete. Portanto, o quanto a exegese é
séria, a eisegese não passa de uma burla. A maioria das pessoas que se envolve
na exegese também pratica alguma eisegese.21
De acordo com Arantes a interpretação não é uma atividade tão
complexa: “A maior parte da Escritura é, na verdade, de fácil entendimento.
Ninguém precisa ser versado nos originais para compreender o seu propósito
salvífico. Sua mensagem é basicamente simples. Todo aquele que dela se
aproxima pode ser educado na justiça. Contudo, existem certas partes que não
são de tão fácil compreensão, sendo de suma importância que o intérprete-leitor,
tenha algumas qualificações.”22

19
Ibidem. p.10-11.
20
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.617.
21
Ibidem.
22
ARANTES, Fernando. A Bíblia, seu intérprete e sua interpretação. Disponível em
http://www.ipjg.org.br/ed/VisaoBiblica/Textos/2007/A-Biblia-seu-Interprete-e-sua-Interpretacao-
a.doc. Acesso: 23/04/2009.
Milton S. Terry afirmou que as qualificações de um intérprete competente
podem ser ditas como: Intelectual, educacional e espiritual. Para ele o intelecto
entra justamente na percepção clara do significado do texto. A argumentação
lógica do autor sacro pode ser percebida por alguém que esteja atento
intelectualmente. Um exemplo é a clara divisão que o apóstolo Paulo faz da carta
aos Efésios, colocando nos capítulos 1-3 um bloco eminentemente doutrinário e
de 4-6 outro bloco eminentemente prático. Uma mente analítica, que saiba
discernir o que um texto está ensinando é muito importante para o intérprete.
A imaginação, segundo Terry precisa ser controlada. Algumas pessoas
têm uma mente fértil demais e isto pode prejudicar a boa interpretação do texto.
O intérprete deve usar sua mente para analisar, comparar e examinar a
Escritura. A razão deve ser aplicada em cada parte da Escritura. A Bíblia foi
escrita em linguagem humana, apela a nossa razão, convida a investigação e
pesquisa, condena a crença cega. A maior tarefa de um intérprete é ensinar o
que aprendeu, e ensinar outros extraírem o aprendizado da Escritura. Sem isso
em mente a interpretação não terá tanto valor. O apóstolo recomenda a Timóteo:
“Ora, é necessário que o servo do Senhor seja... apto a instruir...” (2 Tm 2:24)23
Para Terry a qualificação educacional compreende os fatos acerca dos
quais o intérprete deve estar inteirado, fatos que são aprendidos com estudo e
pesquisa. A geografia da Palestina e regiões vizinhas que influenciaram nos
escritos bíblicos. As histórias gerais e bíblicas são também importantes no que
tange a confirmação e complementação da revelação que nos é trazida na
Escritura – complementação histórica. A cronologia, o discernimento de tempos
e épocas é também de especial valor na interpretação. Os sistemas políticos que
envolveram a revelação bíblica esclarecem também a compreensão do que foi
revelado. O modo de produção, o sistema escravista, o comércio, as guerras,
tudo isto pode ser adquirido com pesquisa e estudo. Mais uma vez temos a
exortação do apóstolo que diz a Timóteo: “Até a minha chegada aplica-te à
leitura, à exortação ao ensino. Não te faças negligentes para com o dom que há
em ti...” (1Tm. 4:13, 14).24
A qualificação espiritual é, também, fundamental à interpretação bíblica,
Intelecto e estudo são importantes, mas sem contato com o Espírito Santo que

23
TERRY, Milton S., Biblical Hermeneutics. Grand Rapids, MI: Zondervan 1977. Pp.151-158.
24
Ibidem.
é o autor da Bíblia tudo é incompleto, afirma Terry. Portanto como ensina o Dr.
Loyd Jones “é imprescindível que haja uma aproximação espiritual no texto. O
pecado pode vendar nossos olhos a ponto de não enxergarmos com clareza a
vontade de Deus revelada em um texto estudado mesmo com empenho. O maior
objetivo do intérprete deve ser o de alcançar a verdade, preceito ou doutrina do
texto estudado. Não podemos permitir que o texto fale o que queremos ouvir,
mas lutar para ouvir o que o texto tem a nos dizer. O apóstolo Paulo nos exorta
dizendo: “Por isso o pendor da carne é inimizado contra Deus, pois não está
sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8.7).25

3.2 Teologia Histórica

A teologia histórica traça a história do desenvolvimento da interpretação


doutrinária, e envolve o estudo da história da igreja. Segundo Matos, a teologia
histórica também conhecida como história da teologia ou história da doutrina,
tem estreita conexão com duas áreas muito importantes: a história da Igreja e a
teologia cristã. Sobre isto Matos diz:

Levanta-se então a seguinte pergunta: A teologia histórica é primordialmente


história ou teologia? Qual das duas ênfases é predominante? Variam as
posições dos autores sobre essa questão, mas não seria incorreto dizer que ela
tem estreita e igual conexão com essas duas áreas correlatas. Inicialmente, é
necessário considerar como a teologia histórica se encaixa nas subdivisões dos
estudos históricos do cristianismo. A história da Igreja é a mais ampla das
disciplinas que tratam do passado cristão. É o estudo da caminhada e do
desenvolvimento da Igreja através dos séculos, em muitas áreas diferentes:
missões e expansão geográfica; culto, liturgia e sacramentos; espiritualidade e
vida cristã prática; organização, estrutura e forma de governo; pregação,
arquitetura e arte sacra; relacionamento com a sociedade, a cultura e o Estado.
Enfim, pode-se afirmar que a história da Igreja ou do cristianismo inclui tudo o
que a Igreja faz no mundo, sendo essencialmente um estudo e uma narrativa de
eventos, personagens e movimentos. Inclui o que hoje se denomina história
institucional e história social. Todavia, a história da Igreja, além de analisar a
prática da Igreja, também aborda seu pensamento, aquilo que ela ensina. Isto
se relaciona mais concretamente com a teologia histórica. Os tópicos acima
podem ser considerados com base em duas perspectivas. Por exemplo: a prática

25
Ibidem.
da Igreja na área de missões (história da Igreja) e a reflexão que ela faz sobre
sua missão (história da teologia), ou a evolução de suas práticas litúrgicas
(história da Igreja) e a reflexão sobre o significado do culto e da liturgia (teologia
histórica). Esse estudo do pensamento e do ensino da Igreja pode ter várias
abordagens. A história do dogma é a análise de certos temas doutrinários
particulares que receberam uma definição oficial e normativa da Igreja. Alguns
historiadores entendem que apenas três áreas de doutrina se inserem na história
do dogma: a doutrina da Trindade (definida nos Concílios de Nicéia e de
Constantinopla), a doutrina da pessoa divino-humana de Cristo (Concílio de
Calcedônia) e a doutrina da graça ou, mais especificamente, a relação entre a
graça divina e a vontade humana no que se refere à salvação. No outro extremo
está a história do pensamento cristão, que identifica um vasto campo de
investigação, incluindo tópicos que estão além dos limites da teologia clássica,
como certas questões filosóficas, éticas, políticas e sociais. Os estudiosos
também empregam os termos “história das ideias” e “história intelectual” para se
referir a esse contexto mais amplo dentro do qual se insere a teologia histórica.
A história da teologia não tem um campo tão limitado como a história do dogma,
nem tão amplo como a história do pensamento cristão, mas usa ambas as áreas
em sua elaboração. Seu objetivo é considerar o corpo de doutrinas existente na
vida da Igreja em cada período da história. 26

Para Alister McGrath, a teologia histórica “é o ramo da investigação


teológica que objetiva explorar o desenvolvimento histórico das doutrinas cristãs
e identificar os fatores que influenciaram sua formulação”. Em outras palavras, a
história da teologia documenta as respostas às grandes questões do
pensamento cristão e ao mesmo tempo procura explicar os fatores que
contribuíram para a elaboração dessas respostas.27 A história da teologia é uma
ferramenta pedagógica tendo em vista que oferece informações sobre o
desenvolvimento dos grandes temas teológicos, os pontos fortes e fracos das
diferentes abordagens e os marcos mais notáveis do pensamento cristão, em
termos de autores e documentos. É também uma ferramenta crítica, pois permite
ver as falhas, as limitações e os condicionamentos de certas formulações
doutrinárias, o que possibilita seu contínuo aperfeiçoamento.28

26
MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São Paulo: Mundo Cristão,
2007. p.15-16.
27
McGRATH, Alister apud MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São
Paulo: Mundo Cristão, 2007. p.17.
28
Ibidem. p.18.
3.3 Teologia Dogmática

Estuda as verdades fundamentais da fé de acordo com os credos e


confissões de fé da igreja. Preocupa-se também em estabelecer declarações
que darão norte para a igreja e sentido para uma prática religiosa. O pastor
Esequias Soares conceitua o credo como sendo uma interpretação precisa e
autorizada das Escrituras. São documentos que têm por objetivo sintetizar as
doutrinas essenciais do cristianismo para facilitar as confissões públicas e
defender das heresias o pensamento cristão.29
Mark Noll destacou que a construção de um credo, ou de uma declaração
de fé, deve obedecer pelo menos três funções: [a] Servir de declarações
autorizadas da fé cristã que entesouravam as novas ideias dos reformadores,
sem abandonar formas que também pudessem fornecer instrução regular para
os fiéis mais humildes; [b] Erguer um estandarte em redor do qual uma
comunidade local podia cerrar fileiras, tornando claras as diferenças com os
oponentes; e [c] Tornar possível uma reunificação da fé e da prática, visando a
unidade e, ao mesmo tempo, estabelecer uma norma para disciplinar os
desregrados.
Edson Douglas de Oliveira destacou que é comum considerar a teologia
dogmática com teologia sistemática. Sobre isso ele afirma:

A Dogmática pode ser definida como um discurso da Igreja acerca da sua fé. É
uma reflexão teológica feita a partir da Igreja sobre questões às quais ela crê e
que precisa fundamentar de forma inteligível e ordenada para que expresse o
ponto de vista da igreja como uma entidade orgânica da sociedade, mas também
da comunidade cristã como um todo diante do mundo, dos incrédulos aos grupos
participantes de outros credos ou religiões. É, em suma, um discurso racional
sobre a fé que a comunidade vivencia na prática litúrgica e nas doutrinas que ela
crê e pratica. No meio fundamentalista, especialmente no norte-americano, é
comum confundir dogmática com teologia sistemática, confusão essa ainda mais
acentuada por obras como as de Stanley Horton que se apresentam como
teologia sistemática, mas que na verdade são tratados dogmáticos no seu

SOARES, Esequias. Credos e Confissões de Fé – Breve guia histórico do cristianismo. Recife:


29

Bereia, 2013. p.31.


sentido formal. Das diversas diferenças entre ambas talvez a que soi mais
importante é o fato de que a teologia sistemática é feita a partir da reflexão
teológica em diálogo com outros ramos do conhecimento, especialmente a
filosofia, buscando reler a fé a partir das realidades sociais, culturais e
econômicas de cada tempo e de que modo, nesse contexto, pode ser pregada a
palavra de Cristo, enquanto a dogmática estuda as doutrinas da igreja, seu
desenvolvimento e sua pregação no mundo moderno, pormenor esse que até
pode proporcionar alguma discussão de natureza filosófica ou sociológica, mas
que aí já não se insere no terreno da dogmática, embora o dogmático, pelo seu
próprio papel na formulação do pensamento da igreja, termine por trazer o
pensamento cristão para o mundo moderno, como lembra Brunner: a dogmática
não é a palavra de Deus. Deus pode fazer sua Palavra triunfar sem a tologia.
Mas numa época quando o pensamento humano está muitas vezes tão confuso
e pervertido pelas idéias e teorias extraordinárias, entretecidas pela própria
mente dos homens, é evidente que é quase impossível preservar a Palavra
divina sem o esforço intelectual apaixonado para repensar seu sentido e seu
conteúdo (BRUNNER Emil. Dogmática, I, p.7).30

3.4 Teologia Bíblica

Traça o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia.


Champlin destaca que a expressão teologia bíblica é usada de várias maneiras,
a saber:

[a] Uma atividade cuja finalidade é esclarecer os temas e as ideias da Bíblia sem
os pressupostos que inevitavelmente dão um certo colorido às interpretações
particulares. Em outras palavras, trata-se da tentativa de determinar o que a
Bíblia realmente ensina, mesmo que os resultados sejam embaraçosos para o
estudioso e sua denominação. Essa atividade, na verdade, embaraça a todas as
denominações, cuja própria existência depende da distorção de certos ensinos
da Bíblia. [b] A tentativa para articular a significação teológica da Bíblia como um
todo. Isso é uma tarefa quase impossível, porque a Bíblia não é um livro
homogêneo, conforme as pessoas gostam de acreditar. Não obstante, a
tentativa resulta em pontos positivos, a despeito de seu inevitável fracasso. [c] A
tentativa de construir um completo sistema teológico, mediante o uso da Bíblia
como única fonte informativa. Isso tem sido tentado por muitos evangélicos
fundamentalistas e conservadores. Também foi tentado por Karl Barth e sua neo-

30
OLIVEIRA, Edson Douglas de. Dicionário Teológico: Dogmática. Disponível em
http://comunidadewesleyana.blogspot.com.br/2009/10/dicionario-teologico_8820.html. Acesso:
27.12.2015.
ortodoxia, ou pelos grupos protestantes que aprovam a rejeição das tradições
eclesiásticas, dos pais da Igreja e dos concilias, como autoridade, conforme fez
Lutero. [d] O pressuposto é que todos os autores da Bíblia concordam em seus
pontos de vista fundamentais, e juntamente com exposições de ideias
pretendem descobrir exatamente quais eram os pontos de vista daqueles
autores sagrados.31

De acordo com Tenney “Teologia Bíblica é aquele exercício no qual se


faz uma tentativa de se determinar as afirmações de fé da Bíblia de forma
sistemática. Esta definição reconhece a Bíblia como um livro de fé, quer dizer,
ela registra o significado redentor do encontro de Deus com o homem”.32 Este
autor observa também que o termo “sistemática” de forma alguma sugere que
as categorias da Teologia Sistemática devem dirigir este exercício. Ele afirma,
que, pelo contrário, indica que a tarefa da Teologia Bíblica é expressar as
afirmações de fé dos escritores bíblicos individual e coletivamente, de acordo
com os padrões de expressão discerníveis na própria Bíblia. Além disso, afirma
Tenney, é feito um esforço para apresentar não somente uma declaração
ordenada, mas espera-se também uma descrição unificada da fé da Bíblia.33
Para Tenney é importante também observar que a teologia bíblica
estrutura-se numa metodologia:

[a] Unidade da Bíblia. Qualquer tentativa de sistematização do pensamento


bíblico suscita o problema da unidade. Imediatamente nos confrontamos com a
imensa variedade de material literário tanto do Antigo como do Novo
Testamentos. Existem histórias (1 e 2 Rs, At); hinos (Sl); escritos proféticos e
apocalípticos (Is, Dn e Ap); cartas (de Paulo, Pedro etc); evangelhos (Mt, Mc,
etc.) e escritos de sabedoria (Pv, Tg). Além disso, o período histórico durante o
qual essas literaturas foram compostas abrange 150 anos. Essa diversidade
levanta a questão da norma para estes livros. Devemos seguir a opinião liberal
do AT e supor que os profetas representam a religião hebraica normativa? Com
relação ao NT, devemos buscar a norma nos sinóticos, em Paulo ou em João?
Parece razoável afirmar que a diversidade deve ser admitida, mas vista como
caindo sob um testemunho comum da atividade redentora de Deus em

31
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.6. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.361-362.
32
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.840.
33
Ibidem.
benefício da humanidade pecadora. Além do mais, esta unidade deve fazer um
elo entre os dois testamentos, pelo menos para os cristãos, que afirmam que
Jesus, como o Cristo ressurreto, era o Messias anunciado no AT. O AT
apresenta a promessa e o NT, seu cumprimento; esta ideia é apoiada pelas
palavras de Jesus (Mt 5.17;Jo 5.39; cp. também G1 4.4). Assim, a teoria bíblica
deve dar atenção ao que liga o livro como uma unidade em termos históricos e
teológicos. [b] História da salvação. Stendahl está correto quando afirma que
na Teologia Bíblica, “a história se apresenta como o tear do tecido teológico”. A
unicidade da fé bíblica baseia-se na revelação de Deus por meio dos eventos
da história. A fé judaica-cristã mantém- se separada de todas as religiões da
humanidade exatamente porque não foi fundamentada em mitologias ou ciclos
da natureza. Nem procede de exploração filosófica ou de experiências místicas.
Eldon Ladd comenta: “Ela surgiu das experiências históricas de Israel, antigas
e novas, nas quais Deus se deu a conhecer” (“The Saving Acts of God”, ChT,
III [1961], 18). O Deus de Israel era o Deus da história, o Geschichtsgott, como
os alemães dizem. Uma olhada superficial na Bíblia comprova este fato, pois
nos leva por um caminho histórico — uma série de eventos — desde a Criação,
o chamado de Abraão, o Êxodo, a entrada do povo em Canaâ, o
estabelecimento e a conduta dos reinos, o exílio, o retomo à Palestina, a vida
de Cristo e o estabelecimento da igreja. Estes eventos não são ocorrências
acidentais na história; são atos do Deus vivo, o qual possui um interesse
redentor em seu povo. Assim, esta história é Die heilsgeschichte, "história da
salvação”, e nela Deus mostra sua natureza redentora e a traz à existência e
sustenta seu povo redimido. Von Hofinann. von Rad, G. E. Wright, O. Cullmann,
J. Danielou, E. Rust e muitos outros teólogos do Antigo e do Novo Testamentos
têm enfatizado a centralidade da história na fé judaica-cristã. Sendo isto
verdade, para ser válida em sua metodologia, a Teologia Bíblica deve mostrar
essa história da salvação, porque a revelação de Deus de si mesmo na história
é um dos pontos fundamentais do pensamento bíblico. [c] Cristo, a chave das
Escrituras. Para os cristãos, como Rust destaca, Cristo é o “Senhor das
Escrituras, assim como é Senhor da história e da vida”. Sem o NT, o AT
apresenta um quadro inacabado da redenção de Deus. É uma promessa sem
cumprimento. Significativamente, a igreja primitiva não repudiou as antigas
Escrituras, não somente porque o Mestre não repudiou, mas também porque o
AT proporcionava a única base para o entendimento e a comprovação da sua
existência na história sagrada de Israel. A chave para essa interpretação
necessária era o advento de Cristo. Três eventos em especial, registrados na
história de Lucas-Atos, intensificam este fato. (1) O caminho de Emaús (Lc
24.13-35). Concernente à conversa do Mestre, Lucas registra: “Começando por
Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito
constava em todas as Escrituras” (Lc 24.27). (2) A defesa de Estêvão (At 7).
Obviamente, se Estêvão tivesse a chance de tenninar seu discurso, teria
demonstrado o papel de Cristo na história. De fato, Cristo era não somente a
chave, mas também o clímax redentor. (3) Filipe e o eunuco etíope (At 8.26-39).
Surpreendentemente, o eunuco estava lendo Isaías 53. Quando admitiu que
não compreendia o que estava lendo, “Filipe explicou; e, começando por esta
passagem da Escritura anunciou-lhe a Jesus” (v. 35). Cristo é o cumprimento
das promessas feitas ao povo de Israel e este fato governa o NT. É fácil afirmar
que Cristo é a chave das Escrituras; entretanto, ao se comprovar isso, levanta-
se a questão hermenêutica: como Cristo se relaciona ao AT? Devemos procurar
figuras? Existe uma tipologia histórica que reconheça legitimamente a unicidade
da fé dos santos do AT, mantendo ao mesmo tempo a equação promessa-
cumprimen- to? A tarefa da Teologia Bíblica é muito exata neste ponto. [d]
Confessional e Kerigmático. A Bíblia tem uma dimensão de testemunho. Não
se trata apenas do registro de tantos eventos e fatos relacionados a um antigo
povo, mas é também uma profunda declaração de sua fé num Deus que agiu
em prol de sua salvação. Judeus e cristãos “confessam” Deus como Salvador
e pregam, por meio das Escrituras, que ele é o Salvador da humanidade e, em
particular, por meio de Jesus Cristo na fé do Novo Testamento. Para a Teologia
Bíblica, em termos de metodologia, isso significa que: (1) algumas declarações
bíblicas não devem ser tomadas primariamente como declarações teológicas,
com um apoio lógico e racional por trás delas. Elas de fato têm significado
teológico, mas em primeiro lugar são declarações de fé. Em certos casos, isso
as coloca acima da análise plena e explícita. (2) Até onde é possível, os
elementos confessionais e kerigmáticos devem ser evidentes na sistematização
do pensamento da Bíblia. Alguém pode não ir tão longe quanto G. E. Wright,
dizendo que a “Teologia Bíblica é o ensaio confessional da história, com suas
inferências”. Entretanto, a natureza confessional do material bíblico deve ser
demonstrada para que a Teologia Bíblica seja realmente bíblica. Basear-se em
abstrações filosóficas e teológicas é apresentar uma concepção truncada da fé,
e de fato perder de vista sua natureza vibrante. (3) Ao se praticar a Teologia
Bíblica é importante também “ler nas entrelinhas”. Por exemplo, enquanto a
maioria das cartas de Paulo foi escrita para tratar de problemas locais de um
tipo ou de outro e não possui o caráter altamente racional dos tratados
teológicos, implícita e, às vezes, até explicitamente, expressa uma posição
teológica geral de sua parte. Portanto, o teólogo do NT terá de extrair algumas
inferências das declarações de Paulo e então relacioná-las ao conjunto do
material paulino e ao NT como um todo. Reiterando, a Teologia Bíblica é um
estudo definitivo da Bíblia, auxiliado por todas as outras disciplinas bíblicas, na
qual é feita uma tentativa de demonstrar, por meio de alguns sistemas sugeridos
biblicamente, a revelação de Deus por meio de Cristo, expressando seu
propósito de redimir a humanidade pecadora. 34

3.5 Teologia Sistemática

“A teologia sistemática não examina cada livro da Bíblia separadamente,


mas procura juntar em um todo coerente o que toda a Escritura afirma sobre
dado tópico”.35 “Teologia sistemática é uma disciplina que tenta dar uma
exposição coerente das doutrinas da fé cristã, baseada principalmente nas
Escrituras, falando às perguntas e questões da cultura e época em que ela
existe, com aplicação à vida pessoal do teólogo e outros”.36 De acordo com Alln
Myatt e Frank Ferreira, ao menos três aspectos são importantes na verificação
do conceito da teologia sistemática:

[a] A Teologia Sistemática deve dar uma exposição coerente: A tarefa da


Teologia
Sistemática é fazer um sistema. A Teologia Sistemática trata das doutrinas da
Bíblia através do exame do que a Bíblia inteira diz sobre aquela doutrina e a
comunicação de suas conclusões. Também, a Teologia Sistemática mostra
como as doutrinas da Bíblia se relacionam logicamente. Então, a partir de dados
da Bíblia uma cosmovisão é construída. Esta cosmovisão abrange todas as
áreas da vida que são tocadas pela própria Bíblia. Neste sentido, Teologia
Sistemática é uma teologia compreensiva. [b] Baseada nas Escrituras: A
Teologia Sistemática tenta ser compreensiva mas não vai além do que está dito
na Bíblia. A Teologia Sistemática tenta evitar a especulação, a não ser que o
teólogo admita que ele está fazendo especulação. O teólogo precisa evitar a
tentação de dar às suas próprias especulações a autoridade da Bíblia. [c] A
Teologia Sistemática sempre tem um alvo prático: É preciso tratar com questões
abstratas e complicadas, mas o teólogo deve sempre mostrar a diferença que as
suas conclusões fazem na vida cotidiana. Uma vez alguém perguntou a Francis
Schaefer o que ele faria se, de repente, surgisse evidência conclusiva que a fé
cristã é falsa. Ele respondeu que ele ainda seria teólogo, porque é o melhor jogo
que há. Muitas pessoas tratam a teologia como esta fosse um jogo, mas essa
atitude é uma perversão do propósito de teologia. Teologia não é jogo. Ela existe
para que possamos melhor conhecer, obedecer, e amor a Deus. Aquele que

34
Ibidem. p.845-847.
35
ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1992. p.16.
36
HAMMETT, John apud MYATT, Allan e FERREIRA, Frank. Teologia Sistemática. Rio de
Janeiro: Faculdade Teológica Batista de São Paulo, 2002. p.13.
acha que pode ser um teólogo teórico, fazendo uma “teologia pura” se engana.
Quem não faz a teologia com as necessidades do povo nos bancos da igreja em
mente não é teólogo de verdade. É um fato que quase todos os teólogos de
maior influência através dos séculos eram pastores também. 37

Basicamente a teologia sistemática divide-se da seguinte maneira:


a) Teologia própria: O estudo de Deus – João 7.16,17: “Jesus lhes
respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.
Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela
é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo”.
b) Hamartiologia: O estudo do pecado – Romanos 3.23: “Porque todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.
c) Soteriologia: O estudo salvação – Romanos 3.24: “Sendo justificados
gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”.
d) Paracletologia: O estudo do Espírito Santo – Romanos 8.11: “E, se o
Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele
que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos
mortais, pelo seu Espírito que em vós habita”.
e) Escatologia: O estudo das últimas coisas – Mateus 4.23: “E, estando
assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em
particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da
tua vinda e do fim do mundo?”
f) Angelologia: O estudo dos anjos – Hebreus 1.13-14: “E a qual dos anjos
disse jamais: Assenta-te à minha destra, até que ponha a teus inimigos por
escabelo de teus pés? Não são porventura todos eles espíritos ministradores,
enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?”
g) Antropologia: O estudo dos homens – Mateus 19.4: “Ele, porém,
respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio
macho e fêmea os fez”.
h) Cristologia: O estudo de Jesus Cristo – Mateus 1.18: “Ora, o
nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada
com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo”.

37
MYATT, Allan e FERREIRA, Frank. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Faculdade Teológica
Batista de São Paulo, 2002. p.13-14.
i) Bibliologia: O estudo da Bíblia – 2Tm 3.16: “Toda a Escritura é
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir,
para instruir em justiça”.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você encontra um bom texto sobre as definições de teologia e suas divisões em


http://theologiaevida.blogspot.com.br/2012/03/definicoes-da-teologia.html

QUESTÕES PROPOSTAS

1. De acordo com Charles Ryrie a teologia pode ser catalogada de diversas


maneiras. Explique.

2. Como Myer Pearlman divide a teologia.

3. O que é teologia sistemática e como ela se divide?

1.Charles
Ryrie aponta três tipos de teologia: [a] Por época – por exemplo, teologia
patrística, teologia medieval, teologia reformada e teologia contemporânea; [b]
Por ponto de vista – por exemplo, teologia arminiana (defendida por Armínio),
teologia calvinista (defendida por João Calvino), teologia barthiana (defendida
por Karl Barth), teologia da libertação, etc.; e [c] Por ênfase – por exemplo,
teologia histórica, teologia bíblica, teologia sistemática, teologia apologética,
teologia exegética, etc.

2. teologia exegetica, teologia historica, teologia dogmatica, teologia sistematica, teologia biblica
3. Seu papel é formular as crenças e dogmas da Fé cristã de maneira ordenada, racional e coerente
cristologia, angelologia, hamartiologia, etc
4. TEOLOGIA PENTECOSTAL

Isael de Araújo destaca que a diversidade mundial do pentecostalismo


torna quase impossível falar de “uma” teologia pentecostal.38 Na ótica de Isael a
própria teologia pentecostal clássica encontra dificuldade em estabelecer-se. Ele
observa, porém, que existem correntes teológicas pentecostais que são dignas
de reconhecimento.
A história da teologia pentecostal requer uma visita na história da igreja e
na história da teologia, em especial, no período da Reforma Protestante. A
Reforma Protestante foi um movimento iniciado no século XVI, que tinha o
objetivo de provocar uma profunda mudança no catolicismo. Antes do
movimento reformista, surgiram as primeiras discussões da necessidade de uma
mudança na vida religiosa cristã, dando início assim ao lançamento dos
fundamentos ideológicos da reforma. A origem destas discussões foi verificada
pelos valdenses39, ou seja, aqueles que seguiam Pedro Valdo, conhecido
comerciante de Lyon. Pedro Valdo destacou-se na história de seu povo por ter
conseguido traduzir a Bíblia para a linguagem popular. Além disso, Pedro Valdo
começou a pregá-la publicamente, mesmo não sendo sacerdote. Este
movimento recebeu o nome de Pré-Reforma.

Durante toda a Idade Média, numerosos grupos de irmãos se separaram da


Cristandade oficial para procurar uma forma de cristianismo mais puro e
apegado à simplicidade evangélica. O caminho da fé foi regado com o sangue
do seu martírio. Na Europa ocidental, cátaros e albigenses cresciam,
especialmente na França e Espanha. E nos vales alpinos do norte da Itália e no
sul da Suíça, prosperaram por vários séculos um grupo de irmãos de
características singularmente especiais a quem a história designou com o nome
de Valdenses. Embora estreitamente aparentados com os albigenses, a sua

38
ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p.557.
39
ABARCA, Rodrigo. A parte da história da igreja que não foi devidamente contada. Os
Valdenses - O Israel dos Alpes. Revista Águas Vivas. Ano 8, no. 45, maio-junho de 2007.
origem parece remontar-se a uma época anterior. A antigüidade dos Valdenses
é testemunhada por várias fontes, tanto internas como externas ao movimento,
e também por algumas características muito particulares de sua fé e práticas. O
inquisidor Rainero, que morreu em 1259, escreveu: "Entre todas estas seitas...
a dos leonistas (leia-se Valdenses).. foi a que por mais tempo tem existido,
porque alguns dizem que tem perdurado desde os tempos de Silvestre (Papa
em 314-335 DC), outros, do tempo dos apóstolos". Marco Aurelio Rorenco,
pároco de São Roque em Turin, em seu reconto e história dos mesmos, escreveu
que os Valdenses são tão antigos que não se pode precisar o tempo de origem.
Além disso, os próprios Valdenses se consideravam muito antigos e originavam
a sua fé dos tempos apostólicos. Na verdade, embora seja impossível precisar
o seu início, é provável que fossem em seu núcleo essencial um remanescente
que se separou da cristandade oficial rejeitando a união da igreja e o estado,
depois da ascensão de Constantino em 311 DC (por ex: os novacianos). Alguns
deles puderam ter emigrado para os remotos e isolados vales alpinos, onde
conservaram intactas por muitos séculos a sua fé e pureza evangélicas, alheios
a todas as controvérsias e lutas posteriores. Embora mais adiante tivesse
estreita comunhão com outros grupos de irmãos perseguidos.
Os Valdenses reconheciam na Escritura a única autoridade final e definitiva para
sua fé e práticas. Criam na justificação pela fé e rejeitavam as obras meritórias
como fonte de salvação. Além da Escritura não sustentavam nenhum credo ou
confissão de fé particular. Apesar disso, conseguiram conservar quase intactas
a sua fé e as suas práticas ao longo de vários séculos; o qual prova de passagem
que o melhor remédio contra a heresia e o engano é a espiritualidade apoiada
em uma profunda fidelidade e apego à Escritura. 40

Neste período, diversos nomes se destacaram na defesa desses


ideais de mudança que a igreja precisava experimentar. John Wycliffe, teólogo
inglês, Jerônimo Savonarola e John Huss, foram responsáveis em divulgar à
rejeição as diversas doutrinas católicas praticadas nesta época. Com o advento
da Reforma Protestante no século XVI, Martinho Lutero e João Calvino
despontaram como os grandes pensadores da teologia, dando à partir de então,
as “coordenadas” para um novo tempo na interpretação das Sagradas
Escrituras. O movimento da Reforma Protestante produziu cinco princípios
fundamentais que se opunham aos ensinos da Igreja Católica Apostólica
Romana. Estes princípios ficaram conhecidos como “solas”, ou seja, uma

40
Ibidem.
palavra latina que traduzida para o português significa “somente”. Estes
princípios serviram de base, ou pilar, para a prática de uma vida religiosa cristã.
Os cinco solas são: [a] Sola Scriptura: Somente a Escritura é nossa regra de fé
e prática; [b] Sola Fide: a salvação é pela Fé Somente; [c] Sola Gratia: a
salvação se dá pela Graça Somente; [d] Solus Christus: Cristo Somente é
suficiente para nos salvar; e [e] Soli Deo Gloria: Somente a Deus devemos dar
a Glória.

Com a chegada do reavivamento no fim do século XVII é início do século XVIII


na Europa e na América do Norte, os pregadores calvinistas, luteranos e
arminianos passarem a enfatizar o arrependimento e a piedade na vida cristã.
Qualquer estudo do Pentecostalismo tem de se a ter aos eventos desse período,
especialmente à doutrina da perfeição cristã ensinada por João Weley o pai do
Metodismo e pelo seu assistente João Fletcher. A publicação por Wesley de A
Short Account of Chistian Perfection (1760) conclama seus seguiores a
buscarem uma nova dimensão espirtual. Essa Segunda obra da graça,
posterior à conversão libertaria os crentes de sua natureza moral imperfeita, que
os tem induzido ao comportamento pecaminoso. 41

Os ensinamentos de Wesley alcançaram os Estados Unidos da América


e influenciaram os cristãos, em especial, na busca por um comportamento santo.
Este movimento expandiu-se e ficou conhecido como “Movimento de Santidade”.

Embora a teologia reformada haja identificado o batismo no Espírito com a


conversão, alguns reavivalistas, dentro dessa tradição, aceitavam o conceito de
uma segunda obra da graça para revestir de poder, acreditavam no conceito de
uma segunda obra da graça para revestir os cristãos no poder do alto. Entre eles
se encontrava Dwight L. Moody e R.A Torrey. Apesar desse revestimento de
poder acreditavam na santificação, mantinha-se em sua obra progressivo outro
personagem chave e o presbiteriano, A B. Simpsom, fundador da Aliança Cristã
e Missionária, cuja forma de pensar teve grande impacto na formação
doutrinarias das Assembleias de Deus, enfatizava nitidamente o batismo no
Espírito Santo.42

41
SCHELLING, Sergyo A. A história do pentecostalismo no Brasil através da Assembleia de
Deus. Disponível em http://ministeriorazaoefe.webnode.com.br/products/a-historia-do-
pentecostalismo-no-brasil-atraves-da-assembleia-de-deus/. Acesso: 30.12.2015.
42
Ibidem.
A mensagem do batismo no Espírito Santo influenciou os Estados Unidos
e deu origem a diversas denominações evangélicas pentecostais. Schellling
destaca que um dos primeiros movimentos pentecostais, fruto do reavivamento
norte-americano, teve destaque em Ricgard G. Sperling, pastor batista
licenciado, que promoveu reuniões na Carolina do Norte, marcada por intensa
glossolalia (falar em línguas estranhas). Mas foi Charles Fox Parham,
“evangelista metodista dos movimentos de santidade”, quem realmente
aprofundou a discussão em torno do batismo do Espírito Santo. “Convencido
pelos seus próprios estudos de Atos dos Apóstolos e influenciado por Irwin
Sandford, testemunhou Parham um reavivamento notável na escola Bethel, em
Topeka, Kansas, em janeiro de 1901.43

Em 1905 Parham criou a escola bíblica de Houston no estado do Texas. Dentre


seus alunos estava W.J. Seymour que era um pregador negro procedente de
Holiness. Convencido de que a glossolalia sinalizava o batismo do Espírito
Santo, Seymor passou a destacar esta experiência em suas pregações. Quando
foi para Los Angeles, falou em uma igreja dos nazarenos, mas acabou proibido
de continuar suas exposições, mas devido a insistência com que tratava a nova
doutrina e o escândalo aos olhos dos protestantes conversadores. Seymour
passou a realizar as reuniões em uma casa, no dia 06 de abril de 1906 oito
pessoas entre elas uns meninos foram batizada com o Espírito Santo e falaram
novas línguas. Seymour se se transferiu para um velho templo metodista na rua
Azuza, onde por três anos sucederam reuniões dia e noite.44

O adepto do pentecostalismo crê no poder do Espírito Santo através da


contemporaneidade dos dons espirituais. Os integrantes do movimento
pentecostal crêem que o Espírito Santo continua a se manifestar nos dias de
hoje, da mesma forma que em Pentecostes, descrita no Novo Testamento (Atos
2). Nessa passagem, o Espírito Santo manifestou-se aos apóstolos por meio de
línguas de fogo e fez com que eles pudessem falar em outros idiomas para
serem entendidos pela multidão heterogênea que os ouvia. Para eles,

43
Ibidem.
44
Ibidem.
sobressaem os dons da glossolalia (o de falar línguas desconhecidas), da cura
e da profecia.45

São legitimamente pentecostais os que, em primeiro lugar: [a] Aceitam a


soberania da Bíblia Sagrada, como a inspirada e inerrante Palavra de
Deus, elegendo-a como infalível regra de avaliação de toda e qualquer
manifestação espiritual (2Tm 3.16); [b] Mantém a pureza da sã doutrina,
conforme a encontramos na Bíblia Sagrada (At 2.42; 1Tm 4.16); [c]
Acreditam na atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons
espirituais (At 2.39); [d] Cumprem integralmente as demandas da Grande
Comissão que nos deixou o Senhor Jesus (Mc 16.15-20); [e] Têm
compromisso com a santidade, defendem o aperfeiçoamento da vida cristã
através da leitura da Bíblia, da oração e do exercício da piedade na
consolação do Espírito Santo (Gl 5.22; 1Ts 5.17-23; 1Tm 4.8).46

Os primeiros pentecostais foram os discípulos de Jesus, como resultado


da promessa do Senhor (Lc 24.49; Mc 16.17; Jo 14.16; At 1.8). Tal promessa se
concretizou por ocasião da festa de comemoração do Pentecostes, no ano 33
d.C. (At 2).
No período da Reforma Protestante, no século XVI, Deus levantou
homens como Martinho Lutero, João Calvino e John Knox. No século XVIII,
ocorreu o Avivamento Morávio com o Conde Zinzendorf, o Grande
Reavivamento na Inglaterra com John Wesley, Charles Wesley e George
Whitefield e o Reavivamento Americano com Jonathan Edwards. Nenhum
destes avivamentos foi conhecido como pentecostal, pois o termo é do início do
século XX, quando houve o derramamento do Espírito Santo nos Estados Unidos
da América, semelhante à manifestação de Atos 2.
No fim do século XIX houve alguns ensinamentos bastante equivocados
à respeito das escrituras sagradas. Estes ensinos produziram, entre outros, o
fortalecimento da teologia cessacionista. Quanto ao Cessacionismo, é de bom
alvitre, citar as palavras extraídas do texto “Dons Espirituais: Reflexões pastorais
sobre a interpretação e uso dos dons”, de Gordon Chown:

45
Disponível em http://www.portalbrasil.net/religiao_pentecostalismo.htm. Acesso: 23.12.2015.
46
CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas de Jovens e Adultos: Movimento Pentecostal – As doutrinas
da nossa fé. 2º. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
O Cessacionismo é a teoria de que muitos milagres, bem como dons espirituais,
existiam em função da formação do cânon do Novo Testamento – quer dizer que
houve um poderoso derramamento de milagres na vida de Jesus, e dos
apóstolos, mas que cessou depois de encerrado o cânon do Novo Testamento.
A ideia é que os milagres confirmaram a divindade de Cristo (fato este que está
fora de dúvida) e, semelhantemente, confirmaram a origem divina da atuação e
doutrina dos apóstolos (outro fato inabalável). Tudo isso concorreu para os
registros em todos os livros do Novo Testamento serem reconhecidos como obra
legítima e permanente de Deus, parte integrante das Escrituras Sagradas. E isso
também é certo. Quando me converti a Cristo, a conversão envolveu a aceitação
da inspiração plenária, inerrância e infalibilidade da Bíblia. Inclusive entendo que
qualquer conceito da Bíblia que não a reconhece assim, está fora do arraial do
cristianismo”.

O teólogo pentecostal Stanley Horton destaca que a Teologia


Pentecostal tem seu fundamento nas Sagradas Escrituras e historicamente
mantém o pensamento teológico dos reformadores quanto às doutrinas
cardeais da fé cristã. De acordo com ele o estabelecimento da teologia
pentecostal impediu o avanço das ideias liberais, dando atenção especial à
manifestação dos dons espirituais, ensino este que havia sido esquecido nas
discussões e textos teológicos. Uma das provas que a teologia pentecostal
considera os fundamentos da teologia reformada é verificada, por exemplo, na
concordância existente entre ambas nos seguintes aspectos:

[1] As Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e Novo Testamento, são


inteiramente inspiradas por Deus, infalíveis na sua composição original e
completamente dignas de confiança em quaisquer áreas que venham a se
expressar, sendo também a autoridade final e suprema de fé e conduta; II Tm
3:14-17. [2] Há um só Deus eterno, poderoso e perfeito, distinto em sua Trindade:
Pai, Filho e Espírito Santo; Dt 6:4; Mt 28:19. [3] Jesus Cristo nasceu do Espírito
Santo e da virgem Maria, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, e o único
mediador entre Deus e o homem. Somente Ele foi perfeito em natureza, ensino
e obediência; Is 7:14; Rm 8:34; At 1:9; 1 Tm 2.4. [4] O Espírito Santo é o
regenerador e santificador dos remidos, o doador dos frutos e dons espirituais,
o Consolador permanente e Mestre da Igreja. Ele habita nos redimidos, que
devem buscar se encher de Sua presença; Hb 9:14; I Pe 1:15-16; Lc 3:16; At
1:5; I Co 12:1-12. [5] Em Adão a humanidade foi criada à imagem e semelhança
de Deus. Devido à queda de Adão, a humanidade tornou-se radicalmente
corrupta e distanciada de Deus. O essencial para o homem é a restauração de
sua comunhão com Deus, a qual o homem é incapaz de operar por si mesmo;
Rm 3.23; At 3.19. [6] A salvação eterna, dom de Deus, tem sido providenciada
para o homem unicamente pela graça do SENHOR e pela morte vicária de Jesus
Cristo. Fé é o meio pelo qual o crente se apropria dos benefícios da graça e
nasce de novo; Rm 3.23; At 3.19; Jo 3:3-8; At 10:43; Rm 10:13; 3:24-26; Hb 7:25;
5:9; II Co 5:10. [7] Jesus Cristo ressuscitou fisicamente dentre os mortos,
ascendeu aos céus e voltará na consumação dos séculos para julgar os homens;
Is 7:14; Rm 8:34; At 1:9; I Ts 4:16-17; I Co 15:51-54. [8] A punição eterna,
incluindo a separação e perda da comunhão com Deus, é o destino final do
homem não regenerado e de Satanás com todos os seus anjos caídos. Ap 20:11-
15; Mt 25:46. [9] A Igreja Cristã, o corpo e a noiva de Cristo são consagrados à
adoração a ao serviço de Deus através da proclamação fiel da Palavra, a prática
de boas obras e a observância do Batismo e da Ceia do Senhor. Mt 28:19; Rm
6:1-6; Cl 2:12. [10] A tarefa da Igreja é ensinar a todas as nações, fazendo com
que o Evangelho produza frutos em cada aspecto da vida e do pensamento. A
missão suprema da Igreja é a salvação das almas. Deus transforma a natureza
humana, tornando-se isto, o meio para a redenção da sociedade. Mt 28:19-20. 47

O pastor Claudionor de Andrade destacou em seu artigo intitulado “a


excelência teológica dos pentecostais” que este movimento não se fundamenta
apenas em experiências particulares, mas tem um sólido fundamento na
reflexão bíblica. Sobre esta verdade, ele afirmou o seguinte:

Antes de mais nada, porque o Movimento Pentecostal não é somente


experiência, mas o resultado de uma profunda e bem amadurecida reflexão
bíblica. Aliás, entre os primeiros crentes a receberem o batismo com o Espírito
Santo, não havia só gente simples e leiga; havia também excelentes teólogos.
Haja vista o pastor sueco Lewi Pethrus (1884-1974). Entre os pioneiros, veio
ele a sobressair-se como poeta, jornalista e expositor bíblico. Seja-me permitido
citar outro literato que, ao lado de Lewi Pethrus, emprestou às igrejas
pentecostais um sólido alicerce teológico e cultural. Refiro-me ao romancista
Sven Lidman (1882-1960). Também sueco de nascimento, teve ele, em 1917,
um encontro marcante com Deus que, de maneira piedosa e grácil, eterniza
num de seus romances. Quatro anos depois, juntava-se Lidman ao nascente
avivamento, pontificando-se, a partir daí, não apenas como pregador e teólogo,
mas ainda como editor da revista Evangelii Harold. Sven é um dos nomes mais
respeitados da literatura sueca. Tivesse eu espaço, citaria outros teólogos que,
desde o início do Avivamento Pentecostal, vêm fundamentando bíblica e

47
ICP – Instituto Cristão de Pesquisas.
teologicamente a nossa fé. Como esquecer, porém, Stanley Horton, Wayne
Gruden, J. Rodman Williams e Gordon Fee? No Brasil, lembro o pastor Antonio
Gilberto que, além de teólogo, abriu-nos um espaçoso caminho no árduo e
incompreendido solo da Educação Cristã. 48

O Pastor Antônio Gilberto destacou que a igreja da atualidade precisa


mais e mais conhecer, buscar, receber e exercitar a provisão divina imensurável
que há nos dons espirituais, para o seu contínuo avanço, edificação,
consolidação e vitória contra as hostes infernais, e, ao mesmo tempo, glorificar
muito mais a Cristo.49 Myer Pearlman destaca que a doutrina do Espírito Santo,
a julgar pelo lugar que ocupa nas Escrituras, está em primeiro lugar entre as
verdades redentoras. Diz ele:

Com exceção das Epístolas 2 e 3 de João, todos os livros do Novo Testamento


contêm referências à obra do Espírito; todos os Evangelhos começam com uma
promessa do derramamento do Espírito Santo. No entanto, é reconhecida como
a doutrina mais negligenciada. O formalismo e um medo indevido do fanatismo
têm produzido uma reação contra a ênfase na obra do Espírito na experiência
pessoal.
Naturalmente, este fato resultou em decadência espiritual, pois não pode haver
um Cristianismo vivo sem o Espírito. Somente ele pode fazer real o que a obra
de Cristo possibilitou. Inácio, grande pastor da igreja primitiva, disse: A graça
do Espírito põe a maquinaria da redenção em conexão vital com a alma. Parte
do Espírito, a cruz permanece inerte, uma imensa máquina parada, e em volta
dela permanecem imóveis as pedras do edifício. Somente quando se colocar a
"corda" é que se poderá proceder à obra de elevar a vida do indivíduo, pela fé,
e pelo amor, para alcançar o lugar preparado para ela na igreja de Deus. 50

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre o desenvolvimento da teologia em


http://gutierresfernandes.com/2014/12/21/o-desenvolvimento-da-teologia-
pentecostal/

48
ANDRADE, Claudionor de. A excelência teológica dos Pentecostais. Disponível em
http://www.cpadnews.com.br/blog/claudionorandrade/posts/29/a-excelencia-teologica-dos-
pentecostais.html. Acesso: 15.12.2015.
49
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. p.195.
50
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2004. p.225.
QUESTÕES PROPOSTAS

1. O que foram as “cinco solas”?

2. O que significa ser pentecostal e quais características são observadas na


confirmação da identidade pentecostal?

3. De acordo com Stanley Horton qual foi a contribuição do estabelecimento da


teologia pentecostal para o mundo cristão?

1 Sola Scriptura: Somente a Escritura é nossa regra de fé


e prática; [b] Sola Fide: a salvação é pela Fé Somente; [c] Sola Gratia: a
salvação se dá pela Graça Somente; [d] Solus Christus: Cristo Somente é
suficiente para nos salvar; e [e] Soli Deo Gloria: Somente a Deus devemos dar
a Glória.

2 São legitimamente pentecostais os que, em primeiro lugar: [a] Aceitam a


soberania da Bíblia Sagrada, como a inspirada e inerrante Palavra de
Deus, elegendo-a como infalível regra de avaliação de toda e qualquer
manifestação espiritual (2Tm 3.16); [b] Mantém a pureza da sã doutrina,
conforme a encontramos na Bíblia Sagrada (At 2.42; 1Tm 4.16); [c]
Acreditam na atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons
espirituais (At 2.39); [d] Cumprem integralmente as demandas da Grande
Comissão que nos deixou o Senhor Jesus (Mc 16.15-20); [e] Têm
compromisso com a santidade, defendem o aperfeiçoamento da vida cristã
através da leitura da Bíblia, da oração e do exercício da piedade na
consolação do Espírito Santo (Gl 5.22; 1Ts 5.17-23; 1Tm 4.8).

3. De acordo com ele o estabelecimento da teologia


pentecostal impediu o avanço das ideias liberais, dando atenção especial à
manifestação dos dons espirituais, ensino este que havia sido esquecido nas
discussões e textos teológicos.
5. A NECESSIDADE DE “FAZER” TEOLOGIA

Santos observa que “é comum ouvirmos que a teologia mata a religião ou


que a Igreja não precisa de teologia e, sim, de vida. Ele admite que há muita
coisa por aí levando o nome de “teologia” que não passa de especulação
humana, por não se basear em pressupostos de uma hermenêutica bíblica. E
até a ‘boa teologia’, quando se torna um fim em si mesma, pode não ter qualquer
uso prático e reduzir-se a mero academicismo”.51 Sobre esta realidade este autor
diz:

Como podemos conhecer a Deus sem estudar a revelação que Ele faz de Si
mesmo? Como saber quem Ele é e o que Ele tem feito e faz, quem somos nós
em relação a Ele, o que Ele requer de nós,etc., se não investigarmos o que Ele
deixou revelado para nosso conhecimento? Pois esse é o trabalho da Teologia.
Esse trabalho parte de três pressupostos: O primeiro é o de que Deus existe; o
segundo, de que Ele pode ser conhecido, embora não de modo exaustivo e
completo; e o terceiro, de que Ele tem Se revelado tanto por meio de Suas obras
(criação e providência - Revelação Geral - Sl19.1,2; At 14.17), como,
principalmente, nas Santas Escrituras (Revelação Especial - Hb1.1,2; 1 Pd
1.20,21). É porque Deus Se revelou que podemos conhece-Lo. Nosso
conhecimento de Deus não é intuitivo, nem natural, mas comunicado por Ele
mesmo através dos meios que soberanamente escolheu. “Fazer teologia”,
portanto, não é inventar teorias a respeito de Deus e de Suas obras, nem mesmo
“descobrir” a Deus, mas conhecer e compreender a revelação que Ele próprio
deu de Si. Por isso, qualquer estudo de Deus que não tiver a Sua revelação
como base, meio e princípio regulador não é “teologia”, devidamente
entendida.52

Hordern também preocupou-se em defender a teologia. Disse ele:

Com frequência, alguém diz assim: “Por que preocupar-se com assuntos de
teologia? Os teólogos passam o tempo inutilmente discutindo questões sem
qualquer importância ...” Passemos a um exame dessa maneira de pensar. Por
que será que os problemas citados são considerados sem importância? É claro

51
SANTOS, João Alves dos. A igreja precisa de teologia? Disponível em
http://www.soluschristus.com.br/2010/06/igreja-precisa-de-teologia.html. Acesso: 23.12.2015.
52
Ibidem.
que quem faz semelhante objeção tem em mente algum conceito do que se deva
admitir como sendo de mais alto valor, em comparação com o que ele se acha
na condição de asseverar que os argumentos dos teólogos lhe parecem
destituídos de importância. Isso quer dizer que tal pessoa se encontra em
determinada posição teológica, tem uma opinião com referência à natureza de
Deus, conceitos, portanto, que o levam a proclamar como sem importância os
argumentos enunciados pelos teólogos. De modo que, mesmo um ataque assim,
endereçado contra a teologia, não passa de uma investida de natureza teológica.
Frequentemente ouvimos pessoas dizendo que não é o que alguém crê e, sim,
o que faz que tem importância. Trata-se de meia verdade, que, como acontece
com as verdades apresentadas pela metade, chega a ser perigosa. E meia
verdade porque, do ponto de vista cristão, o pensamento teológico não é
nenhum fim em si mesmo. O cristianismo é doutrina que se propõe a ser vivida.
Visa a resultar em ações. De forma que, se permanecer sempre como
pensamento, torna-se algo até mesmo destituído de verdadeiro cristianismo e,
portanto, fútil.53

Geraldo Campos citou algumas razões para se “fazer” teologia, sendo


elas:

[1] Nossa mente necessita de organização. Precisamos dar ordem aos


conhecimentos adquiridos. Necessitamos harmonizar, unificar, para refletir
sobre os conhecimentos. Daí surgir, por necessidade, a teologia, em atenção a
nossa mente refletidora. [2] Para desenvolvimento do caráter. Todo
conhecimento de Deus influi na vida do conhecedor. Como estudantes de
teologia devemos saber que nosso caráter deve desenvolver-se na razão direta
do nosso conhecimento. Não deve acontecer que alguém que estude teologia
cristã seja mentiroso, velhaco, fofoqueiro, malandro, ditador, imoral, mau
cônjuge, mau filho ou má filha ou que quer que seja de mau. Quem conhece a
Deus desvia-se do que é maligno. [3] Para capacitar intelectualmente a quem
serve a Deus. Quem serve a Deus deve procurar conhecer a Deus mais e mais.
Deve saber manejar “a espada do Espírito” (Ef 6.17). A igreja não espera que
sejamos bons conhecedores das ciências mundanas, mas aguarda que sejamos
teólogos autênticos, conhecedores de Deus e praticantes dos ensinos da
Palavra. Precisamos apreender e transmitir fielmente toda a verdade acerca de
Deus. [4] Para dar firmeza e ousadia à igreja no estabelecer o Reino de
Deus. A igreja em geral, e os guias espirituais em particular devem saber
interpretar a Palavra de Deus de modo correto. A maneira correta de interpretar,

53
HORDERN, William E. Teologia Contemporânea. São Paulo: Hagnos, 2004. p.5.
provoca na igreja uma maneira correta de viver, poder, firmeza e ousadia. [5]
Para dar cumprimento às ordens ou sugestões das Escrituras que
encorajam o exame das Escrituras (Jo 5.39); que ordenam a pregação “a tempo
e fora de tempo” (2Tm 4.2); que afirmam que o bispo “seja apto para ensinar”
(1Tm 3.2); que ordenam o bom manejo da “palavra da verdade” (2Tm 2.15). A
teologia é necessária, pois enseja o exame, a pregação, o ensino, a eficiência
do conhecimento da Palavra. 54

A teologia deve ser “feita” por todos. É um equívoco pensar que a teologia
deve ser feita apenas por pessoas que aspiram o ministério formal de uma
determinada denominação religiosa, ou por um grupo selecionado de pessoas.
De acordo com Solano Portela, “estudar (fazer) teologia não é uma área
segregada à academia teológica; não pertence à esfera de intelectuais maçantes
que se preocupam em descobrir e firmar termos técnicos incompreensíveis aos
demais mortais; não é monopólio daqueles que escrevem livros meramente para
adquirir a respeitabilidade e admiração de seus colegas docentes; nem pertence
a mosteiros anacrônicos, que procuram se aproximar de Deus distanciando-se
do mundo que Ele criou. Mas é tarefa de todas as pessoas”.55
Compreender as Escrituras, e, sobretudo, colocar em prática e
compartilhar seus ensinamentos, é “fazer” teologia. Em Mt 22.29 Jesus adveritu
os homens sobre a necessidade de conhecer as Escrituras: “Jesus, porém,
respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de
Deus”. Em Mc 12.24 Jesus chama à atenção sobre o cuidado do conhecimento
das Sagradas Escrituras: “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura não
errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?”
Vincent Cheung afirma que uma das maiores razões para se estudar
teologia é o valor intrínseco do conhecimento sobre Deus. Cada outra categoria
de conhecimento é um meio para um fim, mas o conhecimento de Deus é um
fim digno em si mesmo. E, visto que Deus Se revelou através da Escritura,
conhecer a Escritura é conhecê-lo, e isto significa estudar teologia.56 Este autor

54
CAMPOS, Geraldo Magela. Teologia em Perguntas e Respostas. Disponível em
http://pt.scribd.com/doc/139935737/Teologia-em-Perguntas-e-Respostas-Geraldo-Magela-
Campos-pdf#scribd. Acesso: 28.12.2015.
55
PORTELA, Solano. Disponível em http://www.teologiaevida.com.br/2012/08/porque-devo-
estudar-teologia.html. Acesso: 29.12.2015.
56
CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Disponível em: http://monergismo.com/?p=789.
Acesso: 29.12.2015.
afirma também que um repúdio à teologia é também uma recusa de conhecer a
Deus por meio do modo por ele prescrito. O conhecimento da Escritura —
conhecer sobre Deus ou estudar teologia — deve estar cima de tudo da vida e
pensamento humano. A teologia define e dá significado a tudo que alguém possa
pensar ou fazer. Ela está cima de todas as outras necessidades (Lucas 10.42);
nenhuma outra tarefa ou disciplina se aproxima dela em significância. Portanto,
o estudo da teologia é a atividade humana mais importante.57

5.1 A teologia nas funções da igreja

O pesquisador Rubens Muzzio usou quatro palavras gregas para definir


as funções principais da igreja no mundo: koinonia, kerigma, diakonia e marturia.
Estas palavras refletem a atuação da igreja no mundo bem como o cumprimento
do seu propósito orientado pelas Sagradas Escrituras.
[a] Koinonia – Esta palavra expressa a comunhão que deve existir entre
os membros da igreja. O salmo 133 é um bom exemplo disso quando diz: “Oh!
quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso
sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla
das suas vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os
montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre”.
Fazer teologia é compreender as bases desta união e seus propósitos. Para
John Stott, "Koinonia” fala de nossa herança comum (do que compartilhamos
aqui dentro), de nosso serviço cooperativo (do que compartilhamos lá fora) e de
nossa responsabilidade recíproca (do que compartilhamos uns com os outros)”.

As significativas palavras koinõma e metochê estão entre os mais fortes


conceitos nas Escrituras judaico-cristã. Antes demais nada, elas se aplicam à
participação em um projeto e um espírito “comum”. Os cristãos participam da
“natureza divina” (2Pe 1.4). A comunhão na família de Deus vem após o novo
nascimento (2Co 5.17; lJo 3.9). Os cristãos participam de Cristo (Hb 3.14) e do
Espírito Santo (6.4). A verdadeira comunhão resulta em um amor mútuo (Jo
13.34). Uma “salvação comum” (Jd 3) e uma “fé comum” (Tt 1.4) caracterizam
os verdadeiros cristãos. A tradução significativa “fazer participante” toca a
essência do espírito cristão (G1 6.6). Aquele que é ensinado na Palavra é

57
Ibidem.
advertido a “comunicar”. Comunhão existe quando há “associação”. Essa era a
força essencial dos cristãos primitivos. Embora um movimento minoritário, eles
compartilhavam a força de pertencer um ao outro e a Deus.58

[b] Kerigma - Refere-se à proclamação do evangelho a todos os homens


em todas as partes do mundo. Trata da missão principal da igreja, expressa em
Mc 16.15 que nos diz: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho
a toda criatura”. A teologia, por exemplo, por intermédio da hermenêutica, da
exegese e da própria homilética, fornecem ferramentas para os membros da
igreja compartilharem com eficiência as verdades do evangelho.

No grego, essa palavra significa “a coisa pregada”, o que alude ao evangelho de


Cristo. Está em foco a proclamação do evangelho. A palavra aparece por oito
vezes no Novo Testamento, duas delas acerca da pregação de Jonas (Mt 12.41
e Lc 11.32). As outras seis ocorrências envolvem a proclamação do evangelho
(Rm 16.25; 1Co 1.21; 2.4; 15:14; 2Tm 4.17 e Tt 1.3), onde são enfatizadas a
morte e a ressurreição de Cristo, com todas as suas implicações teológicas.59

[c] Diakonia – É o comportamento generoso em relação ao próximo.


Edelberto Behs, tratando da necessidade da compreensão ampla do termo
“diaconial” observou que “os efeitos da globalização econômica, que erodiu a
base da vida em muitas comunidades, e a necessidade de prestar contas da fé
cristã frente ao secularismo e ao neoliberalismo, trazem novos desafios às
igrejas”.60 Fazer teologia é colocar em prática o conteúdo de nossa fé. Behs
afirmou também que:

A compreensão de diaconia vincula o serviço da igreja à crítica profética sobre


as estruturas econômicas, políticas e culturais vigentes no mundo, que
produzem e perpetuam sofrimento e violência, ao mesmo tempo em que advoga
condições sociais para uma vida digna, de respeito e justiça. Tradicionalmente,
a compreensão de pregar e ensinar o evangelho e de administrar os
sacramentos, responsabilidade da Igreja, estava restrita ao ministério pastoral,

58
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 3. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.838-839.
59
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.3. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.699.
60
BEHS, Edelberto. Ação diaconal é uma exigência num mundo excludente, globalizado e
violento. Disponível em http://www.ieclb.org.br/noticia.php?id=7877. Acesso: 17.11.2014.
segundo a Confissão de Augsburgo. Entende-se que a pregação do Evangelho
também acontece através da ação diaconal (compreendida como o serviço ao
próximo). Diferentes modelos diaconais vêm sendo praticados em diferentes
igrejas, de acordo com a história, sociedade e o contexto em que se encontram. 61

[d] Marturia – Trata-se do testemunho compartilhado pela igreja. At 1.8


diz: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-
me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e
até aos confins da terra”. Fazer teologia é testemunhar, movido pelo Espírito
Santo, aquilo que experimentamos e entendemos em Cristo Jesus.

Com uma variedade de significado na Escritura, testemunho, dependendo do


contexto, indica (a) testemunho, (b) evidência que testemunha de ou a favor de
alguma coisa, (c) as tábuas de pedra nas quais a lei de Deus foi escrita, (d) a
Arca, (e) todo o livro, da lei, (f) a Palavra de Deus dada a um profeta, (g) o
evangelho, ou (h) toda a Escritura. [1] 0 primeiro destes contextos é visto em 2
Timóteo 1.8, onde Paulo exorta Timóteo a não ficar envergonhado de seu
testemunho de Cristo. [2] Um exemplo do segundo sentido no qual a palavra é
usada encontra-se em Atos 14.3, onde a BJ e ARC interpretam que Deus “dava
testemunho à palavra da sua graça”, a ARA contém “confirmava a palavra da
sua graça” e a NVI traduz “confirmava a mensagem da sua graça”. [3] Em vários
exemplos no AT “o testemunho” refere-se ao Decálogo como uma declaração
da vontade de Deus (e. g., Êx 25.16,21) do qual vem a expressão “tábuas do
testemunho” (Êx 31.18; 32.15; 34.29). [4] No mesmo contexto lê-se “a arca do
testemunho” (Êx 25.22; 26.33s.; 30.6; 31.7, et al.), ou simplesmente “o
testemunho”, onde se tem em vista a Arca (Êx 16.34; 27.21; Lv 16.13). [5] A
expressão “testemunho” foi então estendida para abranger todo o livro da lei de
Deus (SI 19.8; 78.5; 81.5; 119.88; 122.4). [6] Em alguns casos, testemunho
significa a Palavra de Deus dada a um profeta (Is 8.16,20). [7] Em Apocalipse
1.2,9; 12.17 et al., o uso de marturia é o do evangelho. Em 12.17a palavra é
usada para o Evangelho no sentido de um testemunho de Cristo. [8] Toda a
revelação de Deus ao homem é, às vezes, mencionad quando “testemunhos” é
usado (SI 119.22) contendo vários exemplos. 62

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

61
Ibidem.
62
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.899-900.
Você pode ler um bom texto sobre a importância do estudo da teologia em
http://esdrascabral.blogspot.com.br/2012/06/necessidade-do-estudo-
teologico.html

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Compreender as Escrituras, e, sobretudo, colocar em prática e compartilhar


seus ensinamentos, é “fazer” teologia. Explique com suas palavras a relação dos
textos de Mt 22.29 e Mc 12.24 com esta afirmação.

2. Quais as razões, segundo Gerlado Campos, para se “fazer teologia”?

3. Como a teologia pode ser desenvolvida no contexto das funções essenciais


da igreja?

1. Se a pessoa não conhece as escrituras sagradas ela não poderá colocar em praticas seus
ensinamentos e compartilhar aos outros os ensinamentos das escrituras sagradas, portanto é necessario
compreender as escrituras.

2. 1= nosso conhecimento precisa de organização, e a teologia vai organizar os ensinos tratados sobre
as obras, doutrinas, ensinamentos sobre as escrituras sagradas,
2= para desenvolvimento do carater, ao fazer ''teologia'' o conhecimento de Deus vai influenciar no nosso
carater
3 = para capacitação intelectual= a teologia capacita intelectualmente o homem para ensinar,
compartilhar, pregar, a respeito da fé cristã
4= para dar firmeza e ousadia a igreja no estabelecer o reino de Deus
a maneira correta de interpretar provoca uma maneira correta de viver, poder, adoração, serviço e etc
correto
5= para dar cumprimento as ordens ou sugestões das escrituras

3. Koinonia é uma palavra de origem grega e significa “comunhão”. Este termo se tornou muito comum
entre os cristãos, sendo utilizado no sentido de companheirismo, participação, compartilhamento e
contribuição com o próximo e com Deus.
Diakonia é uma palavra derivada do grego, significa ''servir'' usada na Bíblia, Novo Testamento, com
diferentes sentidos. Algumas vezes, refere-se à ajuda material específica para pessoas em necessidade.
Em outros momentos, significa o servir das mesas e, em outros ainda, se refere à distribuição de recursos
financeiros.
Marturia Trata-se do testemunho compartilhado pela igreja
Kerigma Refere-se à proclamação do evangelho a todos os homens
em todas as partes do mundo.
6. FONTES DA TEOLOGIA

A teologia possui uma fonte, ou seja, um ponto de partida de onde flui a


teologia. Basicamente estas fontes são:
[a] Bíblia Sagrada – A fonte fundamental da teologia cristã é a Bíblia
Sagrada. Bíblia e Escrituras são palavras sinônimas para os propósitos da
teologia. O cristianismo possui como ponto central, a fé, e, a pessoa de Cristo,
ou seja, não possui fé num livro, portanto, a fé e Cristo encontram-se
intimamente relacionadas.

A palavra portuguesa Bíblia vem do grego, biblia, que é o plural de blblion, “livro”.
Portanto, significa “Iivros”. Essa palavra deriva-se originalmente da cidade
fenícia de Biblos (no Antigo Testamento, Gebal), que era um dos antigos e
importantes centros produtores de papiro, o papel antigo. Com o tempo, esse
vocábulo terminou sendo usado para designar as Sagradas Escrituras. A palavra
grega biblos significa um livro, um escrito qualquer, tendo mesmo servido para
indicar o livro da vida, como se vê em Ap 3.5, isto é, um livro sagrado.
Estritamente falando, biblos era um livro, e biblion era um livrinho. A palavra
Bíblia, mediante um desenvolvimento histórico divinamente dirigido, segundo
cremos, veio a designar o Livro dos livros, as Escrituras Sagradas, compostas
do Antigo e do Novo Testamento, a principal fonte de ensinamentos religiosos e
éticos de nossa civilização. Por volta do século II d.C., os cristãos gregos já
chamavam suas Escrituras Sagradas de Bíblia, ou seja, “os livros”. Quando esse
título foi então transferido para a versão latina, foi traduzido no singular, dando a
entender que “o Livro” é a Bíblia. [...] No Novo Testamento encontramos o
vocábulo “Escrituras”, empregado para indicar o Antigo Testamento (Mt. 21.42;
Mc 14.49; Rm 15.4), ou Sagradas Escrituras (Rm 1.2), ou, a “lei e os profetas”
(Mt 5.17), ou “lei” (Jo 10.34), ou “os oráculos de Deus” (Rm 3.2).63

A teologia cristã reconhece a Bíblia Sagrada como sua autoridade


máxima. É a regra de conduta do verdadeiro cristão, a constituição da religião
cristã. “O que torna a autoridade das Escrituras de indescritível importância para
os cristãos é o fato de elas revelarem Deus ao mundo, sua natureza trinitária
(Pai, Filho e Espírito Santo), seu plano de salvação para a humanidade e sua

63
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.527.
vontade. As Escrituras, conforme as temos, são suficientes para tal finalidade”.64
A Bíblia é a mais rica fonte de informações sobre Cristo, em especial, quando
trata de sua messianidade. Outras fontes sobre Cristo, tendem enfatizar seu
aspecto histórico, pouco ou nada falando sobre seu poder divino de perdoar
pecados. Paulo Anglada destaca que o reconhecimento das Sagradas Escrituras
como autoridade suprema é tanto inferencial como direta:

Base Inferencial - É inferencial, porque decorre do ensino bíblico a respeito da


inspiração divina das Escrituras. Visto que as Escrituras não são produto da
mera inquirição espiritual dos seus autores (cf. 2Pe 1.20), mas da ação
sobrenatural do Espírito Santo (cf. 2Tm 3.16 e 2Pe 1.21), infere-se que são
autoritativas. Na linguagem da Confissão de Fé, a autoridade das Escrituras
procede da sua autoria divina: "porque é a Palavra de Deus." Isto não significa
que cada palavra foi ditada pelo Espírito Santo, de modo a anular a mente e a
personalidade daqueles que a escreveram. Os autores bíblicos não escreveram
mecanicamente. As Escrituras não foram psicografadas, ou melhor,
"pneumografadas." Os diversos livros que compõem o cânon revelam
claramente as características culturais, intelectuais, estilísticas e circunstanciais
dos diversos autores. Paulo não escreve como João ou Pedro. Lucas fez uso de
pesquisas para escrever o seu Evangelho e o livro de Atos. Cada autor escreveu
na sua própria língua: hebraico, aramaico e grego. Os autores bíblicos, embora
secundários, não foram instrumentos passivos nas mãos de Deus. A
superintendência do Espírito não eliminou de modo algum as suas
características e peculiaridades individuais. Por outro lado, a agência humana
também em nada prejudicou a revelação divina. Seus autores humanos foram
de tal modo dirigidos e supervisionados pelo Espírito Santo que tudo o que foi
registrado por eles nas Escrituras constitui-se em revelação infalível, inerrante e
autoritativa de Deus. Não somente as idéias gerais ou fatos revelados foram
registrados, mas as próprias palavras empregadas foram escolhidas pelo
Espírito Santo, pela livre instrumentalidade dos escritores.4 O fato é que, por
procederem de Deus, as Escrituras reivindicam atributos divinos: são perfeitas,
fiéis, retas, puras, duram para sempre, verdadeiras, justas (Sl 19.7-9) e santas
(2 Tm 3.15).

Base Direta - Mas a doutrina reformada da autoridade das Escrituras não se


fundamenta apenas em inferências. Diversos textos bíblicos reivindicam
autoridade suprema. Os profetas do Antigo Testamento reivindicam falar

64
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.
palavras de Deus, introduzindo suas profecias com as assim chamadas fórmulas
proféticas, dizendo: "assim diz o Senhor," "ouvi a palavra do Senhor," ou "palavra
que veio da parte do Senhor." No Novo Testamento, vários textos do Antigo
Testamento são citados, sendo atribuídos a Deus ou ao Espírito Santo. Por
exemplo: "Assim diz o Espírito Santo..." (Hb 3:7ss). A autoridade apostólica
também evidencia a autoridade suprema das Escrituras. O Apóstolo Paulo dava
graças a Deus pelo fato de os tessalonicenses terem recebido as suas palavras
"não como palavra de homens, e, sim, como em verdade é, a palavra de Deus,
a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes" (1Ts
2:13). Que autoridade teria Paulo para exortar aos gálatas no sentido de
rejeitarem qualquer evangelho que fosse além do evangelho que ele lhes havia
anunciado, ainda que viesse a ser pregado por anjos? Só há uma resposta
razoável: ele sabia que o evangelho por ele anunciado não era segundo o
homem; porque não o havia aprendido de homem algum, mas mediante
revelação de Jesus Cristo (Gl 1:8-12). Jesus também atesta a autoridade
suprema das Escrituras: pelo modo como a usa, para estabelecer qualquer
controvérsia: "está escrito" (exemplos: Mt 4:4,6,7,10; etc.), e ao afirmar
explicitamente a autoridade das mesmas, dizendo em João 10:35 que "a
Escritura não pode falhar”. 65

[b] Tradição – “A leitura das Escrituras nunca é neutra; sempre está filiada
a alguma tradição interpretativa, e mesmo sem perceber, geralmente lemos a
Bíblia com a ótica da tradição a qual pertencemos”.66

E indiscutível que todas as denominações cristãs têm suas próprias tradições,


que lhes servem de autoridade, em complemento ou acréscimo às Escrituras,
embora algumas dessas denominações prefiram não reconhecer esse fato. A
tradição faz parte integrante da Autoridade. [1] As próprias Escrituras Sagradas
preservam várias tradições judaicas, sem falarmos em algumas tradições
próprias da filosofia helênica, como é o caso da doutrina do Logos, ou do mundo
platônico em dois níveis, conforme se vê na epístola aos Hebreus. Assim sendo,
as tradições começam nas próprias Escrituras. [2] Terminado o período do Novo
Testamento, surgiram as declarações dos chamados pais da Igreja, bem como
o desenvolvimento dos mais antigos credos. Esses credos serviram para limitar
e sistematizar as Escrituras. Na verdade, esses credos foram teologias
sistemáticas incipientes, sobre as quais as denominações cristãs atualmente

65
AGLADA, Paulo. A Doutrina Reformada da Autoridade Suprema das Escrituras. Disponível em
http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/autoridade_anglada.htm. Acesso: 29.12.2015.
66
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.
repousam. [3] Os concílios eclesiásticos manipularam esses credos e lhes
fizeram adições, apresentando interpretações das Escrituras, de onde se
originaram tradições. [4] Regras de fé, interpretações bíblicas, raciocínios e
apareceram nos escritos dos pais da Igreja. Irineu, Clemente de Alexandria,
Tertuliano, Hipólito, Orígenes e Novaciano referira-se às suas regras de fé, que
faziam parte de credos existentes ou não. [5] O sincretismo. A medida que o
cristianismo foi sendo difundido por diferentes áreas geográficas e culturas,
foram sendo incorporados elementos de crenças e práticas locais, e isso
também veio a constituir um elemento nas tradições emergentes, geralmente de
natureza negativa. [6] As tradições católicas romanas são o supremo exemplo
do entronizamento das tradições, às vezes prejudicando as Sagradas Escrituras,
pois a essas tradições também se confere ali a aura de autoridade. É verdade
que boa parte dessas tradições católicas romanas tem um fundo bíblico; mas
outra boa parte não passa de sincretismo. [7] A Reforma Protestante
presumivelmente fez a Igreja cristã retornar às "Escrituras somente". Mas, na
verdade, grande parte das tradições ocidentais teve continuidade nos vários
grupos protestantes que surgiram em cena. Mas então novas tradições foram
criadas, mediante credos rígidos, que eram interpretações específicas das
Escrituras. Todos esses credos deixam de lado certos ensinos bíblicos, além de
torcerem outros ensinos bíblicos. [8] Desenvolvimento doutrinário. Muitos
teólogos modernos insistem na tese que a doutrina deve evoluir, a fim de que a
verdade possa ser obtida em qualquer sentido ou grau significativo. Assim, as
tradições sempre haveriam de emergir, somente para serem substituídas por
outras, mais evoluídas. [9] A revolta contra a ortodoxia: as tradições liberais.
Começando no século XVIII, mas florescendo nos séculos XIX e XX, os eruditos
liberais e os críticos desenvolveram uma tradição toda própria que produziu
efeitos que minimizaram a fé nas tradições mais antigas, e rejeitaram de forma
total o autoritarismo e seus diversos conceitos de infalibilidade, sem importar-se
das próprias Escrituras. [10] Os credos modernos. Esses credos funcionam de
quatro maneiras diversas: a. Declarações. Coisas que figuram claramente nas
Escrituras são meramente declaradas e descritas. b. Interpretações. Coisas que
não são necessariamente claras, e, em certos casos, coisas que são repelentes
para certas mentes, recebem interpretações apropriadas de indivíduos ou
denominações que as provêem. c. Distorções. É patente que todas as
denominações cristãs distorcem certos trechos bíblicos, para que se adaptem
ao seu esquema das coisas. d. Omissões. Certas passagens ou versículos são
simplesmente omitidos, conforme fazem os hiper dispensacionalistas que
declaram que a maior parte do Novo Testamento não pertence à Igreja cristã,
não servindo de autoridade quanto à doutrina cristã. Não há que duvidar que as
tradições tem seu uso. Algumas vezes as tradições ultrapassam, legitimamente,
as Escrituras, mas nem por isso deixam de ser verdadeiras. Por outro lado, com
frequência, essas tradições laboram em erro, adicionando elementos prejudiciais
à fé e à prática. Essas são as tradições que devemos repelir.67

[c] Cultura - Quando alguém faz teologia, precisa levar em consideração


tanto o seu contexto cultural como o do texto bíblico que está analisando, para
aplicá-lo adequadamente em seu tempo. O estudo da cultura é importante
inclusive, por exemplo, para saber se determinados textos das Escrituras eram
aplicáveis à determinado momento histórico, ou se são validos perpetuamente.68
Costumes culturais influenciam na interpretação de um texto bíblico. Sobre isso,
Alexandre Milhoranza disse:

As pessoas que interpretam a Bíblia sem levar em consideração o contexto de


uma passagem e sem conhecer, ou considerar o período histórico do texto
escrito, podem cometer um sério erro de interpretação e acabarem criando uma
heresia. Lembre-se que os reformadores ressaltaram e retornaram ao método
de interpretação histórico-gramatical das Escrituras. Ou seja, devemos levar em
conta o período histórico de quando a passagem foi escrita e levar em
consideração as palavras e frases da passagem em seu sentido normal e claro
(literal). [...] Certos princípios ou mandamentos são contínuos ou irrevogáveis, e
tratam de temas morais e/ou teológicos, são repetidos em outras partes da
Bíblia, sendo, portanto, aplicáveis a nós hoje. Precisamos perguntar se a Bíblia
dá ao mandamento um caráter normativo. Quando a Bíblia dá uma ordem
explícita e não a anula depois, devemos entender como sendo a vontade
expressa de Deus para nossas vidas, em nosso tempo também, independente
da cultura. [...] Certos princípios ou mandamentos dizem respeito às
circunstâncias específicas de um indivíduo, não sendo temas que possuem
caráter moral ou teológico, não são aplicáveis aos nossos dias. [...] 2.3 Certos
princípios ou mandamentos dizem respeito a contextos culturais que se parecem
com os nossos nos quais apenas o princípio deve ser aplicado. [...] Certos
princípios ou mandamentos dizem respeito a contextos culturais totalmente
diferentes, mas cujos princípios se aplicam. Quando Moisés esteve na presença
de Deus, ele tirou seus sapatos, pois era terra santa. Será que devemos hoje em

67
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.6. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.466-467.
68
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.
dia tirar nossos sapatos ao vir para o templo? Aqui, o princípio de reverência e
temor a Deus devem ainda nos dirigir. 69

[d] Razão - O teólogo não pode evitar o uso da razão em seu labor
teológico. Por exemplo, somente o fato de ler as Sagradas Escrituras, interpretá-
las, já envolve o uso da razão, seja para ser alfabetizado, ou conhecer os idiomas
originais das Escrituras, utilizar os meios básicos de interpretação de um texto,
etc.70
De acordo com Paul Tillich, teólogo alemão, a razão é uma condição
necessária para a fé, eliminando assim a ideia de uma irracionalidade no
exercício da fé. Para Tillich “somente um ser dotado de razão pode ser possuído
por algo incondicional e distinguir preocupações últimas das provisórias [...]
Assim a razão é uma condição necessária para a fé, e fé é o ato em que a razão
irrompe extaticamente para além de si [...] entre a natureza verdadeira da fé e a
natureza verdadeira da razão não há contradição”71. Champlin observa que a
razão entra perfeitamente em harmonia com a fé religiosa, além de servir para
expressá-la. “A razão exibe logicamente aquilo que a religião sente e põe em
prática. A razão é compatível com a fé religiosa, tendo a função de expressá-la
e defendê-la. Mas a fé cristã, com base na revelação bíblica transcende à razão,
conferindo-nos algumas doutrinas que são inatingíveis para a razão”.72

[e] Experiência - Determinado fato ou ocorrência que acabará por


influenciar no labor teológico da igreja.

Para Schillebeeckx, experiência humana e fé cristã são as duas fontes da


teologia: devem ser pensadas em correlação. Sem a pergunta de sentido que
brota da experiência humana, as respostas do teólogo cairiam no vazio. Agora,
se a resposta cristã oferece uma "superabundância de sentido", esse sentido
deve se inserir em uma experiência humana em que o homem já está em busca
de sentido.

69
MILHORANZA, Alexandre. As diferenças culturais na interpretação da Bíblia. Disponível em
http://www.milhoranza.com/2009/09/08/hermeneutica-diferencas-culturais/#axzz3vlmaGdmu.
Acesso: 30.12.2015.
70
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.
71
TILLICH, Paul apud Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.442-444.
72
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.558-559.
A resposta hesitante do homem à sua própria pergunta é identificada, valorizada
na fé cristã. À luz da revelação, manifesta-se a superabundância de sentido,
contida no sentido que o homem mesmo descobriu no mundo. 73

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre fontes do conhecimento religioso em


http://arturfelix.blogspot.com.br/2014/10/as-fontes-do-conhecimento-religioso-
em_14.html

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Qual a relação da Bíblia com a Teologia?

2. Basicamente, quais são as fontes da teologia?

3. A experiência é uma das fontes da teologia. Qual a relação entre a experiência


e a fé cristã?

1. A teologia cristã reconhece a Bíblia Sagrada como sua autoridade


máxima. É a regra de conduta do verdadeiro cristão, a constituição da religião
cristã. “O que torna a autoridade das Escrituras de indescritível importância para
os cristãos é o fato de elas revelarem Deus ao mundo, sua natureza trinitária
(Pai, Filho e Espírito Santo), seu plano de salvação para a humanidade

2. a biblia, cultura, tradição, razão, experiencia.

3. Fé é uma atitude operante e um processo que traduz o fato de Deus na experiência do homem. “
Experiência” é viver uma vida cristã normal, por meio da fé em Deus. É expressar a vida de Cristo na
caminhada diária. É provar do sucesso e vitória de Cristo pela demonstração prática do fato de Deus.

73
SCHILLEBEECKX, Edward. Experiência humana e fé cristã: as duas fontes da teologia.
Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-arquivadas/28686-experiencia-
humana-e-fe-crista-as-duas-fontes-da-teologia. Acesso: 30.12.2015.
7. O TEÓLOGO

O tradicional Guia do Estudante conceitua o Teólogo como sendo o


“indivíduo que se dedica ao estudo das religiões e sua influência sobre a
sociedade. Ele pesquisa a história, os fenômenos e as tradições religiosas,
interpreta textos sagrados, doutrinas e dogmas religiosos. Associa essas
informações com outras ciências humanas e sociais, como antropologia e
sociologia, e identifica as relações entre a religião e diferentes culturas e grupos
sociais. Pode trabalhar como pesquisador ou assessor de grupos religiosos.
Como licenciado, leciona religião e ética em escolas de ensinos fundamental e
médio e também em ONGs, centros culturais e religiosos”.74
Quem produz teologia é o teólogo. Erickson destaca que o teólogo é o
operador da teologia, ou seja, aquele que busca entender as bases doutrinais
de uma religião, normalmente a religião a que pertence. Ele afirma também que
o teólogo profissional é uma pessoa com instrução avançada e que geralmente
atua como professor e escritor.75 Este conceito não exclui a possibilidade de a
teologia ser examinada por leigos, ou seja, qualquer pessoa que busque o
conhecimento de Deus está operando, ou fazendo, teologia.
Rm 1.19-20 descreve a possibilidade de Deus ser conhecido pelo homem,
quando afirma: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta,
porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação
do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e
claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
inescusáveis”. Este texto não fala em conhecimento pleno de Deus, mas de um
conhecimento que permite ao homem relacionar-se com Deus. Isto permite que
um ser finito como o homem possa conhecer (em partes) a infinitude de Deus.
De acordo com Vincent Cheung o conhecimento de Deus é também possível
somente porque ele fez o homem à sua própria imagem, de forma que há um
ponto de contato entre os dois, a despeito da transcendência de Deus.76

74
Guia do Estudante da Editora Abril. Disponível em http://guiadoestudante.abril.com/profissoes/
ciencias-humanas-sociais/teologia-687903.shtml. Acesso: 29.12.2015.
75
ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997. p.162.
76
CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Disponível em: http://monergismo.com/?p=789.
Acesso: 29.12.2015.
Sobre o teólogo, a revista Ultimato publicou algo interessante sobre seu
perfil:

Antes de conhecer Deus academicamente, o teólogo precisa conhecê-lo


pessoalmente. Antes de descrever Deus, o teólogo precisa ter comunhão com
ele. Antes de descrever o amor de Deus, o teólogo precisa sentir-se amado por
ele.
Antes de descrever a autoridade de Deus, o teólogo precisa submeter-se a ela.
Antes de descrever a santidade absoluta de Deus, o teólogo precisa descrever
a sua absoluta pecaminosidade. Antes de mencionar a sabedoria de Deus, o
teólogo precisa confessar a sua ignorância. Antes de se enveredar pelo
problema filosófico e teológico do sofrimento, o teólogo precisa aprender a
chorar com os que choram e a alegrar-se com os que se alegram. Antes de tentar
explicar as coisas mais profundas e misteriosas da teologia, o teólogo precisa
ser honesto consigo mesmo e com os outros e admitir que nas cartas de Paulo
e em outras passagens da Bíblia há coisas realmente difíceis de entender. Antes
de ensinar e escrever teologia, o teólogo precisa entender que sua
responsabilidade é enorme, porque, exatamente por ser reconhecido como
teólogo, ele será ouvido, lido, consultado, citado. O teólogo não pode inventar
suas teologias, assim como o profeta não podia inventar suas visões nem
declarar “assim diz o Senhor”, se o Senhor nada lhe dissera. O teólogo não pode
ser nem frio nem seco. Ele tem de declarar com toda empolgação que Deus é
amantíssimo, graciosíssimo, justíssimo, misericordiosíssimo, puríssimo,
santíssimo, sapientíssimo e terribilíssimo. O teólogo precisa de humildade para
explicar as coisas já reveladas e calar-se diante das coisas ainda ocultas. O
teólogo precisa caminhar lado a lado com a fé e com a razão e, se em algum
momento tiver de abrir mão de uma delas, deve ficar com a fé. O teólogo deve
construir e, em nenhum momento, destruir. O teólogo obriga-se a separar o trigo
do joio, a verdade do mito, a revelação da tradição, a visão verdadeira da falsa
visão, o bem do mal, a luz das trevas, o doce do amargo, a vontade de Deus da
vontade própria. O teólogo tem o compromisso de insistir na unicidade de Deus
e condenar a pluralidade de deuses, tanto os de ontem como os de hoje. O
teólogo tem a obrigação de equilibrar a bondade e a severidade de Deus, o
perdão e a punição, a vida eterna e a morte eterna, a graça e a lei. O teólogo é
um fracasso quando não menciona que Deus amou tanto o mundo que deu seu
único Filho por uma só razão: para que ninguém fosse condenado, mas tivesse,
pela fé em Jesus, plena e eterna salvação! 77

77
O teólogo a serviço de Deus e não da teologia. Disponível em
http://www.ultimato.com.br/revista/
artigos/338/o-teologo-a-servico-de-deus-e-nao-da-teologia. Acesso: 29.12.2015.
Quando falamos na operação propriamente dita da teologia, o Guia do
Estudante informa que a área de atuação do teólogo pode ser verificada em
várias frentes, entre elas: [a] Consultoria – Assessorar pessoas e organizações
públicas ou privadas que utilizem a religião no desenvolvimento de seu trabalho;
[b] Ensino - Dar aulas em escolas de ensinos fundamental e médio sobre religião
e ética; [c] ONGs - Orientar grupos religiosos e atender a instituições que
realizam trabalhos sociais voltados para a religião; [d] Pesquisa - Estudar o
fenômeno religioso e sua relação com a atividade humana; e [e] Sacerdócio –
Atuar no ministério formal da igreja.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre a importância do teólogo em


http://www.ftsa.edu.br/site/index.php/publicacoes-da-ftsa/artigos-da-ftsa/119-
artigos-da-ftsa/241-dia-do-teologo

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Explique com suas palavras o que você entende por teólogo.

2. Qual o campo de atuação do teólogo?

3. Qual o limite do conhecimento de Deus que o teólogo pode ter?

1. Nas minhas palavras teólogo é aquele que estuda teologia, estuda as religiões, aqueles que buscam
entender as bases doutrinarias de uma religião.
2. consultoria assessorar pessoas ou organizações publicas ou privada, ensino dar aula em escolas nas
disciplinas de religião no ensino fundamental e também do ensino médio, ONGs orientar grupos
religiosas ou instituições, sacerdócio atuar no ministério formal, pesquisa estudar o fenomeno da religioso
3. o limite do conhecimento que o homem pode ter de Deus é o conhecimento que permite o homem se
relacionar com Deus o criador do universo.
8. DOUTRINA E RELIGIÃO

O estudo da doutrina também é conhecido como teologia. Doutrina diz


respeito à um conceito que é ensinado, compartilhado, com alguém. Por
intermédio da doutrina um indivíduo recebe instrução para trilhar sua jornada. Ao
descrever a origem e o significado do termo “doutrina”, Champlin diz:

Essa palavra significa “ensino”... Vem do latim, doctrina, cuja forma verbal ~
docere, "ensinar", O termo tem um sentido geral, podendo referir-se a qualquer
tipo de ensino, como também pode indicar algum ensino especifico, como a
doutrina da salvaçiio. Também pode envolver as ideias de crença, dogma,
conceito ou princípio fundamental ou normativo por detrás de certos atos. Esse
vocábulo traz imediatamente às nossas mentes ideias e ensinamentos
religiosos, porque usualmente é assim que o ouvimos ser dito. A expressão “a
doutrina” pode aludir aos ensinamentos de Cristo, ou ao sistema de ensinos
cristãos. Porém, o propósito da doutrina cristã é a mudança da vida dos cristãos,
pelo que o termo não deve subentender meros conceitos intelectuais e
religiosos, que compõem algum sistema. Essa palavra dá a entender aqueles
ensinos usados pelo Espirito a fim de transformar almas humanas, tornando-as
semelhantes ao seu Mestre. As doutrinas formalizadas na forma de credos
tendem a estagnar a viva energia dos ensinamentos de Cristo. Seus ensinos
apontam para categorias do ser que não podem ser expressas distintamente
como conceitos verbais. Quando Jesus convidou: “...aprendei de mim...” (Mt
11.29), certamente ele não estava pensando em alguma sistematização de
ideias a seu respeito, e, sim, na capacidade transformadora de sua doutrina e
Espírito, capaz de transformar seus discípulos (aprendizes).78

O termo “instrução” está sempre associado à “doutrina”. Michaelis79 define


instrução como a ação de instruir, de ensinar, de explicar ou esclarecer, de
educar intelectualmente. “A palavra ‘teologia’ não ocorre na Bíblia e o termo que
lhe é equivalente, no N.T., é ‘doutrina’ (“didache” ou “didaskalia”, no grego), que
vem de uma raiz que significa ‘ensinar’ e pode se referir tanto ao ato de ensinar,
propriamente, como ao conteúdo do que é ensinado (Rm 6.17;1Tm 6.3-4; 2Tim

78
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.228-229.
79
Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Melhoramentos: 2009.
4:3-4; Tito 1.2,9, etc.). Podemos dizer, de modo mais completo agora, que
Teologia é o conjunto de verdades extraídas dos ensinos bíblicos a respeito de
Deus e de Sua obra, e que são apresentadas de modo sistemático, na forma de
um corpo de doutrinas. A essa forma ordenada de doutrinas, dá-se inclusive, o
nome de ‘Teologia Sistemática’. O adjetivo aqui, não altera o conceito de
teologia”.80
Alguns aspectos interessantes contribuem para o entendimento da
aplicação do termo “doutrina” em sua aplicação bíblica. Deusimar Barbosa, em
Manancial das Doutrinas bíblicas, observa alguns destes aspectos:

[1] A palavra doutrina vem do hebraico “legach” que significa “ensino, instrução”. É
traduzida por ensino em outras versões bíblicas (TB, NTLH,NVI). [2] Do grego é
“didaché” significa” ensinamento”, aquilo que é ensinado. (Mt 7.28; Tt 1.9; Ap
2.14,15,24), o ato de ensino, instrução (Mc. 4-2; Rm. 16-17). “Didaskalia” significa “aquilo
que é ensinado”, “doutrina, ensino, instrução”(Mt 15.9; Mc 7.7; Ef 4.14; Cl 2.22; 1Tm
1.10; 4.1,6; 6.1,3; Tt 1.9; 2.1,10; Rm 12.7; 15.4; 1Tm 4.13,16; 5.17; 2Tm 3.10,16; Tt 2.7).
O termo didaché é usado apenas duas vezes nas epistolas pastorais (2Tm 4.2; Tt 1.9),
enquanto o termo didaskalia é empregado 15 vezes. Os dois termos são usados nos
sentidos ativos e passivos, ou seja, o ato de ensinar e o que é ensinado. A voz passiva
é predominante em didaché, e a voz ativa, em didaskalia. O primeiro coloca em relevo a
autoridade, o ultimo, o ato. A parte do apostolo Paulo, os outros escritores só usam o
termo didaché, exceto em Mt 15.9 e Mc 7.7, que usa didaskalia. [3] Do latim é “doctrina”,
do verbo “docio”, que significa “ensinar, instruir, educar”. Portanto a palavra doutrina é o
“conjunto coerente de idéias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas”. Ressalto
que doutrina do latim doctrina, significa “ensino, instrução dada ou recebida, arte, ciência,
doutrina, teoria, método.” [4] Quando falamos de doutrina bíblica estamos falando do
ensino das Sagradas Escrituras. A Bíblia Sagrada é a palavra de Deus e, portanto, o
ensino das Sagradas Letras, nada mais é que o puro ensino da Bíblia, o ensino da
palavra de Deus, o ensino de Deus ao homem, acerca da salvação do homem, de Jesus
Cristo, o Senhor e Salvador, do Espírito Santo, o consolador, da Criação dos céus e da
terra, do pecado, da origem, queda, restauração e destino final do homem, missão e
destino da Igreja e do porvir. Portanto, doutrina é o ensino que Deus concede ao homem
a partir da sua poderosíssima palavra da revelação de Deus à humanidade caída em
pecado, que está inserida nas Sagradas Escrituras. [5] É um conjunto de princípios que,

80
SANTOS, João Alves dos. A igreja precisa de teologia? Disponível em
http://www.soluschristus.com.br/2010/06/igreja-precisa-de-teologia.html. Acesso: 23.12.2015.
tendo como base as Sagradas Escrituras, orienta o nosso relacionamento com Deus,
com a Igreja e com os nossos semelhantes. 81

Diversos textos bíblicos revelam a importância da doutrina para a vida do


ser humano, como Atos 2.42: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na
comunhão, e no partir do pão, e nas orações.”, Mateus 7.24-27: “Todo aquele,
pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem
prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram
rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava
edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não
cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a
areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram
aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”, e, Efésios 2.20: “edificados sobre
o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal
pedra da esquina”.
A religião tem sido um termo interpretado de forma equivocada por
algumas pessoas. Expressões como “mais Deus e menos religião” tem
embalado muitos discursos, inclusive religiosos. Uma rápida passagem no
conceito deste termo nos mostra sua importância e relevância. A palavra
portuguesa “religião” vem do latim religare, que significa “atar", “religar” ou “ligar
de novo”. Basicamente o pecado interferiu no relacionamento entre Deus e os
homens, tendo em Cristo a possibilidade de reestabelecer essa comunhão que
havia sido perdida.
Pearlman observa que a teologia possui uma conexão também com a
religião. “Religião vem da palavra latina "ligare" que significa "ligar"; religião
representa as atividades que "ligam" o homem a Deus numa determinada
relação. A teologia é o conhecimento acerca de Deus. Assim a religião é a
prática, enquanto a teologia é o conhecimento. A religião e a teologia devem
coexistir na verdadeira experiência cristã; porém, na prática, às vezes, se acham
distanciadas, de tal maneira que é possível ser teólogo sem ser verdadeiramente

81
BARBOSA, Deusimar. Manancial das Doutrinas Bíblicas - Fortalecendo e edificando a nossa
fé sobre o fundamento dos apóstolos e de Cristo. Disponível em:
http://profdeusimarbarbosa.blogspot
.com/2009/07/deusimar-barbosa-manancial-das.html. Acesso em 19 de dezembro de 2015.
religioso, e por outro lado a pessoa pode ser verdadeiramente religiosa sem
possuir um conhecimento sistemático doutrinário”.82

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre a importância da doutrina em


http://palavradenovavida.blogspot.com.br/2013/01/a-importancia-da-doutrina-
biblica-na.html

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Qual a diferença entre doutrina e religião?

2. Qual a conexão entre religião e teologia?

3. O que você entende como sendo doutrina?

82
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2004. p.5.
9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ

Os constantes debates religiosos, trazem, de tempos em tempos,


assuntos que ocupam destaque na agenda das pessoas, norteando dessa
maneira os temas que devem ser debatidos no dia-a-dia de suas vidas. Neste
sentido, o Brasil apresenta na agenda de suas discussões o assunto
“fundamentalismo”, sobretudo pelo fato do amplo debate que se faz sobre
questões éticas e morais como, aborto, homossexualidade e religiosidade. Nesta
discussão, conceitos fundamentais e tradicionais são colocados à prova, através
de questionamentos e reflexões mais profundas. A defesa dos princípios
absolutos e imutáveis, amparados pela mensagem bíblica, enfrenta resistências
severas diante de um mundo cada vez mais plural e relativista. Defender a fé
tornou-se um grande desafio para aqueles que optaram em viver a vida seguindo
princípios e valores estabelecidos na Palavra de Deus.
A vida é vivida a partir de escolhas, e estas, manifestam-se no
comportamento dos indivíduos no seu dia-a-dia. Estas escolhas recebem o
nome de cosmovisões, ou seja, tratam-se de “um conjunto de conceitos, crenças
e valores de que uma pessoa se utiliza para compreender e formar sua opinião
particular a respeito de si, dos outros, e do mundo”83. Uma vez definida a “lente”
de visualização do mundo, este indivíduo desenvolve sua fé naquilo em que
acredita ser o correto. O mundo pós-moderno considera a defesa desta fé
baseada no absoluto algo questionável, uma vez que a vida não pode ser vivida
sem se levar em conta as constantes mudanças que o relativismo lhe apresenta.
Assim sendo, o conceito de fé precisa ser detalhadamente conhecido para
diferenciá-lo de outros conceitos, e, para delimitar até onde esta convicção pode
ser considerada fundamentalismo no sentido original deste termo. A pós-
modernidade que se apresenta de forma simpática às diferentes manifestações
religiosas, mostra-se implacável e intolerante quando o assunto trata da fé
religiosa num Deus único e imutável, buscando rotular seus adeptos de
“fundamentalistas” no sentido negativo de sua interpretação.

83
COUTO, Geremias. E agora, como viveremos? A Igreja ante os desafios dos últimos dias.
Lições Bíblicas – Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p.7-8.
A fé diz respeito à “palavra bíblica que se refere tanto à crença intelectual
quanto à confiança ou ao compromisso em um relacionamento”84. Num sentido
amplo é uma ação de demonstração de confiança sobretudo na figura de uma
outra pessoa. Para Grenz, “os autores bíblicos geralmente não fazem distinção
entre fé como crença e fé como confiança, mas tendem a considerar que a
verdadeira fé consiste tanto no que se crê (e.g., que Deus existe, que Jesus é o
Filho de Deus) quanto no compromisso para com uma pessoa digna de
confiança e capaz de salvar (i.e., confiança na pessoa de Cristo como meio de
salvação)”85. Assim, cosmovisão imprime no indivíduo uma fé, que no caso
religioso, manifesta-se na confiança em Deus.
Numa análise bíblica clássica, o termo “fé” tem origem na palavra hebraica
heemim, no grego pisteuô e no latim fidem. O texto bíblico de Hebreus 11.1
define a “fé” como sendo o firme fundamento das coisas que se esperam, e a
prova das coisas que se não veem. Andrade destaca que a “fé” é “a confiança
que depositamos em todas as providências de Deus. É a crença de que Ele está
no comando de tudo, e que é capaz de manter as leis que estabeleceu. É a
convicção de que a sua Palavra é a Verdade. Enfim, é a tranquilidade que
depositamos no plano de salvação por Deus estabelecido, e executado por seu
Filho, no Calvário”86.
Vine, na observação etimológica’ do termo “fé, destaca que:

Fé pistis, primariamente, “persuasão firme", trata-se de convicção fundamentada


no ouvir (cognato de peithõ, “persuadir”), e sempre é usado no Novo Testamento
acerca da “fé em Deus ou em Jesus, ou às coisas espirituais”. A palavra é usada
com referência: (a) à confiança (Rm 3.25 ; 1Co 2.5; 15.14.17; 2Co 1.24; Gl 3.23;
Fp 1.25: 2.17: 1Ts 3.2; 2Ts 1.3; 3.2); (b) à fidedignidade, fidelidade, lealdade (Mt
23.23: Rm 3.3: Gl 5.22; Tt 2.10); (c) por metonímia, ao que é crido. O conteúdo
da crença, a "fé" (At 6.7: 14.22: Gl 1.23; 3.25; Gl 6.10; Fp 1.27; 1Ts 3.10: Jd 3.20
[e talvez 2Ts 3.2]); (d) à base para a “fé”, a garantia, a certeza (At 17.31); e a um
penhor de fidelidade, fé empenhada (1Tm5.12). 87

84
GRENZ, Stanley J. et al. Dicionário de Teologia. São Paulo: Vida, 1999. p.57.
85
Ibidem.
86
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. p.156.
87
VINE, W.E. et. al. Dicionário Vine - Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo
Testamento e do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. p.648.
Vine destaca que os principais elementos da “fé" em sua relação com o
Deus invisível, em distinção da “fé” no homem, são ressaltados sobretudo no uso
deste substantivo e do verbo correspondente, pisteuõ. Diz ele:

Tais elementos são: (1) uma firme convicção, produzindo um pleno


reconhecimento da revelação ou da verdade de Deus (por exemplo, 2Ts
2.11,12); (2) uma entrega pessoal a Ele (Jo 1.12); (3) uma conduta inspirada por
tal entrega (2Co 5.7). Proeminência é dada a um ou outro destes elementos dc
acordo com o contexto. Tudo isso é posto em contraste com a convicção em seu
exercício puramente natural. que consiste numa opinião mantida em boa “fé”
sem a necessária referência à sua prova. O objeto da "fé" de Abraão não era a
promessa de Deus (esta era a ocasião do seu exercício); a sua “fé” descansava
no próprio Deus (Rm 4.17.20.21). 88

Em linhas gerais, a cosmovisão de cada indivíduo se constrói a partir de


sua herança cultural, religiosa e social, por isso, há necessidade de distinguir a
fé da simples crença. Buckland destaca que a “simples fé implica uma disposição
de alma para confiar noutra pessoa. Difere de credulidade, porque aquilo em que
a fé tem confiança é verdadeiro de fato, e, ainda que muitas vezes transcenda a
nossa razão, não lhe é contrário”89.

A credulidade, porém, alimenta-se de coisas imaginárias, e é cultivada pela


simples imaginação. A fé difere da crença porque é uma confiança do coração e
não apenas uma aquiescência intelectual. A fé religiosa é uma confiança tão
forte em determinada pessoa ou princípio estabelecido, que produz influência na
atividade mental e espiritual dos homens, devendo, normalmente, dirigir a sua
vida. A fé é uma atitude, e deve ser um impulso. A fé cristã é uma completa
confiança em Cristo, pela qual se realiza a união com o Seu Espírito, havendo a
vontade de viver a vida que Ele aprovaria. Não é uma aceitação cega e
desarrazoada, mas um sentimento baseado nos fatos da Sua vida, da Sua obra,
do Seu Poder e da Sua Palavra. A revelação é necessariamente uma
antecipação da fé. A fé é descrita como "uma simples mas profunda confiança
Naquele que de tal modo falou e viveu na luz, que instintivamente os Seus
verdadeiros adoradores obedecem à Sua vontade, estando mesmo às escuras".
A mais simples definição de fé é uma confiança que nasce do coração. 90

88
Ibidem.
89
BUCKLAND, A.R. “Fé”. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Vida, 2007. p.874.
90
Ibidem.
Na análise de Buckland é possível verificar que a fé não se trata de uma
atitude irracional, pelo contrário, ela é fruto de uma revelação que permite ao
indivíduo experimentar um relacionamento com o seu Deus. Geralmente, a
liquidez do mundo atual, que não encaixa-se de forma equilibrada em valores e
princípios, julga ser esta confiança uma experiência ilusória, sem comprovação
crível, atribuindo à ela um conceito de limitação frente à uma infinidade de
caminhos. Esta visão que despreza a experiência da fé, pouco tem contribuído
para a formação de um indivíduo saudável e relevante para o mundo em que
vive.
Esses termos descrevem a relação que existe entre o homem e Deus. A
fidelidade é resultado da confiança depositada no próprio Deus, e esta relação é
pouco compreendida pelo homem que não vive esta experiência. Tenney
destaca que a fé e a fidelidade “são, em alguns aspectos, correlativos, pois a fé
do homem é aquilo que responde a e é sustentada pela fidelidade de Deus. Em
outros aspectos pode ser um desenvolvimento de pensamento, pois a fé por
parte do homem deveria levá-lo à fidelidade”91.

Novamente, a ideia de fé pode mover-se da atitude subjetiva de confiança para


“a fé” — a qual Deus revelou objetivamente através de ação. palavra e sinais a
fim de que fosse crido. Intimamente associado aos dois substantivos encontra-
se o adjetivo ''fiel" e o verbo “ter fé em”, “confiar”, "acreditar”. Em algumas partes
da Bíblia, o verbo é mais proeminente que o substantivo. Como sempre, nas
Escrituras, a iniciativa divina é enfatizada ou admitida, e o fato de que o Deus
vivo está desejoso de entrar em um relacionamento com os homens e tem
mostrado a eles que é digno de sua confiança, é o que dá à fé bíblica seu caráter
distinto. Fé como é demonstrado no AT é uma necessidade, mas
preliminarmente incompleta para sua plena possibilidade através de Cristo no
NT.92

Quando o homem questiona a existência de Deus ele não consegue


entender a dimensão da fidelidade e da própria fé. Por não entender esta relação
ele considera este comportamento como sendo equivocado e cego, geralmente

91
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Vol. 2. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p. 776-777.
92
Ibidem.
como sendo fruto de uma ignorância cultural e científica. Viver na sociedade que
despreza o absoluta e rechaça a fé, é um desafio que exige convicções cada vez
mais profundas.

Fé tem a ver com sentido último, com valores sobre os quais se funda a
existência humana. Este sentido e estes valores, necessariamente, se
expressarão concretamente numa “ideologia”, que para Segundo é todo o
sistema de meios racionais para concretizar e expressar estes valores. Enquanto
a fé tem a ver com sentido, a ideologia tem a ver com eficácia. Importante é que
se trata de “dimensões humanas diferentes e complementares” (Segundo, p.33).
Nesta perspectiva, Segundo resguarda a dimensão da fé como insubstituível e
ao mesmo tempo libera o ser humano para, com sua racionalidade, lutar por
justiça e libertação, dentro de suas coordenadas sociopolíticas concretas. 93

Na análise acima é possível verificar que a fé relaciona-se com valores,


que por sua vez, definem uma cosmovisão. A simples defesa destes valores,
constitui-se para alguns, manifestação de alienação, capacidade limitada de
enxergar o mundo e intolerância religiosa. O relativismo filosófico não consegue
aceitar a ideia do valor imutável, e por isso, milita contra os que assim acreditam.
Na impossibilidade de compactuar valores e princípios, na prática de vida
individual, a firme posição de pensamento passa a ser rotulada de fanatismo, ou,
fundamentalismo, numa aplicação equivocada e distorcida do termo no seu
significado original.

O termo ‘fundamentalismo’ é visto, de forma geral, como “a atitude de um


grupo de pessoas dentro de uma religião ou de um movimento político que dizem
basear-se num conjunto próprio de diretrizes tradicionais (fundamentos),
defendendo-as de forma absoluta”94. Neste aspecto é importante definir a
intensidade e influência em que a defesa é exercida. Lieth destaca que “um
fundamento radical e totalitário, por exemplo, terá consequências
correspondentes”95. Ser considerado fundamentalista na atualidade significa ser

93
SEGUNDO, Juan Luis apud Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.442-
444.
94
LIETH, Thomas e LIETH, Norbert. O que é realmente o fundamentalismo. Disponível em
http://www.chamada.com.br/mensagens/fundamentalismo.html. Acesso: 17.02.2014.
95
Ibidem.
um indivíduo intransigente, exclusivista e incapaz de viver na plenitude da vida
com a sociedade, em contraste com a história antiga, que considerava o
fundamentalista alguém digno de louvor pela bravura da defesa de seus ideais.
Todas as formas de conservadorismo passaram a ser caracterizadas de
fundamentalismo, afirma Lieth: “A pessoa que defende sua posição com
entusiasmo e veemência é ‘fundamentalista’. A conjuntura, na qual, o tema
fundamentalismo aparece, está ligada aos contornos nada precisos do conceito
e da questão fundamentalismo. Quanto mais imprecisos são os contornos, tanto
mais facilmente se pode caracterizar algo ou alguém de fundamentalismo ou de
fundamentalista”96. Do ponto de vista histórico, o conceito de “fundamentalismo”
teve sua origem no mundo ocidental cristão, sobretudo para manifestar oposição
aos valores defendidos pelo liberalismo no século XIX:

Grupos de cristãos protestantes conservadores deram a si mesmos tal


designação no início do século XX, nos Estados Unidos da América do Norte.
Entre 1909 e 1915, foi publicada nos Estados Unidos uma série de textos, com
edição superior a três milhões de exemplares, com o título The Fundamentals –
a Testimonium to the Truth (Os Fundamentais – um testemunho em favor da
Verdade). Do título dessa série saiu o nome de um movimento, formado no último
terço do século XIX por grupos de cristãos conservadores evangelicais. Temos,
aqui, o nascimento do fundamentalismo protestante que determinará os Estados
Unidos da América do Norte e que, em pouco tempo, começará a ser exportado
por outros continentes e países. 97

Na história, o fundamentalismo foi observado como contrastante com o


liberalismo. Champlin destaca que o fundamentalismo foi um movimento
protestante e teológico:

O termo fundamentalismo é sinônimo de conservatismo estrito. Nesse sentido,


algumas vezes é usado não somente para fazer oposição ao liberalismo, mas
também a formas do evangelicalismo, que interpreta menos rigidamente, mais
livremente. Homens como B.B. Warfield, James Orr, H.C.O. Moule e G.
Campbell Morgan, em The Fundamentals, deram o nome a uma estrita
interpretação literalista da Bíblia. Quando eu era estudante de certa escola

96
Ibidem.
97
Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.452-456.
teológica, tivemos um curso intitulado «História do Fundamentalismo», que
acompanhava as raízes do fundamentalismo por todas as Escrituras Sagradas,
com o intuito de mostrar que, sem importar o título usado, as figuras da Bíblia
foram todas fundamentalistas, e que assim deveriam ser todos os crentes na
Bíblia. Quanto ao tipo, o fundamentalismo é aparentado da teologia evangélica
da época anterior à Iluminação, embora defira da mesma por rejeitar,
deliberadamente, os métodos e conclusões da crítica bíblica histórica do penado
posterior à Iluminação. Os teólogos mais antigos não haviam tratado mais
extensivamente as questões envolvidas naquele desenvolvimento, porquanto
foram produto de eruditos dos séculos XIX e XX. 98

Em aspectos gerais, Galindo destaca que “como fenômeno geral o


fundamentalismo é hoje uma tendência dentro das tradições judia, cristã e
muçulmana, que costuma surgir como reação mais ou menos violenta contra
toda mudança cultural”.99 Para ele, o fundamentalismo serve, em algumas
circunstâncias, como base para ideais radicais e extremistas:

Estudos psicológicos descrevem seus adeptos mais zelosos como “pessoas


autoritárias”, ou seja, como indivíduos que se sentem ameaçados em um mundo
dominado por poderes malignos em atitude permanente de conspiração que
pensam em termos simplistas e de acordo com esquemas invariáveis, e que
frente a seus problemas se sentem atraídos pelas respostas autoritárias e
moralizantes. Quando as mudanças culturais alcançam certo grau crítico, esses
indivíduos tendem a se reunir em movimentos radicais dentro de suas
respectivas religiões.100

Embora seja um movimento marcado por uma defesa extrema de ideais,


o movimento fundamentalista contribui de muitas formas para o desenvolvimento
do pensamento e discussão da teologia. Champlin observa que “além de alertar
as pessoas sobre inúmeros erros que haviam entrado na cena religiosa, o
movimento fundamentalista tem-se mostrado radicalmente anticomunista,
exibindo a incompatibilidade básica entre aquele sistema político e os ideais e

98
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.829.
99
GALINDO, Florencio. O fenômeno das seitas fundamentalistas. Petrópolis: Vozes, 1995.
p.167.
100
Ibidem.
crenças cristãos”.101 O fundamentalismo contribui também para a evangelização
e para o zelo da fidelidade à Palavra de Deus. Em linhas gerais, o
fundamentalismo é uma ação, que em sua essência, se contrapõe aos valores
antibíblicos e anticristãos, que se levantam em todos os períodos da história.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre a importância da doutrina em


http://solascriptura-
tt.org/SeparacaoEclesiastFundament/PorQueSouFundamenta
lista-LAFerraz.htm

QUESTÕES PROPOSTAS

1. O que significa ser fundamentalista? alguem ou algum grupo religioso que defende veemente
seus ideiais

2. Qual a contribuição do fundamentalismo? contribui para evangelização, para o zelo da fidelidade


á palavra de Deus, radicalmente anticomunista, e
ideias antibiblicas
3. O termo “fundamentalismo” é visto de forma deturpada, por que?

POR QUE ALGUNS GRUPOS RELIGIOSOS TEM TEM SIDO FUNDAMENTALISTAS EXTREMAMENTE
VIOLENTOS COM A SOCIEDADE.

101
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.829.
REFERÊNCIAS

ABARCA, Rodrigo. A parte da história da igreja que não foi devidamente contada. Os Valdenses
- O Israel dos Alpes. Revista Águas Vivas. Ano 8, no. 45, maio-junho de 2007.

AGLADA, Paulo. A Doutrina Reformada da Autoridade Suprema das Escrituras. Disponível em


http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/autoridade_anglada.htm. Acesso: 29.12.2015.

ANDRADE, Claudionor de. A excelência teológica dos Pentecostais. Disponível em


http://www.cpadnews.com.br/blog/claudionorandrade/posts/29/a-excelencia-teologica-dos-
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__________. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.


ARANTES, Fernando. A Bíblia, seu intérprete e sua interpretação. Disponível em
http://www.ipjg.org.br/ed/VisaoBiblica/Textos/2007/A-Biblia-seu-Interprete-e-sua-Interpretacao-
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ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

BARBOSA, Deusimar. Manancial das Doutrinas Bíblicas - Fortalecendo e edificando a nossa fé


sobre o fundamento dos apóstolos e de Cristo. Disponível em:
http://profdeusimarbarbosa.blogspot
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BEHS, Edelberto. Ação diaconal é uma exigência num mundo excludente, globalizado e violento.
Disponível em http://www.ieclb.org.br/noticia.php?id=7877. Acesso: 17.11.2014.

BUCKLAND, A.R. “Fé”. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Vida, 2007.

CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas de Jovens e Adultos: Movimento Pentecostal – As doutrinas


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CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São
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