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Em algum momento eu terei que responder essa pergunta aos meus quatro
filhos. E eu imagino que todo pai e toda mãe que tenha cumprido bem o seu
dever em criá-los ouvirá a mesma pergunta.
Não porque você exigirá esse direito ao poder de voto sobre a vida dos seus
meninos, mas porque eles confiarão em você.
O destino de todo bom pai e toda boa mãe é a participação voluntária, não a
impositiva, sobre a vida dos próprios filhos.
Pais ruins tomam essas decisões à força. Eles aumentam a voz, apontam o dedo
e dizem: "Você tem que fazer isso daqui da sua vida".
Um bom pai segue o caminho inverso. Ele está presente ao longo de todo o
crescimento dos seus filhos, está lá, observando, até que o dia chega. Somos
chamados, então, para darmos a nossa contribuição.
Cada vez que um filho te pedir um conselho sincero após o início da adolescência,
se considere um pai ou uma mãe vencedor.
Esse tesouro raro, que é encontrado em um número tão pequeno de casas e que
nenhum estabelecimento de educação pode dar?
Educação de verdade exige que existam três coisas, ou não estamos falando de
educação. Pode ser que estejamos falando, no máximo, numa formação. Numa
capacitação técnica. Num conjunto de preparos para uma futura carreira ou para o
desenvolvimento profissional.
Mas educação – aquela de verdade – não tem nada a ver com isso.
Para que seja educação, deve haver:
Não tem nada a ver com matemática, português, geografia e suas afluentes
de rios, planícies e planaltos. Essas são ferramentas técnicas, capacitantes,
que servirão para que esses indivíduos bons, bem desenvolvidos, amados
e que encontram dentro de casa um porto seguro, desenvolvam suas
competências técnicas – também conhecidas como empregos e carreira.
É por isso que, para mim, não existe educação se viola um desses três
princípios. Podemos estar falando, como eu já disse, no máximo, de uma
formação.
Bom, esse sou eu. Esse é o Ícaro, pai desses meninos, que fala. E essa é a
minha carta. Se você discorda da minha visão, pode escrever a sua própria carta –
e usar as suas próprias teses, com os seus próprios filhos. Essa é uma das
maiores maravilhas da vida.
Lá na frente nos reencontramos.
Mas, enfim, tudo isso foi falado para que eu pudesse explicar para você que não
existe uma resposta pré-moldada, para a pergunta que apareceu no início desta
carta.
Por isso, não poderia responder, numa única carta, essa mesma pergunta para os
meus três filhos.
Por quê? Porque eu teria (tenho, na verdade) uma resposta diferente para cada
um deles, quando eles chegarem à idade de me fazerem esse tipo de
questionamento.
O Matteo está pronto para um tipo de estímulo, a Lavínia estará pronta para outro.
Que será completamente diferente do estímulo da Teresa. Que, mesmo sem ainda
conhecê-lo, será diferente do estímulo do próximo bebê.
Antes, um pequeno aviso: eu não quero que essa resposta seja tida como uma
resposta universal. Ela serve para os meninos exatamente como esse meu
menino: solares, cheios de vida, de energia, com os olhos abertos e voltados ao
mundo. Desde o primeiro minuto de vida o Matteo sorriu. Assim que nasceu,
espantou a todas as enfermeiras, porque abriu os olhos e observou tudo e todos.
Não pelos livros ou pelos que dizem os outros, mas através das próprias mãos e
dos próprios olhos.
Se você tentar aplicar esses conselhos, que darei agora para ele, a um filho com a
personalidade da Lavínia, é claro que dará errado. Por isso uma carta para cada.
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