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AULA 91

Seja muito bem-vindo a nossa aula de número 91 aqui pelo Novo


Mercado. Me chamo Ícaro de Carvalho. Caso você esteja assistindo essa aula
através de uma gravação, não importa o dia, a hora ou a data estelar, nosso
tema de hoje será Formatação de post para Facebook.
O que significa isso? Pensei neste tema hoje à tarde, quando estava tentando
desenhar a pauta desta aula. É uma aula bem prática. Geralmente só aplico
esses temas mais práticos em treinamentos e cursos de copyright, como aquele
que fiz com Rafael Reis no ano passado, em dezembro. Quem participou
conseguiu ter acesso a esse conteúdo um pouco mais prático, mas decidi,
também, trazer para vocês, porque sei que boa parte dos alunos usam o
Facebook como a principal forma de comunicação.
Muita gente me pergunta: “Ícaro, como é que você tem tanto engajamento?”,
“Como é você consegue postar tanto?”, “Como é que você mantém um grande
número de postagens? É um grande talento que você tem?”. Existem várias
perguntas, mas antes das perguntas e das dúvidas gerais, algumas pessoas
chegam e falam assim: “Se eu tivesse o talento, a imaginação e a criatividade
que você tem para postar constantemente nas redes sociais, meu negócio
estaria melhor. Mas escrever para mim não é uma coisa tão fácil, não tenho seu
talento. Então para mim fica muito difícil”. Respondo sempre que, é lógico que
existe um coeficiente de talento e um componente de facilidade na escrita e na
construção de narrativa, mas produzir conteúdo para Facebook — conteúdo que
engaje e chame atenção das pessoas — é muito mais um método que
propriamente um grande talento, por assim dizer.
Então, hoje vou mostrar para vocês um pouquinho do método que criei para
produzir conteúdo em escala, ou seja, dois, três conteúdos por dia — são mais
de mil posts por ano no Facebook — sem que você tenha de sentar e demorar
meia hora quebrando a cabeça para saber sobre o que postar. “Por que
Facebook e não Instagram?”. Porque cada rede social tem sua dinâmica:
algumas privilegiam mais os vídeos, outras privilegiam mais as imagens, e o
Facebook, no caso, privilegia textos pequenos com rápidas conclusões. Não é o
Medium que pede para que você produza um texto de oitocentas, mil e
quinhentas palavras. Facebook não é sobre quantidade, Facebook é sobre
timing, conclusão e posicionamento — se você tiver esses três elementos no seu
cronograma de posts, pode ter certeza que seu número de curtidas vai subir,
desde que você esteja comprometido a ter alguma frequência.
Quem se lembra daqueles vídeos no YouTube quando lançaram o desafio “365
dias em um ano”, um vídeo por dia durante um ano? O um youtuber americano
criou esse conceito e trouxe esta ideia de “vou postar um vídeo por dia todos os
dias”. Muita gente no Brasil começou a copiar, então muitos comentadores e
marketeiros digitais disseram: “Ah, vou criar essa grande maratona, um vídeo
por dia”, e aconteceu que depois de cinco, dez dias o cara desistia. Apenas um
cara chegou até o final. Surpreendentemente o Érico Rocha. Mas a maioria
morreu na praia. No Facebook é a mesma coisa. Esse efeito de booking e
retrospecto é muito importante, principalmente porque as pessoas se sentem
mais próximas de você. O Facebook entende que quanto mais curtidas e
comentários você tem, mais relevante você é para as pessoas. Três posts por
dia, para mim, são muito mais tranquilos do que um vídeo por dia. Um vídeo por
dia seria extremamente desgastante para mim, porque tem a questão do
equipamento, edição, preocupação com trilha, com porte. Não é fácil.
Mas o que acontece é o seguinte: Facebook é uma máquina que se alimenta; é
uma máquina que alimenta seu espírito, inclusive. Qual é a coisa mais comum
que existe quando alguém mantem proximidade, aptidão ou tesão para utilizar o
Facebook como ferramenta de trabalho? Posta apenas sobre questões do
trabalho. Facebook não é para você postar sobre questões do trabalho. Menos
de 10% de seus posts devem ser profissionais, preferencialmente quando você
está fazendo alguma estratégia de lançamento e de promoção que tem oferta
por tempo limitado. Se você faz muita propaganda do seu serviço no Facebook,
é bem provável que esteja tomando água do mar.
Imagine que o Facebook é uma grande ferramenta de distração. Facebook não
é uma ferramenta de informação ou entretenimento, é uma grande ferramenta
de distração. Você liga seu Facebook para desligar sua cabeça. “Ah, Ícaro, mas
uso meu Facebook apenas para ler notícias...”. Mesmo assim aposto que você
não lê todas as notícias que aparecem na sua timeline. Você apenas comenta e
compartilha aquela [notícia] da qual acha que uma pessoa, que tem uma posição
parecida com a sua, escreveu um texto bacana. Então Facebook é uma grande
ferramenta de distração.
Qual é o esporte que é uma grande ferramenta de distração nacional? O futebol.
Qual a característica comum entre Facebook e futebol? São veículos de massa
que atingem uma grande parte de pessoas, envolvem sentimentos, clubismo;
time A contra time B, vermelhos contra os azuis, Corinthians contra o Palmeiras,
mas o ponto em análise — talvez o mais importante — é que ninguém assiste o
final de um campeonato para ver o show do intervalo, ninguém assiste
Bragantino e Flamengo para assistir ao show do intervalo. Não faz nenhum
sentido. É um grande mérito do Futebol Americano conseguir transformar os
intervalos em entretenimento, mas, geralmente, em 99% dos casos, ninguém
assiste futebol para assistir ao comercial. Na verdade, o show do intervalo é o
momento que o cara se levanta, pega uma cerveja, conversa no telefone ou fuma
um cigarro.
Da mesma maneira, você talvez ouça isso e fale: “Pô, Ícaro! É lógico que
ninguém assiste futebol por causa do intervalo!”. As pessoas também deveriam
pensar que ninguém entra no Facebook para ver propaganda. Então isso se
assemelha muito àquele movimento de tomar água do mar. O que significa isso?
Quando o náufrago está perdido no meio do oceano, chega um momento em
que tem muita cede e decide tomar água do mar. Se ele tomar água do mar,
acelerará o processo de desidratação: quanto mais água, mais perde líquido,
mais sal ingere, mais desidratado fica. É um caminho sem fim. Perfis de
Facebook caminham de maneira muito semelhante. Vocês vejam o cara que
trabalha com marketing digital, coach, treinamento: todo dia o cara faz um post
“Olhem meu produto, está em promoção”. Em que ele está transformando o jogo
dele? Está transformando um jogo que poderia ser de Corinthians e Palmeiras
num show de intervalo de quarenta e cinco minutos.
Ninguém se importa com sua propaganda ou sua promoção, ninguém se importa
com seu produto. As pessoas não entram no Facebook para comprar. É diferente
do Buscapé, Estante Virtual ou Submarino. As pessoas não entram lá para se
informar: entram para comprar, entram lá para ver preço. Já ninguém entra no
Facebook para ver quão legal é seu produto, quão legal é sua promoção, quão
legal está o 50% que você está dando hoje. Entram para desligar a cabeça,
espairecer, matar o tédio entre o caminho do ônibus ao trabalho ou do caminho
do trabalho para casa, ou, ainda, o trabalho está muito chato e ela saca o celular
e desliga um pouco seu cérebro. O que naturalmente as pessoas buscam
quando entram no Facebook? Basicamente o que buscam quando assistem uma
partida de futebol: jogo, gol, intriga, drible, provocação, resultado, pênalti,
escanteio. Quando alguém entra no Facebook quer ler notícias, piadas, sacadas
conclusões, polêmicas. A última coisa que a pessoa espera é encontrar a
propaganda de um produto.
Então, o que acontece? Você faz a propaganda de um produto, veicula um link
externo que joga o alcance para baixo. As pessoas não ligam para isso, nem dão
likes nisso. Imediatamente o Facebook entende que se trata de um produto ou
post de baixo interesse, então reduz mais ainda o alcance, e o que acontece?
Você está bebendo água do mar. Passo a passo você vai rolando para um like,
dois likes em cada publicação. Quando chegar a um like, dois likes por
publicação, você chega a algumas conclusões:

• Você sente raiva do Facebook. Acha que está te roubando e sendo


sacana com você; você acha que o Facebook quer que só se faça
posts.
• Facebook não funciona para nada, não funciona como instrumento de
trabalho. Então você começa a fazer promoções, desafios, correntes
“marque dois amigos”, mas isso também é água do mar.
Ninguém entra no Facebook para ver correntes, promoções, desafios. Então,
talvez, saia de um like ou dois likes para seis likes. Continuará concluindo que
é impossível fazer um negócio ali. Quando chega a esse ponto, geralmente é o
que chamo de “ponto de vômito” — quem criou esse termo foi um analista do
mercado chamado Alexander Elder. Alexander Elder falava muito de um “ponto
de vômito”, um ponto em que você não consegue mais segurar seus
investimentos, então você zera tudo. É geralmente desse ponto que você volta
a subir.
Existe um ponto de vômito nas redes sociais que é quando você está há dois
ou três meses nesse círculo negativo de tomar água do mar. Chega uma hora
em que você conclui: “Bom, Facebook não é para mim. É uma droga, quer
apenas saber de dinheiro! A partir de agora vou só fazer posts da minha
família, posts do meu cachorro”. Engraçado que até sobe dos seis likes para os
treze likes, porque as pessoas começam a perceber que, pelo menos, você
está compartilhando coisas da sua vida, mas se decidir fazer uma propaganda
de novo, irá voltar para os dois likes; perceberá que não dá, que Facebook só
se usa como entretenimento. Você abandona a ferramenta. A culpa não é da
ferramenta. A culpa é da maneira como você trabalha essa ferramenta.
Há dez anos alguns marketeiros, neurocientista, pesquisadores, estudiosos,
cientistas políticos estabeleceram que nós vivemos, hoje, na Era da
Informação. Não acredito que vivamos na Era da Informação. Talvez nunca
tenhamos vivido especificamente na era da informação. Acredito que hoje nós
vivemos numa grande Era da Tensão
Você não se precisa se informar, basta estar atendo “à”. Quem aqui
acompanha o Facebook faça um exercício: se distancie um pouco do Facebook
e demore dois dias para entrar nele. “Pô, Ícaro, dois dias não irá me distanciar”.
Sou um usuário intradiario. Devo visitar o Facebook cerca de quinze vezes por
dia. Dois dias fora do Facebook, para mim, é um momento atípico, então
pedirei para você fazer o mesmo: experimente ficar dois dias fora do Facebook.
Quando você entrar, perceberá que todos os assuntos são os mesmos.
Quando pensei nesta aula fiz o dever de casa de voltar para sexta-feira e ver
quais eram os trending topics do Facebook. Quais eram os trending topics do
Facebook? Quais são os públicos que me seguem e que eu sigo? Política,
economia e empreendedorismo — geralmente são esses três.
Quando entrei no Domingo todo mundo estava falando, ao mesmo tempo,
sobre Luciano Huck. “Ah, Luciano Huck falou merda no Faustão”, “Luciano
Huck está fazendo adiantamento de campanha...”. Na segunda-feira entrei ao
final do dia e todo mundo estava falando sobre o Bolsonaro: “Bolsonaro está
escondendo o patrimônio”, “Bolsonaro está sonegando imposto”, “Bolsonaro
não mudou nada, é só mais um bandido igual ao Lula”. Aí vêm as pessoas que
o defendem: “Você não sabe de nada”, “Você é esquerdista”, “Vá morar em
Cuba”. Hoje, todas as pessoas estão falando sobre a Rachel Sheherazade:
“Ela traiu a Direita”, “Ela falou mal do Bolsonaro”, “Ela disse que Bolsonaro é
igual ao Lula, vou fazer um vídeo explicando porque ela é uma cretina”.
Quando o Bitcoin caiu uns 50%, há uns quinze dias, todo mundo só falou de
Bitcoin: “Bitcoin caiu 50%, vou segurar”, “Vou soltar”, “Vou comprar mais”, “Vou
entrar pela primeira vez agora”, “Já não aguento mais”, “Bitcoin é bolha”,
“Bitcoin é bom”. Por quê? Porque vivemos na Era da Tensão.
A Era da Tensão se caracteriza por um tipo de movimento específico, um
movimento de atenção específica. Qual é a fofoca de hoje? Vi que tinha um
pessoalzinho falando da Mc Melody, que ela saiu no clipe da Anitta; um
pessoal falando sobre a Ministra do Trabalho, que ela não pode tomar posse;
tem a questão do Uber lá também. Mas vamos imaginar o Luciano Huck num
trending topics de final de domingo, horário nobre quando estão todos
preguiçosos.
O horizonte de atenção na internet funciona da seguinte maneira: Luciano Huck
apareceu na televisão e todos falam apenas disso, virou meme e está em todas
as redes sociais, todos emitindo textão sobre este tipo de assunto.
Imediatamente Luciano Huck cai. Por isso vivemos na Era da Tensão, porque
tensão sobre um tema dura muito pouco. Quando o impeachment aconteceu,
se falou de impeachment quatro dias. Caramba! Impeachment de um
Presidente da República! Depois já se estava falando sobre a mulher do
Temer. Então é assim que nas redes sociais acontece.
Só que aí vem uma grande questão: vocês se lembram que muita gente fala
que o brasileiro tem mania de querer responder sobre tudo? Se você for na rua
e perguntar: “Cara, você sabe onde fica a Pastelaria do Chinês?”, pode ser que
ele não saiba, principalmente rua. “Cara, você sabe onde está a rua Getúlio
Vargas?”, “Então, cara, não sei direito, mas talvez seja a primeira, segunda rua,
você vire à direita, passa na praça. Chegou na praça você pergunta, porque é
ali perto”.
Este é um dos grandes choques que eu tive quando estive nos EUA, por
exemplo. Você perguntava alguma coisa para o americano e ele respondia:
“Desculpe, não sei”. “Mas você não sabe mais ou menos o horário em que se
passa este ônibus?”, “Desculpe, não sei”. O brasileiro irá tentar: “Não, vamos
ver. Deixa-me perguntar, deixa eu olhar ali na placa, não tem placa?”. O
brasileiro é convidado a emitir um parecer sobre qualquer tema, então quando
se explode um trending topcs sobre o Luciano Huck, você é obrigatoriamente
coagido a emitir uma opinião sobre o Luciano Huck.
“O que você acha sobre o Luciano Huck?”. Se eu responder um “não sei”, pode
até ser que as pessoas fiquem quietas, mas se acontecer um outro caso: “E
sobre a transa gay na malhação?”, “Também não sei, cara”. “E sobre a Ministra
do Trabalho?”, “Poxa, também não sei, cara”. Depois de duas ou três vezes
respondendo que não sabe, você será um “cara alienado”. “Você é o maior
alienadinho, só quer saber do seu trabalho e do seu futebol, vá se informar!”,
“Você é um puta mal informado! É por causa de gente como você que o Brasil
não vai para frente!”. Então você se sente impelido a escrever algo sobre cada
um dos assuntos que acontecem todos os dias.
E amanhã não terá mudado nada. Amanhã terá outro assunto para se falar, e
depois de amanhã outro, e depois de amanhã outro, e depois de amanhã,
outro. Só que, quando existe um assunto como esse, sou convidado a emitir
uma opinião. Emitir uma opinião significa ter que escrever. “Mas caramba, às
vezes não me sinto tão confortável escrevendo” — muita gente é assim. Dou
curso de redação e digo: “Pessoal, levante a mão quem sente medo de
escrever. Levante a mão quem não se sente confortável escrevendo uma
página”. Muita gente que quer ser redator levanta a mão. Tenho certeza que
metade não levanta por vergonha, porque escrever exige raciocínio, a
distribuição dele ao longo de um texto, a pontuação onde se encaixa a vírgula,
a concordância verbal e nominal, tempo.
Então, o que você faz? Imagine, por exemplo, que a lâmpada do quarto de
minha esposa queimou. Ela vai falar: “Minha lâmpada queimou, preciso trocar.
Troque para mim?”. “Puta! Que saco trocar uma lâmpada! Trocar lâmpada
tubular da cozinha, puta trampo!”. Posso ligar para o porteiro e falar: “Josival,
troque minha lâmpada tubular aqui, te dou vintão!”. Ele vem, troca a lâmpada e
eu pago. Terceirizei esse trabalho chato pra caralho! Para mim é chato, porque
não sei trocar uma lâmpada tubular. Quando falo isso as pessoas riem, mas
não sei mesmo, não sei como funciona aquilo.
Quando alguém compartilha um conteúdo no Facebook, está pagando para
seu Josival trocar a lâmpada para ela, só que não paga dinheiro. Se sai uma
situação sobre Luciano Huck, tenho três opções:

1. Ignorar completamente e ser, em algum momento, chamado de


alienado.
2. Eu mesmo produzir meu texto e incorrer em risco de ter um trabalho
danado, dar merda e nem ficar tão bom assim.
3. Pegar um comunicador que escreveu aquele “texto bonitinho” e
compartilhar.
Quando crio um texto estou assumindo uma série de riscos, principalmente me
embasando no fato de que a maioria das pessoas não gosta de escrever. Já
quando compartilho, preciso escrever apenas três palavras: “É isso aí!”. E
acabou! Meu serviço de Facebook já foi dado, não sou um alienado! E amanhã
haverá outro trending topics. Hoje já está havendo outro: uma loja no Paraguai,
cidade do oeste, foi fechada porque estavam vendendo uma boneca
transexual. Já tem alguns pestinhas saindo, “se eu fizer agora vai estourar”,
porque todos querem saber a opinião que você tem sobre uma boneca
transexual.
Existe um outro ponto que você deve entender:
Não existe só um trending topics. Geralmente o trending topics do dia é assim.
Mas você tem outros que são tipo “MC Melody fez um clip usando fio-dental
com dez anos”, “O Lula jogou futebol com Caetano Veloso no Campo dos Sem
Terra”, “Tentaram assaltar uma jornalista armada e ela reagiu”. Você tem de ter
um feeling de saber qual está bombando no momento. “Ícaro, como tenho esse
feeling?”. Cara, é só você olhar o que todos compartilham. É por isso que é
importante você ter o hábito de identificar trending topics e de fazer seu post
logo no começo do dia, porque se alguém compartilha o post de outro
comunicador, não irá compartilhar o seu, já que ele deu o “ok” na check list,
“ele já foi para academia dele”, já cumpriu sua obrigação, não é mais um
alienado, emitiu alguma opinião sobre isso.
O que isso tudo tem a ver com o que a gente fala? O que isso tudo tem a ver
com o mercado? O que é essa “essência do Facebook”? Esse mecanismo é a
essência do Facebook, porque, quando se tem um trending topics, toda a
atenção está voltada para esse assunto, a obrigação social de emitir uma
opinião está voltada para esse conteúdo, as chances de compartilhamento
estão todas voltadas para esse conteúdo. Então, quando você gera um
conteúdo em cima desse trending topic, sua chance de ter seu conteúdo
compartilhado ou de ter likes e comentários aumenta.
E, principalmente, qual a grande diferença do “like” para “to share”? Qual a
chance de uma pessoa que não te segue, nunca te viu, não está na sua lista e
não é seu seguidor, encontrar seu conteúdo? A chance aumenta. Quando você
tem comentários e likes, tem-se uma espécie de círculo fechado onde seus
seguidores dão likes e comentam seu conteúdo.
Apenas aqueles que são os melhores amigos dos seus seguidores recebem
alguma atualização do tipo “Reginaldo comentou o link do Ícaro de Carvalho”,
mas quantos melhores amigos você tem na sua lista? Devo ter dez: minha
esposa e mais nove. Quando se dá o share, você está colocando teu conteúdo
na sua timeline para TODOS que não são seus seguidores. Quando você dá
share no meu conteúdo, é bem provável que seus amigos também gostem do
meu conteúdo. Quando se faz um post orgânico e o Facebook reconhece que
você teve um alto índice de comentários e compartilhamentos, seu tráfego é
aumentado, e quando seu tráfego é aumentado, são maiores as chances de ter
compartilhamentos e novos comentários, então seu tráfego é novamente
aumentado. Então, os primeiros vinte minutos são fundamentais em posts, e se
os primeiros minutos são fundamentais, você tem que entender que dois
elementos devem guiar seu post:

1. Seu post deve ser criado em cima de trending topics, em cima de uma
notícia de timing post.
2. Seu post deve ser politicamente apimentado. Quando falo “politica” não
estou falando apenas da concepção de relacionamento político da
palavra, sabe aquele negócio de “política de boa vizinha”? Tem de ser
politicamente apimentado. Por quê? Porque senão não gera comoção.

Ryan Holidey escreve em seu livro “Acredite, eu estou mentindo”, que a maior
força da internet é a indignação. Você viu o Lula roubando um trilhão de reais
da Petrobras, e o que você pode fazer, cara, sinceramente? Nada! Você não
pode prendê-lo, não pode criar uma passeata, não pode mudar a história da
humanidade. Então você faz um post e, se estiver com preguiça, compartilha
algum post interessante. É por isso que esses perfis de cuidadores de animais
têm tantas curtidas e compartilhamentos. É uma causa que gera indignação. O
cara posta a foto de um cachorro que teve a pata arrancada porque colocaram
uma bomba na pata dele. Porra, quem não vai se sentir mal com isso?! Mas,
ao mesmo tempo, você não fará nada. Não irá adotar o cachorro, colocá-lo na
sua casa, remediá-lo, alimentá-lo, cuidar dele até ele morrer. Então você
compartilha: “Prendam esse canalha!”.
Essa é a base da dilatação de audiência do Facebook: Fazer posts curtos e
bem feitos com conclusões ligeiramente apimentadas sobre assuntos que são
treding topics. Constantemente, todos os dias.
“Ícaro, e onde irei chegar? Vou virar um comentarista da Globo News?”. É aí
que está! Vocês se lembram do cenário do “Rogerinho do Marketing Digital”,
nosso amigo aqui? Rogerinho só posta propaganda e tem entre dois e seis
likes nas suas propagandas. Dois a seis likes, dois a seis likes. E o Facebook
já sabe que, de cada dez posts, Rogerinho posta oito propagandas, então seu
alcance é minúsculo, o engajamento não existe, a influência de entrega não
existe, as chances de outras pessoas enxergarem o Rogerinho não existe.
Quando Rogerinho, então, fizer um post legal sobre um tema que está em
voga, o Facebook aumentará seu tráfego, e Rogerinho irá para quinze, trinta
likes. Trinta likes para quem não trabalha conscientemente no Facebook já é
um puta resultado! Então Rogerinho fica eufórico: “Caralho! Trinta likes! Porra,
mandei muito bem. Agora vou mandar minha propaganda, todos estão me
vendo!”. E o que acontece? Sete likes. Por quê? Porque o Facebook foi e lá e
“Opa, isso aqui é propaganda!”. Chupou o tráfego. Daí Rogerinho voltará a
postar algumas propagandas e retornará à média dele.
O Pedrinho, por outro lado, já faz o contrário: só faz posts em cima de timing
post, só faz posts em cima de temas polêmicos, cria sua própria opinião, não
compartilha dos outros — porque quando você compartilha dos outros, fodeu
seu tráfego, está entregando-o para outra pessoa — e tem, também, de quinze
a trinta likes. “Pô! Mas é a mesma coisa, Ícaro!”. Mas qual é a diferença? Antes
Rogerinho tinha de dois a seis na sua propaganda e Pedrinho de dois a vinte e
sete, e antes tinha de dez a vinte e dois. Agora tem de quinze a trinta, amanhã
terá de dezesseis a trinta e dois, depois de amanhã terá quarenta e quando
passar a barreira dos cinquentas, será a grande barreira que divide, a tensão
que cresce de verdade e fica sempre nos cinquentas.
A diferença é que Pedrinho chegará aos seus noventa e cem likes se continuar
se aprimorando, escrevendo cada vez melhor, usando posts mais posicionados
e cada vez mais mixados, cada vez mais específicos. Tem menino novo que
surgiu do nada, faz um ano. Não tinha nada, apenas seis likes, sete likes, mas
se posicionou muito forte no tema político. Hoje em dia o cara tem quinhentos,
quatrocentos likes. Às vezes até mais que eu.
Mas também Pedrinho precisa comer e vender, então às vezes faz alguma
propaganda, e quando a fizer algo mágico vai acontecer: Facebook vai
reconhecer que é uma propaganda e vai tragar o tráfego, então dos noventa,
cem terá apenas vinte e cinco likes. Quem aqui viu minha promoção de final de
ano do Novo Mercado perceberá que, na última propaganda, tive, sei lá,
dezenove likes, e eu tenho quinhentos, quatrocentos, trezentos. Isso é meio
cruel. Só que aí algo mais acontece.
Quem é esse cara? É o Rogerinho propaganda, e o que está fazendo?
Postando uma propaganda. Do quê? Puta! Nem interessa, esse cara só faz
isso o dia inteiro!
Quando Pedrinho posta, essas vinte e cinco pessoas já estarão acostumadas
com o posicionamento e com a opinião dele. Pode ser que o cara não queira
comprar o que Pedrinho está fazendo, mas confia no conteúdo, na opinião e
em sua competência. Pedrinho parece um cara razoável que fala coisas muitas
certas, e aí acontece a mágica do Facebook e essa mágica tem um nome:
Marcação. O cara começa a marcar os amigos dele. E por que marca os
amigos dele? Porque confia em você. E por que confia em você? Porque você
está todos os dias no topo da timeline dele. E você está no topo da timeline
dele porque posta conteúdo todos os dias, baseado no que está acontecendo e
não no que está vendendo.
Existe um momento muito importante de posts de Facebook — os primeiros
minutos de que falei para vocês. Como garantir que você tenha engajamento
rápido já nos primeiros minutos?
Para isso criei algumas pequenas técnicas que compartilharei com vocês.
Qual é o momento mais importante de quando você faz um post nas redes
sociais? São os primeiros minutos; é ter engajamento muito rápido. As pessoas
perguntam: “Ícaro, como você consegue postar sobre tantas coisas?”. Eu não
procuro. Sinceramente, entro na UOL e vejo qual o post principal. 90% dos
casos aqui vai me dar uma ideia. Então, não sou eu que escolho os temas, é o
mercado quem escolhe os temas. Só replico o que as pessoas querem saber, e
por que elas querem saber? Porque está no topo do jornal. E por que está no
topo do jornal, como sabem que as pessoas querem ver isso? Aí vem a grande
questão: você quer realmente um carro de câmbio CVT? O marketing criará teu
conteúdo. Agora, os pontos mais importantes.
Os primeiros minutos são fundamentais.
Pelo menos no primeiro tempo, a coisa mais difícil é fazer alguém dar like
assim que você postou, então criei algo chamado “paragrafo sintético”. O que
significa isso? A primeira linha do meu post é o resumo do meu post inteiro.
Vejo as pessoas cometerem muito esse erro: “Ontem eu estava andando na
rua, levei o meu filho para escola e na hora que eu estava o pegando de volta,
encontrei uma criança pedindo dinheiro no farol e ela estava sem comer, fiquei
com muita pena dela. Como o Brasil é desigual...”. Você está deixando, para o
final do seu texto, a conclusão de que o Brasil é desigual e o clímax do post
que é a criança pobre no sinal. Que eu recomendo? Que você puxe isso para
cima! Ao invés de contar toda essa história, você falará: “O Brasil é realmente
um país desigual” ou “absurdamente desigual”. “Hoje à tarde, trazendo meu
filho da escola, encontrei uma cena que vai marcar minha memória por muito e
muito tempo”. Acabou. Você ainda fechou com outro elemento que é looping;
fechou com um gancho que puxa a atenção para o próximo parágrafo. Então,
se você olhar este post do Uber, perceberá que toda síntese do pensamento
está na primeira linha.
“Faltam poucos dias para que as novas regras para os motoristas do Uber
passem a valer na cidade de São Paulo”. Não começo “Olha, hoje eu vi na hora
do almoço um cara dizendo que o Uber vai aumentar...”, não! Isso daqui está lá
para baixo, a tensão já captei aqui em cima. Você verá que repito esse padrão
em todos os meus posts.
“A Venezuela fechou 2017 com 2.616% de inflação e queda no PIB de 15%”.
Eu não começo “Olha, o Maduro é um ditador”, “O maduro é um cara ruim”, “O
maduro tem que se foder”. Outro parágrafo sintético lindo: “Antes dos dezoito
anos, por várias vezes, pensei em desistir”. Porra! Como é que as pessoas
erram? Colocam isso em caixa alta, com colchetes, colocam emoticon no meio
disso. Qualquer coisa que você mostre que está brigando, implorando pela
atenção da pessoa, soará falso. Tem de parecer que está escrevendo
normalmente, não buscando atenção, mas que você gosta de se abrir.
“Ah, Ícaro, mas você não gosta disso que você escreve?”. É lógico que gosto.
É impossível que alguém siga num volume de posts desses se não gosta do
que faz, mas é mais ou menos como um jogador de futebol: “Ah, gosto de jogar
futebol, por que não ganhar dinheiro com isso?”, “Gosto de social-media, gosto
de me comunicar, por que não ganhar dinheiro com isso?”.
“Antes dos dezoito anos, por várias vezes”, adicione, ainda, um elemento de
maior conflito, clímax e de maior tensão: “eu pensei em desistir, em abrir mão
de tudo e aceitar que eu não era ninguém”. Você vai perceber que esses
parágrafos sempre têm, no máximo, uma linha e meia, porque é o tempo que
preciso para que a pessoa leia e queira continuar. A primeira pergunta que virá
para ela é: “Por quê? Por que você queria fazer isso? Você é louco? Tá cheio
de projeto da hora aí, você está fazendo o que? Você é burro?”.
Outro parágrafo sintético: “Acabaram de descobrir que ministros e mais
membros do corpo político de Maduro, retiraram uma enorme quantidade de
dinheiro do país”. Poderia ter tornado esse parágrafo menor. Lendo agora me
pareceu muito grande, mas tem de ser obsessão. Enxugar, enxugar e enxugar.
Você verá que TODO post meu é editado. Todo. Você não verá um post meu
que não sofreu edição. Leio e dou uma editada, releio e dou uma editada.
Geralmente em cinco minutos já fiz umas seis edições.
“Toda regulamentação reflete, ao final, quase que única e exclusivamente, ódio
aos pobres”. Aí vou lá edito novamente. Esse é o trabalho! “Ah, Ícaro, mas isso
faz diferença?”. Pra cacete! Parágrafo sintético é muito mais importante em
grandes posts. É raro, para mim, parágrafo de três linhas.
Aluno: Faz diferença a quantidade de caracteres? Vi um copyright — André Cia
— falando que está fazendo testes em relação a isso.
André deve ser muito bom, mas sou um cara mais romântico. Sou um cara que
produz sem um grande método analítico. Gosto da narrativa, gosto mais de
focar na narrativa. André Cia é um excelente redator; é muito técnico, um cara
que não tem tanto romance na escrita, mas que tem muita técnica.
Basicamente é um elemento.
“Mark Zuckerberg fez um post onde, segundo ele, o ano de 2018 será utilizado
para ele aprender sobre criptomoedas”. Caralho, sintético! Gosto muito dos
apostos para balancear o post. Alinham o parágrafo. Esses são os elementos.
Uma outra questão: não faça parágrafos com mais de quatro linhas a não ser
que você seja um redator muito experiente. Deixe os parágrafos magros, não é
uma persiana fechada. Um post de Facebook não é um tijolo. Um post de
Facebook é magrinho. Parágrafo de duas, três linhas para ter a sensação de
que está avançando.
Semana que vem falarei sobre outros elementos que uso. Vou falar sobre
emoticons, sobre looping, sobre ilha textual, uma linha só com dois parágrafos.
São todos elementos para escrever melhor, que vão lhe fazendo ter uma
narrativa mais fácil. Vamos lá! Hoje tem dúvida pra caralho!
Então, já fiz muitos testes sobre fazer timing post para anúncio ou timing
advertainment. Eu, sinceramente, só vi dois timing advertainment funcionar no
Brasil. Um deles da Empiricus: “Fim do Brasil?”, “Pra onde vai teu dinheiro?”,
“Brasil vai virar Venezuela?”. E os do Brasil Paralelo.
Para produtos que não tenham esse engajamento político ou econômico,
nunca senti um grande efeito. Por exemplo, se você vai vender um produto
para emagrecimento, um treinamento na academia, acho muito melhor focar
nos benefícios do seu produto a “verão tá chegando!”. “Verão tá chegando!” é a
publicidade de preguiçosos. Timing advertainment só para quem é muito, muito
experiente. Para quem não é, foco no preço, foco na promoção, foco na
escassez e na proposta única de vendas do seu produto. Vai dar muito mais
resultado que tentar fazer alguma estratégia de timing.
Aluno: Compartilhar posts é ruim?
É! Parece uma regra egoísta, mas é a regra do jogo.
Todos sabem essas regras. Todo mundo que trabalha no Facebook se importa
com tráfego, e todo mundo que tem mais de trezentos likes se importa com o
tráfego. Ninguém me falará que chegou lá sem se importar. Veja quantos posts
compartilhei nos últimos dois anos. Talvez tenham sido dois do Olavo.
Entre outros caras que são comunicadores, veja quantos posts compartilham.
Você está entregando o tráfego. “Ícaro, e se o post realmente valer a pena?”.
Você faz um post sobre o post do cara. “Eu li um post do fulano, foi do caralho,
as minhas conclusões são tais...”. Se tem uma coisa que aprendi com isso foi
transformar o tráfego no meu também. Promova o cara, porque vale a pena.
Aluno: Ícaro, compartilhar posts dos outros é ruim para a tensão?
Sim! Quando você compartilha posts dos outros, você não está ganhando
share. Se alguém der share nesse post, não é você que está ganhando, não é
seu nome lá. É o dono original. Então você vai ver que não aparece
compartilhamentos no seu. Aparece, sim, no original. Então, você está
propagando tráfego de outras pessoas. “Ícaro, por que eu faria isso?”. Pô,
porque o post do cara foi legal. Ele não merece isso? O trabalho dele não foi
legal?
Aluno: E como seria a dinâmica para aliar o perfil pessoal a uma página
profissional, por exemplo.
Então, cara, se você é comunicador, prestador de serviço autônomo; se você é
psicólogo, se você professor, cara, se mantenha no perfil pessoal. Até hoje me
mantenho no perfil pessoal, porque, do contrário, até algumas ferramentas lhe
são retiradas. Você não sabe quantas curtidas, visualizações, não pode pagar
anúncios, não pode fazer marketing, você não pode fazer um monte de coisa!
Mas o caráter genuíno das pessoas que lhe seguem no perfil pessoal é muito
mais valioso. Prefiro muito mais ter treze mil seguidores no perfil pessoal do
que ter cinquenta mil seguidores na Fanpage.
Essa aula é boa, cara. Se prestarem atenção nesta aula e na próxima,
melhorarão pra caralho! Espero que tenham gostado da aula e até a próxima!

Bibliografia citada e indicada:


Ryan Holiday – Acredite, eu estou mentindo — Confissões de um Manipulador
das Mídias

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