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NORTAM - 09
NORTAM-09/DPC
MARINHA DO BRASIL
2007
FINALIDADE: NORMATIVA
NORTAM-09/DPC
MARINHA DO BRASIL
Distribuição:
Listas: 8 (exceto COMCONTRAM), 10 (exceto ComOpNav)
DAdM
DHN
IEAPM
SDM (Arq MB)
Arquivo
NORTAM-09/DPC
ÍNDICE
Páginas
FOLHA DE ROSTRO I
ÍNDICE II
FOLHA DE REGISTRO DEE MODIFICAÇÕES IV
INTRODUÇÃO
1 - Histórico V
2 - Propósito V
3 - Definições VI
4 - Referências X
- II -
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ANEXOS
ANEXO A - PORTARIA Nº. 24/IBAMA, DE 04 DE ABRIL DE 2007 A-1
ANEXO B - CLASSIFICAÇÃO DE ÓLEOS B-1
ANEXO C - ESQUEMA DE CORES PARA CLASSIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE C-1
SENSIBILIDADE AMBIENTAL (ISL)
ANEXO D - SÍMBOLOS E ABREVIATURAS USADAS NAS CARTAS NÁUTI- D-1
CAS
ANEXO E - COMUNICADO PRELIMINAR SOBRE INCIDENTES COM ÓLEO E E-1
DERIVADOS.
ANEXO F - INFORMAÇÕES PARA ELABORAR O LTA F-1
ANEXO G - LAUDO TÉCNICO AMBIENTAL (HIPOTÉTICO) G-1
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- IV -
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INTRODUÇÃO
1 - HISTÓRICO
Desde a época do carvão como combustível para navios, a Marinha do Brasil já aplicava
multas, na Baía de Guanabara e em outros locais de intensa navegação, aos navios que varressem
para o mar as cinzas de carvão, que possuíam elementos com a capacidade de reagir com a água.
Mesmo com a substituição do carvão pelo óleo de caldeira e óleo combustível, a Marinha man-
teve a prerrogativa de multar navios que poluíssem as águas, com base na Lei nº 5.357, de 17 de
novembro de 1967 (“Lei do Óleo”).
Com a revogação dessa Lei pela Lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000 (Lei de Poluição das
Águas), a Autoridade Marítima manteve a sua competência legal para aplicar multas em navios,
plataformas e suas instalações de apoio que provoquem poluição das águas, estendendo seus
limites às Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB).
Também a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei dos Crimes Ambientais), em seu
art. 70 § 1º, respalda a competência da Autoridade Marítima para lavrar auto de infração ambien-
tal e instaurar o respectivo processo administrativo. O Laudo Técnico Ambiental é parte intrínse-
ca do Processo Administrativo. O mencionado artigo coloca os representantes da Autoridade
Marítima no mesmo nível dos funcionários dos órgãos ambientais, integrantes do SISNAMA.
Mas ainda, a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (Política Nacional de Meio Ambiente),
verdadeiro alicerce de toda legislação ambiental brasileira, considera os órgãos e entidades da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, responsáveis pela proteção e melhoria da qualida-
de ambiental, como parte da estrutura do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).
2 - PROPÓSITO
Estabelecer normas para a elaboração do Laudo Técnico Ambiental (LTA) nos incidentes
de descarga de óleo e seus derivados nas AJB, provenientes de navios, plataformas e suas insta-
lações de apoio.
O LTA deverá ser parte integrante do auto de infração ambiental a ser aplicado pelos A-
gentes da Autoridade Marítima, “identificando a dimensão do dano envolvido e as conse-
quências advindas da infração” (Decreto nº 4.136/2002, art. 50, §1º), para efeito da valoração
da sanção (multa) administrativa.
A multa aplicada pelo Agente da Autoridade Marítima é um procedimento administrativo,
com finalidade punitiva. O Laudo Técnico Ambiental, como parte do auto de infração adminis-
trativa, também se constitui um ato administrativo.
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3 - DEFINIÇÕES
AMOSTRA - porção representativa de água, ar, qualquer tipo de efluente ou emissão atmosférica
ou qualquer substância ou produto, coletada para fins de análise de seus componentes e suas
propriedades. Em biologia: parte de uma população ou universo, tomada para representar a qua-
lidade ou quantidade de todo um conjunto.
AUTO DE CONSTATAÇÃO - "Documento, emitido por autoridade competente, que serve para
atestar o descumprimento, por determinada pessoa, de lei, regulamento ou intimação, podendo
dar origem ao auto de infração”.
c) temperatura; e
d) disponibilidade de nutrientes.
BIOTA - É o conjunto de plantas e animais que habitam uma determinada região da biosfera.
DENSIDADE °API - É uma escala criada pela American Petroleum Institute, com a finalidade de
expandir a escala de densidade específica, permitindo, assim, uma melhor visualização e compa-
ração entre os diferentes óleos. A densidade API é expressa pela seguinte fórmula:
° API = 141.5 . - 131.5
Densidade Específica
DISSOLUÇÃO - Ação de um líquido sobre um sólido, cujo resultado definido é tomar este tam-
bém a forma líquida; líquido que contém uma substância em dissolução.
a camada de óleo tenha uma espessura de décimos de milímetro e, após duas ou três horas, pou-
cos microns, aumentando assim a taxa de dispersão, evaporação e dissolução.
HABITAT - O local físico ou o local onde um organismo vive e onde obtém alimento, abrigo e
condições de reprodução.
MEIA VIDA – Tempo levado para a remoção, por processos naturais, de 50% do óleo derramado
sobre a superfície do mar.
PERSISTÊNCIA - O óleo espalhado no mar sofre uma série de mudanças físicas e químicas, al-
gumas delas levando ao desaparecimento desse óleo da superfície do mar, enquanto outras levam
à sua permanência. A persistência é a capacidade de permanência do óleo no ambiente.
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PONTO DE FLUIDEZ ("pour point") - A menor temperatura em que um óleo é capaz de escor-
rer ao ser derramado.
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VISCOSIDADE - É a resistência do óleo para fluir. Óleos de alta viscosidade fluem com dificul-
dade, enquanto os óleos de baixa viscosidade têm maior fluidez. A viscosidade diminui com o
aumento da temperatura, portanto, a extensão da mancha que está recebendo radiação solar e a
temperatura da água do mar são importantes considerações, para se determinar a viscosidade do
óleo no ambiente.
VOLATILIDADE - É a faixa de temperatura em que uma substância passa do estado líquido para
o gasoso.
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1) ALMEIDA, Josimar Ribeiro de; OLIVEIRA, Simone Gomes de; PANNO, Márcia. Perícia
Ambiental. Rio de Janeiro, THEX, 2000.
8) _____. Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a Ação Civil Pública de Responsa-
bilidade por Danos ao Meio Ambiente.
10) _____. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Lei dos Crimes Ambientais.
11) _____. Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999. Dispõe sobre as normas gerais para
a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas.
12) _____. Lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000. Lei do Óleo (dispõe sobre a prevenção, controle
e fiscalização da poluição causada por óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas, em
águas sob jurisdição nacional).
13) _____. Ministério do Meio Ambiente. Especificações e normas técnicas para a elabora-
ção de carta de sensibilidade ambiental.
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15) CAPPARELLI, Marco Antonio de Araújo. Poluição marinha. Brasília : Art Brasil Design
Gráfico, 2002.
17) HARTE, John; HOLDREN, Cheryl; SHIRLEY, Christine. Toxics A to Z : a guide to eve-
ryday pollution hazards. Califórnia : University of California Press, 1991.
20) MOURA, Luiz Antônio Abdalla de. Qualidade e gestão ambiental : sugestões para im-
plantação das Normas ISSO 14.000 nas empresas. 2.ed. São Paulo : Ed. Juarez de Oliveira,
2000.
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CAPÍTULO 1
DIMENSÃO DO DANO
1.1 - CONCEITO
O dano ambiental deve ser visto em função da capacidade de suporte do ambiente. O meio
ambiente está sempre sendo naturalmente modificado pelas forças da natureza, seja através de
alterações bruscas, como as provocadas por terremotos e vulcanismo, seja por alterações lentas
decorrentes dos ciclos biogeoquímicos.
Claro que as forças da natureza como vulcanismos, terremotos, tempestades, furacões e
incêndios, podem causar transformações ambientais maiores que os danos causados pelo homem.
Essas transformações, obviamente, não serão objetos desta Norma.
O dano ambiental se apresenta quando surge uma “anormalidade” – em virtude da ação
humana –, ou seja, uma modificação das propriedades físicas e químicas dos elementos naturais,
de tal ordem, que estes não podem ser usados ou só podem ser usados com restrições.
Essa anormalidade está ligada à intensidade do dano, de tal modo que o prejuízo deve ser
grave ou, de forma contínua, contribuir para sua gravidade.
O dano pode decorrer de um único ato grave como, por exemplo, o rompimento de um
tanque de um navio petroleiro, ou por uma série de pequenas quantidades de esgoto oleoso de
praça de máquinas, de forma contínua, em um terminal pesqueiro.
O dano ambiental é uma alteração adversa do meio ambiente, decorrente da atividade
humana. Em conseqüência do dano ambiental, outros danos também podem estar presentes no
ambiente aquático, tais como:
a) à saúde;
b) às atividades produtivas;
c) à pesca;
d) à maricultura;
e) ao bem estar: lazer, turismo; e
f) à outras atividades econômicas.
A dimensão do dano e as consequências advindas da poluição são, no campo
administrativo, avaliadas no curto prazo de um dia, de uma semana, ou pouco mais. A eventual
avaliação de longo prazo, quando necessária, do prejuízo potencial que pode advir no futuro,
envolve perícias custosas e de longo prazo, mais compatível com reparação civil do que com a
multa administrativa. Esta tem o sentido punitivo, mas deve levar em conta outros fatores, como
a capacidade financeira do infrator. Um dano ambiental de baixa intensidade pode ter suas
consequências minoradas até por processos naturais, no entanto, a quebra de uma pequena
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empresa pode causar um problema social sem retorno. A multa assim imposta tem o sentido de
punir, educar e evitar a degradação ambiental.
Evaporação
Espalhamento Oxidação Espalhamento
Emulsificação
Biodegradação Dispersão
Dissolução
Sedimentação
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moderadas de mar. Ao contrário, óleos viscosos, ou aqueles que formam emulsão estável
água/óleo, tendem a constituir grossos blocos na superfície da água e mostrarão pouca tendência
para dispersar. Tais óleos podem durar várias semanas.
d) EMULSIFICAÇÃO (OU EMULSÃO)
Por definição, emulsificação é a dispersão coloidal de um líquido em outro, ou a
divisão de corpo líquido (no caso, o óleo) em finos glóbulos, no seio de um veículo também
líquido (no caso, a água do mar).
• Persistência
Muitos óleos tendem a absorver água para formar emulsões água/óleo, as quais
podem aumentar o volume de poluentes por um fator entre 3 e 4. Tais emulsões são
extremamente viscosas, de forma que outros processos, que ajudariam a dissipar o óleo,
demoram mais a ocorrer. Esta é a principal razão para persistência dos óleos crus médios e leves
na superfície do mar. Em condições de mar grosso a moderado, a maioria dos óleos formam
emulsões rapidamente, cuja estabilidade depende da concentração de asfaltenos.
• “Mousse”
Óleos com conteúdo de asfaltenos maior que 0,5% tendem a formar emulsões
estáveis, frequentemente conhecidas como “mousse de chocolate”, enquanto que os óleos que
possuem conteúdo menor de asfalteno tenderão a dispersar-se. Emulsões podem ser novamente
separadas em óleo e água, se aquecidas pela luz do sol em condições calmas do mar, ou quando
“encalhadas” na linha da costa.
• Conteúdo da água
A razão pela qual ocorre a emulsão é primariamente função do estado do mar,
embora óleos viscosos tendam a absorver água mais lentamente. Em ventos acima de Força 3, da
escala Beaufort, alguns óleos de baixa viscosidade podem incorporar de 60% a 80% de água em
relação ao próprio volume, dentro de 2 a 3 horas. Em contraste, óleos muito viscosos podem
levar 10 horas ou mais para absorver 10% da água, submetidos à mesma situação e, mesmo após
vários dias, o conteúdo de água raramente excede 40%.
• Mudança de propriedades
A absorção de água normalmente resulta em uma mudança gradativa de cor do óleo,
de negro para marrom, laranja e amarelo. Na medida em que a absorção da água aumenta, o
valor da densidade da emulsão se aproxima do valor da densidade da água do mar.
e) DISSOLUÇÃO
A razão e extensão em que um óleo se dissolve depende de sua composição,
extensão do espalhamento, temperatura da água, turbulência e grau de dispersão. Os
componentes pesados do óleo cru são virtualmente insolúveis na água do mar, enquanto que
componentes mais leves, particularmente os hidrocarbonetos aromáticos, tais como benzeno e
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tolueno, são ligeiramente solúveis. Contudo, esses componentes são também os mais voláteis e,
por isso, se evaporam mais rapidamente, de 10 a 1000 vezes mais rápido do que pela dissolução.
A concentração de hidrocarbonetos dissolvidos, portanto, raramente excede 1 ppm (parte por
milhão) e, assim, a dissolução não representa uma contribuição efetiva na remoção do óleo da
superfície do mar.
f) OXIDAÇÃO
• Reação com o oxigênio
As moléculas de hicarbonetos reagem com o oxigênio e se decompõem
quimicamente em produtos solúveis, ou se combinam formando um piche persistente. Muitas
dessas reações de oxidação são provocadas pela luz do sol e, embora ocorram durante toda a vida
da mancha de óleo, o efeito na dissipação total é menor em relação a outros processos de
intemperismo.
• Luz do sol
Sob forte luz do sol, os “filmes” finos de óleo decompõem-se quimicamente, na
razão não maior que 0,1% por dia. Na oxidação de camadas espessas de óleo de alta viscosidade,
ou de emulsão óleo/água, deverá haver maior persistência do que degradação. Isso é devido à
formação de componentes com alto peso molecular, os quais formam uma película protetora
externa.
Por exemplo, as placas de piche, que às vezes se depositam nas praias ao longo da
linha da costa, consistem de um sólida crosta externa composta por agregados, partículas de
sedimentos em torno de um interior mais macio, menos submetido ao intemperismo.
g) SEDIMENTAÇÃO
• Óleos pesados
Alguns óleos pesados residuais têm gravidade específica maior que 1 (um) e, nesse
caso, afundarão em águas doces ou salobras. Contudo, poucos óleos crus são suficientemente
densos, de tal forma que somente seus resíduos afundarão em água salgada. O afundamento
decorre, usualmente, da agregação de partículas de sedimentos, ou de matéria orgânica ao óleo.
Alguns óleos crus pesados, como os produzidos na Venezuela e na Bacia de Campos, como
também a maioria dos óleos combustíveis pesados e as emulsões água-óleo com a gravidade
específica perto de 1 (um), necessitam de muito pouca matéria particulada para exceder a
gravidade específica da água do mar (cerca de 1,025).
• Efeito da temperatura
Pode-se esperar que a temperatura também afete o comportamento do óleo com
flutuabilidade neutra. Uma variação de 10º C na temperatura ambiente provocará uma variação
da temperatura da água do mar de apenas 0,25%, enquanto que a densidade do óleo mudará
cerca de 0,5%. O óleo que flutua com dificuldade durante o dia pode submergir quando a
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temperatura cair à noite, devido ao maior crescimento relativo em densidade, mas pode voltar a
emergir posteriormente, em águas mais quentes.
• Mecanismo de sedimentação
Águas rasas freqüentemente possuem bastante partículas sólidas em suspensão,
criando as condições para a sedimentação. É pouco provável que isso ocorra em mar aberto, mas
o zooplâncton pode, eventualmente, ingerir partículas de óleo durante sua alimentação, que serão
incorporados às suas fezes e cairão no leito do mar.
• Placas de piche
O óleo lançado sobre as praias do litoral freqüentemente mistura-se com sedimentos
e, se essa mistura for transportada pelo "vai e vem das ondas" em direção ao mar, ela pode
afundar. Em praias arenosas e expostas, a contaminação pesada pode levar à acumulação de
grandes quantidades de sedimentos no óleo, formando densas placas ou “tapetes” de piche.
Ciclos sazonais de acúmulo de sedimentos e o efeito da erosão podem criar camadas de óleo que
são sucessivamente enterradas e desenterradas. Costas abrigadas tendem a ser constituídas de
sedimentos de grãos muito finos e, se o óleo se incorporar a esses sedimentos, é possível que lá
permaneça por um longo período.
h) BIODEGRADAÇÃO
• Microorganismos
A água do mar possui uma variedade de bactérias marinhas, fungos e germes que
podem utilizar o óleo como uma fonte de carbono e energia. Esses microorganismos estão
amplamente distribuídos no mar, embora eles tendam a ser mais abundantes em águas
cronicamente poluídas, como as que recebem descargas industriais e esgotos sanitários não
tratados. Os principais fatores que afetam a velocidade de biodegradação são a temperatura e a
disponibilidade de oxigênio e nutrientes, principalmente os compostos de nitrogênio e fósforo.
• Oxigênio e nutrientes
Cada tipo de microorganismo tende a degradar um grupo específico de
hidrocarbonetos e, embora exista uma grande variedade de bactérias que são capazes de degradar
a maioria dos componentes de hidrocarbonetos existentes no óleo cru, alguns componentes são
resistentes ao ataque desses microorganismos. Embora os microorganismos não estejam sempre
presentes em grande quantidade no mar aberto, em condições favoráveis eles se multiplicam
rapidamente, até que esse processo seja limitado por deficiência de oxigênio ou nutriente.
• Interface água/óleo
Uma vez que os microorganismos vivem na água do mar (a biodegradação
normalmente ocorre apenas na interface água/óleo), o óleo lançado na linha da costa, acima da
altura da preamar, é decomposto muito lentamente, podendo perdurar vários anos. No mar, a
criação de gotículas de óleo, por meio de processos naturais ou por ação de dispersantes
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químicos, aumenta a área de interface disponível para a atividade biológica e, assim, amplia a
degradação.
• Velocidades de biodegradação
A variedade de fatores que influenciam a biodegradação torna difícil prever a
velocidade da remoção do óleo por esse processo. Em águas temperadas, proporções diárias de
biodegradação, entre 0,001 e 0,03 gramas por toneladas de águas do mar, têm sido relatadas, mas
podem chegar a 0,5 a 60 gramas por tonelada de água do mar, em áreas com poluição crônica.
Uma vez que o óleo seja incorporado aos sedimentos, as velocidades de biodegradação são muito
reduzidas devido à falta de oxigênio e nutrientes.
1.3.2 - COMBINAÇÃO DOS PROCESSOS
Os processos de espalhamento, evaporação, dispersão, emulsificação e dissolução são
mais importantes durante o estágio inicial do derramamento, enquanto que a oxidação,
sedimentação e biodegradação são processos de longo prazo, que determinarão o destino final do
óleo.
Os mecanismos de interação entre todos os processos mencionados são complexos,
alguns levam ao “desaparecimento” do óleo (evaporação, dispersão, dissolução e sedimentação)
e outros, como a emulsificação, com a conseqüente criação de “mousse”, promove o aumento de
sua viscosidade e, assim, de sua persistência.
A velocidade e a importância de cada processo, vai depender principalmente:
a) da quantidade e do tipo de óleo;
b) das condições meteorológicas e do estado mar; e
c) da localização do derramamento.
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ou não, a gravidade específica pode dar uma indicação geral das propriedades do óleo; por
exemplo, óleos com baixa gravidade específica (alto ºAPI) tendem a ser ricos em componentes
voláteis e altamente fluidos;
b) características da destilação (sua volatibilidade);
c) viscosidade (sua resistência à fluir); e
d) ponto de fluidez (temperatura abaixo da qual o óleo não flui mais).
Nos modelos empíricos de avaliação do comportamento do óleo derramado, os óleos mais
comumente transportados por navios petroleiros são classificados em 4 grupos, conforme a sua
gravidade específica, de acordo com a tabela do Anexo B – CLASSIFICAÇÃO DE ÓLEOS.
Uma vez tendo sido classificado o tipo de óleo, as suas “rates” de dissipação podem ser
previstas, conforme apresentado no gráfico a seguir:
0
15 30 45 60 75
90 105 10
120 135 25
150 165 180 40
HORAS 195 210 55 º API
225
Desse gráfico, depreende-se que os óleos do Grupo I (não persistentes) tendem a dissipar-
se completamente, por evaporação, em poucas horas e, normalmente, não formam emulsões.
Óleos dos Grupos II e III podem perder até 40% do volume na evaporação, porém, devido
à sua tendência para formar emulsão, apresentam um aumento inicial de volume, como também
uma redução da dispersão natural, particularmente no caso dos óleos do Grupo III.
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Os óleos do Grupo IV são muito persistentes devido à sua falta de material volátil e por
possuírem alta viscosidade, o que impede tanto a evaporação como a dispersão.
A National Ocean Atmospheric Administration (NOAA) possui o software "ADIOS", no
qual podem ser recuperadas as características de até 1.000 diferentes tipos de óleo. Esse
programa faz simulações do deslocamento de mancha de óleo e pode ser "baixado" da Internet
no endereço: www.response.restoration.noaa.gov/software/adios/adios.html.
É importante entender que esses modelos (gráficos e tabelas) servem como um guia útil,
para entender como um determinado tipo de óleo irá se comportar, a fim de se avaliar a
dimensão do dano que pode ser gerado por um derramamento.
MEIA VIDA - uma maneira de descrever a persistência de um óleo é por intermédio da
meia vida, para cada grupo. A meia vida é o tempo levado para a remoção, por processos
naturais, de 50% do óleo da superfície do mar. Depois de 6 meia-vidas, pouco mais de 1% do
óleo permanecerá. Esse processo pode ser verificado na figura acima, que também leva em
conta o efeito da emulsão do volume de óleo no tempo considerado. As meia-vidas foram
selecionadas com base em observações feitas no campo e pretendem dar uma visão de como a
persistência varia de acordo com as propriedades físicas do óleo.
As condições do tempo e do clima podem influenciar a meia vida de uma mancha de óleo.
Por exemplo, em mar muito grosso, um óleo do Grupo III pode se dissipar em um intervalo de
tempo mais típico de óleo do Grupo II. Ao contrário, em condições de temperaturas frias e mar
calmo, o óleo do Grupo III pode ter uma persistência mais próxima de óleo do Grupo IV.
A tabela abaixo, baseada na publicação ITOPF, 1986, apresenta valores que incluem,
além da densidade, o ºAPI, composição, meia vida e persistência:
Por exemplo, de acordo com o Relatório da CETESB (Operação Mafra IV, 2000), o óleo
Marlin, proveniente da Bacia de Campos, é considerado pesado, persistente e classificado como
sendo do Grupo IV, tendo em vista a sua densidade = 0,9488 Kg/l e o seu grau API = 17,1.
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TOXICIDADE ( 96 horas)
TIPO DE ÓLEO
CL50
Marlin 23,8%
No caso do óleo Marlin, isso significa que 23,8% da FHS causou a morte de 50% do
organismo teste em 96 horas, ou seja, quanto menor a dose, no caso o CL50 , mais tóxico é a
substância, no caso o óleo.
Os efeitos do óleo sobre a vida marinha podem ser causados pela sua natureza física
(contaminação física e asfixia) ou pelos componentes químicos do óleo (efeitos tóxicos de seus
componentes e acumulação). Um aspecto importante nas substâncias tóxicas diz respeito à
dosagem, isto é, a proporção entre o veneno e o corpo receptor. Se injetarmos uma grama de um
veneno em uma pessoa, ela poderá morrer; se injetarmos uma miligrama, ela poderá sofrer
apenas um efeito colateral, de menor importância.
Sendo o mar um sistema aberto, com grande circulação de água, e sendo a água um
elemento excepcional para acelerar as reações químicas entre as substâncias dissolvidas, o mar
torna-se, de fato, um reator químico capaz de diminuir a toxicidade do óleo; na medida em que o
óleo espalha-se, dispersa-se, volatiliza-se e é transportado pelas correntes marinhas, a sua
toxicidade é gradualmente reduzida. O mesmo não ocorre em um lago, ou em águas abrigadas,
onde a troca de água seja reduzida.
Por essa razão, a toxicidade pode ser tratada – para fins de avaliação das consequências
advindas do derramamento de óleo – junto com sua persistência, ou de forma separada, desde
que se lance mão de valores empíricos arbitrados, os quais terão pouca base experimental.
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ESPESSURA VOLUME
COR DO APROXIMADO
TIPO DE ÓLEO APROXIMADA
BRILHO
(mm) (m3/Km2)
“Filme” Prateado 0,0001 0,1
“Filme” Irisdicente 0,0003 0,3
óleo cru e Negro /
0,1 100
óleo combustível Marrom escuro
Emulsões água/óleo
Marrom / Laranja >1 > 1000
(“mousse”)
Embora não seja possível estabelecer-se uma estimativa confiável do conteúdo de água
em uma “mousse” sem uma análise de laboratório, aceitando-se que valores entre 50% até 80%
são típicos, é possível o cálculo da quantidade aproximada de óleo, considerando que as
“mousses” mais típicas que flutuam têm 1mm ou mais de espessura. Contudo, é importante
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Se, da aeronave, o observador estimou que 10% da área estava coberta de “mousse” e
90% estava coberta de filme, arbitrando a mistura água/óleo em 50%, podemos calcular o valor
estimado do volume de óleo derramado, considerando a tabela da pg. 1-13.
Mousse (volume) = 0,1 (10%) x 10,72 (área em Km2) x
0,50 (mistura água/óleo) x 1000
(tabela, coluna 4) = 536m3 de óleo
Filme (volume) = 0,9 (90%) x 10,72 x 0,1 = 0,96m3 de óleo.
Volume total da mancha = 536 + 0,96 = 536,96 m3.
Este exemplo serve para mostrar que embora o “filme” cubra a maior parte da área
(90%), sua contribuição ao volume total de óleo presente na mancha é desprezível, em relação ao
volume maior de "mousse". Portanto, é crucial na avaliação do volume derramado distinguir-se o
que é “filme”, óleo espesso e emulsão.
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Para estimar volume de óleo derramado em áreas abrigadas, em pequeno volume, não há
necessidade de aeronave, embora o uso do helicóptero permita uma excelente visão do incidente.
Com emprego de lancha e a carta náutica de maior escala do local, utilizando-se pontos de
referência em terra, pode-se plotar o contorno da mancha na carta náutica. Os pontos de
referência podem ser faróis, faroletes, balizas, píeres , armazéns, etc.
Em locais próximos de Serviços de Sinalização Náutica, lanchas com equipamentos
integrados para batimetria , tipo HYDRO, podem contornar todo o perímetro da mancha e, com
o emprego do “software” do próprio equipamento, calcular a extensão da área atingida.
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CAPÍTULO 2
CONSEQUÊNCIAS ADVINDAS DA INFRAÇÃO
2.2.2 - INDÚSTRIA
• Estações geradoras
As indústrias que dependem de contínuo suprimento de água do mar de resfriamento
podem vir a ser afetadas, adversamente, por um derramamento de óleo. As plantas geradoras de
energia, em particular, são freqüentemente construídas junto à costa, de modo a terem acesso aos
grandes volumes de água de que necessitam para resfriamento de suas unidades. Se quantidades
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dinâmico. Por esta razão, é extremamente difícil avaliar os efeitos de um derramamento de óleo e
distinguir se as mudanças foram causadas pelo óleo ou pela mencionada natural variabilidade.
• Perdas naturais
Os diferentes estágios da vida de uma espécie podem mostrar tolerâncias e reações
bastantes diferentes em relação à poluição por óleo. Normalmente, os ovos, as larvas e os
estágios juvenis serão mais suscetíveis que os adultos. Todavia, muitas espécies marinhas
produzem um número muito grande de ovos e larvas para superar perdas naturais. Isso resultará
que menos de 1, em 100.000 ovos ou larvas, chegará a maturidade, porém o excesso de produção
provê uma reserva para compensar qualquer perda extrema devido as condições locais adversas.
Este fato torna pouco provável que qualquer perda localizada de ovos ou larvas, causada
por derramamento de óleo, tenha um efeito que possa ser observado sobre a dimensão, ou a
saúde, das populações futuras das espécies atingidas.
• Recuperação
A capacidade das populações de plantas e animais se recuperarem de um derramamento de
óleo e o tempo necessário para que o equilíbrio do habitat seja restabelecido depende da
gravidade e duração do transtorno, bem como do potencial de recuperação das espécies
atingidas.
Organismos abundantes e com alta mobilidade nos estágios jovens, produzidos em grandes
números, podem repopulacionar a área rapidamente, quando as condições prévias ao
derramamento são restauradas, enquanto que populações mais velhas, espécies de lento
amadurecimento, com baixas “rates” reprodutivas, podem demorar anos para recuperar seus
números e estrutura de idade. De uma maneira geral, as espécies se recuperam mais rapidamente
nas regiões tropicais do que nas regiões frias.
• Restauração
Embora seja possível restaurar as características físicas de um habitat atingido por óleo,
para a situação anterior ao derramamento, a extensão em que essa recuperação biológica pode ser
estimulada é bastante limitada. Mesmo que a limpeza de mangues e costas pantanosas e o
replantio de espécies locais possam ser viáveis em algumas situações, muito cuidado dever ser
exercitado para garantir que a área não seja fisicamente danificada, pois um processo de limpeza
pode ser ainda mais destrutivo, a longo prazo, do que a perda momentânea da vegetação. A
recolocação de animais é praticamente impossível e, embora algumas espécies possam ser
reproduzidas e soltas no ambiente, ou mesmo ser transportadas de áreas não atingidas (ex: certas
espécies de pássaros, mamíferos, répteis, e peixes), é altamente improvável que tais programas
venham a acelerar a recuperação natural de um complexo habitat marinho.
- 2-3 -
NORTAM-09/DPC
estragar espécies comerciais. O óleo submetido ao mau tempo pode acumular partículas de
sedimentos e afundar, especialmente depois de estacionar em praias, havendo a possibilidade de
causar danos às espécies bênticas.
- 2-5 -
NORTAM-09/DPC
• Corais
Recifes de corais em formação são encontrados ao largo da maioria das costas e ilhas
tropicais, em águas mornas e rasas, de salinidade e claridade adequadas. Os corais crescem nos
locais calcificados pelos resíduos de colônias de corais mortos, os quais formam projeções,
grutas e outras irregularidades, que são habitadas por uma rica variedade de peixes e outros
animais. Pelo lado de terra dos recifes, uma lagoa com baixa energia ambiental é sempre
encontrada, usualmente com fundo de areia e com vegetação de fundo, protegida pelo arrecife de
fora. Se os corais forem destruídos, os arrecifes por si mesmos ficam sujeitos à erosão das ondas.
Recifes de corais estão geralmente submersos e apenas se forem brevemente expostos, na
maré baixa, é que se tornam vulneráveis a serem atingidos pelo óleo, presente na superfície da
água. Por causa da turbulência e da ação das ondas características dos recifes, os corais podem
ser expostos a gotículas de óleo, dispersas naturalmente. Os efeitos do óleo nos corais e na sua
fauna associada são fortemente determinados pela proporção dos componentes tóxicos do óleo,
pela duração da exposição ao óleo, tanto quanto pelo grau de outros fatores estressantes.
Observações de corais contaminados com óleo sugerem que outros efeitos sub-letais podem
ocorrer, como a modificação de processos reprodutivos, comportamentos anormais e redução ou
suspensão do crescimento. A maioria dos efeitos é temporário, mas efeitos similares na fauna
associada dos recifes podem ter maiores repercussões, tendo em vista que os animais afetados
podem ser arrastados da proteção dos recifes, pelas ondas e correntes marinhas.
• Pássaros
Os pássaros que se congregam em grande número no mar ou na costa para reprodução,
alimentação ou muda, são particularmente vulneráveis à poluição por óleo. Eles incluem atobás,
gaivotas, andorinhas do mar, cormorans e uma grande variedade de outras espécies. Os pássaros
que mergulham para se alimentar podem ser afetados. Embora o óleo ingerido pelos pássaros
durante o mergulho em vôo possa ser letal, a causa mais comum de morte é pelo
abafamento/afogamento, inanição e perda da temperatura corporal, ocasionadas pelos danos à
plumagem pelo óleo. As penas com óleo perdem suas propriedades de impermeabilidade e
isolamento.
São muitos os exemplos de manchas de óleo causando ampla mortalidade de pássaros no
mar, levando preocupação à sobrevivência de populações. Muitos pássaros marinhos, que
habitualmente têm vida longa, passam a apresentar maturidade atrasada e baixa velocidade de
reprodução. Esses fatores, considerados juntos, impedem uma rápida recuperação das aves
marinhas. Entretanto, pesquisas recentes indicam que nem todos os pássaros maduros procriam
num dado tempo, e que esses indivíduos formam uma reserva, para a recolocação de pássaros
mortos. A mortalidade causada por derramamento de óleo pode não ser portanto, um impacto
- 2-6 -
NORTAM-09/DPC
detectável nas populações locais das aves marinhas, exceto, possivelmente, no caso de colônias
isoladas, com potencial limitado de recolonização por aves de outras localizações geográficas.
A limpeza e reabilitação de aves contaminadas por óleo requer pessoal treinado e,
inevitavelmente, causa considerável sofrimento aos pássaros. Embora os pássaros possam ser
salvos individualmente, a razão para a limpeza dos pássaros é normalmente baseada mais no bem
estar do animal, do que qualquer expectativa de promover a recuperação das populações de aves,
exceto no caso de espécies ameaçadas.
quaisquer indivíduos mortos podem ser consumidos por animais que comem carniça. Estatísticas
de pesca por redes são raramente detalhadas, de forma a permitir verificar que qualquer declínio,
devido a um derramamento de óleo, possa ser isolado de mudanças trazidas por outros fatores,
como esforços de pesca variáveis e flutuações naturais no tamanho do estoque.
Um derramamento de óleo pode causar perda de confiança no mercado, uma vez que o
público pode não desejar comprar produtos marinhos da região, independente de tais produtos
estarem contaminados. Devido às sérias conseqüências econômicas advindas das perdas nas
vendas, cuidados consideráveis são freqüentemente tomados para impedir que peixes e
crustáceos contaminados cheguem ao mercado. Idealmente, isto deve envolver a coleta de
amostras e a realização de testes toxicológicos por pessoal qualificado, na ocasião do
derramamento. Para eliminar o efeito de avaliações subjetivas, os testes devem estabelecer
corretamente a ausência e presença de contaminação, em controles limpos e deliberadamente
oleosos, respectivamente. Estas amostras de controle devem ser introduzidas junto às amostras
de teste, de uma maneira aleatória de forma a não dar pistas ao provador. Deve ser feito um
número de testes repetidos, por cada provador, para assegurar que os resultados sejam
estatisticamente significantes.
Podem ser impostas proibições à pesca e à coleta de produtos marinhos, após um
derramamento, tanto para impedir a venda de pescado contaminado no mercado, quanto para
proteger da contaminação equipamentos e redes de pesca. A área coberta pela proibição deve ser
diretamente relativa ao local e à extensão da mancha de óleo, e a justificativa para sua
manutenção revista freqüentemente, tendo em vista a posição do óleo flutuante e dos resultados
dos testes de provas. Tais proibições devem ser mantidas enquanto o óleo estiver presente, mas
não devem se estender além do tempo necessário. A criação de espécies cultivadas sempre segue
uma agenda rigorosa e atrasos podem se mostrar contraproducentes se o crescimento for
prejudicado e a colheita subseqüente, como resultado, for pobre.
- 2-8 -
NORTAM-09/DPC
ondas dificultam o lançamento de barreiras e diminuem a sua eficácia, e a ação dos ventos, junto
com as ondas, estimulam o espalhamento e a formação de “mousse”.
Em alto mar, incidentes envolvendo navios-tanques transportando óleo pesado têm as
piores consequências quando a mancha é empurrada em direção à costa. Nos recentes casos do
NT “Erika” (na França) e do NT “Prestige” (na Espanha), apenas cerca de 15% do óleo
derramado foi recolhido. Em situações como essas, parece não haver dúvida que a melhor linha
de ação corresponde ao imediato emprego de dispersantes.
Quanto aos derivados de óleo leve, como querosene, gasolina e óleo diesel leve, devido a
sua alta razão de evaporação, normalmente não é feita operação de recolhimento, apenas ações
de contenção e subseqüente espera até sua evaporação completa. Naturalmente que, nesses casos,
as consequências adversas ao meio ambiente serão muito reduzidas.
- 2-9 -
NORTAM-09/DPC
CAPÍTULO 3
LAUDO TÉCNICO AMBIENTAL
3.1 - CONCEITO
O Laudo Técnico Ambiental (LTA) é um documento redigido por uma pessoa, ou por
pessoas, de nível superior, conhecedoras do assunto e que preencham os requisitos constantes do
item 4.2 desta norma, que deverão analisar todos os dados que receberam ou coletaram, em
determinado incidente de derramamento de óleo. O LTA deverá descrever, de forma sucinta e
completa, a dimensão do dano ambiental e as conseqüências advindas do incidente,
estabelecendo a sua gravidade. O LTA deverá subsidiar a autoridade que autuou o infrator,
quanto à valoração da multa a ser aplicada, dentro do princípio da razoabilidade.
- 3-2 -
NORTAM-09/DPC
CAPÍTULO 4
COMPETÊNCIA PARA ELABORAR O LAUDO TÉCNICO AMBIENTAL E
PROCEDIMENTOS
que não se fará necessária a coleta de amostras, por exemplo, quando o poluidor e o poluente
forem conhecidos por meio de flagrante, testemunha ou confissão.
- 4-2 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO A
Portaria do IBAMA de Credenciamento da DPC e IEAPM para
Emissão de Laudo Técnico Ambiental
Publicada no D.O.U. em 05 de abril de 2007, Seção 1, páginas 90 e 91
-A1-
NORTAM-09/DPC
ANEXO B
CLASSIFICAÇÃO DE ÓLEOS
Os diversos tipos de óleo, desde o petróleo cru pesado aos combustíveis leves,
podem ser classificados conforme sua gravidade específica.
GRUPO 1 GRUPO 3 (Petróleos médios)
Gravidade Específica < 0.8 (ºAPI>45) Gravidade Específica 0.85 – 0.95
Gasolina (ºAPI 17.5 – 35)
Nafta Alto ponto de fluidez Baixo ponto de
Querosene > 5ºC** fluidez
Diesel Leve Bakr Arabian Light
GRUPO 2 (Petróleos leves) Belayim (marine) Arabian Medium
Gravidade Específica 0.8 – 0.85 Cabinda Arabian Heavy
(ºAPI 35 – 45) ElMorgan Buchan
Alto ponto de fluidez Baixo ponto de Mandji Champion Export
> 5ºC* fluidez Soyo Flotta
Argyll Abu Dhabi Suez Mix Forcados
Amna Berri Trinidad Forties
Arjuna Beryl Zaire Iranian Heavy
Auk Brass River Khafji
Bass Straight Brega Kuwait
Beatrice Brent Spar Maya
Bunyu Ekofisk Nigerian Medium
Cormorant Kirikuk Tia Juana Light
Dunlin Kale Marine
Escravos Montrose Óleo Combustível
Médio
Ed Sider Murban
Gippsland Mix Murchison *Esses óleos estariam no Grupo III, no
Lucina Qatar Marine caso de temperaturas acima de seu
Nigerian Light Saharan Blend ponto de fluidez. À temperaturas mais
Ninian Sirtica baixas, passariam ao Grupo IV.
Qua Iboe Statfjord GRUPO 4
Rio Zulia Zakum Gravidade Específica > 0.95 (ºAPI<17.5)
San Joachim or Pour Point >30ºC
Santa Rosa Diesel Pesado Bachequero Heavy Merey
Sarir Bahia Minas
Seria Boscan Panuco
Thistle Bu Attifil Pilon
Zuetina Cinta Quiriquire
Cyrus Shengli
Duri Taching
Gamba Tia Juana Pesado
Handil Wafra Eocene
*Esses óleos estariam no Grupo II, no Heavy Lake Mix
caso de temperaturas acima de seu Jatibarang Óleo Pesado
ponto de fluidez. À temperaturas mais Jobo/Morichal (Bunker C)
baixas, passariam ao Grupo IV. Lagunillas
Fonte: ITOPF – The International Tanker Owners Pollution Federation Limited, Handbook 2004/2005.
-B-1-
NORTAM-09/DPC
ANEXO C
-C-1-
NORTAM-09/DPC
ANEXO D
- D-1 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO D
- D-2 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO D
- D-3 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO D
- D-4 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO D
- D-5 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO D
- D-6 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO E
MARINHA DO BRASIL
Endereçados: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA,
Órgãos Estaduais de Meio Ambiente – OEMAs, Agência Nacional do Petróleo – ANP.
5. Óleo/derivado derramado
Tipo de óleo:
Volume estimado:
sem informação
Nome completo
Capitão dos Portos: Assinatura:
- E-1 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO F
INFORMAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DO LAUDO TÉCNICO AMBIENTAL DE
INCIDENTE AMBIENTAL COM ÓLEO/DERIVADOS DERRAMADOS POR NAVIOS,
PLATAFORMAS E SUAS INSTALAÇÕES DE APOIO
2.5. Armador/Empresa:
2.6.4. Livro de Registro de Óleo (ou de operações de carga e descarga de óleo e misturas oleosas):
( ) sim ( ) não
2.6.5. Outras informações:
- F-1 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO F
2.7. Em caso de plataforma/ instalação de apoio:
2.7.1. Cadastro Técnico Federal: ( ) sim ( ) não
2.7.2. Número de registro: Validade
2.7.3. Licença federal ambiental: ( ) sim ( ) não
4.4. Descrição do histórico do incidente (continuar no verso se o espaço não for suficiente):
- F-2 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO F
5. IDENTIFICAÇÃO DO ÓLEO
5.1.Tipo de óleo/derivado:
( ) petróleo cru ( ) diesel pesado ( ) diesel leve ( ) óleo combustível
( ) lubrificantes ( ) gasolina ( ) querosene ( ) outros, especificar
- F-3 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO F
5.6. Classificação da descarga: ( ) pequena ( ) média ( ) grande
b) área de alimentação:
c) área de reprodução:
d) área de berçário:
6.5.2. Informar se foram avistados peixes, aves ou mamíferos mortos na área atingida (se dispuser de números, informar):
6.5.3. Informar se foram observados danos nas áreas de matas (nascentes, ciliares, outras):
- F-4 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO F
6.6.1. Informar se foram observados danos à saúde de pescadores, portuários, tripulantes de embarcações e da população
em geral, especificando o número de pessoas atingidas e a gravidade da situação, se houve atendimento de
primeiros socorros, baixa hospitalar ou óbito.
6.6.2. Informar se houve danos às atividades produtivas, estaleiros, fábricas, usinas etc.:
6.6.4. Informar se foram observados danos às atividades de lazer e turismo, bem como à beleza cênica do local,
especificando-os sempre que possível:
8. AÇÕES DE RESPOSTA
- F-5 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO F
8.3. Plano de Área: ( ) sim ( ) não
Acionado: ( ) sim ( ) não
Local e data:
________________________________________ _______________________________________
NOME COMPLETO Assinatura do Responsável pelas Informações
RESPONSÁVEL PELA OM (CP, DEL OU AG) NOME COMPLETO – FUNÇÃO
- F-6 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO G
EXEMPLO DE LAUDO TÉCNICO AMBIENTAL
(DERRAMAMENTO HIPOTÉTICO)
1 - SITUAÇÃO DO INCIDENTE
No dia 20 de março de 2003, às 14:15 hs, a Lancha "Sotavento", da Delegacia da Capitania
dos Portos em São Sebastião, realizava Inspeção Naval de rotina no Canal de São Sebastião,
quando ao passar perto do Píer nº 4 do Terminal Marítimo da Empresa OLEOBRAS, observou
um brilho na água que conduzia ao Navio Petroleiro "Onassis", de bandeira cipriota.
A Inspeção Naval estava sendo conduzida pelo Capitão-Tenente (T) EMÍLIO DE SOUZA
FREITAS que verificou, sem nenhuma dúvida, que o óleo era proveniente do NT "Onassis" e
que já se estendia a uma distância de cerca de 100 metros do navio. O CT (T) FREITAS tirou
fotografias do local e colheu amostras de óleo no mar e no convés do navio, de acordo com a
NORTAM-01; o navio já havia acionado o seu Plano de Emergência (SOPEP) e contido o der-
ramamento a bordo. A coleta de amostras, segundo o CT (T) FREITAS, foi apenas para compro-
var a culpabilidade do navio, caso esse não admitisse sua responsabilidade, o que não chegou a
ocorrer, pois o navio reconheceu que o derramamento tinha ocorrido a bordo.
A OLEOBRAS acionou o seu Plano de Emergência Individual (PEI) do Terminal, colo-
cando 500 metros de barreiras de contenção de óleo em torno da mancha, além de mobilizar duas
embarcações equipadas com recolhedores de óleo.
Segundo informações do Comandante do NT "Onassis", o derramamento ocorreu devido a
um erro de manobra de um tripulante do navio, ocasionando a saída de óleo pelo suspiro de um
dos tanques de carga, derramando o produto no convés e parte caindo no mar, aproximadamente
200 litros, segundo o Comandante do navio e cerca de 400 litros, segundo o CT (T) FREITAS.
De acordo com o Comandante do NT "Onassis", o óleo estava sendo transportado da Bacia
de Campos para o Terminal de São Sebastião e era do tipo Marlin, um óleo pesado e persistente.
O CT (T) FREITAS preencheu os seguintes formulários:
a) de Comunicação do Incidente (Anexo E) e enviou à Gerência de Meio Ambiente da
DPC, ao IBAMA Regional, Ao Órgão Estadual de Meio Ambiente e a Agência Nacio-
nal de Petróleo;
b) de autuação do navio (Anexo 3-B da NORMAM-07) e enviou à Assessoria Jurídica da
Diretoria de Portos e Costas (DPC); e
c) o formulário "Informações para Elaboração do Laudo Técnico Ambiental", (Anexo F),
também enviado à Gerência de Meio Ambiente da DPC, a fim de subsidiar a elabora-
ção deste Laudo.
- G-1 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO G
2 - ANÁLISE
A hora que ocorreu o incidente do derramamento foi uma hora após a preamar e, não fosse
a contenção de óleo feita no mar, pelo Terminal, e a bordo pelos tripulantes do navio, o óleo der-
ramado possivelmente teria sido levado pela corrente de maré ao longo do Canal de São Sebasti-
ão e poderia atingir uma área de manguezal, correspondente a um ecossistema frágil e de elevada
sensibilidade ambiental (ISL 1).
Pelo volume de óleo recolhido pelo "skimmer", 350 litros, pode-se afirmar que a estimativa
do volume derramado feita pelo CT (T) FREITAS (400 litros) está mais próxima da realidade,
do que o volume estimado pelo Comandante do navio (200 litros).
As operações de resposta ao derramamento foram muito bem sucedidas, recolhendo-se 350
litros dos aproximados 400 litros derramados. A maior parte do óleo recolhido era o óleo da car-
ga do navio, do tipo "Marlim". Alguns componentes mais leves, que não se evaporaram, passa-
ram por uma falha na barreira de contenção e formaram um "filme" irisdicente, de cerca de 1 Km
de comprimento por 300 metros de largura.
De acordo com a tabela orientadora do item 1.5 da NORTAM-XX e com um filme de óleo
com espessura de 0,0003mm ocupando uma área de 0,3 Km2 (1 Km de comprimento x 0,3 Km
de largura), temos um volume de óleo não recolhido de 0,09 m3 (0,3 x 0,3 x 0,09), ou 90 litros de
óleo. Podemos dessa forma estimar, com base nesses dados, que foram derramados 440 litros de
óleo, recolhidos 350 litros e lançados na natureza 90 litros da parte mais leve do óleo, devido a
uma falha na barreira de contenção.
O vento fraco reinante, com intensidade de 7 a 10 nós (escala Beaufort), soprando de leste,
pouco afetou a mancha de óleo, não tendo havido agitação das águas e nem tempo suficiente
para a formação de "mousse".
O sol forte acelerou a evaporação da película de óleo remanescente e, 2 dias depois do der-
ramamento, não havia mais resquícios de óleo no local.
Não foi observada mortandade de peixes ou pássaros. Houve uma reclamação por parte dos
catadores de caranguejos. O Presidente da Colônia de Pescadores reclamou, junto à imprensa,
quanto às constantes agressões ao meio ambiente pela operação de NT no Terminal Marítimo.
Na realidade, o Terminal possui um Plano de Emergência Individual eficaz. Durante o ano
de 2003 foram observados, naquele Terminal, três derramamentos operacionais, com pequenos
volumes derramados, prontamente contidos, não podendo afirmar-se que naquele local existe
uma poluição crônica causada pelo óleo.
O óleo "Marlim" é um óleo persistente, classificado no Grupo IV, com densidade de
0,9488 Kg/l e grau API = 17,1º. Apresenta uma persistência superior a 7 dias, mas a parte mais
pesada do óleo foi recolhida logo após o derramamento.
- G-2 -
NORTAM-09/DPC
ANEXO G
Não houve impacto em atividades recreativas e de pesca, embora possa ser afirmado que
os catadores de caranguejo ficaram um dia sem trabalhar, devido ao cheiro forte da fina película
de óleo que atingiu o manguezal.
3 - CONCLUSÃO
Embora persistente, a maior parte do óleo "Marlim" derramado foi recolhido, permanecen-
do no meio ambiente apenas uma pequena porção superficial:
- volume derramado: 440 litros (inferior a 0,5 m3)
- volume recolhido: 350 litros
- volume lançado no meio ambiente: 90 litros, da parte mais leve do óleo.
Dois dias depois do derramamento, não havia mais vestígios de óleo no local. Não houve
mortandade de peixes e pássaros e apenas os catadores de caranguejo ficaram um dia sem traba-
lhar. Trata-se de uma atividade de subsistência, sem valor econômico substantivo.
O local não é objeto de poluição crônica e a resposta ao derramamento permitiu o recolhi-
mento de 80% do óleo derramado, justamente as partes mais densas do óleo.
Entende-se que o NT "Onassis" foi o responsável pelo incidente, segundo o Auto de Infra-
ção lavrado pela Delegacia da Capitania dos Portos de São Sebastião.
O incidente pode ser classificado como "dano ambiental pouco grave", de acordo com o i-
tem 3.3 da NORTAM-XX.
Local, data.
_________________________________________
Nome do Analista Ambiental
Profissão - Nº. Cadastro Técnico Federal – IBAMA
Função – DPC ou IEAPM
_________________________________________
Nome do Analista Ambiental
Profissão - Nº. Cadastro Técnico Federal – IBAMA
Função – DPC ou IEAPM
- G-3 -