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FEENBERG, A. O que é Filosofia da Tecnologia?

Conferência pronunciada para os


estudantes universitários de Komaba, 2003.

RESUMO

Basicamente, a relação humana com os artefatos tem sido tratada em torno de quatro
eixos: instrumentalismo, determinismo, substantivismo e teoria crítica, que divergem entre si,
mas também se complementam em certos aspectos. Essas concepções têm como pontos
centrais os debates sobre neutralidade, valores, autonomia e controle (FEENBERG, 2003).
No instrumentalismo, a tecnologia é percebida como ferramenta ou como simples
instrumento para satisfazer as necessidades humanas, o que a torna neutra em termos de
valores, visto não existir correlação entre meios e fins. Essa abordagem tem forte inspiração
aristotélica, que definia a produção de artefatos como forma de o humano realizar plenamente
seu ser.
Essa ideia foi reforçada, na modernidade, pelo pensamento liberal do progresso, que
tinha na figura do homem o poder para determinar os passos seguintes da evolução
tecnológica (FEENBERG, 2003). O determinismo, por sua vez, apoia-se na ideia de que a
tecnologia controla os indivíduos, moldando as estruturas sociais às exigências por mais
eficiência e progresso. Assim, todo esforço para gerar conhecimento sobre o mundo natural
tem como propósito a descoberta de aparatos que ampliem as capacidades humanas. Como
enfatiza Feenberg (2003, p. 07), os deterministas consideram que a adaptação das pessoas aos
caprichos da tecnologia é a “expressão mais significativa de nossa humanidade”.
Essa concepção é usada tanto por otimistas, que enxergam nos avanços tecnológicos a
salvação do mundo, quanto por críticos, que atribuem às novas tecnologias a destruição das
bases sociais tradicionais. Exemplos do determinismo otimista são os discursos que depositam
exclusivamente na tecnologia as esperanças de recuperação das democracias.
O substantivismo contrapõe-se às concepções instrumentalistas e deterministas, pois
considera que cada arranjo tecnológico incorpora um valor substantivo. Isso quer dizer que
uma tecnologia não pode ser utilizada como ferramenta adaptável a diferentes propósitos; ao
contrário, aquele meio já serve para um fim específico. “A tecnologia não é assim
simplesmente instrumental para qualquer valor que você possui. Traz consigo certos valores
que têm o mesmo caráter exclusivo que a crença religiosa” (FEENBERG, 2003, p. 08). A
diferença dessa abordagem em relação ao determinismo é demarcada pela possibilidade de
escolha que se abre aos humanos sobre qual tecnologia usar. Mas, depois de feita a opção por
uma ou outra tecnologia, o indivíduo terá se comprometido com um estilo de vida preferido e
já determinado.
OBS: quando a citação for indireta, basta colocar o sobrenome do/da autor/autora:
(FEENBERG, 2003). Caso seja utilizado um trecho do texto, em citação direta, é preciso
indicar a página: (FEENBERG, 2003, p. 08)

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