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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS


ECONÔMICAS
Aluno: Matheus Ferreira dos Reis
Disciplina: Tecnologia e Desenvolvimento
Professor: Felipe Queiroz Silva

O presente texto consiste em uma resenha do texto "Sistemas Nacionais de


Inovação: Retrospecto de um estudo", escrito por Richard Nelson, compondo o capítulo
12 de seu livro "As Fontes do Crescimento Econômico". O estudo apresentado pelo autor
faz uma comparação entre os sistemas nacionais de inovação por grupos de países. O
primeiro grupo é formando por países com altos níveis de rena, em seguida temos os
países com renda alta e forte base na agricultura e, por último, temos os países níveis mais
baixos de renda (cada grupo é formado por nações que compartilham certas
similaridades). Pata tanto, incialmente o artigo apresenta uma introdução de diversos
conceitos com a finalidade de delinear os rumos da análise.
O texto tenta elucidar algumas questões complexas. A redução de crescimento
econômico de alguns países a partir da década de 1970, crescimento acelerado de algumas
economias menores e como alguns outros países buscam replicar a performance de
sucesso dos países de industrialização recente. Nesse sentido, o autor aponta para a
existência de um termo que ele denomina de “tecnonacionalismo”, onde, nas palavras
dele, se trata de “... uma forte crença de que as aptidões tecnológicas de firmas nacionais
são uma fonte-chave para o desempenho competitivo com a crença de que essas aptidões
são em certo sentido de caráter nacional, e podem ser construídas através de uma ação
nacional.”
O autor traz conceitos importantes com o intuído de delimitar o foco do estudo. O
primeiro conceito apresentado é o de inovação, sendo considerado como tudo aquilo que
é novo em termos de produtos ou processos produtivos para as empresas, mesmo que não
sejam novos em âmbito mundial ou nacional. Em seguida termos o conceito de “sistema”,
consistindo num grupo de agentes institucionais envolvidos em algum grau no processo
da performance inovadora. Por último, temos o conceito de sistema “nacional”, que se
trata do conjunto de atores institucionais nacionais participantes do progresso inovativo,
porém o estudo aborda uma questão importante que é, considerando o mundo
interdependente que vivemos hoje, até que ponto o termo sistema nacional faz sentido na
atualidade.
O entendimento de tecnologia adotado pelo texto revela a ideia de que essa é se
trata de um conjunto de projetos e práticas especificas e também está relacionado com
um conjunto de ideias que fornecem o entendimento de como as coisas funcionam. Sendo
que, os atores institucionais (citados) mais importantes na produção de novas tecnologia
são as empresas, universidades e os governos. Sendo esse último um caso muito
particular, pois ao analisar a forma como o governo afeta o progresso técnico, nos é
revelado que é indissociável se atentar a relação entre a performance inovadora, a
performance econômica (políticas monetárias, comercio exterior, entre outros) e a
competividade.
Após delimitar os rumos e objetivos da pesquisa, o autor inicia as comparações
entre os grupos de países mencionados no primeiro parágrafo, sendo assim, nessa resenha
tentaremos resumir as principais comparações inferidas pelo texto. Primeiramente, é
importante destacar que os níveis de renda na divisão dos grupos é um fator significativo
na determinação das prioridades economias dos países e isso influencia diretamente nos
sistemas de inovações, países com níveis de renda mais alto pode atingir uma ampla gama
de mercados com um nível maior de sucesso em comparação com os países de baixa
renda. Nesse sentido, é válido destacar que o primeiro grupo, formado por países
industrializados, possuem maiores recursos investidos em P&D industrial,
diferentemente dos outros dois grupos, embora seja possível observar algumas exceções
- como Coréia e Israel no grupo três e a Suécia no grupo 2.
Outro importante fator para moldar o sistema de inovações é a disponibilidade de
recursos naturais, países que detém abundância desses insumos enfrenta determinadas
limitações e possibilidades diferentes dos que não o possuem. Sendo assim, que não
detêm uma base larga dos recursos naturais possuem uma maior tendência a importar
esses bens e focar suas indústrias em direção as exportações, contrariamente os países
com fartura desses recursos tendem a usufruir de altos padrões de vida e possuem
indústrias correlatas capazes de sustentar as exportações de bens manufaturados não
produzidos internamente.
Um outro importante determinante destacado pelo autor é a importância dada a
segurança nacional como um dos principais fatores capazes de moldar significativamente
os sistemas de inovações dos diversos países analisados. Primeiramente no caso do
primeiro grupo, é considerável a participação dos investimentos governamentais na P&D
em defesa e a parte significativa que isso representa do P&D industrial, uma vez que as
indústrias que atendem as demandas militares são altamente intensivas em pesquisa e
desenvolvimento. Sendo esse argumento estendível para o caso dos países de baixa renda,
pois em algum momento de vossas histórias, esses países foram influenciados por
interesses de segurança nacional ou por governos militares que, por sua vez, foram
responsáveis por moldar certa parte da estrutura inovadoras dessas nações.
Ao examinar o que é necessário para uma inovação eficiente, o autor chega a uma
inferência interessante, as empresas para se manterem competitivas enfrentam distintos
cenários nos mais diversos países. De modo geral, em países com altos salários, ser
competitivo pode estar relacionado com a diferenciação de produto e processos
produtivos mais elaborados. Contrariamente, para países pequenos (com baixa renda), em
sua maioria, ser competitivo está associado com o processo de aprendizados tecnológico,
onde esses países utilizam das tecnologias de países mais avançados para atenderem
contextos de demandas internos. Destarte, o mais importante dessa reflexão é entender
que para a manutenção da competividade nos mais diversos contextos nacionais sempre
será necessário o aperfeiçoamento do progresso técnico (inovações).
A performance inovadora nem sempre está relacionada com o tamanho das firmas
nacionais, mas sim com a capacidade dessas de inovar e conseguirem se manter no
mercado competitivo. Sendo assim, é destacado que boa parte da performance inovadora
das firmas está e depende da capacidade dessas de realizarem os investimentos
necessários para o aperfeiçoamento dos processos produtivos e de gestão. Desse modo,
nações com sistemas educacionais mais consolidados são capazes de fornecer o capital
humano capacitado e hábil necessário para manter contínuo o processo de competividade
e inovação das empresas e, além disso, é indispensável proporcionar mão de obra
qualificada para operar foras das atividades de P&D. Nesse sentido, Nelson constata que
países como os EUA tiverem seus sistemas de educação mais voltados para atender as
demandas profissionais do setor produtivo e, por isso teve maior êxito em consolidar suas
indústrias competitivamente a nível nacional e internacional.
O ambiente macroeconômico (políticas fiscais, monetárias e de comércio exterior)
parece estar relacionado também com a performance inovadoras. Países que com um
ambiente mais favorável as exportações desenvolveram suas indústrias de modo atender,
não somente o mercado interno, como as demandas globais. Por outro lado, países sem
esse incentivo, as firmas tiverem que focar em atender as necessidades do mercado
interno e serem competitivas no âmbito nacional. Desse modo, as nações têm utilizado as
políticas econômicas das mais diversas formas, subsídios no caso daquelas que possuem
firmas com potencial exportador ou, contrariamente, proteção à indústria nacional (no
caso das empresas que atendem necessidades internas).
O autor verifica que, na maioria dos casos, pesquisas realizadas com o
financiamento público estão diretamente correlacionadas com as demandas tecnológicas
do setor produtivo. Desse modo, pesquisas universitárias ou em laboratórios públicos
estão focadas naqueles segmentos em que as nações possuem determinadas vantagens
comparativas. Portanto, os investimentos governamentais é outro determinante
significativo da performance inovadora e capaz de moldar os sistemas de inovação
nacionais profundamente.
Ademais, é examinado a crença que algumas nações e pesquisadores carregam de
que para uma indústria ser altamente competitiva são necessários os investimentos em
alta tecnologia. Todavia, o autor verifica que esses financiamentos em alta tecnologia, em
muitos casos, são caros e nem sempre surtem o resultado desejado, principalmente
quando complementado por políticas de proteção governamental. Além disso, existe o
fato de que, atualmente, os altos custos de P&D levam as empresas a buscarem novas
formas de economias, o que acaba gerando as cooperações transnacionais. Isso traz à tona
aquela discussão de o quanto (em que grau) os sistemas nacionais de inovações são
realmente nacionais, sendo importante levar em consideração os impactos que tal
cooperação irá causar na competividade intranacional.
Portanto, ocorre que o conceito de sistema nacional de inovação é muito amplo e
é impossível analisar os fatores que afetam a performance inovadora sem considerar o
ambiente macroeconômico e o comercio internacional. Isso ocorre devido os distintivos
contextos nacionais no quais as firmas competitivas estão inseridas, ou seja, a conjuntura
histórica e cultural de cada nação é diferente e irá impactar diretamente no que se pode
definir como um sistema nacional de inovação.
Todavia, Nelson aponta que a internacionalização tende a amenizar em algum
grau essas diferenças, principalmente no que diz respeito aos aspectos tecnológicos, logo,
a diferenciação competitiva das indústrias terá de advir dos processos produtivos e dos
detalhes de projeto. Além disso, o fato do mundo está se tornando cada vez mais
globalizado, tende a atenuar ainda mais esse processo, pois os processos constituídos
historicamente tendem a sumir e culturalmente as nações tendem a serem mais iguais e,
além disso, como citado anteriormente, as empresas tendem cada vez mais a estreitar suas
relações com firmas de todo mundo com a finalidade de reduzir os custos de P&D e, não
somente isso, mas também diminuir custos de mão de obra, burlar entraves
governamentais, entre outros.
Por último, é importante ressaltar que as diferenças entre os sistemas nacionais
têm levado alguns países a adotarem aspectos que consideram relevantes de outros
sistemas. Isso, em muitos casos, não tem gerado muito resultados positivos,
principalmente quando se ignora os aspectos da realidade loca. Entretanto, esses
resultados de emulação têm levado a uma discordância entre os países, principalmente no
que diz respeito a proteção de certos ramos, em outras palavras, a proteção governamental
para gerar inovação é vista por muito como um ato ineficiente e prejudicial a
competitividade.
Finalmente, podemos concluir que os sistemas nacionais de inovações são amplos
e diferentes nos mais diversos países e que, os fatores institucionais, políticos, sociais,
culturais, entre outros, são as principais fontes moldadoras da performance inovadora.
Além disso, também foi possível observar que o processo de internacionalização tem
desmantelado um pouco desse conceito uniforme de sistemas nacionais e que, em certo
grau, pode ser capaz de desestabilizar as ações do governo para impedir a rivalidade de
firmas estrangeiras com os produtos nacionais. Desse modo, os governos de todo mundo
terão que aprender a conviver com essas nuances que vão surgindo, em outras palavras,
ou as nações se acostumam e renunciam a certo nível da soberania nacional ou investe no
uso de novas medidas institucionais mais rígidas para proteger certos segmentos
importantes de mercado. Sendo válido destacar que, não há nenhuma fórmula de bolo
capaz de tornar um país mais ou menos inovador, entender que cada país possuir recursos
singulares é passo fundamental para a constituição de um sistema nacional de inovação
baseado nas vantagens individuais de cada nação.

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