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1.

Produtividade em Portugal:
○ As taxas de crescimento da produtividade do trabalho têm
desacelerado na última década em muitos países da União Europeia,
incluindo Portugal1.
○ A baixa produtividade nacional parece estar mais associada ao baixo
nível de capital disponível por trabalhador do que à falta de eficiência
do fator trabalho2.

Esta pouca capitalização das empresas leva a pouco investimento. Se há


pouco investimento, há pouco valor acrescentado bruto”,
uma vez que o tecido empresarial português é maioritariamente populado
por micro e pequenas empresas, a questão do financiamento agrava-se

"Se o empresário não passa parte dos ganhos de produtividade para o


trabalhador, faz com que não haja motivação e com que não haja nenhum
acréscimo de produtividade.”

A produtividade do trabalho em Portugal é 28% inferior à média da Zona


Euro. Esta situação não é nova, pois há pelo menos 10 anos que Portugal
se mantém na cauda da produtividade do espaço da moeda única.
Além disso, a produtividade tem estado em declínio no ranking europeu
nos últimos seis anos.
Vários fatores têm contribuído para esta situação:
Alocação de Recursos: A forma como os recursos são alocados pode ter
um impacto significativo na produtividade.
Mercados de Produto e Serviços: A eficiência e a competitividade destes
mercados são determinantes importantes da produtividade.
Mercado de Trabalho
Investimento em I&D
Infraestruturas
Capital Humano
Dinâmica Empresarial e Internacionalização
Políticas Públicas

Estes fatores estão interligados e a melhoria da produtividade requer uma


abordagem que leve em conta todos estes aspetos, por isso irei fazer uma
análise mais profunda a estes fatores.
É importante notar que a produtividade é um indicador-chave para o
crescimento económico sustentável e a competitividade de um país

A alocação de recursos refere-se ao processo de distribuir os recursos


disponíveis, sejam eles financeiros, humanos, materiais ou tecnológicos,
para diferentes atividades, projetos ou áreas de uma organização.
Este processo é crucial para a produtividade por várias razões:
Otimização de Recursos
Tomada de Decisões Estratégicas
Melhoria da Produtividade
Redução de Custos

A competitividade é definida como a capacidade de uma entidade ou


organização competir. No contexto econômico, a competitividade
desempenha um papel fundamental nas empresas e nos países,
definindo a aptidão de cada um para se manter no mercado.
A competitividade é crucial para a produtividade por várias razões:
Eficiência na Produção
Inovação
Rentabilidade e Motivação

Mercado de Produtos: A competitividade no mercado de produtos surge da


existência de uma oferta vasta, da concorrência e escassez de recursos ou
oportunidades. Quando existem várias empresas que fazem o mesmo
produto, a competitividade emerge. As empresas buscam formas de se
destacar, seja através da qualidade, preço, inovação ou serviço ao cliente.

As 5 Forças de Porter são um modelo estratégico criado pelo economista


Michael E. Porter, que identifica e analisa cinco forças competitivas que
moldam cada indústria e ajudam a determinar a intensidade da
concorrência e a atratividade de um mercado.
As cinco forças são:
Rivalidade entre os concorrentes existentes: Refere-se à competição direta
entre empresas semelhantes no mesmo mercado ou indústria
Poder de negociação dos fornecedores: Refere-se à capacidade dos
fornecedores de aumentar os preços dos insumos ou reduzir a qualidade
dos insumos
Poder de negociação dos compradores: Refere-se à capacidade dos
clientes de pressionar por preços mais baixos ou melhor qualidade
Ameaça de novos entrantes: Refere-se à possibilidade de novas empresas
entrarem no mercado, aumentando a concorrência
Ameaça de produtos ou serviços substitutos: Refere-se à possibilidade de
os produtos ou serviços de uma empresa serem substituídos por
alternativas

Este modelo é usado para entender a estrutura de uma indústria e como


essas forças afetam a competitividade, o que pode ajudar as empresas a
desenvolver estratégias para se tornarem mais competitivas no mercado

Mercado de Serviços: A competitividade no mercado de serviços é


impulsionada pela qualidade, eficiência e inovação dos serviços
oferecidos. As empresas que oferecem serviços de alta qualidade e valor
agregado podem se destacar da concorrência. Além disso, a servitização
da indústria, que consiste essencialmente em os fabricantes competirem
através de ofertas integradas de produtos e serviços avançados (ou
“soluções”), é uma tendência crescente que aumenta a competitividade.

Mercado de Trabalho: A competitividade no mercado de trabalho é


influenciada pela qualificação e habilidades dos trabalhadores, bem como
pelas condições de trabalho. Empresas que conseguem atrair, reter e
desenvolver talentos têm uma vantagem competitiva
Além disso, a competitividade pode aumentar a motivação dos
funcionários, levando a um aumento da produtividade⁶.Portanto, a
interação desses três mercados e suas características específicas
desempenham um papel crucial na determinação da competitividade de
uma empresa ou economia.
O investimento em I&D pode resultar em processos de produção mais
eficientes, que reduzem custos marginais de produção, ou em produtos
mais eficientes, com maior produtividade marginal.
Portanto, o investimento em I&D é entendido como um contributo muito
importante para a inovação, que, por sua vez, é vista como um dos pilares
do desenvolvimento económico.

Investimento em Infraestruturas: Uma maior oferta de infraestrutura em


áreas como irrigação, eletricidade, telecomunicações e estradas
aumentam a produtividade, reduzem custos de comércio e estimulam a
atividade industrial. Isso promove uma mudança estrutural na economia
capaz de impulsionar o crescimento da renda e do emprego de forma
sustentável. Os investimentos em infraestrutura impactam a economia por
meio de canais diretos – como, por exemplo, a expansão da capacidade
de abastecimento ou escoamento da produção – e indiretos – a melhoria
na produtividade total dos fatores

Capital Humano: O capital humano é o conjunto de pessoas que trabalham


em uma organização e que, juntas, criam valor para a empresa. Este
capital humano é um dos principais ativos de uma organização e impacta
diretamente na produtividade, nos resultados e no sucesso da
organização. A qualificação profissional e nível de especialização
potencializam o valor que o funcionário tem para a empresa. Portanto, a
gestão do capital humano agrega benefícios à organização, como por
exemplo: contratações mais acertadas, redução do turnover (redução da
rotatividade dos colaboradores), fortalecimento da marca, potencial de
crescimento, aumento da produtividade e da motivação, melhoria do
ambiente de trabalho, desenvolvimento e capacitação dos colaboradores,
atração e retenção de talentos.

Dinâmicas Empresariais: As dinâmicas de grupo são uma excelente


maneira de promover a interação, o envolvimento e a aprendizagem entre
os funcionários. Elas proporcionam um ambiente descontraído e
estimulante, contribuindo para melhorar a convivência e desenvolver a
proatividade no ambiente de trabalho. Estas dinâmicas podem ser
aplicadas de várias formas, de acordo com os objetivos estipulados,
podendo ser utilizadas em diversos momentos no dia-a-dia de uma
empresa. Além disso, as dinâmicas de grupo podem ser utilizadas para
fortalecer o espírito de equipe, melhorar a comunicação, estimular a
criatividade, desenvolver competências de liderança e promover a
resolução de problemas

Internacionalização: A internacionalização das empresas tem um efeito


geralmente positivo sobre a sua produtividade⁴⁵. A literatura teórica aponta
para um efeito genericamente positivo da internacionalização das
empresas sobre a sua produtividade, admitindo também que a relação
internacionalização-produtividade possa revelar-se não linear,
apresentando perfis que conjugam fases onde a relação é crescente com
outras onde é decrescente⁴⁵⁷. O perfil evidenciado revela que a
produtividade cresce com o grau de internacionalização, mas apenas no
intervalo entre os 20% e os 70%, sensivelmente, apresentando-se
decrescente com o grau de internacionalização fora deste intervalo

Políticas Públicas: As políticas públicas têm um impacto direto na


economia e no bem-estar da população. Políticas econômicas que
incentivem o crescimento e o desenvolvimento podem gerar empregos e
melhorar a qualidade de vida das pessoas. Uma política industrial bem
desenvolvida gera resultados não apenas no campo da competitividade,
mas também na geração de mais postos de trabalho e empregos com
melhor remuneração. Além disso, as políticas públicas podem
desempenhar um papel importante na melhoria da produtividade, através
da regulação dos mercados de produto e serviços, do investimento em
capital humano e infraestruturas, e do apoio à dinâmica empresarial e à
internacionalização.

É de salientar que as contribuições brutas da entrada e saída de


mercados e produtos são tão importantes em termos absolutos como a
entrada e saída de empresas em termos de crescimento das exportações.
Este facto aponta para o dinamismo da economia portuguesa na
adaptação das suas estruturas de exportação

A competitividade e a produtividade de Portugal são influenciadas desde


os padrões comerciais e as alterações legislativas ao investimento em I&D
e às regulamentações do mercado, políticas e instituições podem definir o
nível de concorrência e turbulência do mercado como carga fiscal, bancos,
CPP, incluindo a regulamentação do mercado e a eficácia das entidades
reguladoras.
Existem margens substanciais para aumentar a concorrência em alguns
mercados de produtos em Portugal e que persistem alguns elementos de
rigidez no mercado de trabalho, afetando as negociações salariais e a
mobilidade dos trabalhadores.
Todos estes elementos são cruciais para compreender o posicionamento
económico e os desafios de Portugal no panorama económico europeu.

As principais indústrias em Portugal são diversificadas e incluem:


1. Energia e Recursos: Empresas como Petrogal, EDP, Galp Energia, e
Repsol Portuguesa são líderes neste setor.
2. Automóvel: A Autoeuropa, que pertence ao grupo Volkswagen, e a
Continental são exemplos de empresas de destaque neste setor.
3. Comércio a retalho: Empresas como Modelo Continente e Pingo
Doce são grandes players neste setor.
4. Telecomunicações: Empresas como NOS e Vodafone Portugal são
líderes neste setor.
5. Transportes e Logística: A TAP Air Portugal é um exemplo de uma
grande empresa neste setor.

Portugal é o quinto país da União Europeia (UE) com menor


produtividade por hora de trabalho, de acordo com dados compilados e
divulgados pela Pordata, base de dados de Portugal Contemporâneo
organizada e desenvolvida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Os números, que são relativos a 2022, mostram que em Portugal a


produtividade do trabalho era de 66,7, apenas ligeiramente inferior à
registada em 1995 (68,6).

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