(1) O documento analisa as forças que influenciam as mudanças estruturais e o desenvolvimento econômico, focando na indústria como setor dinamizador; (2) Discute os efeitos da desindustrialização e da inserção de países em desenvolvimento no comércio global; (3) Apresenta o desempenho comercial do Brasil, especialmente com a China, e argumenta que a especialização brasileira em commodities não significa simples "reprimarização".
(1) O documento analisa as forças que influenciam as mudanças estruturais e o desenvolvimento econômico, focando na indústria como setor dinamizador; (2) Discute os efeitos da desindustrialização e da inserção de países em desenvolvimento no comércio global; (3) Apresenta o desempenho comercial do Brasil, especialmente com a China, e argumenta que a especialização brasileira em commodities não significa simples "reprimarização".
(1) O documento analisa as forças que influenciam as mudanças estruturais e o desenvolvimento econômico, focando na indústria como setor dinamizador; (2) Discute os efeitos da desindustrialização e da inserção de países em desenvolvimento no comércio global; (3) Apresenta o desempenho comercial do Brasil, especialmente com a China, e argumenta que a especialização brasileira em commodities não significa simples "reprimarização".
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS
ECONÔMICAS Aluno: Matheus Ferreira dos Reis Disciplina: Tecnologia e Desenvolvimento Professor: Felipe Queiroz Silva
O presente texto consiste em uma resenha do texto "Recursos naturais e estratégias
de desenvolvimento no Brasil", escrito por Carlos Frederico Rocha, compondo o capítulo 23 do livro "Indústria e Desenvolvimento Produtivo no Brasil". O estudo exposto pelo autor visa estabelecer uma conceituação para o que o autor denomina de “potenciais de desenvolvimento”. Nesse sentido, o autor leva em conta que desenvolvimento econômico e mudanças estruturais são dois processos interdependentes e que os fatores que ocasionam à mudança estrutural são os mesmos que influenciam no crescimento de longo prazo. De modo geral, há duas forças que desempenham papel fundamental na determinação das mudanças estruturais: o primeiro é o crescimento da produtividade (lado da oferta); e o segundo são os deslocamentos da demanda (lado da demanda). A autor divide o trabalho em algumas sessões, onde a primeira, após a introdução, tem como foco analisar o arcabouço analítico do estudo dando ênfase as forças capazes de influenciar às mudanças estruturais. Sendo assim, por meio do estudo de Kruger (2008) o autor elucida o papel de quatro forças propulsoras das mudanças de distribuição setorial entre emprego e do produto, são elas: (i) crescimento da produtividade; (ii) elasticidade- renda da demanda; (iii) taxa de acumulação; e (iv) relação capital-trabalho. Desse modo, a indústria é colocada no centro do processo dinamizador por possuir as particularidades essenciais para pôr em ação as forças propulsoras citadas e, além disso, seu desenvolvimento foi considerado como crucial para gerar crescimento. Isso porque, como mencionado pelo autor, a indústria, com relação a outros setores, possui uma maior relação capital-trabalho, ou seja, esse ramo em específico demonstrou maior produtividade do que outros, impulsionando as taxas de acumulação de capital das economias que se desenvolviam por meio desse setor. Esse processo ainda foi capaz de incrementar o nível de renda dessas economias e gerar uma elasticidade-renda da demanda maior que um para os bens industrializados. Contudo, é apontado certo decrescimento de produtividades das economias mais desenvolvidas a partir dos de 1960. Posto isto, diversos autores, como Baumol, buscaram elucidar esse problema, com foco no que pode ser denominado de hipótese de Baumol, que ocorre quando a mão de obra de determinado setor é expulsa em decorrência do crescimento da produtividade do próprio setor (labor push). Contrariamente, temos da terceira lei de Kaldor, a proposição de que alguns setores podem absorver a demanda por trabalho de outros (labor pull). Essas duas hipóteses foram testadas por Alvarez-Cuadrado e Proschke, que analisam essa relação para o setor agrícola dos EUA e de alguns países europeus, verificando-se que os períodos em que a elasticidade-renda da demanda foi superior a um, houve o funcionamento da hipótese de Kaldor e, contrariamente, quando houve estagnação do tamanho do setor, por conta dos aumentos de produtividade, temos prevalência da proposição de Baumol. Ademais, Rocha cita que as ideias apresentadas no parágrafo anterior estão presente na literatura recente sobre o tema de desindustrialização. Assim, no início do processo de industrialização, a economia sofre um processo de aumento da sua capacidade industrial por conta da elevada elasticidade-renda da demanda. Nesse cenário, a economia sofre o que, de acordo com o trabalho de Alvarez-Cuadrado e Proschke, seria o efeito labor pull, pois a indústria passa atrair mão-de-obra de outros setores. Por outro, lado, com o passar do tempo, o aumento da produtividade industrial, reduz a participação da mão de obra e, consequentemente, a economia sofrerá o efeito labor push. Intrínseco ao tema de desindustrialização, são apresentados alguns autores que relatam certa preocupação com a inserção dos países em desenvolvimento como agentes comerciais. Isso porque, para esses autores, haveria certa precariedade no crescimento/desenvolvimento desses países, uma vez que o comercio global estaria acarretando um processo de sobrevalorização da moeda e, consequentemente, elevando o custo relativo do trabalho por conta das variações da relação câmbio-salário. Nesse sentido, alguns desses autores relataram que processo de sobrevalorização tinha origem em dois fenômenos: o primeiro seria por conta dos diferenciais de produtividade entre os setores de vantagem comparativa e o seguindo seria por conta do uso excessivo da taxa de juros como mecanismo para atingir as metas de inflação o que, por consequência, atraia capitais estrangeiros e causava sobrevalorização da moeda. De modo geral, para esses autores a única solução para esses países em desenvolvimento é o processo de desvalorização para que haja retomada do crescimento no setor industrial e, à vista disso, a economia desfrute dos benefícios correlatos ao desenvolvimento industrial. Todavia, autores como Prebisch e Thirlwall, argumentam, por meio de algumas equações, que os efeitos da desvalorização seriam apenas temporários e para que o efeito seja contínuo, seria necessário que houvesse constantes desvalorizações ou que o custo médio do trabalho da economia diminuísse com relação ao mundo. Por outro lado, há uma outra maneira na qual os efeitos das desvalorizações podem ser usufruídos de maneira continua e que vale a pena pontuar: e isso seria com uma especialização da pauta exportadoras dos países em desenvolvimento em direção aos setores que possuem maior elasticidade-renda da demanda. Entretanto, há uma ressalva ser feita, pois mudanças de especialização dependem de fatores de capacitação e aprendizado endógenos ao processe de desenvolvimento de um país, ou seja, é um processo de construção demasiadamente longo, sendo que, atualizações dessas capacitações são essenciais para auxiliar os países a reduzir a distância da fronteira mundial e, consequentemente, auxiliar no crescimento econômico. Na seção três do texto o autor tem por objetivo relatar o desempenho comercial do Brasil, de modo mais geral, consiste em elucidar os fatos do país ter apresentado expressivos superávits comerciais desde o início dos anos 2000. Tendo como primeiro fato a relação comercial com a China, país para o qual o Brasil tem destinado boa parte das exportações de commodities nos últimos anos. Sendo válido ressaltar que não é um caso isolado somente para o nosso país, a China se tornou nas últimas duas décadas parceira comercial de inúmeras outras nações e possui uma influência significativa sobre os preços das comodities, sendo responsável pelo crescimento dos preços dessas e pela melhoria dos termos de troca do Brasil, o que em parte explica os superávits citados no começo deste parágrafo. Além disso, é válido destacar o modo pelo qual as exportações chinesas ganharam competitividade no mercado internacional e reduziram a fatia de mercado das economias desenvolvidas. De modo geral, esses país se baseou seu desenvolvimento nas indústrias de montagem onde detinha significativas vantagens de custos, logo, os países que possuíam vantagens nesse mesmo ramo perderam espaço por conta da competitividade chinesa. O gigante asiático ainda tirou proveito de processos de transferência tecnológica para fomentar ainda mais a especialização de processos mais elaborados. Em contrapartida, temos a China como importadora que se centrou na compra de produtos primários, fazendo com que boa parte da demanda mundial fosse deslocada para seus interesses e, por esse lado, o Brasil, bem como outros países latinos, foram eficientes em atender essa demanda. Essa eficiência brasileira apresenta duas características inerentes: (i) ótimo desempenho do mercado produtor de commodities; e (ii) queda constante, a partir de 2000, da participação nas exportações mundiais de bens intensivos em trabalho. Tal resultado apontado pelo autor em seu texto pode relevar indícios de uma especialização (reprimarização) da pauta brasileira com a finalidade de atender as demandas comerciais chineses, que por um lado gera crescimento dos setores internos relacionados, mas por outro gera extrema dependência interna com relação aos preços das comodities, além do baixo valor agregados dos bens que estão sendo vendidos. Ademais, a análise da estrutura das exportações brasileiras tende a rejeitar o argumento no parágrafo anterior. Primeiro, porque se leva em conta que Brasil não perdeu competitividade nos setores que já vinha se desenvolvendo, mas a negociação comercial com a China que possibilitou oportunidades de negócios que gerou expansão em determinados setores. Além disso, é válido mencionar que o crescimento das comodities agrícolas industriais e do petróleo não são provenientes da simples existência de terra e possibilidades de negócios, mas configura a existência de um, como denominado pelo autor, núcleo tecnológico considerável. Para tanto, o autor menciona os estudos da Embrapa (no caso celulose) e da Petrobras (no caso do petróleo). Portanto, a competividade adquirida por esses setores está longe de ser adquirida de forma espontânea ou pela simples existência de recursos naturais e é por meio do processo de acumulação de capacitações e aprendizados que esses setores seguiram trajetórias de desenvolvimento parecida com a de ramos industriais bem-sucedidos. Assim, é conveniente citar a importância do aprendizado desses setores e como isso impacta positivamente na balança comercial. Os dados elucidados pelo autor destacam os crescentes superávits nos segmentos em que os processos de fluxo são consideráveis, mas por outro releva os déficits adquiridos nos ramos em que os processos de montagem são a regra (setores intensos em tecnologia). Posteriormente, o autor resgata que a existência de uma elasticidade renda maior que um é fundamental parra que determinados setores sejam considerados como dinâmicos. Isso porque, esses setores irão funcionar como atratores de mão de obra, por conta dos maiores salários e, por último, irão fornecer as divisas necessárias para o país. Contudo, o autor traz evidências, contrariando algumas crenças, de que a especialização industrial, por si só, não gerará os resultados desejados em termos de crescimento, dada a existência de diversos outros setores, ou seja, a existência de diversas elasticidades- renda da demanda. Além disso, há não há evidências reais de que algum bem possa conviver com alta elasticidade-renda da demanda por um longo período de tempo, pois a produtividade desse setor aumentará e, como visto, a mão de obra desse setor tenderá a se deslocar para outro com maior elasticidade-renda da demanda. Sendo que, o problema está em garantir elevadas taxas de crescimento da demanda, de modo geral, para isso acontecer seria necessário grandes feitos inovativos e o autor argumenta que o Brasil não está preparado para isso, devido a participação na indústria de montagem ser incipiente. Por último, o autor traz na última seção o autor apresenta o caso da Suécia que, comparativamente a países europeus como a Inglaterra, era um país atrasado e com um nível de renda menor. Contudo, essa situação muda após a segunda guerra mundial quando esse país foca seus esforços na indústria de recursos naturais e, tal como o Brasil, com o passar do tempo se empenha na acumulação de conhecimentos capazes de gerar inovações na indústria intensiva em recursos naturais. Destarte, é o autor conclui que um ponto importante para no que tange a redução da demanda, quando alguns setores estão mais consolidados, é a diversificação de produtos. Nesse sentido, no caso do Brasil que apresenta significativos aumentos de produtividade na indústria de recursos naturais, a saída para gerir um crescimento equilibrado de longo prazo reside na diversificação de produtos, da mesma maneira que ocorreu com a Suécia no pós-segunda guerra. Contudo, é válido ressaltar que, tal como o processo de aumento da produtividade setorial, o processo de diversificação requer a capacitação como elo dinamizador básico.