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Resumo
1- Introdução
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Esta última variável, por sua vez, está diretamente relacionada com o aumento da
capacidade de absorção de novas tecnologias (Cohen & Levinthal, 1990), através de
estruturas organizacionais que contribuam com os esforços de adaptação destas tecnologias à
realidade local.
O trabalho está organizado em cinco seções, além desta introdução. Na primeira seção,
discute-se a Ciência & Tecnologia (C&T) como fator estratégico para o desenvolvimento
econômico das nações. Na segunda, discute-se sobre o conceito de transferência de
tecnologia, com ênfase na função P&D. Na terceira, apresenta-se um resumo histórico das
ações governamentais voltadas para a área de C&T no Brasil. Na quarta, descreve-se o
modelo de avaliação de política pública de Subirats (1989). Na quinta, apresenta-se a
avaliação dos resultados da pesquisa para uma amostra de 90 empresas selecionadas da base
de dados do Ministério de Ciência e Tecnologia. Finalmente na sexta seção, conclui-se sobre
os resultados e apresenta-se algumas questões relacionadas com a avaliação do PDTI/PDTA
as quais poderão ser utilizadas em estudos futuros.
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Incluem-se como elementos da estrutura de C&T: a pesquisa (básica, aplicada e desenvolvimento), a
engenharia, as instituições e agências de fomento, entre outros.
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fundos privados de amparo à P&D – justifica-se o suporte governamental à P&D pelos
amplos benefícios em se garantir a expansão das pesquisas, a difusão e absorção de
conhecimentos e ao intercâmbio entre empresas, universidades e os centros de pesquisas.
Consideram os autores que o suporte governamental deve ser direcionado não somente para a
indústria mas também para os setores de alta significância social, tais como a saúde e o meio
ambiente.
Mas o processo de formulação de políticas públicas para a C&T não deve se contentar em
apenas definir os gastos públicos em pesquisa básica, em P&D militar e industrial ou os
gastos estratégicos para compensar eventuais atrasos em P&D de áreas sociais como meio
ambiente, saúde e segurança. Uma política adequada deverá possuir uma variável qualitativa
que estabeleça prioridades entre todos os objetivos de C&T das áreas de governo.
Dertouzos et all (op. cit., p. 114) exemplificam citando o modelo adotado pelo governo
Norte-americano. Nele, a C&T é considerada como parte de um processo complexo e
interrelacionado que vai desde a pesquisa básica até as atividades de comercialização de
novos produtos. Tudo isso suportado por uma sistema de instituições públicas e privadas
encadeadas de forma a cumprir com o papel de “encorajar e disseminar” os avanços
tecnológicos.
Já Freeman & Soete (op. cit.) relatam sobre o exemplo da Inglaterra como sendo um
modelo onde as prioridades quanto a C&T não são estabelecidas de forma global, mas ao
nível dos departamentos de governo, os quais se transformam em clientes que contratam as
atividades de P&D.
3- Transferência de tecnologia
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A realização das atividades de P&D, juntamente com a importação de tecnologia,
constituem os dois focos da dinâmica da capacitação tecnológica para o crescimento das
empresas. Dentre estas duas funções, porém, a P&D desempenha o papel mais importante,
principalmente para as atividades industriais complexas e intensivas em tecnologia
(Hasenclever & Cassiolato, op. cit.). Por meio da P&D, as empresas não só gerarão novas
idéias, bem como, terão capacidade de analisar os processos de importação de tecnologia no
que diz respeito à sua flexibilidade e complexidade.
A capacitação tecnológica é condição necessária mas não suficiente para a produção de
novos produtos, aperfeiçoamento de processos e redução de custos da produção. Não basta
estar capacitado tecnologicamente para se garantir o sucesso de uma empresa. Porter (1990)
argumenta que a tecnologia agrega valor quando existem processos organizacionais que sejam
capazes de traduzir as capacidades em diferenciação, liderança, pioneirismo e melhoria na
estrutura da cadeia de valores.
Conclui-se da afirmação anterior que as políticas públicas para o setor de C&T devem, de
alguma forma, considerar a dimensão “estrutura organizacional” das empresas. Para o caso
de política de concessão de incentivos fiscais isso pode ser traduzido no condicionamento de
adequação da estrutura organizacional a um modelo que privilegie as equipes de P&D e os
mecanismos de interface entre P&D/Produção/ Distribuição.
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Nesta mesma década se instaurou o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – PADCT. Este programa foi concebido para ampliar, melhorar e consolidar a
competência técnico-científica nacional das universidades, centros de pesquisas e empresas,
por meio do financiamento de projetos integrados que produzam impactos para o
desenvolvimento científico e tecnológico.
Mas a capacidade de investimento do Estado Brasileiro começou a ficar debilitada a partir
do final dos anos 80. Na década de 90, as políticas de C&T passaram a sofrer intensas
restrições do governo federal em função da execução das políticas econômicas. De certa
forma, as políticas econômicas passaram a se opor tanto aos princípios de incentivos,
estabelecidos na políticas de C&T, quanto à busca de autonomia do setor. Isso fez com que
algumas medidas de desenvolvimento e capacitação nacional em C&T fossem extintas ou se
tornassem praticamente ineficazes. Instalou-se uma crise no sistema de C&T nacional. O setor
passou a apresentar níveis de deterioração cada vez maiores tanto na produção científica
quanto no desenvolvimento tecnológico. Em outras palavras:
Ao que parece, passou a existir uma clara necessidade de se empreender estudos com o
objetivo de propor soluções para organizar o sistema brasileiro de Ciência & Tecnologia. A
premissa básica para esta organização estaria relacionada com o fato de que as mudanças que
vêm ocorrendo, tanto no cenário internacional quanto no ambiente interno, definiram novas
perspectivas para as políticas estratégicas de desenvolvimento do País.
Abre-se aqui um parênteses para dizer que as mudanças a serem propostas não podem, no
entanto, prescindir da opinião e do apoio dos pesquisadores dos mais importantes centros
tecnológicos e de pesquisas do País, sob pena de comprometer ainda mais a estrutura atual da
C&T.
A partir do contexto descrito anteriormente, delineou-se a Lei 8.661, de 02 de junho de
1993, que dispõe sobre os incentivos fiscais a serem concedidos às empresas que
apresentarem planos para a capacitação tecnológica. Esta Lei estabeleceu os Programas de
Desenvolvimento Tecnológico Industrial - PDTI e de Desenvolvimento Tecnológico
Agropecuário – PDTA, os quais têm como premissa o estímulo da capacitação tecnológica da
indústria e da agropecuária nacionais através de incentivos fiscais. O Decreto nº 949, de 5 de
outubro de 1993, regulamentou a Lei 8.661, que foi complementada pelas Portarias nº 265,
de 26 de novembro de 1993, nº 7, de 13 de janeiro de 1997 e nº 251, de 4 de julho de 1997.
As empresas industriais e agropecuárias, as empresas de desenvolvimento de circuitos
integrados e as empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de
produção de software poderão se habilitar aos incentivos. Estes, por sua vez, consistem de
dedução de Imposto de Renda, redução de Imposto sobre Produtos Industrializados,
permissão de aplicação de taxas maiores de depreciação dos bens patrimoniais, crédito de
Imposto de Renda retido na fonte, redução de impostos sobre operações de crédito e
finalmente deduções sobre pagamentos vinculados à averbação de contratos de transferência
de tecnologia (no país ou no exterior).
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5- Referencial teórico para a avaliação Política Pública de C&T
Política pública pode ser entendida como uma ação, efetivada de forma consciente e
planejada, por parte do sistema de governo, que visa resolver um problema ou introduzir
mecanismos de prevenção, estímulo, medida ou controle de performance de instituições ou
setores que exercem influência sobre a sociedade ou sobre o Poder Público (Subirats, 1989).
A análise de uma Política Pública está baseada no modelo de referência proposto por
Subirats em “Análisis de políticas y eficácia de la administracion” (Madrid, 1989). As etapas
deste modelo estão representadas na Figura 1 a seguir:
Demanda o Formación o
percepción del Elaboración Formulación
problema social de la Política
La puesta
Evaluación en practica Implementación
Tendo como referência o modelo citado, política pública pode ser definida como:
Em que pese a importância das outras etapas do modelo, este trabalho dá ênfase à etapa de
avaliação de políticas. A sua realização tem como objetivo controlar a eficácia da ação
administrativa, culminando com a análise dos resultados e com a conclusão sobre até que
ponto a política tem produzido os efeitos esperados (Subirats, 1989).
Avaliar uma política consiste portanto na mensuração e análise, ex-post, dos efeitos
produzidos na sociedade, especialmente no que se refere às realizações obtidas e às
conseqüências previstas e não previstas. Cabe ressaltar a diferença entre a avaliação ex post e
a avaliação ex ante, considerada por alguns autores como a atividade de cálculo de custo-
benefício e custo-efetividade, realizada durante a etapa de implementação da política.
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A metodologia adotada está apoiada em um relevante aspecto da teoria da decisão: o
estilo de comportamento do avaliador quando se trata de política pública. Para a análise do
PDTI/PDTA será utilizado o estilo de comportamento racional, ou seja, será considerada a
utilização de instrumentos racionais de avaliação, nos quais a eficiência, a eficácia e a
efetividade ganham importância. Considera-se, no entanto, que outros estilos de
comportamento poderão ser mais adequados, dependendo da natureza do setor aos qual se
aplica a política.
Retornando ao modelo de Subirats, apresenta-se a proposta para tipologia da etapa de
avaliação. A definição do tipo da avaliação corresponde a definir qual pergunta a análise da
política visa responder. Se for uma avaliação descritiva, o avaliador se concentrará em
responder o que aconteceu com o ambiente e com os atores após a execução da política. Se a
avaliação for definida como clínica o avaliador procurará resposta para a questão: “por que
aconteceu?”. Se a avaliação for do tipo clínica, o como é o que importa. Finalmente, se a
avaliação for do tipo experimental, as respostas visam esclarecer detalhes sobre os critérios
utilizados durante a execução da política.
A Figura 2 apresenta, de forma esquemática, as fases da etapa de avaliação.
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Definição do objeto e
dos objetivos
Explicitação dos
destinatários
Depende da
Definição dos tipos e
necessidade: avaliação
métodos
corretiva ou conclusiva
Definição da estrutura
organizacional
Levantamento,
interpretação e análise
de dados
Conclusões e
recomendações
6- Avaliação do PDTI/PDTA
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2ª Fase: Destinatários
Diante da importância que a C&T tem para o crescimento econômico de um país, como
fator que propicia as condições para o desenvolvimento da tecnologia industrial em bases
nacionais, considera-se que esta avaliação se destina primordialmente aos formuladores de
políticas públicas e aos atores das comunidades acadêmico-científicas nas universidades e nos
centros de pesquisa, bem como as próprias empresas usuárias dos programas.
Por se tratar de um trabalho acadêmico, esta fase não se aplica no alcance dos objetivos
propostos.
Apresenta-se, nesta fase, quais os indicadores eleitos para a análise da política, bem como
identificam-se as fontes de pesquisa. A escolha dos indicadores mais adequados foi feita em
função das fases anteriores do modelo, particularmente em relação à segunda fase.
O indicador base é o montante de investimento em P&D feitos a partir de projetos
aprovados no âmbito do PDTI/PDTA, a partir de 1994. Os dados são apresentados em
estratificações por setor de atividade, por origem de capital, por estado da federação e pelo
porte das empresas.
Com base nos dados de relatórios e tabelas do MCT, analisa-se a distribuição dos
investimentos em P&D, considerando uma amostra de 90 empresas.
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n = 90
Setor de Atividades No. de empresas
Absoluta Percentual
Mineração 2 2,22
Papéis e correlatos 3 3,33
Energia Elétrica 4 4,44
Equipamentos elétricos/eletrônicos 6 6,66
Alimentos 8 8,88
Agropecuária 8 8,88
Metalúrgico 9 10,00
Máquinas e equipamentos industriais 10 11,11
Automóveis e autopeças 11 12,22
Químico e produtos químicos 29 32,22
Total 90 100,00
Fonte: Tabulação própria com base no MCT. Base de dados sobre investimentos do PDTI/PDTA por
empresas – 1997.
A tabela 2 apresenta informações sobre o perfil da amostra no que diz respeito à origem
do capital das empresas. Verifica-se que o maior número de empresas com projetos aprovados
no PDTI/PDTA pertence ao grupo das que possuem capital privado nacional, com 56,25% do
total de projetos. O capital privado estrangeiro está representado por 37,50% dos projetos
aprovados e o capital público por 6,25%.
Fonte: Tabulação própria com base no MCT. Base de dados sobre investimentos do PDTI/PDTA por
empresas – 1997.
Mais informações sobre o perfil da amostra podem ser observadas na tabela 3, relativa à
participação das empresas levando-se em consideração o seu porte. Verifica-se que a maioria
das empresas que se beneficiam dos incentivos são de porte médio e grande (acima de 200
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empregados), totalizando quase 90% da amostra. Na verdade, 60% das empresas são de
grande porte (acima de 500 empregados) e cerca de 30% são de porte médio.
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químicos
Mineração 348,12 12,59 23,20 0,84 0 0 371,32 13,43
Energia Elétrica 406,69 14,71 0 0 0 0 406,69 14,71
Automóveis e auto-peças 0 0 66,72 2,41 416,08 15,05 482,80 17,46
Total 828,05 29,94 865,70 31,30 1.071,79 38,76 2.765,54 100,00
Fonte: Tabulação própria com base no MCT. Base de dados sobre investimentos do PDTI/PDTA por
empresas – 1997.
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1997 700,62 -4% 25%
1998 791,73 13% 29%
Total 2.757,00 - 100%
Fonte: Tabulação própria com base no MCT. Base de dados sobre investimentos do PDTI/PDTA por
empresas – 1997.
7ª Fase: Conclusões
7- Referências bibliográficas
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