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LIBERDADE DE EMPRESA[1]
Venício A. de Lima
Professor Titular (aposentado) e Pesquisador Senior do Núcleo de Estudos
Sobre Mídia e Política (NEMP) da Universidade de Brasília – UNB.
Desde então, a sentença tem sido saudada pela grande imprensa como "aula
de liberdade de expressão", "admirável", "impecável", "exemplar" e "parâmetro para o
Supremo no julgamento de novas ações criminais contra jornalistas". Os editoriais
trazem títulos como "Decisão histórica" (Veja), "Voto pró-liberdade" (O Globo) e
"Vitória da imprensa" (O Estado de S.Paulo).
Em outras palavras: a liberdade que você, leitor, tem de expressar seu ponto
de vista publicamente guarda alguma equivalência com a liberdade (de imprensa) que
tem um grupo privado multimídia como, por exemplo, a Editora Abril?
Atores poderosos
"Direito natural"
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"O cerceamento da liberdade de expressão é fato comum, especialmente nos
regimes totalitários do século XX, como o comunista e o nazista. Goebbels defendia o
controle dos meios de comunicação".
Por outro lado, faz tempo que a justificativa para a liberdade de imprensa não é
mais a idéia miltoniana de um direito natural (individualista) originado em Deus ou na
Natureza. J. Stuart Mill, no século 19, já se valia da justificativa utilitarista. E depois do
relatório final da Hutchins Commission (1947), nos Estados Unidos, a justificativa
passou a ser o compromisso moral defendido por W. E. Hocking (1873-1966). Voltado
para o bem comum, é ele que fundamenta a teoria da responsabilidade social da
imprensa.
Reflexão crítica
Infelizmente, para a mais alta instância de justiça do nosso país – assim como
para a grande mídia privada – a liberdade de imprensa (ou das empresas de mídia)
continua sendo uma "projeção" da liberdade de expressão.