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A Dimensão Educativa da Eutonia

Falar da dimensão educativa da eutonia, é falar sobre qual é a melhor maneira de


transmitir este trabalho, ou seja, como se apreende a eutonia através da sua metodologia,
como a eutonia acontece na prática. Gabriel, o pensador tem uma frase que sintetiza
alguns pilares do trabalho da eutonia – “Seja você mesmo, mas não seja sempre o
mesmo.”Seja você mesmo, nos remete na busca constante e no fortalecimento da nossa
identidade, o que é dificultado num mundo cada vez mais preocupado com a
praticidade, na busca de resultados rápidos e visões parciais da realidade.

“Mas não seja sempre o mesmo” é um convite para transformação, o que solicita
quebrar padrões, ter flexibilidade, criatividade.

Para Gerda Alexander, criadora da eutonia, o homem é indivisível, o corpo é um


conjunto integrado e coerente, é psicossomático. Sabemos que viver essa integração não
é fácil, pois nos sentimos fragmentados. Assim, precisamos superar a nossa visão
dualista sobre corpo- mente, sujeito-objeto, homem-mundo, o que nos leva a afirmar
que a integração psicossomática não é dada , e sim construída. Este é um dos objetivos
do trabalho da eutonia.

A eutonia tem uma dimensão educativa, sendo portanto, uma prática formativa; não é
um trabalho que treina através de um conjunto de técnicas com condicionamentos ou
propostas induzidas.Vejamos alguns aspectos da sua pedagogia, de como este trabalho
acontece na prática.

Para trabalhar com eutonia é necessário que o eutonista tenha uma sólida formação,
passado pelo curso de formação, vivenciara a eutonia em seu corpo, e com esta
postura,orientar, propor, evitando julgamentos e modelos externos a serem seguidos.

A base do aprendizado do aluno se dá através da experiência. O saber ganha significado


através do que é vivenciado. O aluno tem a liberdade de pesquisar, criar, de buscar
soluções, participando ativamente do seu processo de construir constantemente o seu
corpo, responsabilizando-se pelo seu desenvolvimento

A reflexão emerge do que foi vivenciado e não do que deveria ter sido ou do que se
pensa a respeito.

Dizemos que é a pedagogia do sujeito ou da subjetividade, porque na eutonia, o aluno é


estimulado a entrar em contato profundo consigo através das suas sensações, percepções
e observações, construindo a sua identidade no próprio reconhecimento e no
reconhecimento do outro. A subjetividade é social, ela se constrói na
complementaridade eu-outro.

O trabalho é feito no sentido de desenvolver no aluno a sua concentração, atenção,


estado de presença, contato, fazer os movimentos sem esforços desnecessários, com
economia de forças.

O importante é o como é feito o movimento, o toque. O trabalho não está focado nas
faltas, no erro, mas nas possibilidades de cada um, não havendo ênfase em resultados.
Com o tempo, gradativamente , o aluno aprende a cuidar-se transferindo para o seu
cotidiano um repertório da eutonia, tornando-se responsável por si mesmo.

Nada disso tem sentido, se o eutonista não der tempo suficiente para o aluno pesquisar,
sentir compreender, incorporar.

Nada disso tem sentido, se o eutonista atropelar o trabalho com suas expectativas e
desejos.

O trabalho é feito com o outro e não apesar deste.

Maria Thereza Bortolo, é eutonista e pedagoga. É coordenadora e docente do curso de


Formação Profissional em Eutonia.

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