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Fichamento: “Quem doutrine e ensine os filhos daqueles moradores”: A companhia

de Jesus, seus colégios e ensino na Amazônia Colonial.

Rafael Chambouleyron
Karl Heinz Arenz
Raimundo Moreira das Neves

- autor desconstrói a ideia de que o ensino nas escolas jesuíticas era apenas
para os índios, e reflete sobre até que ponto o objetivo desse ensino era
formar “noviços da terra” - Religiosos entre os nativos, que auxiliam a
catequização e expansão da Companhia de Jesus.
Compreender a relação das atividades de ensino dos padres Jesuítas na Amazônia colonial
com as formas políticas e econômicas por meio das quais se articulam na região.

1650 = Chegada do padre António Vieira, e instalação da Companhia de Jesus no estado


do Pará e Maranhão, na atual Amazônia Brasileira.Constroem uma rede de colégios,
aldeias e residências. O crescimento da ordem Jesuíta no século XVIII, causou conflitos
com os moradores da região por causa do controle da companhia sobre a aquisição de mão
de obra na região.

A Cia. de Jesus era uma reconhecida instituição de ensino, de modo que os moradores da
cidade (portugueses) também buscavam as escolas nas aldeias de índios livres dos
Jesuítas para seus filhos.

A vinda do Padre Vieira foi muito no sentido de ordenar as devoções e o colégio na região.

Os Religiosos eram os responsáveis pela administração de todos os sacramentos entre os


habitantes das vilas, inclusive as confissões, que eram um momento em que os religiosos
poderiam reforçar a influência política da companhia junto aos poderosos senhores locais.
O próprio Vieira recomenda que esse era um momento importante para falar aos senhores
de escravos “tudo o que convém para o bem de suas almas, e também tudo o que for a
bem dos índios, para que não castiguem injustamente os livres, nem tratem mais
rigorosamente do que convém aos escravos”

1681 - O primeiro bispo do Maranhão recusou-se a conferir aos Jesuítas a autorização para
estes ouvirem confissões, mesmo nas aldeias sobre o cuidado da Cia. Pois o bispo queria
que os Jesuítas reconhecem sua autoridade como representante eclesiástico máximo na
província. - Fortalecimento da autoridade episcopal conforme as orientações do Concílio
de Trento.

A pregação também era um momento no qual os religiosos intervenham na política local,


deste modo, a vinda de Vieira para a Maranhão e Pará também é um acontecimento
significativo uma os discursos com influência política já era uma prática de Vieira.

Uso de figuras para, produção pictórica e imagética litúrgica para evangelização dos índios
e doutrinação da população.
“Para além de sua clara função religiosa, muitas atividades dos Jesuítas entre os
portugueses constituíam uma forma de reforçar sua posição política na região”. p.65

“Com os seculares se trata e se contemporiza somente quanto é necessário para promover


o fim da missão, que como tão encontrada dos interesses humanos, tem grande
dependência dos homens” - Antônio Vieira
Essa frase de Vieira, segundo o autor, seria no século XIX uma prova das
verdadeiras intenções dos Jesuítas que privilegiavam, sempre seus próprios interesses em
um contexto de constante conflito com demais grupos aos quais estavam radicalmente
opostos.

Os religiosos se comprometeram com as atividades envolvidas com os interesses da


missão e ao mesmo tempo procuravam influenciar em questões de interesse político do
estado do Maranhão, até mesmo porque os interesses da companhia e interesses políticos
se misturavam em certa medida. E nesse cenário os colégios tinham um papel central

Século XVII - Os Jesuítas tinham 2 colégios na América Portuguesa, Nossa Senhora da Luz
(em São Luiz) e Santo Alexandre (em Belém).
- Escolas abertas aos filhos de portugueses funcionaram com maior regularidade a
partir de 1653.
- Para o Padre Vieira aceitar nos colégios filhos de portugueses era uma boa
estratégia pois eles poderiam ingressar futuramente na Cia.

Problemas enfrentados pelos colégios:


- Professores eram religiosos idosos
- irregularidade nas aulas
- falta de recursos da população e dos alunos que frequentavam o colégio
- Confrontos com os proprietários de terras em torno do uso da mão de obra Indígena,
no entanto esses mesmos proprietários viam nos colégios dos Jesuítas uma
oportunidade de melhores qualidade de estudo para seus filhos.

1684 = Regimento das Missões = Chegada de mais padres com formação acadêmica

O ensino ministrado pelos jesuítas já era reconhecido na américa desde o século XVI.

Construção do Noviciado era uma ferramenta importante para consolidar os interesses da


companhia - que poderia receber como estudantes filhos de pessoas importantes das
grandes famílias da região e conciliar os ânimos desses proprietários descontentes com o
monopólio comercial da companhia na região.
Por que os conventos do Carmo e Mercês não forneciam educação com a mesma
qualidade que nos colégios Jesuítas.
Caso do padre Manuel Borba - que era filho do Capitão Manuel Duarte que possuía
uma carta de irmandade da Companhia (a carta era como uma recompensa por favores
recebidos). Apesar de o colégio ser destinado aos naturais da terra, a educação e a
ordenação de padres entre membros de família influentes era uma moeda de troca com
famílias influentes da região. Cunhado do Manoel Borba foi um dos líderes do motim em
1684 contra os Jesuítas, pelo controle de aldeias de índios livres que poderiam ser usados
como mão de obra na região.

Os Jesuítas não podiam ter propriedades (bens, escravos, animais, lavouras), no


entanto os colégios podiam Jesuítas podiam ter propriedades, destinadas à manutenção e
sustento dos alunos e religiosos. Nesse sentido o colégio permitia os religiosos
comercializar com os moradores da colônia. Muitas vezes monop lizando alguns setores.
p;74
A produção era destinada ao sustento dos padres e alunos, mas o excedente era vendido.
Permitindo a posse de bens e o enriquecimento da ordem Jesuítica.

Posse de terras pelos colégios também era motivo de conflito com os moradores.

Coleta e Comercialização de drogas do sertão com a ajuda dos índios, produtos que eram
vendidos e ajudaram a incrementar a renda dos colégios.

Recebimento de Privilégios reais pela companhia, de exploração de aldeias e terras, para a


construção e manutenção de colégios no Maranhão.

“A ereção dos colégios, assim, estava articulada a um sem número de outras atividades e
relações, notadamente de natureza temporal, uma vez que a sustentação da própria missão
estava atrelada aos colégios, que assumiam assim um papel que ia além da formação dos
filhos dos moradores e religiosos” p.76

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