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Programa Especial de Formação Pedagógica R2

Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE

Fábio Henrique Rodrigues da Silva

Aspectos educacionais e sócio-


antropológicos da surdez

SÃO PAULO
2019
Programa Especial de Formação Pedagógica R2
Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE

Fábio Henrique Rodrigues da Silva

Aspectos educacionais e sócio-


antropológicos da surdez

Trabalho final apresentado à disciplina


Matemática, como exigência parcial para a
obtenção do curso de Programa Especial de
Formação Pedagógica R2 – Turma 211
(Sábado), sob a supervisão da Professora Ana
Gabriela Mariano.

Polo: REPÚBLICA

SÃO PAULO
2019

Sumário

1. Introdução......................................................................................................... 04

2. Desenvolvimento.............................................................................................. 05
2.1 Contexto histórico da surdez............................................................................ 05
2.2 A história dos surdos no Brasil......................................................................... 08

3. Conclusão......................................................................................................... 13

4. Referências Bibliográficas.............................................................................. 15
Introdução

Conforme mudança de época e com o passar dos anos os


momentos históricos e suas influências, impõem mudanças aos seres humanos
visando sempre a melhoria de certo segmento sociológico, o que sempre afetou
as pessoas com problemas de audição e fala, gerando a criação da Linguagem
de Sinais.
Os fatos históricos marcam a vida e a forma de viver dos surdos, e são
tratados como sendo um grupo que possui uma língua, uma identidade e uma
cultura. Ao longo das épocas, os Surdos passaram por inúmeras provações e
dificuldades até conseguirem estabelecer sua identidade e sua língua, assim
como serem aceitos culturalmente, até o momento que lhes trazem
reconhecimento de serem parte da sociedade. Trazendo também o momento em
que a LIBRAS é reconhecida no Brasil e seu contexto.
O trabalho traz algumas concepções sobre a antropologia e histórico dos
Surdos e sua vivência em sociedade no mundo, desde a antiguidade até seu
momento atual. Trazendo também os aspectos educacionais e sua problemática,
assim como seu o histórico no ambiente brasileiro, criação de leis e decretos e a
criação das comunidades.
Por final conclui-se que os surdos requerem olhos para que a inclusão seja
feita verdadeiramente, e com a visibilidade que essas pessoas especiais
receberam de alguns anos para cá, tornemos uma sociedade completa incluindo
e oferecendo suporte a todos.
2. Desenvolvimento

2.1 Contexto histórico da surdez

No Egito, os Surdos eram adorados como deuses, serviam de mediadores


entre os deuses e os Faraós, sendo temidos e respeitados pela população. Na
época do povo Hebreu, na Lei Hebraica, aparecem pela primeira vez, referências
aos Surdos. Na Antiguidade os chineses lançavam-nos ao mar, os gauleses
sacrificavam-nos aos deuses Teutates, em Esparta eram lançados do alto dos
rochedos. Em outros países era comum os Surdos não receberem educação
secular, com isso eram marginalizados juntamente com os deficientes mentais e
os doentes, sendo que conforme o caso eram condenados a morte.
Segundo o pensamento de Aristóteles (384-322 a.C.), para atingir a
consciência humana, tudo deveria penetrar por um dos órgãos do sentido, e a
audição era considerada o canal mais importante para o aprendizado. Ele
acreditava que, como o surdo-mudo não podia articular a palavra nem
compreender o que o outro falava, não podia ser capaz de aprender. Afirmou:
“todos os que nascem surdos também são mudos, mas podem emitir voz, são
totalmente privados da palavra”, e “os cegos são mais inteligentes que os surdos”,
porque ele acreditava que a audição era o mais importante órgão dos sentidos.
Assim, durante séculos, os surdos foram tidos como não educáveis. Para os
romanos, os surdos não possuíam quaisquer direitos, não podiam fazer
testamento e precisavam de um curador para realizar qualquer tipo de negócio
(Ladd, 2003; Guarinello, 2007).
Entretanto, como aponta Carvalho (1997, p.13): “Pessoas nascem com
deficiências em todas as culturas, etnias, níveis socioeconômicos e sociais. [..]
Em todos os tempos e épocas, sabe-se que pessoas nascem ou tornam-se
portadoras de deficiência: cegas, surdas, com limitações intelectuais ou físicas,
etc.”
Desde os tempos antigos até o dia de hoje as pessoas tiveram dificuldade
em lidar com as diferenças, e por isso que aceitar as pessoas com deficiências
tem sim sido um dilema e isso sempre ocorreu. Ouve-se muito falar sobre a
composição da comunidade surda vai além da pessoa com deficiência auditiva,
consistindo também em sujeitos ouvintes juntos, que são famílias, intérpretes,
professores, amigos, parentes, e outros que participam e compartilham o mesmo
ambiente.
É clara a percepção de que os surdos passaram por serias dificuldades até
conseguirem o direito a sua liberdade de expressão e até mesmo de comunicação
através da língua de sinais, mas sabemos que nem sempre foi assim conforme
nos mostram os relatos.
Ouve um grande impacto na vida e na educação dos surdos quando
tentarem extinguir a língua de sinais, em 6 de setembro de 1880, houve um
congresso internacional de educadores surdos em Milão, na Itália e nesta ocasião
foi feita uma votação proibindo a língua de sinais na educação dos surdos.
O congresso foi organizado e patrocinado por muitos especialistas
ouvintes, mas todos defendiam que os surdos deveriam ser oralizados, na
ocasião os únicos países que eram contra a proibição da língua de sinais foram
os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, havia professores surdos também, mas
infelizmente não foram levadas em consideração as suas opiniões e foram
excluídos do direito de votarem.
Após esse congresso, a maioria dos países adotou rapidamente o método
oral nas escolas para surdos, proibindo oficialmente a língua de sinais, em
consequência disso decaiu muito o número de surdos envolvidos na educação de
surdos. Em 1960, nos Estados Unidos, eram somente 12% os professores surdos
como o resto do mundo, e por isso a qualidade da educação dos surdos diminuiu
e as crianças surdas saíam das escolas com qualificações inferiores e habilidades
sociais limitadas, e a partir desse momento começou uma longa e sofrida luta das
pessoas surdas para conseguirem defender o seu direito lingüístico cultural, as
associações dos surdos se uniram mais, os povos surdos que lutam para evitar a
extinção das suas línguas de sinais.
Hoje existem alunos inclusos no seio escolar e utilizam a língua de sinais
para se comunicarem e tiram pleno proveito de toda matéria abordada em sala de
aula, porem com algumas dificuldades.
A inclusão de alunos surdos nos últimos anos tem se intensificado, porem
alguns fatores devem ser analisados.
Impera ainda no cenário educacional brasileiro uma discrepância
considerável entre o “discurso da inclusão”, que proclama o direito de todos á
educação básica, e a realidade, que exclui muitos sujeitos pelo fato de não
dominarem as competências escolares. É preciso, portanto, avançar e pensar em
políticas públicas que possibilitem a permanência dos alunos na escola com
qualidade, de modo que as competências e os conhecimentos socialmente
valorizados sejam de fatos apreendidos (CAVALIERE,2007,2009; COELHO,2009;
MAURÍCIO,2009; RESENDE,2009; GONÇALVES,2006.)
Um dos papéis mais importantes na vida do ser humano é ser pai ou ser
mãe, no entanto não existe escola capaz de preparar o ser humano para exercer
esse papel tão significativo, que transforma a vida e a estrutura emocional e
econômica familiar.
Os pais ao decidirem ter um filho, idealizam o que há de melhor para esse
filho, projetam a realização de seus sonhos através dos filhos, essas expectativas
são frustradas pela realidade quando a criança nasce com alguma deficiência.
Segundo Amaral (1995), o estado psíquico vivido pela família frente ao
nascimento de uma criança com deficiência é de perda, de morte mesmo. “Morte”
do filho desejado e idealizado. Assim, para que se torne possível receber o filho
real faz-se, então, necessário, viver o processo de luto daquele filho “perdido”.
Porém, depende de diversos fatores, como a história anterior da família, estrutura
psicológica do casal, o grau de comprometimento da deficiência no filho, entre
outros, irá influenciar no tempo que vai levar para que os pais consigam elaborar
o processo de luto.
Superar esse período é fundamental para que toda a família consiga
estabelecer vínculos afetivos verdadeiros com o bebê real que tanto depende
deles para sobreviver.
A escola porem tem um papel muito importante na educação e no
fortalecimento de vínculos com a sociedade em geral.
Sendo a aprendizagem estabelecida pela comunicação, a pessoa surda
necessita do canal visual para receber informações e, deste modo, produzir seu
conhecimento, expressando-se através de uma forma viso-gestual.
Em tempos passados, algumas teorias foram formuladas a respeito do
comportamento humano e desenvolvimento da linguagem. Atualmente o assunto
continua sendo alvo de pesquisas, por abranger um campo fértil e complexo no
contexto educacional. Nas teorias abordadas, tanto o ambiente quanto fatores
biológicos prevalecem enquanto fatores determinantes do desenvolvimento da
linguagem.
Atualmente, a comunicação, a inclusão social e digital através da educação
e as diversas formas alternativas de expressão são as bases capazes de
proporcionarem um futuro melhor para todo cidadão. Pensando nisso, o Site,
Acessibilidade Brasil, além de muitas outras informações importantes e de
conscientização, disponibiliza um dicionário Online para divulgar, expandir e
capacitar as pessoas para o uso da LIBRAS, Seu objetivo é facilitar a
comunicação com deficientes auditivos, tornando isso possível e natural. O
mundo globalizado não tem fronteiras e ninguém deve ficar limitado ou ter
preconceitos.

2.2 A história dos surdos no Brasil

No Brasil, as transformações na história dos surdos tiveram início em 1855,


quando o imperador dom Pedro II trouxe um professor francês, Hernest Huest
(surdo e partidário de de l’Épée), para iniciar um trabalho de educação com os
surdos (Strobel, 2008b).
Em 26 de setembro4 de 1857, foi fundado o Instituto Nacional de Educação
de Surdosmudos, atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES) (Figura
5). A partir de então, os indivíduos surdos brasileiros passaram a contar com uma
escola especializada para sua educação, propiciando assim o surgimento da
Libras (Goldfeld, 1997; Soares, 1999). Contudo, em 1911, o Ines, seguindo uma
tendência mundial, adotou a filosofia oralista. Somente no Figura 5: O Instituto
Nacional de Educação dos Surdos (Ines) foi criado em meados do século XIX por
iniciativa do surdo francês Ernest Huet, durante o império de dom Pedro II, final
dos anos de 1970 é que chegou ao Brasil a filosofia da comunicação total e, na
década seguinte, teve início o bilinguismo (Goldfeld, 2003; Soares, 1999).
Atualmente, as comunidades surdas estão conquistando vários espaços
relacionados com a educação de surdos e a Libras. Para Padden (1989), uma
comunidade é um conjunto de pessoas que interage coletivamente, em um
território comum, e compartilha legados históricos e metas a fim de atingir seus
objetivos com esforços e envolvimentos.
Na comunidade, estão inseridos os surdos e os ouvintes que partilham a
causa surda, seja por laços de consanguinidade, profissionais ou de amizade,
mas que, portanto, não são culturalmente surdos. Já o povo surdo é constituído
por membros como os mesmos traços culturais. O povo surdo tem uma cultura,
que é “um conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas que
possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições”
(Padden, 1989, p.5).
A visão de quem é o surdo não deve estar pautada na visão médico-
organicista. O paradigma do deficit precisa ser abandonado, assim como a marca
histórica de deficiência e inabilidade que ele sustenta. Para Ciccone (1990, p.20),
“o surdo é mais do que simplesmente um sujeito que não pode ouvir”. Ele
apreende o mundo pelas vivências e experiências visuais, utiliza uma língua
visuoespacial, capta as informações através da integridade sensorial que possui e
se expressa pelas mãos ao usar a língua de sinais. Língua essa que lhe permite
interagir com seus pares e com as demais pessoas que a (Machado, 2008).
Mudanças nas formas de ver, tratar e lidar com os surdos se estabelecerão
quando o reconhecimento político da surdez como diferença nortear as relações
familiares, sociais, educacionais e profissionais (Coelho, Cabral, Gomes, 2004;
Machado, 2008).
A luta persistente e sistemática do povo surdo culminou com a oficialização
da Libras, aprovada e publicada no Diário Oficial da União, na forma do decreto
n.5.626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamentou a lei n.10.436/02, de 24
de abril de 2002. A Libras foi reconhecida como meio legal de comunicação e
expressão da comunidade surda brasileira.
A aprovação dessa lei garante o acesso e o ensino de Libras, a formação
de instrutores e intérpretes e a presença de intérpretes nos locais públicos. O
impacto dessa acessibilidade conduz a inserção da Libras para além das relações
cotidianas entre as pessoas surdas e as ouvintes. Notam-se ainda tímidas
mudanças e aguardam-se o cumprimento da lei e sua repercussão nas políticas
de saúde, educação, trabalho, esporte, lazer, turismo e nos meios de
comunicação (Felipe, 2003).
O decreto n.5.626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta a Libras
como língua da população surda brasileira, estabelece, no art. 25:
Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sistema Único
de Saúde – SUS e as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços
públicos de assistência à saúde, na perspectiva da inclusão plena das pessoas
surdas ... devem garantir, prioritariamente ..., atenção integral à sua saúde, nos
diversos níveis de complexidade, efetivando.
I – ações de prevenção e desenvolvimento de programas de saúde
auditiva;
II – tratamento clínico e atendimento especializado, respeitando as
especificidades de cada caso;
Aspectos históricos e socioculturais da população surda v.20, n.2, abr.-jun.
2013, p.653-673 v.20, n.4, out.-dez. 2013, p.1713-1734 1729
III – realização de diagnóstico, atendimento precoce e do encaminhamento
para a área de educação;
IV – seleção, adaptação e fornecimento de prótese auditiva ou aparelho de
amplificação sonora, quando indicado;
V – acompanhamento médico e fonoaudiológico e terapia fonoaudiológica;
VI – atendimento em reabilitação por equipe multiprofissional;
VII – atendimento fonoaudiológico às crianças, adolescentes e jovens
matriculados na educação básica, por meio de ações integradas com a área da
educação, de acordo com as necessidades terapêuticas do aluno;
VIII – orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a
importância para a criança com perda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso
à Libras e à Língua Portuguesa;
IX – atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva na rede de
serviços do SUS e das empresas que detêm concessão ou permissão de serviços
públicos de assistência à saúde, por profissionais capacitados para o uso de
Libras ou para sua tradução e interpretação; e
X – apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do
SUS para o uso de Libras e sua tradução e interpretação.
A população de surdos constitui grupo heterogêneo e inclui pessoas que
têm vários graus de perda auditiva, utilizam diversos meios para se comunicar e
pertencem a diferentes culturas (Meador, Zazove, 2005). A cultura é “onde se
define não apenas a forma que o mundo deve ter, mas também a forma como as
pessoas e os grupos devem ser, sendo, portanto, um campo de lutas em torno da
significação do social” (Silva, 1999, p.143).
A comunidade surda, que usa a língua de sinais como primeiro meio de
comunicação e possui sentimento de pertencimento à cultura surda, constitui-se
em um grupo com características linguísticas peculiares, com cultura, normas
sociais e identidade própria. Difere dos ouvintes em virtude dos processos
comunicativos e não pela alteração orgânica funcional (Skliar 1998; Machado,
2008). Segundo Strobel (2008a, p.24), as pessoas surdas “vivem em uma cultura
diferente da cultura hegemônica dos sujeitos ouvintes: cultura surda é o jeito de o
sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de torná-lo acessível e
habitável, ajustando-o com as suas percepções visuais, que contribuem para a
definição das identidades surdas e das almas das comunidades surdas”.
A língua de sinais é respaldada pela linguística, que a considera natural,
com todas as características que lhe conferem o valor de língua. Os estudos
culturalistas sobre surdez elegeram a língua de sinais como fator primordial da
cultura surda, estabelecendo, assim, as fronteiras políticas do movimento cultural
dos surdos (Strobel, 2008a).
Nos dias atuais, as técnicas de mapeamento genético possibilitam às
pessoas surdas optar pela escolha de embriões surdos, descartando embriões
ouvintes. Alguns defendem essa postura pela adequação familiar e cultural, fato
que deixou perplexa a comunidade científica, pois não imaginava que os avanços
científicos pudessem ser usados para esse fim (Diniz, 2003).
Em 2001, Jeff McWhinney, diretor executivo da Associação Britânica de
Surdos, fez o seguinte pronunciamento relativo ao tema genética e surdez: “a
comunidade surda é uma comunidade orgulhosa de si. Orgulhosa de sua cultura,
orgulhosa de sua história e orgulhosa de sua linguagem. Nós temos direito de ser
orgulhosos. Nós sobrevivemos a várias tentativas de estigmatização, de opressão
e mesmo de eliminação de todos nós” (Diniz, 2003).
A Lei de Fertilização Humana e Embriologia do Reino Unido (Human
Fertilization Act, 1.11.1990), assim como a de vários países, veta a escolha dos
possíveis embriões que apresentem probabilidade de desenvolver problemas em
detrimento de embriões saudáveis.
A lei britânica só permite inseminação in vitro de embriões que apresentem
anomalias se todos os óvulos produzidos no tratamento possuírem as mesmas
características. No caso de produzirem só embriões surdos, a lei autoriza o
implante de um deles.
.
3. Conclusão

Com os estudos realizados para a elaboração deste trabalho acadêmico,


notamos que a os surdos sempre existiram e que o termo inclusão também é algo
tão antigo quanto a civilização pois inicia-se com a vida. Quando se fala em
escola ou em família se espera, que seja um lugar de proteção e de expressão do
indivíduo, um lugar de socorro e, ainda, lugar de transmissão das regras e normas
sociais.
Se formos críticos e levarmos em consideração de que o deficiente auditivo
é tão antigo quanto o homem e que no decorrer dos séculos o que variou foi a
forma como cada civilização comportou diante do ser diferente, então passa a se
observar que o mesmo não precisa ser incluído, ele já está incluído apesar de
toda discriminação.
Mesmo assim a inclusão nas escolas é um grande desafio, onde aceitar o
ingresso e a permanência do educando surdo no ambiente escolar e tratar de
maneira igual as outras, visto que o princípio fundamental da escola inclusiva é
que todos os alunos sempre que possível aprendam juntos independente de suas
dificuldades ou diferenças.
Estas famílias de baixa renda no Brasil e em outras partes do mundo
enfrentam muitas adversidades e utilizam vários recursos para garantir a sua
sobrevivência e a dos seus integrantes de forma digna, e formam verdadeiras
redes sociais, redes assistenciais e de solidariedade que funcionam por vezes
precariamente, e nem sempre garantem a manutenção do grupo familiar. E a
existência destes grupos sociais inteiros, dependem da ajuda governamental para
sobreviver, e já se constitui por si motivo suficiente para a aplicação de políticas
de proteção sérias e intensificadas no que se refere ás questões sociais
existentes.
Para estas famílias com poucas condições de cuidar dos seus a escola
desempenha, ou deveria desempenhar um papel preponderante no apoio a estes,
tendo em vista a importância da educação formal para se quebrar os ciclos
geracionais de exclusão social, os mesmos reivindicam a opção da escola como
um fator de proteção para os filhos durante o período de tempo em que os pais
precisam estar fora de casa para poder trabalhar, por isso a revolta de alguns pais
quando não tem profissionais capacitados para receber seus filhos.
As políticas públicas que existente ainda são muito poucas para poder
suprir as deficiências existente em nossa realidade. Pois faltam projetos que
possam envolver jovens e adolescentes para que se posa manter os mesmos fora
das ruas e longe dos perigos que a vida impõe a estes pequenos.
É necessário conhecer as particularidades dessa identidade e cultura, de
modo a propiciar o desenvolvimento de habilidades comunicativas e favorecer a
relação entre surdos e a sociedade. A urgência em conceber políticas de
acessibilidade linguística que considerem a surdez, o surdo, sua cultura e
identidade é o que vem sendo apontado nos estudos encontrados. A quantidade
de reflexões sobre o tema ainda é escassa. Foram encontrados trabalhos
concentrados nas ciências linguísticas e na educação. Recomenda-se o
desenvolvimento de novos estudos, nas diferentes áreas de conhecimento, que
possam subsidiar a criação de estratégias para a adequação das interações
humanas, o desenvolvimento global dos surdos e a satisfação de suas reais
necessidades, e, consequentemente, a efetivação da inclusão social do surdo.
4. Referências bibliográficas

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