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FISIOLOGIA 104.

2 (CAP 14, 15, 16 e 17)


Qi. Explique como ocorre e qual o papel dos diferentes mecanismos mostrados nos experimentos abaixo, onde se pode observar a
influência de dois fatores no controle de fluxo sanguíneo. Use os argumentos para contextualizar as teorias do controle local de
fluxo sanguíneo.

O controle local do fluxo sanguíneo frente às especificidades dos tecidos é dividido em duas fases: Controle Agudo, no
qual há variações da vasodilatação ou constrição local das arteríolas, metarteríolas e esfíncteres pré-capilares, e Controle a
Longo Prazo, no qual há variações lentas e controladas do fluxo ao longo do tempo devido ao aumento ou diminuição nas
dimensões físicas e no número de vasos sanguíneos que suprem os tecidos.
TEORIAS DO CONTROLE AGUDO

è Teoria da Vasodilatação (Vasodilatação Para regulação Aguda): Nesta teoria, entende-se que quanto maior a
intensidade do metabolismo ou menor a disponibilidade de oxigênio e/ou outros nutrientes, maior será a
intensidade/velocidade de formação de substâncias vasodilatadoras (adenosina, CO2, íons H+ etc.) pelas células
teciduais, moléculas as quais se difundirão até os esfíncteres pré-capilares, metarteríolas e arteríolas, causando
dilatação.
• Em resposta à deficiência de oxigênio, pode haver tanto a liberação de adenosina quanto de ácido lático (contendo íons
H+) nos espaços teciduais, o que é, pelo menos em parte, responsável pela regulação local do fluxo. Além disso,
substâncias vasodilatadoras, como CO2, ácido lático e íons H+ tendem a aumentar nos tecidos quando o fluxo sanguíneo
é diminuído e o metabolismo celular continua na mesma intensidade ou é subitamente aumentado – o que causa
vasodilatação de arteríolas e aumenta o fluxo, normalizando a saturação e a concentração de metabólitos.
• Muitos fisiologistas também acreditam que a adenosina é vital para o controle do fluxo sanguíneo local, pois
quantidades pequenas de adenosina são liberadas pelas celulares musculares cardíacas quando o fluxo sanguíneo
coronariano está baixo – o que provoca vasodilatação suficiente para que o fluxo volte ao normal. Além disso, o aumento
da atividade cardíaca e de seu metabolismo produz maior utilização de oxigênio, degradação de ATP e,
consequentemente, liberação de adenosina, que escoe para fora das células para provocar vasodilatação e maior fluxo.
è Teoria da Demanda de Oxigênio (ou nutrientes) para Demanda Local: Na ausência de quantidades adequadas de
oxigênio, vasos sanguíneos de forma simples relaxariam. Além disso, o aumento da utilização de oxigênio pelos tecidos,
num metabolismo mais intenso, diminuiria a disponibilidade de oxigênio para as fibras musculares lisas nos vasos,
também causando vasodilatação.
• Vasomotilidade: Na origem do capilar, existe o esfíncter pré-capilar e ao redor da metarteríolas existem diversas outras
fibras musculares lisas. Esses esfíncteres costumam ficar abertos de acordo com as necessidades nutricionais do tecido
e a duração das fases é proporcional às necessidades metabólicas de oxigênio. Quando não há oxigênio suficiente, a
musculatura lisa não consegue permanecer contraída e, consequentemente, permitiria maior fluxo de sangue.
• Além disso, a falta de glicose, aminoácidos ou ácidos graxos no sangue pode provocar vasodilatação pois eles são
necessários para a fosforilação induzida pelo oxigênio necessária para a produção de ATP, diminuindo a capacidade
contrátil do músculo liso – levando à vasodilatação.
CONTROLE A LONGO PRAZO

• Nos casos em que o metabolismo no tecido é aumentado por período prolongado, a vascularização aumenta;
denominando o processo conhecido como Angiogênese.
• O contrário acontece quando o metabolismo é reduzido: a vascularização diminui.
• O oxigênio é vital para esse processo de nova vascularização, haja vista que, caso haja carência ou redução súbita na
oferta de oxigênio, a vascularização sofrerá hipercrescimento.
• Comumente, a angiogênese começa com peptídeos liberados frente à deficiência tecidual, os quais são fatores de
crescimento vascular. Com isso, há a dissolução da membrana basal das células endoteliais do local de brotamento.
• Após isso, há a rápida reprodução de novas células, surgindo como cordões, que continuam a se dividir, formando tubos.
Assim, o tubo se conecta a outro tubo, brotando de outro vaso doador (outra arteríola ou vênula) e forma alça capilar.
• Se o fluxo for suficientemente intenso, as células musculares lisas invadem a parede e alguns dos novos vasos crescem
e formam novas arteríolas ou vênulas, ou talvez vasos maiores.
Qii. Explique, usando os diagramas abaixo, as consequências para o controle de débito cardíaco, resistência periférica total e
pressão arterial nos casos de amputações de membros inferiores.

Existem dois tipos de circuitos de vasos sanguíneos: em série e paralelo. No circuito em série, o fluxo é o mesmo e a
resistência total é a soma de todas as individuais. No circuito em paralelo, o qual é importante fator em casos de amputação, as
vias têm seu fluxo determinado pelo gradiente de pressão e pela sua própria resistência, enquanto a resistência total é
estabelecida pela seguinte equação: 1/Rt = 1/R1 + 1/R2 + 1/R3.... (o que faz com que a resistência total sempre seja menor que
a menor resistência individual).

Nesse sentido, considerando a equação do fluxo sanguíneo (F = dP/R), no caso de amputação de membros inferiores, o
corpo perde uma via de condução paralela – o que reduz o a condutância e o débito cardíaco (fluxo sanguíneo total) e aumenta
a resistência periférica total (pois, na conta da resistência total paralela, a perda de qualquer vaso aumenta a resistência total).
Qiii. Explique o papel da PA nas alterações de fluxo sanguíneo em alterações agudas ou crônicas da PA usando o gráfico abaixo:

• A elevação rápida da pressão arterial provoca aumento imediato do fluxo


sanguíneo e, após menos de 1 minuto, o fluxo sanguíneo na maioria dos tecidos
retorna praticamente a seu nível basal – mecanismo chamado de
Autorregulação.
• Após a autorregulação, o fluxo sanguíneo se correlaciona à pressão arterial
de modo aproximado, de acordo com a curva contínua aguda. Apenas entre
pressões de 70 mmHg e 175 mmHg, acontece de a pressão aumentar 150% e o
fluxo apenas 20 a 30%. A explicação para esse mecanismo é relacionado a duas
teorias:
è Teoria Metabólica: Quando a pressão fica muito alta, o excesso de
fluxo fornece oxigênio e outros nutrientes em demasia aos tecidos e elimina os
vasodilatadores liberados pelo tecido. Com isso, pelos nutrientes
(especialmente o oxigênio) em quantidades elevadas e baixos níveis de
vasodilatadores, há constrição dos vasos e o retorno do fluxo para valores próximos ao normal.
è Teoria Miogênica: O estiramento súbito de pequenos vasos sanguíneos provoca a contração do músculo liso da parede,
provocando constrição vascular reativa, que reduz o fluxo sanguíneo ao normal. Caso aconteça o contrário (baixas
pressões), o estiramento é baixo, o que permite o relaxamento muscular e a diminuição da resistência, fazendo o fluxo
voltar ao normal.
• Essa resposta contrátil miogênica é desencadeada pela despolarização vascular induzida pelo estiramento, que
aumenta rapidamente o movimento dos íons Ca++ do líquido extracelular, provocando contração. Além disso, as
variações de pressão podem também abrir ou fechar outros canais iônicos que influenciam a contração.
• Apesar disso, a teoria não detecta de forma direta as variações do fluxo sanguíneo tecidual – o que não permite um
entendimento completo do mecanismo nas alterações agudas.
Qiv. Explique o procedimento esquematizado abaixo:

O método auscultatório é um mecanismo para determinar as pressões arteriais sistólica e diastólica mediante os sons
de Korotkoff. Para isso, é posicionado sobre a artéria braquial um estetoscópio e, sobre a parte superior do braço, um manguito
é inflado. Com isso, enquanto o manguito promove uma pressão na artéria maior que a pressão sistólica, ela colapsará e não
serão ouvidos sons. Entretanto, imediatamente antes que a pressão no manguinto caia abaixo da pressão sistólica, o sangue
volta a fluir pela artéria e ruídos secos são ouvidos durante o pico de pressão sistólica (Ponto B). À medida que a pressão é
reduzida, os sons de Korotkoff se alteram e passam a ter uma característica mais rítmica e áspera e, no fim, se tornam abafados
(Ponto C), momento no qual se tem-se a obtenção da pressão diastólica. Após isso, à medida que a pressão de manguito cai e a
artéria não é mais fechada, o jato de sangue pela artéria não está mais presente e, consequentemente, os sons desaparecem.
Qv. Explique as consequências de alterações de volumes sanguíneos em artérias e veias, relacionando o resultado mostrado
abaixo com a complacência dos dois tipos de vasos.
Quando há a elevação do volume sanguíneo, os vasos reagem de
maneiras diferentes devido às diferentes distensibilidades (dVol/dP.Voli) e
complacências (quantidade de sangue extra que pode ser acomodada para
dado aumento de pressão - dVol/dP) entre eles:
è No sistema arterial, a distensibilidade é limitada devido às fortes
paredes vasculares e, com isso, tem uma complacência menor, haja vista que,
para cada aumento de mmHg, pouco sangue será armazenado a mais. Por
isso, conforme o volume aumenta, a pressão no vaso aumenta extremamente,
já que não há distensibilidade suficiente para acomodar a maior quantidade
de sangue sem que haja aumento da força contra as paredes dos vasos.
• Apesar disso, mesmo com a mínima complacência que o sistema
arterial possui, ela ainda tem um efeito importante para a manutenção do
corpo: o amortecimento do fluxo pulsátil, prevenindo picos de pressão em
decorrência do pulso de pressão (40 mmHg, diferença de PA durante sístole
e diástole). Com isso, os vasos não sofrem de forma extrema com o ciclo pulsátil do coração e o sangue não é direcionado
instantaneamente aos capilares durante apenas a sístole.
è No sistema venoso, devido a sua parede delgada e menos forte, a distensibilidade é alta, aproximadamente 8x maior
que a do sistema arterial. Com isso, permitem de 0,5 a 1L para cada pequeno aumento na sua área transversal. Por isso,
por conseguir acomodar intensamente mais sangue, são necessários muitas centenas de mililitros para que a pressão
se eleve minimamente – o que caracteriza uma complacência muito alta.
• Esse mecanismo é vital para o organismo por conta do efeito de reservatório que o sistema venoso adquire: por
conseguir abrigar aproximadamente de 2 a 3,5L de sangue corpóreo, esses vasos permitem uma estabilidade corporal
frente a perdas de sangue súbitas – o que permite transfusões, por exemplo.
è Além disso, no gráfico, é possível visualizar os efeitos da participação simpática nas relações volume pressão: em ambos
os tipos de vaso, quando há estimulação simpática, ocorre um aumento do tônus muscular e, consequentemente, a
elevação da pressão e o menor acomodamento de sangue; Quando há o oposto, a inibição simpática, os vasos se tornam
dilatados e a pressão se eleva.
• Esse mecanismo simpático é fundamental porque, caso haja estimulação, a ação simpática sobre os músculos vasculares
pode fazer com que grande quantidade de sangue seja direcionada ao coração, fazendo-o bombear mais rápido (o que
é importante em hemorragias, por exemplo). O contrário, a inibição simpática, é crucial para a manutenção e regulação
da frequência cardíaca normal.

Qvi. Explique quais os fatores responsáveis e como se equilibram as forças responsáveis pela filtração capilar representadas
abaixo:

A pressão hidrostática nos capilares força o líquido e as substâncias através dos poros capilares para os espaços
intersticiais. Por outro lado, a pressão osmótica (coloidosmótica), gerada pelas proteínas plasmáticas, faz com que o líquido se
movimente por osmose dos espaços intersticiais para o sangue e impede a perda significativa de líquido do sangue para os
espaços intersticiais.

As foças de Starling, que determinam se o líquido se moverá do sangue para o líquido intersticial ou no sentido inverso,
são representadas por:
è Pressão Capilar (Pc): Força o líquido para através da membrana capilar (média de 25 mmHg).
è Pressão do Líquido Intersticial (Pli): Quando for positiva, força o líquido para dentro do capilar através da membrana
capilar. Quando for para fora, a Pli empurra o líquido para fora (costuma ser negativa, levemente abaixo da pressão
atmosférica – provavelmente por conta do sistema linfático, que remove o excesso de liquido, proteínas, detritos
orgânicos e outros materiais, e formam ligeira pressão negativa pela absorção).
è Pressão Coloidosmótica Plasmática Capilar (Pp): Provoca osmose de líquido para dentro através da membrana capilar.
è Pressão Coloidosmótica do Líquido Intersticial (Pli): Provoca osmose de líquido para fora através da membrana capilar
(ocorre por proteínas 2,5x mais concentradas no plasma do que nos tecidos unitários – média de 8 mmHg).

A pressão efetiva de filtração (PEF) é calculada por: PEF = Pc – Pli – Pp + Pli. Se for positivo, há a filtração de líquido pelos
capilares; Se negativo, ocorrerá absorção de líquido.

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