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Tete, 2022
CASO DE ESTUDO
1.1 Introdução
O presente capítulo tem como objectivo definir e caracterizar a zona de estudo e as estruturas
que nela estão localizadas para posterior análise das patologias observadas e também servir
como base para a verificação de segurança estrutural.
De modo a adquirir uma imagem do estado de conservação da estrutura, elaborou-se uma ficha
de avaliação tipo, onde se descreve patologias verificadas em elementos de betão, junta de
dilatação e elementos secundários (guarda-corpos), recorrendo sobrebretudo a registos
fotográficos.
O CFM tem sido directamente responsável pela operação e gestão do Porto. O Porto de Pemba
está devidamente protegido na parte interna da Baia de Pemba e tem uma profundidade de água
de cerca de 20 m, incluindo o canal de acesso ao porto.
A Ponte-Cais do Porto de Pemba é uma estrutura de acostagem do tipo Pier (literatura Inglesa),
e em termos de configuração em planta apresenta uma solução em Cais continuo, com duas
frentes de acostagem, em paramento aberto.
O porto de Pemba tem uma área de armazenagem de 20.000 metros quadrados, com um único
armazém de 1.800 metros quadrados. O terminal é servido por um pórtico de 25 toneladas, 7
empalhadeiras, cujas capacidades variam entre 2,5 a 28 toneladas e 2 tractores. Não há nenhum
guindaste de cais instalado.
Além disso, a Bolloré, uma das empresas que actua na exploração offshore de gás, construiu
uma Ponte-Cais para os barcos de serviço que trabalham para os equipamentos de
perfuração/plataformas offshore (com 120m de comprimento e 40m de via de acesso) (PEDEC,
2015).
A Ponte é constituída fundamentalmente por dois ramos distintos: o ramo de acesso com
12,40m de largura e 77,5m de comprimento, e o ramo de acostagem, com 17m de largura e
182,5m de comprimento. Esta Ponte-Cais possui uma configuração em “T” (em planta T). Tem
abas diferentes, uma com cerca de 134,05m e outra 28,90m.
Pode-se verificar que é o mês de Julho que se verifica maior intensidade do vento, sendo de
21,4 km/h de velocidade horaria media do vento (Figura 69).
1.3.2.2 Temperatura
Os dados das alturas das marés registados do Porto de Pemba são referente aos anos 2016, 2017
e 2018. Neste tipo de análise, o esperado seria a obtenção de dados registados no período de 5
a 10 anos.
Com base nas tabelas de marés (Anexo C), a preia-mar máxima atingiu a cota de +4.50 m (Z.H),
enquanto a baixa-mar mínima atingiu cora de +0.20 m (Z.H).
Na zona atmosférica (ZA), o principal mecanismo de deterioração nesta zona é a corrosão das
armaduras por acção dos cloretos transportados via aérea, sendo normalmente uma zona
bastante afectada.
Ligeiramente mais abaixo pode identificar-se a zona de rebentação (ZR). Nestas secções, o
betão encontra-se sujeito a ciclos de molhagem e secagem, situação ideal para o
desenvolvimento acelerado de mecanismos de corrosão devido ao gradiente de temperatura e
humidade constante (Liu, 1991).
Pode-se verificar que nessa zona o principal mecanismo de deterioração é a corrosão de
armaduras e a erosão, tornando um meio fácil para a reduzir o recobrimento nessa zona.
Por último, na zona submersa (ZS), o betão encontra-se saturado, isto é, sem acesso a oxigénio,
é normalmente de desprezar o mecanismo de corrosão (Vale e Stewart, 2003).
A ausência de oxigénio controla a taxa com que a corrosão se vai desenvolver.
Figura 10: Mapa das principais patologias verificadas na Ponte-Cais (LEM, 2017)
1.4.1.1 Anomalias (Classificação)
FICHA DE ANOMALIA
TIPO: ARMADURAS
FICHA: A-B3
DESIGNAÇÃO: varão com diminuição de secção
DESCRIÇÃO: varão de armadura ordinária colocado à vista por
descasque do recobrimento e apresentando perda de secção transversal
CAUSAS - recobrimento insuficiente
POSSÍVEIS: - corrosão da armadura
- carbonatação
- áreas demasiadamente expostas
- presença de iões de cloro
CONSEQUÊNCIAS - fendilhação; destacamento do betão; estética afectada
POSSÍVEIS: - perda de aderência do varão; colapso de estrutura
FICHA DE ANOMALIA
TIPO: ELEMENTOS EM BETÃO
FICHA: A-A1
DESIGNAÇÃO: destacamento
DESCRIÇÃO: caracteriza-se pela perda localizada do betão do
recobrimento
CAUSAS
POSSÍVEIS: - corrosão da armadura
- carbonatação
- penetração de cloretos
CONSEQUÊNCIAS - perda de aderência do varão
POSSÍVEIS: - colapso de estruturas
- estética afectada
FICHA DE ANOMALIA
TIPO: ELEMENTOS SECUNDÁRIOS
FICHA: A-D1
DESIGNAÇÃO: corrosão do guarda-corpo
DESCRIÇÃO: perfil metálico apresentando perda da secção trans-
versal
CAUSAS - condições de exposição (proximidade do mar)
POSSÍVEIS: - falta de protecção (pintura)
CONSEQUÊNCIAS - alteração das propriedades do metal
POSSÍVEIS: - alteração de geometria
- estética afectada
FICHA DE ANOMALIA
TIPO: JUNTA DE DILATAÇÃO
FICHA: A-C3
DESIGNAÇÃO: ausência parcial de protecção
DESCRIÇÃO: perda parcial do metal de protecção
CAUSAS - corrosão
POSSÍVEIS: - desgaste do metal
- acção do tráfego
CONSEQUÊNCIAS - remoção total da protecção
POSSÍVEIS: - degradação da junta
- má funcionamento
FICHA DE ANOMALIA
TIPO: ELEMENTOS EM BETÃO
FICHA: A-A2
DESIGNAÇÃO: fissuras
DESCRIÇÃO: fissura e manchas de corrosão no pilar (estaca)
CAUSAS - condições de exposição (proximidade do mar)
POSSÍVEIS: - corrosão
- penetração de cloreto
- despassivação das armaduras
CONSEQUÊNCIAS - destacamento
POSSÍVEIS: - delaminação
- armadura exposta
- deterioração da estrutura
- diminuição da capacidade resistente
- estética afectada
A figura abaixo mostra a localização das anomalias
No mês Dezembro do ano 2017, um navio petroleiro referenciado como Apine Mathilde cuja
tonelagem bruta é de 29266 ton, dimensões de 183.21x32m e 7 de calado, embateu no ramo de
acostagem, como consequência disso, culminou com a rotura das consolas concebidas para
observar as forças resultantes das operações de atracagem, a viga de interligação das consolas,
incluindo a rotura de um pilar de suporte do tabuleiro (Figura 74).
Figura 12: Rotura de elementos estruturais em betão armado no ramo de acostagem.
Como pode-se observar na Figura 74, as armaduras das consolas ficaram totalmente expostas.
Outro aspecto importante a ser tomado em consideração e a inexistência de um sistema de
defesa convencional ao longo da faixa que ocorreu o acidente.
RECOMENDAÇÕES