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Andrêssa Vaz Fisioterapia – Noite

Sharon Barros Saúde do Idoso

ADAPTAÇÕES AMBIENTAIS VERSUS PROCESSO DO ENVELHECIMENTO

A população senil vem crescendo de forma significativa, e é uma realidade,


mesmo em países subdesenvolvidos ou países mais pobres. No Brasil, o
crescimento populacional da pessoa idosa, ocorre de forma marcante e
acelerada, tendo inclusive uma previsão de que no ano de 2020 o país ficaria em
sexto lugar na quantidade de pessoas idosas, “representando 14% da população”
brasileira (NASRI, 2008; VERAS, 2009, KÜCHEMANN, 2012, p. 165).
O processo de envelhecimento ocorre de forma fisiológica e é inconvertível.
Durante a vida do indivíduo, nota-se o declínio em diferentes processos
fisiológicos, caracterizados por alterações no sistema cardiovascular,
neurológicos, músculo esquelético, podendo ser relativo de acordo com a
qualidade de vida de cada pessoa (BRASIL, 2006; FONTELE, 2007; KATZER,
ANTES, CORAZZA, 2012).
Logo, o envelhecimento altera o equilíbrio e a mobilidade, provocando
instabilidade postural, alterações da marcha, aumentando o risco de quedas
(SILVA, 2011) e o aumento dessa população, promove uma discussão, e
representa também um desafio, acerca da qualidade de vida dessas pessoas,
principalmente no que tange a promoção e prevenção dos mesmos (KATZER,
ANTES, CORAZZA, 2012).
Em outras palavras, é possível perceber o envelhecimento como um
aumento da incapacidade e assim, cada vez mais, ocorrem discussões sobre
estratégias que visem minimizar os impactos destas perdas incapacitantes no
indivíduo senil (KATZER, ANTES, CORAZZA, 2012).
Sendo assim, o objetivo dessa pesquisa é apresentar, formas de
prevenção de acidentes domiciliares e recursos de apoio que proporcionem maior
mobilidade e independência do idoso dentro de seu lar. Para isso, escolheu -se os
dois cômodos que mais se centralizam os acidentes domésticos – a cozinha e o
banheiro.
COZINHA

A cozinha foi um dos cômodos escolhidos para realizar a análise de


adaptações, pois este ambiente está presente na rotina funcional do idoso, e bem
adaptado pode proporcionar independência e autonomia de forma segura, além
de proporcionar meios para que o idoso se sinta útil - preparando eventuais
refeições entre outras atividades da vida diária. Diminuindo a sensação de
impotência e incapacidade, as quais ao longo do tempo, podem auxiliar a
desencadear doenças emocionais e físicas, como a depressão e imobilismo.
Outro fator importante a ser mencionado é que nesse ambiente ocorrem boa parte
dos acidentes domésticos.

A fim de realizar os apontamentos foi utilizado como exemplo a cozinha


cujas fotos estão presentes nos anexos. Neste ambiente foi possível elencar as
seguintes sugestões de adaptação:

- Iluminação: Julga-se a iluminação (natural e artificial) adequada,


entretanto, considerando dias chuvosos ou frios onde não seria possível manter a
porta aberta a luz natural pode ser prejudicada. Para tanto sugere-se a troca da
porta, por modelos que contenham a janela embutidas, auxiliando na melhora da
iluminação natural e ventilação do local. Risco/Alteração no idoso: A perda da
acuidade visual (capacidade de distinguir detalhes espaciais – identificar o
contorno e a forma dos objetos) é uma característica presente no processo do
envelhecimento que justifica esse cuidado. Vale salientar também que o cansaço
visual, acarretado por essa alteração, pode resultar em acidentes e quedas.

- Mobiliário: O balcão encontra-se no padrão ideal (80 a 90cm) de altura;


o layout paralelo também proporciona facilidade de manuseio exigindo menos
locomoção por parte do idoso para as atividades; as louças mais utilizadas
encontra-se no alcance das mãos, entretanto, há alguns potes de alimentos em
alturas mais altas, o que exigiria do idoso o uso de degraus; outro fator
observado, são os armários de baixo que podem ser substituído por gavetas, não
exigindo que o idoso se agache para visualizar o fundo dos armários; sugere-se
que utilitários como filtro e micro ondas também sejam rebaixados a bancada; por
último, sugere-se que seja instalado barras de apoio, na frente da pia e fogão,
auxiliando no suporte para maior permanência do idoso na atividade, com
segurança. Risco/Alteração no idoso: Alteração no sistema muscular – onde a
atrofia muscular causa diminuição da força e da flexibilidade, acarretando risco de
quedas, dificuldades de subir degraus, se manter abaixado de forma isométrica;
Debilidade do sistema vestibular – ocasionando alterações na capacidade de
equilíbrio e controle postural.

- Piso: Embora não haja o uso de tapete, o que por sua vez é um fator
positivo, o porcelanato utilizado é liso (sem antiderrapantes) o que pode ocasionar
quedas, acidentes e fraturas. Outro fator observado, foi o alto degrau presente na
porta de saída da cozinha – onde encontrasse a lixeira principal. Nesse sentido,
sugere-se que seja alterado o piso para um modelo antiderrapante, e que seja
adicionado uma rampa na porta que reduza o nível do degrau ou que a lixeira
(objeto de alto uso na cozinha) seja transferida para dentro. Risco/Alteração no
idoso: Alterações no sistema vestibular – alterações sensoriais que alteram a
consciência sobre os limites da estabilidade e do controle postural, resultando na
dificuldade em executar tarefas que exijam um bom controle do equilíbrio e da
postura, como por exemplo, recuperar o equilíbrio em movimentos bruscos após
um escorregão.

Outros pontos podem ser analisados e sugeridos neste ambiente, tais


como altura da maçanetas, altura e local dos interruptores de luz, entre outros.
Entretanto, no exemplo utilizado, julga-se os itens sugeridos como mais
emergências e de maior risco.

BANHEIRO

O banheiro é um dos cômodos mais utilizados pelos moradores de uma


casa, sendo assim, é um dos ambientes domésticos com grande incidência de
acidentes com idosos. É um ambiente úmido, escorregadio e com alta
possibilidade de quedas.
As quedas acidentais são provocadas por fatores extrínsecos ao usuário,
em sua maioria devido a um fator de risco ambiental, como móveis com cantos
agudos, degraus. O ambiente doméstico pode influenciar em 50% a maior
probabilidade de quedas, como por exemplo: iluminação inadequada, piso
escorregadio, móveis inadequados, tapetes e ausência de corrimões e apoios.
Conforme exemplificados a seguir:

- Iluminação: O banheiro observado possui iluminação adequada, janela


grande para entrada de luz natural. Se o idoso possui dificuldades na visão,
devemos evitar um banheiro com pouca iluminação, com piso, cortinas e peças
da mesma cor. Para solucionar este problema, devemos aumentar a iluminação
usando lâmpadas fluorescentes, cortinas claras, a pia e o vaso sanitário devem
ser preferencialmente de uma cor diferente do piso e/ou chão. As cores do
ambiente são o branco. Em se tratando de um idoso, é importante verificar que o
uso de contrastes facilita a interação dele com os objetos. Desta forma faz-se
necessário destacar a porta, o piso e os objetos da parede, pois auxiliariam na
visualização pelo idoso Risco/Alteração no idoso: Com o avanço da idade as
alterações visuais são comuns, o que afeta diretamente a fadiga visual. Gerando
uma dificuldade para identificar o contorno e as formas do objeto. No decorrer do
envelhecimento ocorrem mudanças psicológicas, físicas, e motoras, há um
grande declínio também na parte cognitiva, como a tomada de decisões rápidas,
diminuição do raciocínio e da percepção.

- Chão/Piso: a chance de ocorrer um acidente se torna maior, visto que


alguns tipos de tapetes não possuem aderência, evitar tapetes de panos ou
retalhos que podem ocasionar escorregões e/ou tropeções. Podendo ocorrer
fraturas, consequências irreversíveis ou até mesmo a morte. Substitua esses
tapetes por emborrachados antiderrapantes, o que torna o piso mais seguro.
Risco/Alteração no idoso: O envelhecimento altera o equilíbrio e a mobilidade,
provocando instabilidade postural, alterações da marcha, aumentando o risco de
quedas.

- Box de Vidro: Acidentes graves, cortes. O ideal é substituir o Box de


vidro por cortinas, utilizar tapetes antiderrapantes e também instalar barras de
apoio nas paredes. Se o idoso tiver alguma dificuldade para se abaixar, coloque
uma cadeira de plástico que seja firme, para que ele possa se sentar na hora do
banho e se lavar. Risco/Alteração no idoso: as funções fisiológicas começam a
ter um declínio, os idosos passam a ter déficits visuais, vestibulares e funcionais.
O envelhecimento traz diversas mudanças físicas, motoras e psicológicas que
não representam incapacidade na realização de tarefas, mas sim diminuição de
habilidades e aumento na probabilidade de riscos em acidentes.

- Vaso Sanitário: não possui barras de apoio ao seu redor, podendo


ocasionar quedas pela instabilidade. Pode-se observar que a altura da bacia
sanitária baixa. O banheiro apresenta-se sem nenhuma barra de apoio entre os
objetos dispostos. A pia possui cantos que podem causar cortes e ferimentos
graves caso o idoso venha cair próximo ao móvel. Fazer um assento elevado no
vaso sanitário para demandar menos esforço ao uso do idoso. Risco/Alteração
no idoso: a diminuição da força muscular dificulta os movimentos como baixar ou
levantar, devido à articulação estar mais enrijecida. Referindo-se à parte cognitiva
há também a necessidade de produtos que detenham uma interface amigável,
como contraste de cores e a objetividade na sua função e uso.

CONCLUSÃO

O processo do envelhecimento traz consigo alterações sensoriais, físicas e


emocionais que podem contribuir para aumento dos riscos e acidentes no dia a
dia do idoso. Entende-se também que muitas dessas alterações são
intensificadas com ambientes que são formatados sem levar em consideração as
especificidades do indivíduo idoso, em contrapartida, esses mesmos riscos e
alterações podem ser minimizados, quando pensamos em adaptações, que na
maioria das vezes são simples, mas que trazem grandes impactos na qualidade
de vida do idoso – mantendo-o ativo e funcional. Dessa maneira, fica claro que as
adaptações dos ambientes devem uma conduta priorizada nos planos de
orientações aos familiares.
REFERÊNCIAS

DA SILVA, Ana Paula Leal Loureiro et al. Efetividade de adaptações ambientais:


percepções dos cuidadores. Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, v. 3, n. 1,
2011.

FONTELE G.L.G.; As Vantagens do Acompanhante para o Paciente Idoso


Hospitalizado. Monografia de conclusão de curso da Faculdade JK. Brasília,
2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa. Brasília: Ministério da
Saúde; 2006.

KATZER, Juliana Izabel; ANTES, Danielle Ledur; CORAZZA, Sara Teresinha.


Coordenação motora de idosas. ConScientiae saúde, v. 11, n. 1, p. 159-163,
2012.

KÜCHEMANN, Berlindes Astrid. Envelhecimento populacional, cuidado e


cidadania: velhos dilemas e novos desafios. Sociedade e Estado, v. 27, n. 1, p.
165-180, 2012.

NASRI, Fabio. O envelhecimento populacional no Brasil. Einstein, v. 6, n. Supl 1,


p. S4-S6, 2008.

VERAS, Renato. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas,


desafios e inovações. Revista de Saúde Pública, v. 43, n. 3, p. 548-554, 2009.
ANEXOS – FOTOS DOS AMBIENTES ANALISADOS

Figura 1- Cozinha analisada

Cozinha analisada Banheiro analisado

Banheiro analisado

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