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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – INST. DE GEOCIÊNCIAS – FACUL.

DE GEOLOGIA
DISCIPLINA: GEOLOGIA DOS DEPÓSITOS MINERAIS
PROF. JOEL BUENANO MACAMBIRA

TEXTO PARA AULA PRÁTICA

ASSUNTO: MINERALIZAÇÕES ASSOCIADAS AOS GREISENS. EXEMPLOS DE SERRA


BRANCA (GO) E POTOSI (RO)

GREISENS ESTANÍFEROS DE SERRA BRANCA (GO).

O granito Serra Branca localizado na parte nordeste do Estado de Goiás, no município de


Cavalcante, constitui o núcleo de uma estrutura dômica subcircular de cerca de 14km de diâmetro. Está
encaixado em metaconglomerados quartzitos e sericita-magnetita xistos do Grupo Araí e em quartzo-
xistos e muscovita-granada xistos grafitosos do Grupo Serra da Mesa. Trata-se de um granito porfirítico
de coloração predominantemente rósea. Os fenocristais são compostos de microclina (até 5cm de
comprimento) mais raramente de quartzo e oligoclásio. A matriz de granulação média a grossa é
constituída de quartzo, microclina, oligoclásio cálcico (An: 22 a 26%) e biotita. O plagioclásio está
praticamente transformado em agregados de muscovita, microclina, quartzo e albita. Ocorrem na rocha
numerosos xenólitos arredondados ricos em biotita e grafita. Na parte central o granito exibe uma
greisenização parcial com presença de muscovita, berilo, fluorita, cassiterita e calcopirita. Nessa zona
aumenta o teor de albita e o plagioclásio está intensamente muscovitizado.
Os greisens ocupam toda a parte oriental do corpo granítico.

- Endogreisens: São representados por:


1) Muscovita greisens feldspáticos - compostos por quartzo e muscovita amarelada bem
desenvolvida havendo nítida caolinização dos K-feldspatos. O plagioclásio sofre uma transformação para
muscovita, albita e microclina. Os minerais acessórios são: cassiterita em veios de quartzo ou em zonas
enriquecidas em muscovita, fluorita, topázio, apatita, sulfetos e minerais secundários de cobre.
2) Muscovita quartzo greisens xistosos - com presença eventual e muito subordinada de feldspato
em grande parte caolinizados. A cassiterita bastante abundante ocorre em "buchos" associados a filões de
quartzo leitoso, em cristais euédricos a anédricos (1 a 2mm) disseminados ou em lentes e vênulas com
fluorita e minerais de cobre (sulfetos, óxidos e carbonatos hidratados) associados. Turmalina e topázio
são mais raros.
3) Muscovita quartzo greisens lenticulares, às vezes tabulares preenchendo fraturas. Nas porções
mais próximas do granito aparece a biotita em quantidades variáveis. O quartzo pode não existir enquanto
que localmente, encontra-se feldspato caolinizado. Veios de quartzo acompanham comumente esses
corpos. A coloração da rocha varia de acordo com o conteúdo de biotita. Nota-se uma abundância
acentuada de berilo e fluorita. Os outros minerais acessórios são: turmalina, minerais de cobre e grafita.
A cassiterita mostra enriquecimento local, em particular nas fraturas cortando os greisens anteriores (2).

- Exogreisens: Formados a partir das rochas encaixantes - sobretudo xistos - essas formações são
muito semelhantes aos endogreisens. Ocorrem numa auréola de ao máximo 150m de espessura. São
compostos de muscovita, quartzo e raro feldspato caolinizado. Contêm cassiterita e fluorita geralmente
associadas, além de grafita, granada, turmalina e minerais de cobre em quantidades menores.

Cabe notar ainda a presença, na área em apreço, de numerosos filões de quartzo - eventualmente
quartzo-feldspáticos - mineralizados a cassiterita e fluorita. Foram igualmente encontrados alguns corpos
pegmatíticos compostos de quartzo leitoso, microclina e espodumênio verde claro em cristais de até 10cm
de comprimento ou em agregados.

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MINA DE POTOSI (RONDôNIA)

Localizado a cerca de 130Km a sudeste de Porto Velho o depósito do Morro de Potosi era, pouco
tempo atrás, a maior concentração primária (endógena) de cassiterita conhecida no Brasil, com reserva
estimada superior a 8.000 toneladas de estanho. Atualmente após quase dez anos de explotação pouco
resta do depósito original.

Contexto Geológico: Ocorrem na área duas unidades estratigráficas principais: o Complexo


Xingu/Jamari representando o embasamento antigo (Arqueano/Proterozóico Inferior) composto
sobretudo de migmatitos, gnaisses e granitóides intrusivos e a Suite Intrusiva Rondonia constituída de
granitos ácidos anorogênicos do Proterozóico Superior (granitos jovens) da zona soerguida do Jamari.
Extensas formações eluviais, coluviais e aluviais do Pleistoceno-Holoceno, incluindo depósitos de
paleovales contêm importantes concentrações minerais, sobretudo de cassiterita e columbita-tantalita,
zircão, monazita, xenotima, ilmenita e rutilo são também eventualmente aproveitados.

GEOLOGIA LOCAL

O depósito do Morro de Potasi é um exogreisen, altamente brechado, em forma de "pipe" formado


às custas de gnaisses pertencentes ao Complexo Jamari representando, na área, o embasamento antigo.
Ocorria inicialmente no local um morro de cerca de 40m de altura, 220m de largura e 280m de
comprimento. Hoje o "PIT" da lavra a céu aberto atinge uma profudidade de aproximadamente 40m. Os
biotita e biotita-hornblenda gnaisses possuem granulação média e textura grano - a lepidoblástica.
Compõem-se de quartzo, plagioclásio (An31-38%) microclina e biotita marrom. A hornblenda é
eventual e subordinada. Essas rochas encontram-se fortemente intemperizadas até profundidades da
ordem de 70-90m. Supõe-se que abaixo da zona greisenizada ocorre um corpo granítico oculto,
pertencente à Suite Intrusiva Rondoniana. O greisen apresenta-se como um corpo de seção oval e forma
cônica estreitando-se em profudidade. Massas brechadas de greisen de forma irregular contêm veios de
quartzo e bolsões de rocha rica em quartzo ou topázio, cortando ou envolvendo os fragmentos de
greisen.

MINERALIZAÇÃO

A cassiterita de granulação fina encontra-se disseminada nos greisens enquanto que os cristais de
wolframita ocorrem essencialmente em veios de quartzo ou formam pequenos bolsões. A maior parte da
mineralização estanífera está associada à "Zona Rica", um bolsão afunilado em profundidade com seção
sub-circular, composto de quartzo-topázio-cassiterita greisen com veios de quartzo e porções ricas em
topázio (topazito contendo quartzo, muscovita, cassiterita e berilo). Em volta deste núcleo ocorre uma
auréola zonada, constituída de dentro para fora por muscovita greisen, quartzo-mica greisen e quartzo
greisen. Na porção mineralizada do exogreisen ("Zona Rica") os teores de Sn podem atingir localmente
50% da rocha, situando-se a média em volta de 1%. Nos greisens estaníferos, mais precoces, se superpôs
uma fase geradora de mineralização sulfetada distribuída em pequenos agregados ou em vênulas de
quartzo.

GÊNESE DO DEPÓSITO

Diretamente ligada aos estágios tardios de cristalização de um granito estanífero "oculto" a


formação do déposito do Morro de Potosi foi causada pela substituição metassomática dos gnaisses e
transporte de material mineral por sistemas aquosos ricos em fluor que migraram ao longo de juntas e
fraturas. Três fases principais puderam ser evidenciadas: 1) Greisenização; 2) Deposição da
mineralização de Sn e W; 3) Formação tardia (a temperatura mais baixas) de sulfetos e fluorita.

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