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Os dois desejos que um adicto precisa abrir mão para funcionar (não pirar) na recuperação

- O tempo em que um adicto fez uso de álcool e drogas o escravizou em uma percepção da
realidade que parecia funcionar: as drogas o faziam sobreviver às emoções e aos
sentimentos.

- Assim, um adicto se tornou um verdadeiro alquimista, manipulando a realidade de dose em


dose.

- Apenas não percebia que a única realidade que estava alterando era a da sua própria
percepção. As pessoas e o mundo que o cerca continuavam os mesmos. Apenas sua forma de
interpretar e sentir os acontecimentos eram modificados pela ação das substâncias.

- Essa era uma das mais intensas expressões de sua impotência perante sua adicção: a
incapacidade de viver a vida como ela é e a busca por subterfúgios egocêntricos para forçar as
coisas acontecerem como gostaria que fosse e, não como elas realmente são.

- O desejo de ilusão está enraizado na mentalidade de um adicto, gerando grandes conflitos


de negação da realidade e falta de aceitação.

- Um adicto que alimenta o desejo de ilusão acredita que pode dirigir a sua vida,
completamente por si mesmo, apesar das provas irrefutáveis do desgoverno de sua vida e da
completa impotência perante sua adicção, uma doença incapacitante em diversos aspectos.

- Movido por este desejo imaturo, que gera fortes impulsos de rebeldia e teimosia, um adicto
acredita ser capaz de alterar a realidade, mesmo sem drogas, pelo simples fato de não aceitar
a realidade como ela se apresenta com racionalizações e justificativas, mesmo que seus
argumentos não sejam baseados em fatos concretos, mas em uma obstinada vontade de
contrariar e impor suas perspectivas e vontades.

- O uso de subterfúgios como manipulações emocionais, especialmente através da


autopiedade e diversos tipos de chantagens, exigências por trocas de favores em
negociações, como se os relacionamentos acontecessem em um verdadeiro cassino. O adicto
em seu desejo de ilusão vive como se estivesse em um jogo de tabuleiro.

- Em seus devaneios ilusórios de merecimento sem esforço, o adicto com esta mentalidade
reclama privilégios e posições vantajosas pelas quais não se esforçou por merecer, mas
acredita que tem direito, através da simples crença pessoal. Se torna um desertor quando
contrariado.

- Uma das piores estratégias, fruto de uma extrema imaturidade e desse desejo ilusório de
não aceitar a vida real, é utilizar a mentira indiscriminadamente como um recurso necessário
para viver. Dessa forma, o adicto precisa se defender do insuportável confronto com a
realidade.

- Esse desejo de ilusão pode se manifestar muitas vezes em forma de fantasias sobre o futuro,
em como as coisas serão, com fortes imagens mentais de acontecimentos futuros,
alimentando certezas de coisas que não se podem garantir no dinamismo da vida, geralmente
pensamentos que tudo irá dar certo, sem nenhum fundamento real para isso.

- Aceitar as próprias emoções e sentimentos é simplesmente tão doloroso e insuportável que,


o adicto que ainda não renunciou ao desejo de ilusão, geralmente não consegue falar
honestamente sobre si mesmo. Evita, a todo custo, os sentimentos e emoções desagradáveis
da natureza humana e prefere as emoções que imagina serem “boas”, como a euforia e a
alegria. Porém, as procura em demasia. Quando se sente “mal”, se fecha em si mesmo,
geralmente buscando culpados por se sentir mal.

- O adicto imerso no desejo de ilusão espera recompensa sem esforço. Subestima o quanto de
esforço precisa fazer para se recuperar. Cria imensas expectativas sobre o que os outros
devem fazer por ele. O adicto que vivencia esse momento é o sujeito que ainda não está
pronto para adentrar na vida adulta.

- O desejo de ilusão fantasioso é tão forte que, o simples pensamento, alimentando através da
automotivação ilusória pela repetição da fala, tem o poder de substituir as próprias ações
diárias que poderiam conduzir o adicto à construção de um provável futuro melhor.

- Sem a mágica das drogas para manipular as emoções, mesmo que a um preço caro, um
adicto obstinado no desejo da ilusão, acaba alimentando outro desejo, também destrutivo, o
desejo de controle.

- O desejo de controle está relacionado tanto com o desejo de controlar o uso de drogas
quanto controlar quaisquer outros aspectos da vida.

- O desejo de controlar pessoas se manifesta ao não aceitar as pessoas como elas são, sempre
dizendo para os outros como eles devem ser, o que devem fazer, mesmo sem ter sido
consultado sobre isso e sem desenvolver a capacidade de falar sobre si mesmo.

- Ser controlador nos relacionamentos é não saber considerar as ideias e opiniões dos outros,
sempre impondo seus pontos de vista.

- O desejo de controle está relacionado também ao exercer o controle do ambiente onde se


está e vive. O controlador sempre quer determinar como é o lugar, independente do desejo e
necessidades dos outros que dividem o mesmo espaço.

- Um adicto que é controlador tem muita dificuldade de aceitar a vida como ela é. Busca
sempre interferir nos acontecimentos, está sempre conferindo em busca dos resultados, para
ter certeza de que irá conseguir o que deseja.

- Todo controlador é muito ansioso, acredita que está sempre certo, toma decisões por outras
pessoas, “ajudando" pessoas quando ninguém pediu ajuda, é inflexível, todos devem se
adaptar as suas vontades, faz tudo sozinho, não pede ajuda, são pouco compassivos com as
dificuldades alheias.

- O controlador passa mais tempo buscando dominar o ambiente e as pessoas a sua volta do
que cuidando de si mesmo. Sente muito estresse e vive preocupado com seus planos e
obsessões.

- Como nem sempre os resultados desejados se tornam realidade, ele se irrita ou fica
apreensivo com mais facilidade que outras pessoas.

- A energia aplicada em tentar convencer alguém a seguir um conselho, concordar com um


ponto de vista seu ou acatar as suas instruções é excessiva e causa cansaço mental. Ela
acredita que somente por causa dela as coisas podem funcionar.

- Algumas pessoas controladoras podem se tornar excessivamente agradadoras dos outros. Ao


buscar a aprovação dos outros, desejam estar no controle de tudo para garantir que irão
demonstrar que são boas pessoas, úteis e necessárias.
- Essas pessoas não suportam críticas e julgamentos. Então acreditam que, se mostrarem ser
o melhor que puderem, irão escapar destes confrontos e da sensação de impotência.

- Pessoas com desejo de controle querem criar a sua própria realidade, onde cada detalhe
pode ser meticulosamente controlado e cada resultado previsto. Onde cada conflito pode ser
evitado, mas isso é uma ilusão.

- Um dos maiores subterfúgios para um adicto obcecado em manter sua perspectiva ilusória
viva é angariar outras pessoas que concordem com as suas ideias, seja de uma forma
simpática e magnética, sendo solícito e uma companhia agradável para todos; seja de uma
forma deliberadamente manipuladora e até opressiva; seja construindo relações de mútua
dependência, onde ele é mais favorecido. Mas geralmente usam o seu carisma e empatia para
cativar pessoas em seu intuito de reforçar suas próprias ilusões sobre si mesmo.

- Manipular e mentir

- A maturidade está relacionada ao aprendizado vindo dos desafios passados da vida. Os


maiores sinais de maturidade são as evidências de autoconhecimento e de inteligência (ou
maturidade) emocional.

- Uma pessoa que condiz com o tempo “vida adulta”, deveria estar caminhando rumo à
independência em geral. Uma pessoa que está sempre necessitando da aprovação dos outros,
que se afeta emocionalmente com a opinião alheia, que não faz ideia, ou tem o pensamento
distorcido sobre sua própria identidade, sendo facilmente influenciado pelos outros, necessita
refletir sobre onde se encontra no nível de dependência de pessoas e circunstâncias para
viver.

- Amadurecer requer consciência e responsabilidade com a própria rotina e compromissos. A


máquina da sociedade não para e cada pessoa é uma engrenagem que precisa funcionar em
harmonia com horários, metas e produção. Pessoas adultas são cobradas por faltas, trabalhos
mal feitos e falta de disciplina. Um homem adulto precisa se responsabilizar por seus atos,
pensamentos, emoções e suas possíveis consequências, passíveis de punições severas.

- Um homem na sociedade precisa respeitar as outras pessoas e as escolhas delas, suas ideias,
crenças e maneiras de agir para conviver bem com vizinhos, colegas de trabalho, família, etc.

- Para uma pessoa se sentir realmente bem consigo mesmo, é essencial ter coragem com a
própria vida, não temer desafios e planejar metas realistas de desenvolvimento pessoal. Uma
pessoa frustrada não vive bem e pode criar o hábito de descontar seus problemas nas pessoas
em volta. Coragem se trabalha junto com a vulnerabilidade.

- Ser tolerante e educado com os outros é um traço de maturidade na vida adulta. Existe na
sociedade grande variedade de opiniões políticas e religiosas, definições de sucesso, modelos
de família e visões de mundo. É um direito compartilhar as ideias próprias, mas é muito mais
importante aprender a ouvir.

- Ter compaixão consigo mesmo é de vital importância para não entrar em ciclos constantes
de cobrança e auto criticismo. Impor a si mesmo limites, regras e metas muito pesadas é
castigar-se e não ser realista com a própria natureza humana. Não é necessário se cobrar tanto
quando algo não sai como o planejado. Todo mundo comete erros e falhas. Uma pessoa
madura apenas continua tentando.
- Ser fiel aos próprios pensamentos, atitudes e emoções é sinal de maturidade emocional.
Quando uma pessoa está perdida em sua identidade, ela tende a ser muito incoerente em seus
discursos e ações, pois não está certa de seus próprios princípios morais, sendo fortemente
influenciada e alterada em seus comportamentos por pessoas e acontecimentos.

- Uma habilidade fundamental da vida adulta é pensar antes de falar ou agir. Saber se
posicionar em uma discussão, com argumentos embasados e refletidos – não apenas
justificativas ou racionalizações infundadas – é importante para manter as relações saudáveis.
A capacidade de reflexão torna diálogos e discussões mais maduras. Também garante que
você se posicione com seus valores de forma coerente. Essa habilidade nos ajuda a evitar e
resolver conflitos e evita o ressentimento.

- Ninguém está livre de cometer erros e falhas na vida, em todos seus aspectos. Mas são
poucas as pessoas que conseguem olhar para essas situações com humildade e reconhecer a
própria falha, ou respeitar a falha do outro. Amadurecer nos ensina que não somos melhores
nem piores que ninguém, que cada um está fazendo o seu melhor, ou o que pode fazer no seu
momento e que todos podem aprender com os próprios erros.

- Uma das características presente em pessoas imaturas é o hábito de reclamar, a constante


insatisfação e a pouca ação na vida. Uma pessoa madura é consciente, presente e,
principalmente, grata. A gratidão aparece quando se entende que está se fazendo o melhor
com as ferramentas que se tem, que certas coisas não estão sob o seu controle e que quando
as coisas não saem como se quer está tudo bem também! Ser grato torna as experiências
ruins um pouco mais leves e engrandece as boas.

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