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ITA 2023

FUNÇÕES OXIGENADAS

AULA 19
Funções Oxigenadas

Prof. Thiago Cardoso

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Sumário
Apresentação da Aula 5

1. Álcoois 5

1.1. Propriedades Físicas dos Álcoois 6

1.2. Síntese de Álcoois 9


1.2.1. A partir do Açúcar 9
1.2.2. Redução de Aldeídos, Cetonas e Ácidos Carboxílicos 11
1.2.3. Hidratação de Alcenos 13
1.2.4. Síntese de Grignard 13
1.2.5. Síntese de Dióis Vicinais 15

1.3. Reações de Álcoois 16


1.3.1. Oxidação 16
1.3.2. Desidratação 16
1.3.3. Produção de Haletos com SOC2 e PC5 19
1.3.4. Síntese de Alcanos com HI concentrado e a quente 20
1.3.5. Esterificação 20

2. Fenóis 25

2.1. Propriedades Físicas 25

2.2. Síntese de Fenóis 27


2.2.1. Oxidação Controlada do Cumeno 27
2.2.2. Hidrólise de Sais de Aril-Diazônio 28
2.2.3. Hidrólise do Cloro-Benzeno 29
2.2.3. Fusão alcalina do benzeno-sulfonato de sódio 30

2.3. Reações dos Fenóis 31


2.3.1. Esterificação 31
2.3.2. Substituições no grupo –OH 31
2.3.3. Substituições Eletrofílicas no Anel Aromático 32
2.3.4. Reações de Oxidação 32
2.3.5. Reações de Redução 33

2.4. Aplicações dos Fenóis 34

3. Éteres 37

3.1. Propriedades Físicas 38

3.2. Síntese de Éteres 39


3.2.1. Desidratação de Álcoois 39
3.2.2. Substituição Nucleofílica em Haletos de Alquila 40

3.3. Reações dos Éteres 41


3.3.1. Cisão por Ácidos 41
3.3.2. Oxidação 41

4. Aldeídos e Cetonas 44

4.1. Forma Geral e Nomenclatura 44

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4.2. Propriedades Físicas 46

4.3. Métodos Gerais de Síntese de Aldeídos e Cetonas 47


4.3.1. Oxidação (ou dehidrogenação) de Álcoois 47
4.3.2. Hidratação de Alcinos ou de Haletos Geminados 49
4.3.3. Ozonólise 50

4.4. Métodos de Síntese de Aldeídos 50


4.4.1. Redução de Cloretos de Ácidos 50
4.4.2. Substituição Eletrofílica de CO 51

4.5. Métodos de Síntese de Cetonas 51


4.5.1. Reação de Nitrilas com Compostos de Grignard 51
4.5.2. Reação de Friedel-Crafts 52
4.5.4. Aquecimento de Sais de Cálcio (ou bário) de Ácidos Carboxílicos 52

4.6. Reações dos Aldeídos e Cetonas 53


4.6.1. Reações de Oxidação 54
4.6.1.1. Diferenciação entre Aldeídos e Cetonas 54
4.6.1.2. Auto-Oxirredução de Aldeídos em Meio Básico 55
4.6.2. Reações de Redução 55
4.6.2.1. Agentes Redutores 55
4.6.3. Reações de Adição Nucleofílica 56
4.6.4. Reações de Substituição dos Hidrogênios Alfa 57
4.6.4.1. Tautomeria 57
4.6.4.2. Substituição por halogênios 58
4.6.4.3. Condensações Aldólicas 59

4.7. Aplicações 60
4.7.1. Metanal 60
4.7.2. Etanal 60
4.7.3. Propanona 61

5. Lista de Questões Propostas 69

6. Gabarito 85

7. Lista de Questões Comentadas 86

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Apresentação da Aula
Nesse Capítulo, vamos estudar as primeiras funções oxigenadas:
• Álcoois
• Éteres
• Fenóis
• Aldeídos e Cetonas

1. Álcoois
Os álcoois são caracterizados pelo grupo funcional R—OH, em que o grupo hidroxila está ligado a
carbono saturado.
Portanto, os seguintes compostos, embora, tenham o grupo –OH não são álcoois.

Figura 1: Exemplos de Compostos Orgânicos que não são Álcoois

A nomenclatura dos álcoois pode ser feita de duas maneiras:


• Usando o sufixo —ol;
• Utilizando o sistema: álcool nome do radical + –ílico

Figura 2: Exemplos de Álcoois

O álcool benzílico poderia também ser chamado de fenil-metanol. Porém, embora seja a
nomenclatura extraída das regras da IUPAC, não é comum utilizar esse nome para o composto. Portanto,
não estranhe, caso algum enunciado.

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Figura 3: Nomenclatura de Álcoois usando o sufixo –ílico

A cadeia dos álcoois pode conter insaturações, contanto que o carbono que esteja diretamente
ligado à hidroxila seja saturado. É o caso do álcool benzílico.
Os álcoois se classificam em três categorias, de acordo com o carbono que está diretamente ligado
à hidroxila em:
• Primários;
• Secundários;
• Terciários
Vejamos exemplos de cada um dos tipos.

Figura 4: Álcoois Primário, Secundário e Terciário

Agora, vamos estudar um pouco mais profundamente as propriedades dessa função orgânica.

1.1. Propriedades Físicas dos Álcoois


Os álcoois são uma das funções orgânicas mais importantes. São espécies químicas bastante reativas e
podem ser utilizados para sintetizar muitas outras funções orgânicas.

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O grupo hidroxila é bastante polar e pode formar pontes de hidrogênio. Por isso, os álcoois
apresentam temperaturas de fusão e ebulição bastante altas. Os álcoois de cadeia curta, em geral, são
líquidos. Os álcoois maiores ou até mesmo os poliálcoois de seis carbonos são sólidos.
Os monoálcoois como o etanol (0,79 g/cm3) são menos polares que a água, por isso são menos
densos e viscosos que ela. O gelo, por exemplo, flutua na água, mas afunda em álcool. É por isso que o
gelo afunda no uísque (bebida alcóolica com 40% de álcool).

Figura 5: Gelo afundando em uísque e flutuando em água (fontes: [1] e [2])

Além disso, os álcoois de cadeia curta são bastante solúveis em água e outros solventes polares.
Mas também os álcoois podem dissolver solutos apolares, porque apresentam cadeias carbônicas. O
álcool etílico, por exemplo, é infinitamente miscível tanto com a água como com a gasolina.

Etanol como Combustível


O etanol pode ser usado como combustível de veículos de três maneiras: o etanol comum, o etanol
aditivado e o etanol misturado à gasolina.
O etanol comum possui uma gradação alcóolica de cerca de 95%, conhecido como E95. Além disso,
por lei, devem ser adicionadas substâncias para lhe conferir gosto e cheiros desagradáveis a fim de evitar
sua utilização para fins de produção de bebidas alcóolicas. A razão para isso é que os impostos são
diferentes do álcool combustível e do álcool para bebidas.
A principal vantagem do álcool combustível é que ele é combustível mais limpo que a gasolina. A
gasolina, em geral, se acumula no tanque e nas válvulas, por ser mais pesada que o etanol. Por outro lado,
quando se utiliza etanol, o etanol é capaz de dissolver a gasolina acumulada e, assim, contribuir para
limpar o sistema de ignição do carro.
Em termos ambientais, a queima do etanol é mais próxima da combustão completa e praticamente
não produz monóxido de carbono.
Por outro lado, o etanol é corrosivo devido à polaridade do grupo —OH.

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𝐹𝑒 + 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂𝐻 → 𝐹𝑒𝑂 + 𝐶𝐻3 𝐶𝐻3

Por conta disso, é comum os motoristas revezarem o combustível. Assim, utilizam o etanol de vez
em quando para limpar o motor, mas evitam seu uso contínuo para evitar a corrosão.
Vários estudos mostram que é mais barato (km/R$) abastecer com etanol quando o seu preço é
até 70% do preço da gasolina.
O Brasil é um grande produtor de cana-de-açúcar, por isso tem uma das maiores produções de
etanol do mundo. No Brasil, toda a gasolina deve conter, pelo menos, 25% de etanol.

Um fato interessante a se comentar é que, como visto nos Alcanos, os álcoois de cadeia mais
ramificada em torno do grupo −𝑂𝐻 tendem a apresentar menores pontos de ebulição, porque as
ramificações diminuem a área de contato para as interações intermoleculares na cadeia apolar.
Porém, por esse mesmo motivo, a cadeia ramificada diminui a interação da parte apolar da
molécula com um solvente polar, como a água. Por isso, os álcoois de cadeia mais ramificada apresentam
maior solubilidade em água.
Assim, os álcoois primários apresentam maior temperatura de ebulição, porém menor
solubilidade em água.

Vamos analisar dados reais na Tabela 1.


Tabela 1: Comparação entre as Propriedades Físicas dos Isômeros do Butanol

Fórmula Estrutural Composto Temperatura de Ebulição Solubilidade em Água

Butan-1-ol 117 °C 73 g/L

2-metil-propan-1-ol 108 °C 87 g/L

Butan-2-ol 99 °C 290 g/L

2-metil-propan-2-ol 82 °C Infinita

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1.2. Síntese de Álcoois


Aqui estamos preocupados com a síntese do grupo funcional —OH. Para aumentar ou diminuir a
cadeia do álcool, devemos recorrer aos métodos aprendidos no Capítulo sobre Alcanos.

1.2.1. A partir do Açúcar


A fermentação do açúcar é o método mais conhecido para a produção do etanol. A levedura
Saccharomyces cerevisiae é um organismo unicelular bastante utilizado na produção de pão, cerveja e
também do álcool combustível.
Esse organismo é capaz de extrair sua energia, decompondo as moléculas de glicose, que podem
ser encontradas em diversas plantas, como a cana-de-açúcar e a beterraba.
𝐶6 𝐻12 𝑂6 (𝑠) → 2 𝐶2 𝐻6 𝑂 (𝑙) + 2 𝐶𝑂2 (𝑔)
A fermentação é muito utilizada pelo ser humano, de modo que já foram encontrados registros
do uso da levedura na produção de pão e de bebidas alcóolicas em hieróglifos egípcios escritos há mais
de 5 000 anos.
Porém, é importante observar que não é possível obter concentrações significativas de álcool a
partir somente da fermentação, até mesmo porque a própria levedura não seria capaz de sobreviver em
um ambiente com elevado teor alcóolico.
As bebidas fermentadas são bebidas de baixo teor alcóolico, que são produzidas unicamente pela
fermentação, não possuindo a etapa de destilação na sua produção. Os principais exemplos de bebidas
fermentadas são: a cerveja e o vinho.
O teor alcóolico dessas bebidas geralmente se encontra abaixo de 12%.
Quando se precisa de maior teor alcóolico, é preciso recorrer à técnica de destilação.

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Figura 6: Esquema da Destilação Simples

Como o etanol é mais volátil que a água, o vapor terá um teor maior de etanol do que a mistura
líquida. Portanto, depois de passar pelo condensador, o líquido destilado terá um teor maior de etanol.
Entre as bebidas destiladas, encontram-se: o uísque, a vodka e o conhaque.
Porém, é importante lembrar que a mistura 96% em volume de etanol em água é uma mistura
azeotrópica. Isso significa que a composição do vapor é exatamente igual à composição da mistura líquida.
Portanto, nessa situação, é impossível efetuar a destilação, pois o destilado também terá a mesma
composição da mistura líquida original.
Uma das aplicações de misturas com elevado teor alcóolico são o álcool de limpeza (96%) e o álcool
bactericida (70%), sobre o qual já comentamos na aula de Ligações Covalentes.
Porém, quando se precisa do álcool realmente puro, que é o caso do álcool combustível, é
necessária uma terceira etapa de produção.
Reage-se a mistura de etanol e água com cal virgem (CaO), que reage com a água, produzindo um
precipitado insolúvel em etanol.

𝐶𝑎𝑂 (𝑠) + 𝐻2 𝑂 (𝑙) → 𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 (𝑠)

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1.2.2. Redução de Aldeídos, Cetonas e Ácidos Carboxílicos


Essa redução pode ser realizada utilizando hidrogênio nascente, que nada mais é do que o átomo
isolado.
O hidrogênio nascente é muito mais reativo do que o hidrogênio convencional, de modo que é
capaz de atacar o grupo (𝐶 = 𝑂) presente nos aldeídos, cetonas e ácidos carboxílicos.
Existem três técnicas para a produção de hidrogênio nascente: o uso de catalisadores (níquel,
paládio e platina); reações de simples troca (como a do zinco com o ácido clorídrico); e os hidretos
metálicos (são compostos que possuem o ânion 𝐻 − , como 𝑁𝑎𝐵𝐻4 𝑒 𝐿𝑖𝐴𝑙𝐻4 ). Desses métodos, os
hidretos metálicos são agentes redutores mais fortes; já a mistura H2/Ni é o agente redutor mais fraco.

NaBH4 e
LiAH4
Zn + HC

Ni, Pd, Pt

Figura 7: Agentes Redutores Organizados por ordem crescente de força

Vamos agora estudar em mais detalhes cada uma das fontes de hidrogênio nascente.
• Catalisador de Platina:
A platina, o paládio e o níquel são catalisadores de adsorção, o que significa que eles prendem o
hidrogênio à sua superfície.
A platina é um material poroso que tem facilidade de adsorver moléculas H2. Ou seja, as moléculas
de hidrogênio ficam aderidas à sua superfície. Os demais elementos da família VIII-B (ou grupo 10) – o
níquel (Ni) e o paládio (Pd) – também apresentam essa propriedade e são bons catalisadores para reações
do hidrogênio.

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Figura 8: Platina adsorvendo o hidrogênio

Na presença de platina, as moléculas de hidrogênio ficam mais lentas e, com isso, a probabilidade
de choque efetivo aumenta bastante.

• Reação de Zinco com Ácido Clorídrico:


A reação entre o zinco e o ácido clorídrico consiste em uma reação de simples troca. Como o zinco
é mais eletronegativo que o hidrogênio, o metal é capaz de deslocá-lo, liberando-o na forma de hidrogênio
nascente.
𝑍𝑛 + 2𝐻𝐶𝑙 → 𝑍𝑛𝐶𝑙2 + 2 [𝐻]
O hidrogênio nascente é uma forma muito reativa do hidrogênio, pois se trata do elemento
químico isolado.

• Hidretos Metálicos:
Os hidretos metálicos são compostos iônicos que possuem o ânion hidreto (𝐻 − ), que é
extremamente reativo. São os agentes redutores mais poderosos da Química Orgânica. Como exemplo,
podemos citar: o borohidreto de sódio (𝑁𝑎𝐵𝐻4 ) e o hidreto de lítio e alumínio (𝐿𝑖𝐴𝑙𝐻4 ).
Os hidretos não podem ser dissolvidos em solução aquosa, porque reagiriam com os íons da água
liberando gás hidrogênio.
𝐻 + (𝑎𝑞) + 𝐻 − (𝑎𝑞) → 𝐻2 (𝑔)
O borohidreto de sódio é comumente preparado pela reação do borato de trimetila com o hidreto
de sódio.

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O borato de trimetila é um éster formado pelo ácido bórico com o metanol. Veremos no Capítulo
sobre Ácidos Carboxílicos e seus derivados o que é essa função orgânica. Na minha visão, essa é uma
reação que não vai ser cobrada diretamente, porém, a ideia de um éster reagindo com um hidreto pode
sim aparecer em questões de prova.
Estudados os reagentes, a redução de cetonas produz álcoois secundários, já a redução de aldeídos
e ácidos produz álcoois primários.

Figura 9: Redução de Aldeídos, Cetonas e Ácidos Carboxílicos

1.2.3. Hidratação de Alcenos


A hidratação de alcenos é uma adição eletrofílica, que segue a Regra de Markovnikov.

Figura 10: Exemplo de Hidratação de Alcenos

Como já estudamos essa reação no Capítulo sobre Alcenos, não vamos precisar nos estender sobre
essa reação.

1.2.4. Síntese de Grignard


A primeira etapa é uma adição nucleofílica de Compostos de Grignard a um aldeído ou cetona em
meio éter.
Preste atenção às distribuições de carga mostradas na Figura 11. Como já falamos, um princípio
geral das reações orgânicas é que a carga positiva se atrai pela carga negativa.

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Figura 11: Síntese de Grignard

A seguir, o composto formado é hidrolisado, liberando um álcool.


O álcool formado pode ser primário, secundário ou terciário a depender do aldeído ou cetona
utilizado.
• Metanal forma álcoois primários;
• Outros aldeídos formam álcoois secundários;
• Cetonas formam álcoois terciários.
Vejamos exemplos das reações envolvendo compostos de cada uma das três categorias para que
você possa visualizar os produtos finais.

Figura 12: Exemplos de Síntese de Grignard para Álcoois

A Síntese de Grignard é um importante método para a produção de álcoois terciários.


Como vimos nesse material, existem muitos métodos relativamente simples para a síntese de
álcoois primários e secundários. Porém, são poucos os métodos de síntese para álcoois terciários.

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1.2.5. Síntese de Dióis Vicinais


O método mais comum de síntese de dióis é a oxidação branca de alcenos com permanganato de
potássio em meio básico ou neutro. Lembre-se da Tabela 2.
Tabela 2: Comportamento do Permanganato de Potássio diante de Alcenos

Meio Comportamento Quebra a cadeia?

Ácido Enérgico Sim

Básico Brando Não

Muita atenção para o fato de que, em meio ácido, o permanganato de potássio é um agente
oxidante forte, que é capaz de quebrar a cadeia do alceno.
Porém, em meio básico, o alceno é oxidado apenas a um diol geminado.

Figura 13: Oxidação Branda de Alcenos

Outro método importante para a síntese dos dióis é a partir dos epóxis. Um epóxi é um éter que
apresenta o seguinte ciclo de três carbonos.

Figura 14: Síntese de Dióis a partir de Epóxi

Por apresentar esse ciclo de três carbonos, eles são bastante instáveis e podem ser facilmente
hidratados, formando dióis.
A produção do epoxi é feita a partir de um alceno que sofre adição de ácido hipocloroso, formando
uma haloidrina. A haloidrina sofre, então, eliminação de HCl.

Figura 15: Síntese de Epóxi

O epóxi da Figura 15 é o mais simples, conhecido como epóxietano, também conhecido como
óxido de etileno. Ele pode ser obtido também diretamente pela combustão parcial do etileno na presença
de catalisador de prata a 200 a 300°C e elevadas pressões (1 a 2 MPa):
1 𝐴𝑔
𝐶2 𝐻4 + 𝑂2 → 𝐶2 𝐻4 𝑂
2

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1.3. Reações de Álcoois


Os álcoois são bastante reativos. Portanto, vamos estudar um bom número de reações nesse
capítulo.

1.3.1. Oxidação
Os principais agentes oxidantes da Química Orgânica são poderosos fornecedores de oxigênio
nascente [𝑂], que são átomos de oxigênio isolados.
Os álcoois primários se oxidam a aldeídos e ácidos carboxílicos. Quando se utiliza um fornecedor
de [O], como dicromato de potássio (K2Cr2O7), o próprio aldeído é um agente mais reativo que o álcool,
por isso, é muito difícil para a oxidação no estágio do aldeído.

Figura 16: Oxidação de Álcoois Primários

De maneira geral, é muito difícil parar no aldeído, porque eles são mais reativos do que os próprios
álcoois. Porém, existem métodos específicos para fazer a reação parar na etapa de aldeído. Estudaremos
esses métodos mais adiante.
Os álcoois secundários, por sua vez, se oxidam a cetonas.

Figura 17: Oxidação de Álcoois Secundários a Cetonas

Já os álcoois terciários dificilmente são oxidados a outras funções orgânicas.

1.3.2. Desidratação
Os álcoois sofrem desidratações na presença de ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado e a quente
ou de alumina (Al2O3).

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O produto final depende da temperatura em que a reação for realizada. Como vimos no Capítulo
sobre Haletos de Alquila, as reações de substituição nucleofílica e eliminação competem entre si. Os
principais fatores que determinam essa competição são: a temperatura e o tipo de haleto reagente.

Figura 18: Fatores que favorecem a ocorrência de reações de eliminação e substituição nucleofílica

A substituição nucleofílica é favorecida por temperaturas mais altas e pelo uso de haletos
primários. A mesma regra se aplica aos álcoois.
Tomemos como exemplo a desidratação do etanol a baixas temperaturas (em torno de 140 °C)
catalisada por ácido sulfúrico (H2SO4). A importância do ácido sulfúrico consiste em converter a hidroxila
do etanol em um melhor grupo abandonador.

Figura 19: Conversão do Etanol em um melhor grupo abandonador

Convém observar que a molécula de etanol é também nucleofílica, tendo em vista que possui
pares de elétrons isolados.
O grupo 𝐶𝐻3 − 𝐶𝐻2 − 𝑂𝐻2+ possui um bom grupo abandonador e a molécula de etanol é um bom
nucleófilo. Assim, os dois podem reagir por meio de uma

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Figura 20: Reação de Substituição Nucleofílica entre duas moléculas de etanol

O intermediário produzido na etapa mostrada na Figura 20 se decompõe facilmente, liberando um


éter, que é o produto final da reação.

Perceba que houve a eliminação de uma molécula de água dentre duas moléculas de etanol. Por
isso, essa reação é, por vezes, chamada de desidratação intermolecular. Você deve saber reconhecer essa
denominação na hora da sua prova, caso ela venha a ser cobrada. Porém, eu considero que ela não
expressa adequadamente o que é a reação, tendo em vista que a reação é essencialmente uma
substituição nucleofílica.

Figura 21: Desidratação Intermolecular de Álcoois

A elevadas temperaturas, o mecanismo de eliminação (em torno de 170 °C) é favorecido. Essa
reação provoca a eliminação de uma molécula de água de uma única molécula de etanol. Por isso, é
também chamada de desidratação intramolecular. É recomendável que você também aprenda essa
denominação.

Figura 22: Desidratação Intramolecular de Álcoois

É interessante observar, ainda, que os álcoois terciários podem ser desidratados a temperaturas
significativamente mais baixas que os primários.

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Figura 23: Desidratação de Álcool Terciário

1.3.3. Produção de Haletos com SOC2 e PC5


Os compostos hiperhalogenados são compostos em que o elemento central apresenta uma
elevada carga positiva e possui vários halogênios. Os mais importantes são: o pentacloreto de fósforo
(𝑃𝐶𝑙5 ) e o cloreto de tionila (𝑆𝑂𝐶𝑙2 ).

Figura 24: Cloreto de Tionila

À primeira vista, o leitor poderia imaginar que o cloreto de tionila fosse uma base de Lewis, tendo
em vista que ele possui um par de elétrons isolado.
Porém, na verdade, é interessante observar que o enxofre, que é um dos elementos mais
eletronegativos da Tabela Periódica, já se encontra com número de oxidação +4 nesse composto. O
número de oxidação mais positivo contribui para aumentar a eletronegatividade do elemento, e,
consequentemente, a sua tendência a atrair elétrons.
Portanto, o enxofre no cloreto de tionila age como eletrófilo. Ele é capaz de atacar o par de
elétrons isolado em uma molécula de álcool e se adicionar à molécula. Repare o enxofre recebe um par
de elétrons do oxigênio por meio de uma ligação dativa.

A seguir, o intermediário formado sofre um rearranjo. Primeiramente, ocorre uma eliminação de


uma molécula de HC. A seguir, ocorre uma reorganização na estrutura molecular, liberando uma
molécula de SO2.

Figura 25: Mecanismo de Produção de Haletos a partir de Álcoois e Compostos Hiperhalogenados

O mecanismo da reação com 𝑃𝐶𝑙5 é bem semelhante. Para fins de memorização, podemos
esquematizar as duas reações globais.

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Convém notar que essas reações são essencialmente reações de ácido-base de Lewis. Como toda
reação ácido-base, não envolvem oxirredução.
Em condições mais enérgicas, o 𝑃𝐶𝑙3 também é capaz de halogenar um álcool.
Δ
3𝑅 − 𝑂𝐻 + 𝑃𝐶𝑙3 → 3𝑅 − 𝐶𝑙 + 𝐻3 𝑃𝑂4
Na hora da prova, considero mais recomendável utilizar os agentes clorantes mais fortes – o
pentacloreto de fósforo e o cloreto de tionila – no caso de uma questão discursiva. Porém, se você for
perguntado a respeito da reação entre o álcool e o tricloreto de fósforo em condições energéticas, convém
responder com a reação vista logo acima.

1.3.4. Síntese de Alcanos com HI concentrado e a quente


Também conhecida como Método de Berthelot, esse método é particularmente importante
partindo de álcoois primários. Trata-se de um método de produção de alcanos, já estudado no capítulo
sobre essa categoria de compostos.
Na primeira etapa, produz-se um iodeto de alquila. Esse iodeto pode ser reduzido na presença de
HI, formando iodo gasoso.

Figura 26: Síntese de Berthelot

1.3.5. Esterificação
Os álcoois podem reagir diretamente ácidos, produzindo ésteres. Esse processo é conhecido como
Esterificação de Fischer.

Figura 27: Esterificação de Fischer

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Existe muita controvérsia se o oxigênio presente no éster se origina do ácido carboxílico ou do


álcool. Nesse material, está fora do nosso escopo analisar esse detalhe do mecanismo. Por isso mesmo,
eu fiz questão de ficar em cima do muro na Figura 27.
Porém, podemos aproveitar para comentar sobre um importante método de estudo de
mecanismos de reações orgânicas, que utiliza a marcação com radioisótopos. A ideia é muito simples.
Podemos utilizar, por exemplo, uma amostra de água com um considerável teor de O-15, que é um
isótopo radioativo do oxigênio.

Como a reação é reversível, a água vai reagir com o éster regenerando as moléculas de ácido e
álcool. Suponha, por exemplo, que depois de algumas horas, tenhamos encontrado atividade radioativa
no ácido.

A atividade encontrada no ácido significa que o oxigênio do ácido vai para a água na reação.
Portanto, o oxigênio na molécula de éster foi proveniente do álcool.
De modo análogo, se a atividade radioativa fosse encontrada no álcool, isso significaria que o
oxigênio presente no éster foi proveniente do ácido.
O problema mais sério dessa reação é que, como ela é reversível, o rendimento na produção de
ésteres é seriamente afetado. Por isso, é muito comum utilizar derivados mais reativos dos ácidos, como
os anidridos e os cloretos de ácido.

Figura 28: Esterificação com Cloretos de Ácido e Anidridos

Além disso, é interessante observar que, embora os ésteres mais conhecidos sejam derivados de
ácidos carboxílicos, são também bastante comuns ésteres resultantes da reação de álcoois com ácidos
inorgânicos. Um dos mais conhecidos é a trinitroglicerina – cujo nome mais apropriado seria trinitrato de
glicerila, já que o composto não é um nitrocomposto, mas sim um éter.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 21


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Figura 29: Síntese da Trinitroglicerina a partir do Glicerol

Falaremos mais sobre o propanotriol quando tratarmos os ésteres.

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Dos compostos abaixo, quais pertence ao grupo dos álcoois?

a)

b)

c)

d)

Comentários

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a) O composto A não é um álcool, mas sim um fenol, que é a função caracterizada por –OH ligado
a carbono aromático.
b) O composto B tem o grupo hidroxila (–OH) ligado a um carbono saturado. Perceba que a cadeia
do composto é insaturada, porém, o carbono diretamente ligado ao grupo hidroxila é saturado. Portanto,
o composto B é um álcool, denominado propenol.
c) O composto C apresenta o grupo hidroxila ligado a um carbono saturado. Portanto, é um álcool.
d) O composto D não tem grupos –OH, portanto, não é um álcool. A função caracterizada por
oxigênio como heteroátomo é a função éter.
Gabarito: B e C

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


A respeito das propriedades físicas dos álcoois, explique:
a) Por que o etanol pode se dissolver tanto em água como em gasolina?
b) Por que o etanol apresenta maior temperatura de ebulição que o éter dimetílico, mas apresenta
menor temperatura de ebulição que o ácido metanoico?

Comentários
a) O etanol possui uma pequena cadeia carbônica apolar e um grupo hidroxila, fortemente polar.
Sendo assim, é capaz de interagir com a água por meio de pontes de hidrogênio, mas também é capaz de
interagir com a gasolina por meio da cadeia carbônica.

b) O etanol forma pontes de hidrogênio, enquanto que o éter dimetílico não forma. Por outro lado,
o ácido metanoico, que também forma pontes de hidrogênio, é muito mais polar que o álcool, de modo
que suas pontes de hidrogênio são mais intensas.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


O etanol pode se desidratar de duas maneiras diante do ácido sulfúrico.
a) Explique por que o etanol dificilmente se desidrata diante de potassa alcóolica como os haletos de
alquila.
b) Escreva as reações de desidratação do álcool a quente e a frio. Qual delas deve apresentar a maior
variação de entropia (mais positiva)?
c) Explique, com base na Termodinâmica, por que uma dessas reações é preponderante a temperaturas
mais altas.

Comentários

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 23


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a) O etanol possui um fraco grupo abandonador (𝑂𝐻 − ). A adição de ácido sulfúrico serve para
converter esse grupo em um melhor grupo abandonador (𝐻2 𝑂).
𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂𝐻 + 𝐻2 𝑆𝑂4 → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂𝐻2+ + 𝐻𝑆𝑂4−
b) As reações citadas são:

Dentre elas, a produção de eteno, com certeza, apresenta uma variação de entropia maior, porque
o produto formado é gasoso.
c) Com base na Energia Livre de Gibbs:
Δ𝐺 = Δ𝐻 − 𝑇Δ𝑆
Sendo assim, os processos com maior variação de entropia tendem a ser espontâneos com o
aumento da temperatura.
No caso da desidratação do etanol, tem-se uma competição. A reação com maior variação de
entropia tende a ser mais espontânea que a outra a maiores temperaturas. Por isso, a produção de eteno
(desidratação intermolecular) é preponderante a temperaturas mais elevadas.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


O permanganato de potássio (KMnO4) é um agente oxidante versátil, importante na Química Orgânica.
a) Escreva as decomposições do permanganato de potássio em meio ácido e em meio básico, formando
os respectivos óxidos de cada elemento. Considere que, em meio ácido, o manganês se reduz a +2 e,
em meio básico, a +4. Considere ainda que é liberado oxigênio atômico, denotado por [O]. Qual deles
pode ser considerado um oxidante mais forte, ou seja, aquele que libera mais [O]?
b) Sabendo que a redução do manganês a +2 somente acontece em meio ácido, pode-se dizer que o 𝐻 +
é um catalisador da reação.
c) Escreva as reações do KMnO4 com 2-buteno em meios básico e ácido.

Comentários
a) De acordo com os dados do enunciado:
𝑂𝐻 −
2𝐾𝑀𝑛𝑂4 → 𝐾2 𝑂 + 2𝑀𝑛𝑂2(𝑠) + 3[𝑂]
𝐻+
2𝐾𝑀𝑛𝑂4 → 𝐾2 𝑂 + 2𝑀𝑛𝑂 + 5[𝑂]
Obs.: Esse é um modo puramente teórico de escrever a decomposição de um agente oxidante. No
entanto, é bastante útil para mostrar a quantidade de oxigênio nascente liberada.
Sendo assim, o permanganato de potássio é um agente oxidante mais forte em meio ácido.
b) Não. O catalisador não altera a espontaneidade de uma reação, apenas a velocidade. Na verdade, 𝐻 +
é um reagente.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 24


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c) Em meio básico, ocorre a oxidação branda, formando um diol. Porém, em meio ácido, a oxidação é
energia, quebrando a cadeia.

Gabarito: discursiva

2. Fenóis
Os fenóis são caracterizados pelo grupo funcional Ar—OH, em que o grupo hidroxila está ligado a
carbono aromático. A nomenclatura dos fenóis é feita utilizando o termo –hidróxi para o grupo –OH.

Figura 30: Exemplos de Fenóis

Vale ressaltar que o termo fenol se refere a uma função orgânica. Porém, é muito utilizado
também para se referir ao hidróxi-benzeno. Por isso, pode causar confusão. Nesse livro digital, nós
chamaremos o hidróxi-benzeno de fenol comum.

2.1. Propriedades Físicas


Os fenóis são, em geral, sólidos, de cheiro forte e característico. São tóxicos e tem ação cáustica
sobre a pele.
Como o anel aromático é um forte grupo removedor de elétrons, os fenóis são muito mais ácidos
que os álcoois, sendo inclusive mais ácidos que a própria água. Por isso, eles são capazes de reagir com
bases, não apenas com metais.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 25


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Figura 31: Reação dos Fenóis com Bases Fortes

A acidez dos fenóis pode ser explicada pelas estruturas de ressonância do íon fenóxido. Como a
carga negativa é bem distribuída nesse íon, ele é bem mais estável que os íons provenientes dos álcoois.

Figura 32: Estruturas de Ressonância do Íon Fenóxido

Lembre-se de que os álcoois, por sua vez, não reagem com bases fortes. Reagem apenas com
metais alcalinos:

𝐶𝐻3 𝑂𝐻 + 𝑁𝑎𝑂𝐻 → 𝑛ã𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒


1
𝐶𝐻3 𝑂𝐻 + 𝑁𝑎 → 𝐶𝐻3 𝑂− 𝑁𝑎+ + 𝐻2(𝑔)
2
Outra característica importante dos fenóis é que os fenolatos são solúveis em água. Já o
metanóxido de sódio hidrolisa fortemente:
𝐶𝐻3 𝑂− 𝑁𝑎 + + 𝐻2 𝑂 → 𝑁𝑎𝑂𝐻 + 𝐶𝐻3 𝑂𝐻

Por outro lado, devido à longa cadeia carbônica, os próprios fenóis costumam ser pouco solúveis
em água.

Lembre-se desse detalhe interessante. Os fenóis são pouco solúveis em água, mas os fenolatos são
solúveis.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 26


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O composto iônico é mais solúvel em água, porque apresenta cargas positivas e negativas, o que
facilita a interação com a água.
O mesmo fato acontece com os ácidos carboxílicos de cadeia longa. Eles tendem a ser pouco
solúveis em água. Porém, os seus sais de sódio são solúveis.
Por outro lado, a cadeia carbônica mais longa implica maior massa molar. Por isso, os fenóis
tendem a apresentar pontos de ebulição mais elevados.
É interessante também a comparação com um álcool de mesmo número de carbonos, como o
hexan-1-ol. Como as ligações C – H envolvendo carbonos sp² são mais polarizáveis do que as que envolvem
carbonos sp³, o fenol é mais polar que o hexan-1-ol. Logo, o fenol apresenta maior solubilidade em água
e maior temperatura de ebulição.
Tabela 3: Comparação entre Propriedades Físicas do Etanol e do Fenol

Composto Solubilidade em Água Temperatura de Ebulição Acidez (pKa)

Etanol Infinita 78,4°C 15,9

Fenol 8,4 g/L 181,7°C 9,9

Hexan-1-ol 5,9 g/L 158 °C > 16

2.2. Síntese de Fenóis


Os fenóis menores, incluindo o fenol comum e os cresóis, podem ser obtidos diretamente da
destilação do alcatrão da hulha. A hulha é a fase do carvão com maior teor de carbono, é a parte do carvão
utilizada em processos industriais, como a siderurgia.
Porém, devido à grande importância do fenol como reagente e à facilidade econômica de se obtê-
lo a partir de processos sintéticos, cerca de 90% da produção mundial de fenol é produzido quimicamente
em vez de ser extraída.

2.2.1. Oxidação Controlada do Cumeno


O cumeno (isopropil-benzeno) pode ser preparado a partir da reação entre o benzeno e o propeno
– dois compostos que podem ser obtidos facilmente a partir do petróleo.

Figura 33: Formação do Carbocátion

O carbocátion formado, então, participa de uma substituição eletrofílica no anel aromático,


formando o cumeno (isopropil-benzeno).

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Figura 34: Síntese do Cumeno

A grande importância do cumeno é que sua oxidação controlada produz fenol comum e acetona.
A grande vantagem dessa síntese é transformar dois produtos baratos (benzeno e propeno) em dois
produtos valiosos (fenol e acetona). Atualmente, a maior parte da produção mundial do fenol comum e
acetona vem desse método.

Figura 35: Produção de Fenol e Acetona a partir do Cumeno

Os demais métodos são mais importantes para produzir outros fenóis.

2.2.2. Hidrólise de Sais de Aril-Diazônio


Os sais de aril-diazônio contém um excelente grupo abandonador (𝑁2 ), portanto são bons
substratos para substituição nucleofílica. Basta fazê-los reagir com água que eles produzirão fenóis.

Figura 36: Produção de Fenol a partir de Hidrólise de Sal de Aril-Diazônio

Os sais de aril-diazônio podem ser produzidos a partir da reação entre a anilina e uma solução
ácida de um nitrito. Estudaremos essas reações em mais detalhes no Capítulo sobre as Aminas.

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2.2.3. Hidrólise do Cloro-Benzeno


O clorobenzeno pode ser hidrolisado de duas maneiras para produzir o fenol comum.
Ambas as reações consistem em substituições nucleofílicas. Como vimos no capítulo sobre Haletos
de Alquila, o clorobenzeno é um haleto de arila e, portanto, não tem a tendência de sofrer substituições
nucleofílicas com facilidade.
Porém, isso não significa que seja impossível fazer esse tipo de reação. São necessárias condições
especiais, que serão estudadas a seguir:
• Processo Dow: solução alcalina, altas pressões e temperaturas;
• Processo Raschig: sílica, altas pressões e temperaturas.

Processo Dow: Hidrólise Alcalina


Nesse caso, o fenolato de sódio é produzido numa primeira etapa.

Figura 37: Processo Dow

O fenol pode ser extraído a partir do fenolato de sódio por meio de uma mistura de água e gás
carbônico.

Figura 38: Extração do Fenol a partir do Fenolato de Sódio

Vale ressaltar que, sempre que temos um sal de ácido fraco, podemos extrair o ácido a partir desse
sal pela acidificação da mistura. Isso é verídico, porque o ânion do sal sofre hidrólise.
𝑋 − (𝑎𝑞) + 𝐻2 𝑂 (𝑙) ⇆ 𝐻𝑋 (𝑎𝑞) + 𝑂𝐻 − (𝑎𝑞)
A acidificação da mistura provoca o deslocamento do equilíbrio para a direita, regenerando o ácido
HX.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 29


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Processo Raschig: Hidrólise com Sílica


Esse é um processo industrial mais moderno, pois constitui uma variante econômica do processo
anterior.

Figura 39: Processo Raschig

2.2.3. Fusão alcalina do benzeno-sulfonato de sódio


Esse é um processo industrial antigo e pouco usado para o fenol comum. Porém, o processo pode
ser adaptado para a obtenção de fenóis maiores, como o 𝛽-naftol.
A primeira etapa da reação visa à produção do ácido benzenossulfônico por meio da sulfonação
do benzeno.

O ácido benzenossulfônico reage com sulfito de sódio (Na2SO3) liberando o ácido sulfuroso
(H2SO3), que é instável e se decompõe em H2O e SO2.

O benzenossulfonato de sódio, por sua vez, sofre hidrólise alcalina, regenerando o sulfito de sódio
e liberando água. O produto orgânico dessa etapa é o fenolato de sódio.

Como já visto anteriormente, o fenolato de sódio reage com uma mistura de água e dióxido de
carbono (CO2) para produzir o fenol, liberando bicarbonato de sódio. A conversão de fenolato em fenol
também pode ser feita com o intermédio de um ácido forte.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 30


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Figura 40: Extração do Fenol a partir do Fenolato de Sódio

2.3. Reações dos Fenóis

2.3.1. Esterificação
Como os fenóis são muito mais ácidos que os álcoois, a esterificação não acontece diretamente
com os ácidos carboxílicos. Os fenóis somente formam ésteres quando reagem diretamente com cloretos
de ácido ou anidridos, que são muito mais reativos que os ácidos carboxílicos.

Figura 41: Esterificação dos Fenóis

2.3.2. Substituições no grupo –OH


São reações difíceis, que requerem condições enérgicas.

Figura 42: Substituição do grupo –OH em fenóis

É interessante notar que os fenóis não reagem com HX como os álcoois, apenas com PX3 e PX5,
que são reagentes mais enérgicos. A última reação só acontece em temperaturas e pressões elevadas,
mas, mesmo assim, somente obtém rendimentos compensadores com fenóis maiores.

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2.3.3. Substituições Eletrofílicas no Anel Aromático


O grupo –OH é um grupo doador de elétrons para o anel aromático, por isso, provoca um efeito
ativador nas posições orto e para. As substituições eletrofílicas aromáticas com o fenol são bem mais
rápidas.
Por exemplo, a bromação direta do fenol dispensa até mesmo o uso de catalisador e produz o
produto tribromado. Enquanto o benzeno somente reage com 𝐻𝑁𝑂3 concentrado na presença de 𝐻2 𝑆𝑂4,
o fenol reage até mesmo com 𝐻𝑁𝑂3 diluído.

Figura 43: Substituição Eletrofílica no Fenol

Obs.: Lembre-se que essas reações também acontecem com o benzeno, porém, requerem
condições mais favoráveis. Por exemplo, a nitração do benzeno requer a mistura sulfonítrica
concentrada, em que o ácido sulfúrico é o catalisador da reação.
O fato de essas reações serem muito mais fáceis com o fenol prova que o grupo –OH é, de
fato, um grupo doador de elétrons para o anel aromático.

Outro exemplo importante da grande reatividade do fenol é a reação direta com aldeídos, que
forma um polímero de grande aplicação industrial, conhecido como baquelite.
Esse polímero é utilizado, por exemplo, na fabricação de alças de panelas. Note que a substituição
pode acontecer nas posições orto ou para.

Figura 44: Estrutura da Baquelite

2.3.4. Reações de Oxidação


O fenol é capaz de se oxidar até mesmo com o oxigênio do ar à temperatura ambiente, produzindo
misturas complexas. Por exemplo:

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 32


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Figura 45: Oxidação do Fenol

Por isso, o fenol comum vai avermelhando com o tempo devido à formação de um complexo entre
a quinona e a hidroquinona.
A hidroquinona, em particular, é importante na fabricação de reveladores fotográficos e como
antioxidante.

2.3.5. Reações de Redução


Os fenóis são reduzidos com mais facilidade que os álcoois. É importante observar que o produto
da reação depende do agente redutor utilizado.
• Zn: o grupo –OH é reduzido;
• 𝑯𝟐 /𝑵𝒊: o anel aromático é reduzido.

Figura 46: Redução do Fenol na Presença de Zinco e de Hidrogênio e Níquel

Para entender os produtos da Figura 46, o aluno deve se lembrar que:


• O zinco é metal, portanto, tem afinidade pelo oxigênio, formando o subproduto 𝑍𝑛𝑂;

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 33


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• O gás hidrogênio é muito utilizado para hidrogenar duplas ligações, podendo, até mesmo,
hidrogenar o anel aromático em condições mais extremas.

Creio que se trata de um detalhe muito específico, mas que pode ser explorado pelo examinador
mais impiedoso.

2.4. Aplicações dos Fenóis


O fenol comum é um sólido (pf = 41°C; pe = 182°C) cristalino, incolor, tóxico, corrosivo e
ligeiramente solúvel em água (8,4 g/L). É utilizado:
• Como desinfetante e germicida;
• Na fabricação de baquelite;
• Na fabricação de fenolftaleína, utilizada como indicador ácido-base ou como laxante.
• Na produção de corantes sintéticos;
• Na produção de ácido pícrico e seus derivados:
o Picrato de amônio: explosivo;
o Picrato de butesina: medicamento contra queimaduras.
Os cresóis, por sua vez, são utilizados na fabricação de creolina. A creolina é uma mistura de cresóis
neutralizados por hidróxido de sódio. A creolina é utilizada para dissolver outros produtos químicos, como
desinfetantes e germicidas, e para a produção de perfumes, corantes e inseticidas e ainda na conservação
da madeira, como dormentes de estradas de ferro.

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


A respeito do fenol comum (hidróxi-benzeno), pode-se afirmar que:
a) O fenol dificilmente se oxida, porque a oxidação implicaria a quebra do anel aromático.
b) O fenol é bastante solúvel em água por apresentar elevada polaridade.
c) O fenol é um ácido mais fraco que os álcoois, porque possui uma cadeia carbônica maior.
d) O fenol não reage com ácidos para formar ésteres.
e) O fenol, quando dissolvido em etanol, pode ser considerado um soluto não-volátil.

Comentários
Vamos analisar cada uma das afirmações.
a) Embora seja um composto aromático, o fenol se oxida com facilidade produzindo uma mistura
de compostos. Afirmação errada.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 34


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b) O fenol tem uma cadeia carbônica bastante longa, portanto, é apolar e pouco solúvel em água.
Afirmação errada.
c) O anel aromático é um poderoso removedor de elétrons, portanto, aumenta a força ácida.
Logo, os fenóis são ácidos mais fortes que os álcoois. Afirmação errada.
d) É possível sim a formação de ésteres a partir de fenóis. Para isso, normalmente se utiliza
compostos mais reativos que os ácidos, como os cloretos de ácido. Afirmação errada.
e) Primeiramente, o fenol é bastante solúvel em etanol, já que, por ter cadeia carbônica mais
longa, o fenol é menos volátil que o etanol. Portanto, é considerado um soluto não-volátil.
Afirmação correta.

Gabarito: E

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Como podemos diferenciar, quimicamente, um cresol (metil hidroxi benzeno) do álcool benzílico, que
são isômeros entre si?

Comentários
O cresol é um fenol, portanto, reage com bases fortes, enquanto que o álcool somente reage
diretamente com metais.
Gabarito: E

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


A creolina é utilizada para dissolver outros produtos químicos, como desinfetantes e germicidas, e para
a produção de perfumes, corantes e inseticidas. Assinale a alternativa que contém um composto
utilizado na produção de creolina:
a) Glicerina
b) Para-cresol.
c) Fenolftaleína.
d) Hidroquinona
e) Etileno-glicol.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 35


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Comentários
Os cresóis são utilizados na fabricação de creolina.
Gabarito: B

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


O fenol pode reagir com ácido nítrico.
a) Essa reação é uma substituição eletrofílica ou nucleofílica?
b) Essa reação é mais fácil ou mais difícil de acontecer com o benzeno?
c) Escreva os produtos da reação.
d) O composto formado é um ácido mais forte ou mais fraco que o fenol?

Comentários
O fenol pode reagir com ácido nítrico por substituição eletrofílica.

Essa reação é bem mais fácil do que o que acontece com o benzeno, porque o grupo –OH é um
grupo doador de elétrons para o anel, portanto, um grupo ativador.
O ácido pícrico formado é um ácido mais forte que o fenol devido à presença dos grupos –NO2,
que são grupos removedores de elétrons.
Gabarito: B

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


O fenol é, de maneira geral, um composto bastante estável. No entanto, pode participar de diversas
reações de oxirredução.
a) Escreva a reação de oxidação do fenol ao ar, produzindo um composto amarelo.
b) Escreva a reação de redução do fenol diante de zinco metálico.
c) Escreva a reação de redução do fenol diante de gás hidrogênio na presença de níquel como
catalisador.

Comentários
O fenol se oxida ao ar formando uma mistura bem complexa de produtos.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 36


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A questão se interessou apenas pela produção de paraquinona, que é a parte mais reconhecível
desse processo de oxidação.
Por outro lado, a redução do fenol depende do reagente utilizado.

Gabarito: discursiva

3. Éteres
Os éteres se caracterizam pelo grupo funcional –O–, em que o oxigênio é o heteroátomo.
A nomenclatura oficial dos éteres é feita a partir dos radicais ligados ao oxigênio. Acrescenta-se o
sufixo –OXI ao menor radical seguido ao nome do hidrocarboneto correspondente ao maior radical.
Porém, é possível utilizar nomenclatura semelhante à dos álcoois, com o sufixo –ílico depois do maior
radical.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 37


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Figura 47: Exemplos de Éteres

O éter mais conhecido é o éter dietílico. É um líquido muito volátil, com ponto de ebulição de 35°C,
muito inflamável e com odor característico. Foi bastante utilizado como anestésico em cirurgias.
Atualmente, pode ser encontrado como solvente em graxas, óleos, resinas e tintas.
Em geral, os éteres são formados apenas por radicais primários ligados ao átomo de oxigênio,
como vista na Figura 47. O metil-metóxi-propano é um raro exemplo de éter envolvendo um radical
terciário. É utilizado como antidetonante na gasolina.

Os éteres cíclicos, como o THF e o dioxano, são importantes solventes para compostos orgânicos.

3.1. Propriedades Físicas


Os éteres são substâncias pouco polares. Por isso, podem se dissolver muito bem em água, mas
também podem dissolver compostos orgânicos. No entanto, eles não são capazes de dissolver compostos
iônicos nem algumas substâncias muito polares, como a sacarose.
Os éteres apresentam temperaturas de ebulição menores que os álcoois, porque não são capazes
de formar pontes de hidrogênio entre si.
Tabela 4: Comparação entre Propriedades Físicas de Éteres e Álcoois

Composto Massa Molar Temperatura de Ebulição Solubilidade em Água

Etanol 46 g/mol 78,4 °C Infinita

Éter metílico 46 g/mol -24 °C Infinita

Butan-1-ol 74 g/mol 118 °C 90 g/L

Éter etílico 74 g/mol 34,6 °C 69 g/L

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 38


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Observe que, como os éteres são menos polares que os álcoois e não formam ligações de
hidrogênio, tanto a temperatura de ebulição como a solubilidade em água dos éteres é bastante inferior.
Os éteres são importantes solventes para Reagentes de Grignard. A interação entre éteres e
Reagentes de Grignard é do tipo ácido-base de Lewis, já que o magnésio dispõe de dois orbitais 2p vazios
– após formar duas ligações, ele fica com quatro elétrons na camada de valência.

Figura 48: Interação entre Éteres e Reagentes de Grignard

Outro fato interessante é que os éteres também são solúveis em ácidos, devido a uma reação
ácido-base de Brönsted-Lowry.
𝐶𝐻3 𝑂𝐶𝐻3 + 𝐻2 𝑆𝑂4 → 𝐶𝐻3 (𝑂𝐻)+ 𝐶𝐻3 + 𝐻𝑆𝑂4−

Figura 49: Éteres como Bases de Brönsted-Lowry

3.2. Síntese de Éteres

3.2.1. Desidratação de Álcoois


A desidratação de álcoois na presença de ácido sulfúrico a baixas temperaturas favorece a
formação de éteres, que é um produto de substituição nucleofílica.

Figura 50: Desidratação Intermolecular de Álcoois

É importante lembrar que, a temperaturas maiores, o produto de eliminação é favorecido (eteno).

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 39


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Figura 51: Desidratação do Etanol

3.2.2. Substituição Nucleofílica em Haletos de Alquila


A grande limitação da desidratação é que, quando se deseja produzir um éter assimétrico,
normalmente chega-se a uma mistura de produtos. Vejamos, por exemplo, o que aconteceria se
tentássemos fazer uma desidratação entre o metanol e o etanol.

Haveria a formação de uma mistura de produtos, porque não seria possível impedir que a
desidratação acontecesse entre duas moléculas de metanol ou entre duas moléculas de etanol.
Para resolver esse problema, foi proposta a conhecida como Síntese de Williamson, que é baseada
em uma reação de substituição nucleofílica.
Utiliza-se um alcóxido como nucleófilo. O alcóxido é um ânion derivado de um álcool, que pode
ser produzido a partir da reação entre o álcool e sódio metálico. Também pode ser utilizado um fenóxido
(derivado de um fenol) como nucleófilo. Nesse caso, a produção do ânion é mais simples, pois o fenol
pode reagir diretamente com o hidróxido de sódio.
Essa síntese é muito utilizada para formar éteres não-simétricos, principalmente os aromáticos.
𝑅1 − 𝐶𝑙 + 𝑅2 𝑂− 𝑁𝑎+ → 𝑅1 − 𝑂 − 𝑅2
Segue a reação entre o cloreto de metila e o fenóxido de sódio, produzindo o éter metil-fenílico.

Figura 52: Síntese de Williamson

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 40


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3.3. Reações dos Éteres


Os éteres, em geral, são pouco reativos. Essa pouca reatividade aliada ao fato de que são bons
solventes tanto para substâncias polares como para substâncias apolares, faz que os éteres sejam muito
usados como solventes para muitas reações químicas.

3.3.1. Cisão por Ácidos


Quando aquecidos, os éteres sofrem cisão diante de ácidos fortes, como o ácido sulfúrico, ácidos
halogenídricos (HCl, HBr e HI) e até mesmo diante de certos ácidos de Lewis, como AlCl3.

𝑅1 𝑂𝑅2 + 𝐻𝑋 → 𝑅1 𝑋 + 𝑅2 𝑂𝐻
Em geral, a reação com HX (exceto com HF) ocorre em condições enérgicas, de modo que o álcool
produzido também é convertido em haleto de alquila. Portanto, os produtos são dois haletos.
Esse é um modo particularmente interessante de sintetizar di-haletos.

Figura 53: Cisão do THF por Ácido Iodídrico

3.3.2. Oxidação
Os éteres oxidam lentamente com o oxigênio do ar produzindo peróxidos.
𝑂2
𝑅 − 𝑂 − 𝑅′ → 𝑅 − 𝑂 − 𝑂 − 𝑅′
Os peróxidos, por sua vez, sofrem cisão da ligação O–O com relativa facilidade na presença de luz.
Por isso, o uso de éter envelhecido na adição de HBr a alcenos pode originar o Efeito Kharash, em que
ocorre uma adição anti-Markovnikov.

Etapa de Iniciação:
𝑙𝑢𝑧
𝑅 − 𝑂 − 𝑂 − 𝑅 → 2𝑅 − 𝑂 ∙

Etapas de Propagação:
𝑅 − 𝑂 ∙ +𝐻𝐵𝑟 → 𝑅𝑂𝐻 + 𝐵𝑟 ∙
̇ 𝐶𝐻2 𝐵𝑟
𝐶𝐻3 𝐶𝐻 = 𝐶𝐻2 + 𝐵𝑟 ∙ → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻

Nesse caso, a grande diferença para a adição eletrofílica comum é que o radical 𝐵𝑟 ∙ é adicionado
primeiro. Nesse caso, ele tende a ser adicionado no carbono primário para formar um radical secundário,
que é mais estável que o radical primário, pelo mesmo motivo da estabilidade do carbocátion.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 41


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̇ 𝐶𝐻2 𝐵𝑟 + 𝐻𝐵𝑟 → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝐵𝑟 + 𝐻 ∙


𝐶𝐻3 𝐶𝐻

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Algumas substâncias químicas envelhecem, ou seja, têm sua composição sensivelmente alterada com
o tempo.
a) O fenol comum é incolor, no entanto, adquire uma coloração avermelhada quando exposto ao ar
atmosférico. Explique que propriedade química do fenol comum é responsável por essa reação.
Obs.: Não é necessário aprofundar-se na reação química.
b) O éter comum é bastante usado como solvente para a adição de HBr ao propeno. Quando o éter é
novo, o produto é o cloreto de isopropila. Porém, quando o éter passa algumas semanas exposto ao ar
atmosférico, o produto formado é o cloreto de n-propila.

Comentários
O fenol comum oxida facilmente quando exposto ao oxigênio atmosférico, formando quinonas.

Na presença de éter comum, a adição de HBr ao propeno segue o mecanismo comum de adição
eletrofílica. Porém, o éter envelhecido contém uma razoável concentração de peróxidos:
[𝑂]
𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂𝐶𝐻2 𝐶𝐻3 → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂𝑂𝐶𝐻2 𝐶𝐻3
Os peróxidos, por sua vez, se quebram facilmente na presença de luz produzindo radicais livres.
𝑙𝑢𝑧
𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂𝑂𝐶𝐻2 𝐶𝐻3 → 2𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂 ∙
A reação, portanto, segue um mecanismo radicalar.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)

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Assinale a alternativa que apresenta um composto que NÃO é solúvel em éter etílico:
a) Ácido Sulfúrico.
b) Cloreto de metil-magnésio.
c) Cloreto de metila.
d) Cloreto de Sódio.
e) n-Hexano.

Comentários
Os éteres são substâncias pouco polares e também bases de Brönsted, devido aos pares de elétrons
não-ligantes presentes no heteroátomo. Por isso, eles são bons solventes para ácidos fortes, como o ácido
sulfúrico, e para ácidos de Lewis, como o cloreto de metil-magnésio. Por outro lado, os éteres também
apresentam uma cadeia carbônica. Por isso, eles são bons solventes para substâncias apolares (como o n-
hexano e o cloreto de metila).

No entanto, como os éteres são pouco polares, eles são incapazes de dissolver compostos iônicos
ou outros compostos muito polares, como a glicose.
Gabarito: D
(Estratégia Militares – TFC - Inédita)
Uma substância A foi bastante usada como anestésico. Porém, ele foi gradativamente abandonado
como anestésico porque, além de ser tóxico, era bastante inflamável e causava irritações no trato
respiratório do paciente. Assinale a alternativa que apresenta a nomenclatura oficial da substância A.
a) Hidróxi-benzeno.
b) Etanol
c) Isopropanol.
d) Etoxietano.

Comentários
O éter comum, cuja nomenclatura IUPAC é etoxietano, é utilizado historicamente como
anestésico.
Gabarito: D

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Os compostos sulfurados apresentam propriedades ligeiramente diferentes dos respectivos álcoois.
a) Explique por que o tiometanol reage com bases fortes, enquanto que o metanol não reage.
b) O tio éter dietílico (𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑆𝐶𝐻2 𝐶𝐻3 ) pode reagir facilmente com o oxigênio atmosférico, formando
sulfóxidos e sulfonas.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 43


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Explique por que essa reação é impossível com o éter dietílico.


c) Compare as temperaturas de ebulição à pressão normal do metanol com o metanotiol e do éter etílico
com o tioéter etílico.

Comentários

a) O metanol é capaz de formar pontes de hidrogênio, que estabilizam o hidrogênio na molécula,


dificultando sua ionização. Por isso, o tiometanol é significativamente mais ácido que o álcool
correspondente.
b) O enxofre é do terceiro período, portanto, apresenta orbitais 3d, que podem ser utilizados
para formar mais de 8 ligações. Com o oxigênio, no entanto, isso não é possível, pois ele
pertence ao segundo período.
c) O metanol deve apresentar maior temperatura de ebulição que o metanotiol, porque forma
pontes de hidrogênio.
Por outro lado, tanto o éter dietílico como o tio éter dietílico são polares, mas não formam pontes
de hidrogênio. Sendo assim, a maior massa do tio éter é predominante, portanto o tio éter apresenta
maior temperatura de ebulição.
Gabarito: discursiva

4. Aldeídos e Cetonas
Os aldeídos e as cetonas são genericamente denominados compostos carbonílicos devido à presença do

radical funcional carbonila .

4.1. Forma Geral e Nomenclatura


Nos aldeídos, um dos radicais ligados à carbonila é um átomo de hidrogênio. Nesse caso, a

carbonila passa a ser conhecida como formila .

Já nas cetonas, ambos os radicais são radicais orgânicos .


A nomenclatura dos aldeídos é feita utilizando o sufixo –al. Como o grupo funcional se localiza
necessariamente na ponta da cadeia, não há necessidade de numerá-la. Em alguns casos, utiliza-se uma
nomenclatura vulgar aldeído + nome do radical + –ílico

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Por outro lado, as cetonas são nomeadas com o sufixo –ona. Em geral, deve-se numerá-las, porque
a posição do grupo funcional pode variar. Em alguns casos, utiliza-se uma nomenclatura vulgar: radical 1
+ radical 2 + cetona.
Tanto aldeídos como cetonas podem apresentar anéis aromáticos na sua estrutura, ligados
diretamente ao grupo funcional ou afastados. Em ambos os casos, os compostos ainda permanecem
classificados como aldeídos e cetonas.

Figura 54: Exemplos de Aldeídos

A nomenclatura IUPAC do aldeído benzoico seria fenil-metanal. Embora seja menos utilizada, é
importante que você a conheça.

Figura 55: Exemplos de Cetonas

Existe um grupo muito importante de dicetonas cíclicas, conhecidas como quinonas. As quinonas
são produtos de oxidação dos fenóis, que ocorre espontaneamente na presença de oxigênio atmosférico.

Figura 56: Exemplos de Quinonas

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Assim como os respectivos fenóis, as quinonas são importantes na fabricação de corantes e foram
muito utilizadas na fabricação de reveladores de filmes fotográficos.

4.2. Propriedades Físicas


Aldeídos e cetonas são polares. Somente o metanal e o etanal são gases. Os aldeídos seguintes e
as cetonas de menor cadeia carbônica são líquidas. Somente os aldeídos e cetonas maiores são sólidos.
Os aldeídos e as cetonas mais simples são solúveis em água. A solubilidade diminui com o aumento
da cadeia, de modo que os superiores são insolúveis.
De modo geral, a solubilidade em água e a temperatura de ebulição dos aldeídos e cetonas são
sempre menores que a dos álcoois correspondentes. Além disso, as cetonas são ligeiramente mais
polares que os aldeídos. Portanto, entre uma cetona e um aldeído que são isômeros, é comum que a
cetona apresente a temperatura de ebulição mais alta.
Tabela 5: Comparação entre as Propriedades Físicas de Álcoois, Aldeídos e Cetonas

Função Orgânica Composto Temperatura de Ebulição Solubilidade em Água

Álcool Propan-2-ol 82,5 °C infinita

Aldeído Propanal 48,8 °C Infinita

Cetona Propanona 56 °C Infinita

Vale ressaltar que os aldeídos e cetonas, embora não formem pontes de hidrogênio entre suas
próprias moléculas, podem formar pontes de hidrogênio com a água, haja vista que o aldeído apresenta
pares de elétrons não-ligantes no átomo de oxigênio.

Figura 57: Ligações de Hidrogênio do Aldeído com a Água

Quando líquidos, são normalmente voláteis, de modo que podem apresentar cheiros e aromas
reconhecíveis. Várias aldeídos e cetonas de moléculas grandes são encontrados em flores e óleos
essenciais, enquanto outros são sintetizados pela indústria de perfumaria.
Uma substância para apresentar cheiro deve apresentar, normalmente, duas características:
• Para sentir o cheiro de algo, as moléculas devem penetrar nas nossas narinas, portanto, o
composto precisa apresentar razoável pressão de vapor;
• A molécula deve ser polar para ter alguma interação com os nossos receptores, tendo em vista
que o nariz, assim como boa parte do corpo humano, é um meio aquoso. Assim, hidrocarbonetos,
como os componentes do gás de cozinha, não apresentam cheiro. Porém, aldeídos e cetonas
apresentam.

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4.3. Métodos Gerais de Síntese de Aldeídos e Cetonas

4.3.1. Oxidação (ou dehidrogenação) de Álcoois


Como vimos no Capítulo de Álcoois, a oxidação de álcoois produz:
Tabela 6: Produtos da Oxidação de Álcoois

Tipo de Álcool Produto

Primário Aldeído ou Ácido Carboxílico

Secundário Cetona

Terciário Não oxida

Não é difícil produzir as cetonas dessa forma. Basta utilizar um álcool secundário e um agente
oxidante comum, como o permanganato de potássio.
Por outro lado, em geral, os aldeídos são mais reativos que os próprios álcoois. Por isso, ao utilizar
um reagente, como o permanganato de potássio em meio ácido, é, em geral, muito difícil parar a oxidação
no aldeído. No entanto, podemos utilizar três técnicas para fazer a reação para no aldeído.

• Evaporação do Aldeído:
Ao contrário dos álcoois e dos ácidos carboxílicos, as moléculas de aldeído não formam pontes de
hidrogênio entre si. Portanto, o aldeído é sempre mais volátil que o álcool e o ácido a ele
correspondentes.

Figura 58: Etapas da Oxidação do Etanol

É possível realizar a oxidação em temperatura ligeiramente acima da temperatura de ebulição do


aldeído. Nessa temperatura, o aldeído será gasoso, porém, o álcool e o ácido serão líquidos com baixa
pressão de vapor.
No caso da reação da Figura 27, é possível, por exemplo, utilizar uma temperatura próxima à
ambiente – 25 °C –, pois essa temperatura está ligeiramente acima da temperatura de ebulição do aldeído,
mas muito abaixo da temperatura de ebulição dos outros dois compostos.
Dessa forma, assim que o aldeído é produzido, ele passa para o estado gasoso, não dando tempo
para que ele seja oxidado a ácido carboxílico. É possível, portanto, coletá-lo, pois ele se desprende da fase
líquida em que acontece a reação.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 47


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• Agentes Oxidantes Brandos:


Pode-se utilizar, ainda, agentes oxidantes mais fracos, como o dicromato de piridínio (PDC) –
também conhecido como Reagente de Collins – ou o clorocromato de piridínio (PCC) em meio anidro. O
PDC é preparado a partir da reação do óxido crômico (um óxido ácido) com a piridina, uma base orgânica.

Figura 59: Estrutura do Clorocromato de Piridínio

O PDC em solução anidra é um agente oxidante mais brando que o permanganato de potássio.
Dessa forma, os álcoois primários oxidam apenas a aldeídos.

Figura 60: Oxidação de Álcoois Primários com PDC anidro

• Deidrogenação:
É interessante observar que, na Química Orgânica, oxidar tem dois significados: retirar hidrogênio
ou adicionar oxigênio na molécula.
Porém, nas reações mostradas na Figura 61, podemos notar que a oxidação de álcool a aldeído
pode acontecer somente com a retirada de uma molécula H2. Por outro lado, a oxidação a ácido
carboxílico requer a inserção de oxigênio na molécula.

Figura 61: Etapas da Oxidação do Etanol

Dessa forma, se for utilizado um agente oxidante que não possua oxigênio ou que não seja capaz
de injetar oxigênio na molécula de etanal, a oxidação para na segunda etapa, produzindo o aldeído. O
cromito de cobre (𝐶𝑢2 𝐶𝑟2 𝑂5 ) é um catalisador bastante utilizado para fazer a reação parar na segunda
etapa.

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Figura 62: Dehidrogenação de Álcoois na Presença de Cobre a Quente

4.3.2. Hidratação de Alcinos ou de Haletos Geminados


A hidratação de alcinos produziria enóis. Porém, os enóis, geralmente, se convertem no aldeído ou
cetona correspondente, porque são menos estáveis. Em geral, o aldeído ou cetona corresponde a mais
de 90% do equilíbrio.
A hidratação de alcinos pode ocorrer na presença do reagente 𝐻𝑔𝑆𝑂4 /𝐻2 𝑆𝑂4. É importante
lembrar que o ácido sulfúrico é um catalisador da desidratação, portanto também catalisa a reação
inversa.

Figura 63: Hidratação de Alcinos

Por outro lado, a hidratação de di-haletos geminados, em meio básico, produziria um diol
geminado. O diol geminado é instável e desidrata formando um aldeído ou cetona.

Figura 64: Hidratação de Di-Haletos Geminados

Esse método é bastante utilizado para a síntese do benzaldeído, como ilustrado na Figura 65.

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Figura 65: Produção de Benzaldeído a partir do Tolueno

4.3.3. Ozonólise
Diante de zinco, os produtos da ozonólise são aldeídos e cetonas. O ozônio não é capaz de oxidar
os aldeídos formados.

Figura 66: Esquema Geral da Ozonólise

A Figura 66 mostra que:


• Se o carbono for terciário, o produto é uma cetona;
• Se o carbono for primário ou secundário, o produto é um aldeído.

Figura 67: Exemplo de Ozonólise

4.4. Métodos de Síntese de Aldeídos

4.4.1. Redução de Cloretos de Ácidos


Também conhecida como Síntese de Rosenmund, trata-se da redução branda de cloretos de
ácidos produz aldeídos.

Figura 68: Método de Rosenmund

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O sulfato de bário é um veneno de catalisador, ou seja, é utilizado para diminuir o poder catalítico
do paládio, o que é denominado paládio envenenado.
Caso o paládio não estivesse envenenado, ele teria poder catalítico suficiente para fazer a reação
prosseguir, reduzindo o aldeído a álcool.

4.4.2. Substituição Eletrofílica de CO


Essa reação, na verdade, é uma variante da Síntese de Rosenmund, conhecida como Gatterman-
Koch. Trata-se de uma substituição eletrofílica, em que o monóxido de carbono (CO) se liga ao benzeno.

Figura 69: Síntese de Gatterman-Koch

Observe que essa reação não pode ser considerada uma reação de adição, porque não houve
quebra da ligação pi.

4.5. Métodos de Síntese de Cetonas

4.5.1. Reação de Nitrilas com Compostos de Grignard


É um método interessante para obter cetonas de cadeias (R) longas, pois as nitrilas
correspondentes (RCN) podem ser obtidos a partir de ácidos graxos.

Figura 70: Reação de nitrilas com compostos de Grignard

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4.5.2. Reação de Friedel-Crafts


É uma adição eletrofílica, normalmente catalisada por ácidos de Lewis.

Figura 71: Reação de Friedel-Crafts para Cetonas Aromáticas

4.5.4. Aquecimento de Sais de Cálcio (ou bário) de Ácidos


Carboxílicos
Também conhecida como Método de Piria, consiste em aquecer um sal de cálcio e ácido
carboxílico.
Devemos nos lembrar que o aquecimento libera moléculas pequenas. Dentro de duas ânions do
ácido carboxílico, é possível eliminar uma molécula de dióxido de carbono (CO2).

Figura 72: Método de Píria

Como a reação também libera óxido de cálcio, esse óxido reage com o CO2 produzindo calcário,
por meio de uma típica reação ácido-base entre dois óxidos.

𝐶𝑎𝑂 + 𝐶𝑂2 (𝑔) → 𝐶𝑎𝐶𝑂3 (𝑠)

Se um dos radicais da Figura 72 for H, o produto será um aldeído. Porém, o mais comum é que os
radicais R e R’ sejam iguais.
Esse método foi bastante utilizado para sintetizar a propanona a partir do ácido acético. Por isso,
o nome vulgar da propanona é acetona, em alusão ao ácido acético. Porém, atualmente, quase toda a
produção mundial de acetona vem da oxidação controlada do cumeno, que foi vista no Capítulo sobre
Fenóis, mas pode ser revista na Figura 73.

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Figura 73: Produção de Fenol e Acetona a partir do Cumeno

Esse método é bastante utilizado para a obtenção de cetonas cíclicas. Nesse caso, utiliza-se um sal
de um diácido, como o ácido adípico (pentanodióico).

Figura 74: Obtenção de Ciclopentanona pelo Método de Píria

Uma variante desse método ocorre diretamente com o próprio ácido carboxílico na presença de
óxido de manganês (MnO) ou de tório (ThO2), liberando água (H2O) em vez de cal (CaO).

Figura 75: Produção de Acetona a partir do Ácido Acético

4.6. Reações dos Aldeídos e Cetonas


É muito comum, no caso de compostos orgânicos, realizar a análise centesimal depois de queimar
uma amostra do material.
Os aldeídos e as cetonas são bastante reativos. Os aldeídos são ligeiramente mais reativos,
especialmente nas reações de oxidação. E os compostos carbonílicos alifáticos são mais reativos que os
aromáticos.

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4.6.1. Reações de Oxidação


Essas reações são úteis para diferenciar aldeídos de cetonas.
Os aldeídos podem ser oxidados a ácidos carboxílicos com muita facilidade. Até mesmo os oxidantes
mais brandos podem provocar essa reação. Desse modo, é comum dizer que os aldeídos são redutores.
Por outro lado, as cetonas não podem ser oxidadas a menos por agentes oxidantes muito fortes,
capazes de quebrar a cadeia. Por isso, as cetonas não são redutoras.

Figura 76: Oxidação de Aldeídos

Com base nessa diferença de comportamento, é possível criar vários processos analíticos para
diferenciar aldeídos de cetonas.

4.6.1.1. Diferenciação entre Aldeídos e Cetonas


Estudaremos os Reativos de Tollens e Fehling. Os aldeídos provocam reações com formação de
precipitado nesses reativos, enquanto as cetonas não reagem.

• Reativo de Tollens: é uma solução amoniacal de nitrato de prata. O aldeído é capaz de reduzir os
íons 𝐴𝑔+ a prata metálica, o que forma um espelho de prata nas paredes do tubo de ensaio. As
cetonas não provocam essa reação.

• Reativo de Fehling: é preparado, no instante da reação, misturando-se duas soluções aquosas:


uma de sulfato de cobre II e outra de hidróxido de sódio e um sal de Seignette (tartarato duplo de
sódio e potássio), cuja função é complexar o íon 𝐶𝑢2+ , de modo a evitar a precipitação de
𝐶𝑢(𝑂𝐻)2.

Os aldeídos são também capazes de reduzir o 𝐶𝑢2+ a 𝐶𝑢2 𝑂. As cetonas também não provocam essa
reação.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 54


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Dica: Não é preciso memorizar completamente a composição dos Reagentes de Tollens e de


Fehling. Lembre-se apenas que os aldeídos provocam a formação de precipitados, enquanto
que as cetonas permanecem inertes, porque não se oxidam.

4.6.1.2. Auto-Oxirredução de Aldeídos em Meio Básico


Também conhecida como reação de Canizzaro, é uma auto-oxirredução de aldeídos em meio
básico, formando um sal de ácido carboxílico e um álcool. Essa reação não acontece com cetonas.

Figura 77: Reação de Canizzaro

4.6.2. Reações de Redução


Os aldeídos e as cetonas sofrem redução, produzindo álcoois primário e secundário,
respectivamente.

Figura 78: Redução de Compostos Carbonílicos

4.6.2.1. Agentes Redutores


O agente redutor mais utilizado na Química Orgânica é o próprio gás hidrogênio (𝐻2 ) normalmente
catalisado por Pt, Pd ou Ni, que é o mais barato dos três.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 55


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No entanto, é bastante comum a redução se processar com hidrogênio nascente, que é o hidrogênio
atômico, muitas vezes representado por [H]. O hidrogênio nascente deve ser produzido na hora e é tão
reativo que dispensa o catalisador. Em geral, ele é produzido das seguintes formas:
Por uma reação de deslocamento envolvendo um metal, normalmente Zn, e um ácido:
𝑍𝑛 + 2𝐻𝐶𝑙 → 𝑍𝑛𝐶𝑙2 + 2[𝐻]
Imediatamente quando se processa a reação, o hidrogênio é nascente. Porém, rapidamente os
átomos se combinam para formar 𝐻2(𝑔) .

• A partir de hidretos, que contém o íon 𝐻 − , como o hidreto de sódio 𝑁𝑎𝐻 ou os hidretos mais
reativos, como o boridreto de sódio (𝑁𝑎𝐵𝐻4 ) e o hidreto de lítio e alumínio (𝐿𝑖𝐴𝑙𝐻4 ).
O íon hidreto é um poderoso agente redutor, pois tem muita facilidade de se converter em
hidrogênio atômico na presença de uma substância a ser reduzida.

4.6.3. Reações de Adição Nucleofílica


A reatividade desses compostos se deve às estruturas de ressonância da carbonila, mostradas na
Figura 79.

Figura 79: Estruturas de Ressonância da Carbonila

Devido à forte polarização da carbonila, várias substâncias podem se adicionar a ela. O primeiro
ataque ocorre no carbono, de carga parcial positiva, portanto é chamada de adição nucleofílica.
Os mais importantes substratos nucleófilos são o ácido cianídrico (HCN) e os compostos de Grignard
(RMgX). No entanto, outras substâncias, como H2O, ROH e até mesmo alcinos podem ser usados.

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Figura 80: Adições Nucleofílicas a Compostos Carbonílicos

A Figura 80 ilustra importantes procedimentos para a síntese de um grande grupo de substâncias


de interesse, como os alfa-hidróxi ácidos e álcoois terciários. É importante lembrar que outros métodos
de síntese de álcoois se restringem a primários e secundários.

4.6.4. Reações de Substituição dos Hidrogênios Alfa


Com o grupo carbonila é muito polar, os hidrogênios dos carbonos vizinhos a esse grupo
(denominados hidrogênios alfa) são relativamente ácidos. Essa acidez traz certas propriedades químicas
importantes aos aldeídos e cetonas.

4.6.4.1. Tautomeria
Uma característica muito importante dos aldeídos e cetonas é o fenômeno da tautomeria, que é
um equilíbrio dinâmico com um enol. A tautomeria é uma propriedade decorrente da acidez do
hidrogênio do carbono alfa à carbonila.
A tautomeria somente acontece no estado líquido, porque, nesse estado, as moléculas possuem
um maior nível de energia.

Figura 81: Equilíbrio Tautomérico

Quando o carbono vizinho à carbonila não contém hidrogênio, não há a possibilidade de equilíbrio
tautomérico. É o caso do benzaldeído.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 57


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Figura 82: Molécula de Aldeído Benzóico não admite formas tautoméricas

Em geral, quando acontece a tautomeria, o enol formado corresponde a menos de 5% do


equilíbrio. Por outro lado, quando o enol formado pode se estabilizar por ressonância, a cetona (ou
aldeído) apresenta um maior conteúdo enólico. É o caso do aldeído benzílico.

Figura 83: Formas de Equilíbrio Tautomérico do Aldeído Benzílico

4.6.4.2. Substituição por halogênios


Os hidrogênios alfa são facilmente substituíveis por halogênios. Ao contrário do que acontece nos
alcanos, a halogenação pode acontecer a frio e mesmo na ausência de catalisadores, gerando sempre o
produto maximamente clorado.
O etanal, por exemplo, é clorado rapidamente na presença de gás cloro, formando o tricloroetanal.
O tricloroetanal é um importante reagente para a produção de DDT e pode ser decomposto na presença
de hidróxido de sódio, liberando clorofórmio.

Figura 84: Halogenação de Aldeídos

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4.6.4.3. Condensações Aldólicas


As condensações aldóolicas são uma importante prova teórica da polarização das moléculas de
aldeídos e cetonas. Elas decorrem da polarização da carbonila de uma molécula e da acidez do hidrogênio
alfa de outra.
É semelhante ao processo de tautomeria, porém, o hidrogênio ácido é proveniente de uma
molécula vizinha. Considere, por exemplo, a condensação alcóolica de duas moléculas de etanal.

Figura 85: Condensação Aldólica em um par de moléculas de etanal

Compare a Figura 85, que mostra uma condensação aldólica no etanal, com a Figura 86, que
mostra uma tautomerização na mesma substância.

Figura 86: Tautomerização da molécula de etanal

O esquema geral de uma condensação aldólica pode ser mostrado na Figura 87. Uma das
moléculas pode ser escrita na estrutura de ressonância para facilitar, e o hidrogênio alfa da outra molécula
é que realiza o ataque, ligando-se ao hidrogênio para formar uma hidroxila (grupo –OH).

Figura 87: Condensações Aldólicas

O composto formado na Figura 87 é conhecido como aldol. Ele pode ser desidratado com
facilidade, produzindo aldeídos (ou cetonas) alfa-insaturados.

Figura 88: Desidratação do Aldol Comum

O esquema geral da condensação aldólica é:

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 59


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• O oxigênio presente no grupo aldeído ou cetona de uma das moléculas é eliminado na forma de
H2O com os dois hidrogênios do carbono alfa da segunda molécula;
• Forma-se uma ligação dupla entre o carbono da carbonila na primeira molécula e o carbono alfa
da segunda molécula;
• Note que uma das carbonilas é conservada.

O O

H3C C O + H2C C H H3C C CH C H + H2O

H H H
Figura 89: Condensação Aldólica em um par de moléculas de etanal

4.7. Aplicações
Aldeídos e cetonas superiores, incluindo alguns de cadeia cíclica são muito utilizados como
perfumes e essências. Além disso, os aldeídos menores têm outras aplicações industriais.

4.7.1. Metanal
O metanal (aldeído fórmico ou formaldeído) é um gás (PE = -21ºC) incolor, de cheiro característico
irritante e bastante solúvel em água. O formol é uma solução aquosa contendo cerca de 40% de metanal,
bastante usada como desinfetante e na conservação de cadáveres e peças anatômicas.
O metanal é comumente preparado pela oxidação do metanol:
𝑃𝑡,Δ
2𝐶𝐻3 𝑂𝐻 + 𝑂2 (𝑎𝑟) → 2𝐶𝐻2 𝑂 + 2𝐻2 𝑂

As principais aplicações do metanal são:


• Desinfetante;
• Conservação de cadáveres e peças anatômicas;
• Fabricação de baquelite (fenol + metanal) e galactite (caseína do leite + metanal);

4.7.2. Etanal
O etanal é o primeiro produto da oxidação do etanol e o principal responsável pela ressaca. Em
condições ambientes, é um gás, porém é líquido em condições um pouco mais frias (PE = 21ºC).
Suas principais aplicações são:
• Fabricação de espelhos de prata;
• Produção de ácido acético;

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 60


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• Produção de resinas;
• Produção do cloral (tricloroetanal)
O cloral é usado como hipnótico para clarificar tecidos animais (anatomia) e na produção do DDT,
um poderoso inseticida, através de uma substituição eletrofílica bastante interessante envolvendo dois
anéis aromáticos.

Figura 90: Síntese de DDT

4.7.3. Propanona
Popularmente conhecida como acetona, é um líquido inflamável (PE = 56ºC), muito volátil,
inflamável, de cheiro agradável. É muito solúvel em água e nos solventes orgânicos comuns, por isso é
bastante usada como solvente para diversas reações, em particular, nas reações SN2.
As principais aplicações da acetona são:
• Como solvente para compostos orgânicos, sedas artificiais, tintas, vernizes e esmaltes.
• Extração de óleos e gorduras de sementes;
• Fabricação de pólvora sem fumaça;
• Fabricação de medicamentos hipnóticos
• Na produção de anidrido acético.
A produção de anidrido acético envolve a síntese de um composto muito particular conhecido
como ceteno.

Figura 91: Produção de Anidrido Acético a partir de Acetona

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 61


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(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Determine os compostos indicados pelas letras no esquema:

Comentários

Gabarito: A – cloreto de acetila; B – acetato de etila; C – acetato de sódio; D – metano; E – etano; F –


acetato de cálcio; G – acetona ; H – álcool terc-butílico; I – metil-propeno; J – cloreto de terc-butila; K –
2,2,3,3-tetrametil-butano; L – anidrido acético; M – acetato de fenila

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


As metil-cetonas podem reagir com iodo metálico em meio alcalino (NaOH) havendo precipitado de
iodofórmio (tri-iodo metano). Escreva a reação balanceada.

Comentários

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 62


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Esse é um importante teste para a detecção de metil-cetonas. Essa mesma reação acontece com
os álcoois secundários, cujos produtos de oxidação são metil-cetonas, como o isopropanol.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


A e B são dois derivados clorados isômeros. Aquecidos com potassa alcóolica, ambos conduzem a um
hidrocarboneto C. O composto A é obtido tratando uma cetona com pentacloreto de fósforo e B pode
desdobrarse em isômeros ópticos.
a) Estabelecer as estruturas de A, B e C.
b) Formular uma síntese para A e B a partir de iodeto de metila e acetileno como únicos produtos
orgânicos.
Dados: Composição centesimal de A e B: 32,1% C; 5,36% H; 62,5% Cl. Massa Molecular de A e B: 113
g/mol. C = 12 u; H = 1 u; Cl = 35,5 u.

Comentários

Considere que a fórmula molecular dos compostos A e B seja:


𝐶𝑐 𝐻ℎ 𝐶𝑙𝑓
Dessa maneira, em 113g (1 mol) dos compostos A e B, existem:
36,3
𝐶 = 0,321.113𝑔 = ≈ 3 𝑚𝑜𝑙
12
6
𝐻 = 0,0536.113𝑔 = ≈ 6 𝑚𝑜𝑙
1
70,6
𝐶𝑙 = 0,625.113𝑔 = ≈ 2 𝑚𝑜𝑙
35,5
Portanto, a fórmula molecular dos compostos é:
𝐶3 𝐻6 𝐶𝑙2
Com essa fórmula molecular, existem quatro dicloretos:

Como o dicloreto A é obtido a partir de uma cetona, conclui-se que ele é geminado num carbono
secundário. Portanto, ele só pode ser o 2,2-dicloro-propano.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 63


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O produto de desidratação do composto A é o propino (composto C), mesmo produto que pode
ser obtido com o 1,2-dicloropropano (composto B), que apresenta isomeria óptica.

Os compostos A e B, por sua vez, podem ser obtidos a partir do acetileno.


Síntese de A:

Síntese de B:

Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Um hidrocarboneto de fórmula C8H16 dá por ozonólise acetona e um aldeído que não possui formas
tautoméricas.
a) Qual é o hidrocarboneto?
b) Escreva a reação de Canizzaro para o aldeído formado. Isto é, a reação entre esse aldeído e sódio
metálico.

Comentários

Como o aldeído formado não possui formas tautoméricas, ele não possui hidrogênio preso ao
carbono alfa. Como ele deve possuir cinco carbonos, a única possibilidade é o dimetilpropanal. Portanto,
o hidrocarboneto em questão é o seguinte:

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 64


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Obs.: A reação de Canizzaro somente acontece com aldeídos que não apresentam formas tautoméricas.
Caso o aldeído apresente formas tautoméricas, ele reagirá com sódio metálico formando enolatos.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


O que é e para que servem os reativos de Fehling e Tollens?

Comentários
Os reativos de Fehling e Tollens são soluções que se reduzem na presença de um agente redutor.
Por conta dessa propriedade, são bastante utilizados para diferenciar um aldeído de uma cetona. Os
aldeídos são redutores, portanto são capazes de reduzir esses reativos. Já as cetonas não são capazes.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Deseja-se determinar se uma amostra de propanona líquida está contaminada por etanal. Proponha
um método para detectar e eliminar o etanal dessa amostra.

Comentários
Basta adicionar uma pequena quantidade do reativo de Tollens ou Fehling à amostra. Todo o
aldeído formado se oxidará a ácido carboxílico e aparecerá na forma de sal, que é insolúvel em propanona.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Proponha um método para obter benzaldeído a partir de tolueno.

Comentários
É preciso converter o tolueno em diclorotolueno por meio de cloração na presença de luz
ultravioleta. A seguir, adiciona-se hidróxido de sódio.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 65


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Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Proponha um método de síntese do ácido láctico (2-hidróxi propanoico) a partir de algum aldeído ou
cetona. Nesse caso, algum dos isômeros ópticos será favorecido?

Comentários
Deve-se realizar uma adição nucleofílica de HCN ao etanal. A seguir, efetua-se a hidrólise da nitrila
formada.

Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Qual das seguintes substâncias não reage com HCN? Escreva as reações das demais substâncias:
a) Etanal
b) Propanona
c) Eteno
d) Etino
e) Buta-1,3-dieno

Comentários

Gabarito: C

(IME – 2011)
Para cada composto abaixo, apresente as fórmulas estruturais planas das formas tautoméricas, se
houver, ou justifique a inexistência de tautomeria.
a) CH3COCH3COCH3

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 66


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b) Aldeído benzoico

Comentários
a) A 2,4-pentanodiona apresenta várias formas tautoméricas:

𝐶𝐻2 = 𝐶𝑂𝐻𝐶𝐻2 𝐶𝑂𝐶𝐻3


𝐶𝐻3 − 𝐶𝑂𝐻 = 𝐶𝐻𝐶𝑂𝐶𝐻3
𝐶𝐻3 𝐶𝑂𝐶𝐻 = 𝐶𝑂𝐻 − 𝐶𝐻3
𝐶𝐻3 𝐶𝑂𝐶𝐻2 − 𝐶𝑂𝐻 = 𝐶𝐻2
𝐶𝐻2 = 𝐶𝑂𝐻 − 𝐶𝐻 = 𝐶𝑂𝐻 − 𝐶𝐻3
𝐶𝐻3 − 𝐶𝑂𝐻 = 𝐶𝐻 − 𝐶𝑂𝐻 = 𝐶𝐻2
𝐶𝐻3 − 𝐶𝑂𝐻 = 𝐶 = 𝐶𝑂𝐻 − 𝐶𝐻3
b) O aldeído benzoico não apresenta formas tautoméricas, pois a tautomeria implicaria quebrar o
anel benzênico, que é muito estável.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


As reduções da 2-butanona e do butanal com zinco, ácido clorídrico e níquel como catalisador
produzem, respectivamente:
a) A mistura racêmica do 2-butanol e 1-butanol.
b) Apenas um dos isômeros ópticos do 2-butanol e 1-butanol.
c) Ambas produzem 1-butanol.
d) Ambas produzem a mistura racêmica do 2-butanol.
e) Apenas um dos isômeros ópticos do 2-butanol e a mistura racêmica do 2-butanol.

Comentários

Gabarito: A

(IME – 2017)
Dê as fórmulas estruturais planas dos compostos orgânicos eletronicamente neutros, oriundos do
etanal, em cada uma das reações abaixo:
a) Oxidação com ácido crômico;
b) Adição de cianeto de hidrogênio;
c) Adição de bissulfito de sódio;
d) Redução com boroidreto de sódio;

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 67


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e) Reação de Tollens (solução de nitrato de prata amoniacal).

Comentários
A oxidação de aldeídos produz ácidos carboxílicos. Essa é a principal reação que diferencia os
aldeídos de cetonas.

A seguir, exploramos a importante reação de substituição nucleofílica em aldeídos e cetonas.


Tanto o HCN como o NaHS são nucleófilos.

A reação com boroidreto de sódio é uma redução, tendo que em vista que o 𝐵𝐻4− possui hidreto,
que é um poderoso redutor.

Por fim, temos a famosa reação de Tollens, que provoca a oxidação de aldeídos com a formação
do espelho de prata.

Gabarito: discursiva

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 68


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5. Lista de Questões Propostas


CONSTANTES

Constante de Avogadro (NA) = 6,02 x 1023 mol-1

Constante de Faraday (F) = 9,65 x 104 °C mol-1 = 9,65 x 104 A s mol-1 = 9,65 x 104 J V-1 mol-1

Volume molar de gás ideal = 22,4 L (CNTP)

Carga elementar = 1,602 x 10-19 C

Constante dos gases (R) = 8,21 x 10-2 atm L K-1 mol-1 = 8,31 J K-1 mol-1 = 1,98 cal K-1 mol-1

Constante gravitacional (g) = 9,81 m s-2

Constante de Planck (h) = 6,626 x 10-34 m2 kg s-1

Velocidade da luz no vácuo = 3,0 x 108 m s-1

Número de Euler (e) = 2,72

DEFINIÇÕES
Presão: 1 atm = 760 mmHg = 1,01325 x 105 N m-2 = 760 Torr = 1,01325 bar
Energia: 1 J = 1 N m = 1 kg m2 s-2
Condições normais de temperatura e pressão (CNTP): 0°C e 760 mmHg
Condições ambientes: 25 °C e 1 atm
Condições padrão: 1 bar; concentração das soluções = 1 mol L-1 (rigorosamente: atividade unitária das
espécies); sólido com estrutura cristalina mais estável nas condições de pressão e temperatura em
questão
(s) = sólido. (l) = líquido. (g) = gás. (aq) = aquoso. (CM) = circuito metálico. (conc) = concentrado.
(ua) = unidades arbitrárias. [X] = concentração da espécie química em mol L -1

MASSAS MOLARES

Elemento Número Massa Molar (g Elemento Número Massa Molar (g


Químico Atômico mol-1) Químico Atômico mol-1)

H 1 1,01 Mn 25 54,94

Li 3 6,94 Fe 26 55,85

C 6 12,01 Co 27 58,93

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 69


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N 7 14,01 Cu 29 63,55

O 8 16,00 Zn 30 65,39

F 9 19,00 As 33 74,92

Ne 10 20,18 Br 35 79,90

Na 11 22,99 Mo 42 95,94

Mg 12 24,30 Sb 51 121,76

Al 13 26,98 I 53 126,90

Si 14 28,08 Ba 56 137,33

S 16 32,07 Pt 78 195,08

Cl 17 35,45 Au 79 196,97

Ca 20 40,08 Hg 80 200,59

1. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Dos compostos abaixo, quais pertence ao grupo dos álcoois?

a)

b)

c)

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 70


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d)

2. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

A respeito das propriedades físicas dos álcoois, explique:

a) Por que o etanol pode se dissolver tanto em água como em gasolina?

b) Por que o etanol apresenta maior temperatura de ebulição que o éter dimetílico, mas apresenta menor temperatura de
ebulição que o ácido metanoico?

3. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

O etanol pode se desidratar de duas maneiras diante do ácido sulfúrico.

a) Explique por que o etanol dificilmente se desidrata diante de potassa alcóolica como os haletos de alquila.

b) Escreva as reações de desidratação do álcool a quente e a frio. Qual delas deve apresentar a maior variação de entropia
(mais positiva)?

c) Explique, com base na Termodinâmica, por que uma dessas reações é preponderante a temperaturas mais altas.

4. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

O permanganato de potássio (KMnO4) é um agente oxidante versátil, importante na Química Orgânica.

a) Escreva as decomposições do permanganato de potássio em meio ácido e em meio básico, formando os respectivos
óxidos de cada elemento. Considere que, em meio ácido, o manganês se reduz a +2 e, em meio básico, a +4. Considere
ainda que é liberado oxigênio atômico, denotado por [O]. Qual deles pode ser considerado um oxidante mais forte, ou
seja, aquele que libera mais [O]?

b) Sabendo que a redução do manganês a +2 somente acontece em meio ácido, pode-se dizer que o 𝑯 + é um catalisador
da reação.

c) Escreva as reações do KMnO4 com 2-buteno em meios básico e ácido.

5. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

A respeito do fenol comum (hidróxi-benzeno), pode-se afirmar que:

a) O fenol dificilmente se oxida, porque a oxidação implicaria a quebra do anel aromático.

b) O fenol é bastante solúvel em água por apresentar elevada polaridade.

c) O fenol é um ácido mais fraco que os álcoois, porque possui uma cadeia carbônica maior.

d) O fenol não reage com ácidos para formar ésteres.

e) O fenol, quando dissolvido em etanol, pode ser considerado um soluto não-volátil.

6. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 71


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Como podemos diferenciar, quimicamente, um cresol (metil hidroxi benzeno) do álcool benzílico, que são isômeros entre
si?

7. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

A creolina é utilizada para dissolver outros produtos químicos, como desinfetantes e germicidas, e para a produção de
perfumes, corantes e inseticidas. Assinale a alternativa que contém um composto utilizado na produção de creolina:

a) Glicerina

b) Para-cresol.

c) Fenolftaleína.

d) Hidroquinona

e) Etileno-glicol.

8. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

O fenol pode reagir com ácido nítrico.

a) Essa reação é uma substituição eletrofílica ou nucleofílica?

b) Essa reação é mais fácil ou mais difícil de acontecer com o benzeno?

c) Escreva os produtos da reação.

d) O composto formado é um ácido mais forte ou mais fraco que o fenol?

9. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

O fenol é, de maneira geral, um composto bastante estável. No entanto, pode participar de diversas reações de
oxirredução.

a) Escreva a reação de oxidação do fenol ao ar, produzindo um composto amarelo.

b) Escreva a reação de redução do fenol diante de zinco metálico.

c) Escreva a reação de redução do fenol diante de gás hidrogênio na presença de níquel como catalisador.

10. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Algumas substâncias químicas envelhecem, ou seja, têm sua composição sensivelmente alterada com o tempo.

a) O fenol comum é incolor, no entanto, adquire uma coloração avermelhada quando exposto ao ar atmosférico. Explique
que propriedade química do fenol comum é responsável por essa reação.

Obs.: Não é necessário aprofundar-se na reação química.

b) O éter comum é bastante usado como solvente para a adição de HBr ao propeno. Quando o éter é novo, o produto é o
cloreto de isopropila. Porém, quando o éter passa algumas semanas exposto ao ar atmosférico, o produto formado é o
cloreto de n-propila.

11. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Assinale a alternativa que apresenta um composto que NÃO é solúvel em éter etílico:

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 72


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a) Ácido Sulfúrico.

b) Cloreto de metil-magnésio.

c) Cloreto de metila.

d) Cloreto de Sódio.

e) n-Hexano.

12. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Uma substância A foi bastante usada como anestésico. Porém, ele foi gradativamente abandonado como anestésico
porque, além de ser tóxico, era bastante inflamável e causava irritações no trato respiratório do paciente. Assinale a
alternativa que apresenta a nomenclatura oficial da substância A.

a) Hidróxi-benzeno.

b) Etanol

c) Isopropanol.

d) Etoxietano.

13. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Os compostos sulfurados apresentam propriedades ligeiramente diferentes dos respectivos álcoois.

a) Explique por que o tiometanol reage com bases fortes, enquanto que o metanol não reage.

b) O tio éter dietílico 𝑪𝑯𝟑𝑪𝑯𝟐𝑺𝑪𝑯𝟐𝑪𝑯𝟑 pode reagir facilmente com o oxigênio atmosférico, formando sulfóxidos e
sulfonas.

Explique por que essa reação é impossível com o éter dietílico.

c) Compare as temperaturas de ebulição à pressão normal do metanol com o metanotiol e do éter etílico com o tioéter
etílico.

14. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Determine os compostos indicados pelas letras no esquema:

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 73


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15. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

As metil-cetonas podem reagir com iodo metálico em meio alcalino (NaOH) havendo precipitado de iodofórmio (tri-iodo
metano). Escreva a reação balanceada.

16. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

A e B são dois derivados clorados isômeros. Aquecidos com potassa alcóolica, ambos conduzem a um hidrocarboneto C. O
composto A é obtido tratando uma cetona com pentacloreto de fósforo e B pode desdobrarse em isômeros ópticos.

a) Estabelecer as estruturas de A, B e C.

b) Formular uma síntese para A e B a partir de iodeto de metila e acetileno como únicos produtos orgânicos.

Dados: Composição centesimal de A e B: 32,1% C; 5,36% H; 62,5% Cl. Massa Molecular de A e B: 113 g/mol. C = 12 u; H = 1
u; Cl = 35,5 u.

17. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Um hidrocarboneto de fórmula C8H16 dá por ozonólise acetona e um aldeído que não possui formas tautoméricas.

a) Qual é o hidrocarboneto?

b) Escreva a reação de Canizzaro para o aldeído formado. Isto é, a reação entre esse aldeído e sódio metálico.

18. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

O que é e para que servem os reativos de Fehling e Tollens?

19. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Deseja-se determinar se uma amostra de propanona líquida está contaminada por etanal. Proponha um método para
detectar e eliminar o etanal dessa amostra.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 74


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20. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Proponha um método para obter benzaldeído a partir de tolueno.

21. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Proponha um método de síntese do ácido láctico (2-hidróxi propanoico) a partir de algum aldeído ou cetona. Nesse caso,
algum dos isômeros ópticos será favorecido?

22. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Qual das seguintes substâncias não reage com HCN? Escreva as reações das demais substâncias:

a) Etanal

b) Propanona

c) Eteno

d) Etino

e) Buta-1,3-dieno

23. (IME – 2011)

Para cada composto abaixo, apresente as fórmulas estruturais planas das formas tautoméricas, se houver, ou justifique a
inexistência de tautomeria.

a) CH3COCH3COCH3

b) Aldeído benzoico

24. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

As reduções da 2-butanona e do butanal com zinco, ácido clorídrico e níquel como catalisador produzem, respectivamente:

a) A mistura racêmica do 2-butanol e 1-butanol.

b) Apenas um dos isômeros ópticos do 2-butanol e 1-butanol.

c) Ambas produzem 1-butanol.

d) Ambas produzem a mistura racêmica do 2-butanol.

e) Apenas um dos isômeros ópticos do 2-butanol e a mistura racêmica do 2-butanol.

25. (IME – 2017)

Dê as fórmulas estruturais planas dos compostos orgânicos eletronicamente neutros, oriundos do etanal, em cada uma
das reações abaixo:

a) Oxidação com ácido crômico;

b) Adição de cianeto de hidrogênio;

c) Adição de bissulfito de sódio;

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 75


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d) Redução com boroidreto de sódio;

e) Reação de Tollens (solução de nitrato de prata amoniacal).

26. (ITA 2021 – 1ª Fase)

Considerando substâncias comparadas nas mesmas condições de pressão e temperatura, assinale a opção que apresenta a
afirmação ERRADA sobre interações intermoleculares na fase líquida.

a) Cis-1,2-dicloroeteno tem maior tensão superficial que trans-1,2-dicloroeteno.

b) Benzeno tem maior tensão superficial que hexano.

c) Propanona tem maior viscosidade que o butano.

d) Tiofenol tem mais viscosidade que fenol.

e) A capilaridade da água em um tubo de vidro é maior que a do etanol.

27. (V. Nehmi)

Determine os compostos indicados no esquema:

Obs.: Na hidratação de alcenos, Victor Nehmi considera a formação de um composto intermediário A, resultante da adição
eletrofílica de H2SO4 ao alceno. Esse composto é, então, hidrolisado formando o produto conhecido.

28. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Como podemos diferenciar, quimicamente, um cresol (metil hidroxi benzeno) do álcool benzílico, que são isômeros entre
si?

29. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

O propan-1-ol é um importante álcool utilizado na indústria química.

a) Escreva a reação do propan-1-ol com ácido sulfúrico concentrado e a quente (170ºC)

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 76


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b) Escreva a reação do propan-1-ol com ácido sulfúrico concentrado, porém a temperaturas mais baixas (120ºC)

c) Escreva a reação do propan-1-ol com o cloreto de tionila 𝑺𝑶𝑪𝒍𝟐, gerando o composto A.

d) Qual é o alceno produzido a partir da reação de eliminação de A? Para produzir essa reação, é conveniente utilizar
potassa alcóolica ou meio ácido?

30. (ITA – 2016)

Considere a rota de síntese do 1-bromo-2-metil-2-propanol mostrada abaixo:

a) Escreva a fórmula estrutural do composto orgânico X.

b) Escreva a fórmula estrutural do composto orgânico Y.

c) Escreva a fórmula do composto orgânico que seria formado se, ao invés de água, o solvente utilizado na última reação
química fosse o metanol.

31. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Explique por que a desidratação do item b) da questão anterior acontece a temperatura de 50ºC, enquanto que a
desidratação do álcool etílico acontece apenas 170ºC.

32. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Indique a alternativa que contém um álcool que pode causar a morte quando ingerido:

a) Metanol

b) Etanol

c) Propanol

d) Isopropanol

e) Etileno-glicol.

33. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

A oxidação de um determinado álcool com permanganato de potássio produziu o seguinte composto:

CH3 – CO – C (CH2CH2CH3) – CH2 – COOH

Esse composto apresenta estereoisômeros?

a) Determine a fórmula estrutural do álcool que, quando oxidado, produz esse composto.

b) Esse álcool apresenta estereoisômeros?

c) Determine o produto da eliminação completa de água do álcool obtido no item b.

d) É possível regenerar o álcool do item b pela adição de água em meio ácido.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 77


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34. (ITA – 2009)

Foi observada a reação entre um composto X e uma solução aquosa de permanganato de potássio, a quente, ocorrendo
aumento do pH da solução e a formação de um composto Y sólido. Após a separação do composto Y e a neutralização da
solução resultante, verificou-se a formação de um composto Z pouco solúvel em água. Assinale a opção que melhor
apresenta o grupo funcional do composto orgânico X.

a) Álcool

b) Amida

c) Amina

d) Éster

e) Éter

35. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Escreva as reações de oxidação parcial e total do propan-1-ol e do propan-2-ol. Os produtos formados são diferentes?

36. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

O terc-butilmetiléter é muito utilizado como agente antidetonante para a gasolina. A respeito dessa substância, pede-se:

a) A sua fórmula estrutural.

b) As fórmulas estruturais e os nomes oficiais dos álcoois que podem formá-la por meio de reação de desidratação
intermolecular conjunta.

c) A sua nomenclatura IUPAC utilizando o prefixo –oxi.

37. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Escreva todos os quatro possíveis produtos das seguintes reações do etanol:

a) desidratação, em presença de ácido sulfúrico.

b) de oxidação, em presença de dicromato de potássio e ácido sulfúrico.

38. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

A argila aquecida serve como catalisadora para a reação de desidratação intramolecular do etano. O produto liberado
nessa reação, a seguir, absorvido pela água de bromo. Determine o produto final desse processo.

39. (IME – 2014)

Certo composto 𝜷 é produzido através da reação:

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 78


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Dois bécheres são colocados em um sistema fechado, mantido a 40°C. O bécher da esquerda contém 200 mL de etanol,
enquanto o da direita contém uma solução de 500 mg do composto 𝜷 em 200 mL de etanol, conforme a representação a
seguir.

Assinale a alternativa que melhor representa os níveis de líquido nos bécheres três horas após o início do confinamento.

40. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

A baquelite é uma resina sintética, quimicamente estável e resistente ao calor, que foi o primeiro produto não-plástico. É
bastante usada em peças que necessitam de isolamento eléctrico e isolamento térmico (suportes de lâmpadas, conectores
tipo «Sindal (Bendal)» e alças de panelas). Ela é um polímero de condensação obtido do fenol com o formaldeído,
envolvendo os hidrogênios das posições orto ou para em relação ao grupo –OH. Desenhe sua fórmula estrutural.

41. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Deseja-se determinar o percentual de éter dimetílico numa solução desse éter com uma mistura de hidrocarbonetos. Para
isso, adiciona-se HI a quente à solução, liberando um gás.

a) Escreva a reação do éter dimetílico com HI.

b) O gás liberado é coletado numa solução de nitrato de prata, produzindo uma reação com formação de precipitado. Qual
é esse precipitado?

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 79


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c) O precipitado formado foi pesado e foram encontrados 117g. Sabendo que a massa total da solução original era de
100g, determine o título em massa do éter dimetílico na solução original.

Dados: Massas molares (H = 1, C = 12, N = 14, O = 16, Ag = 107, I = 127).

42. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

As funções oxigenadas podem reagir com metais devido à sua polaridade. Escreva as seguintes reações.

a) Etanol com sódio metálico.

b) Fenol com zinco.

43. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

A síntese de éteres simétricos a partir da desidratação de álcoois é complicada, principalmente devido ao fato de
concorrer com a eliminação.

a) Proponha um reagente para converter o etanol ao cloreto de etila.

b) Explique por que a reação do cloreto de etila com óxido de prata gera o éter (produto de substituição nucleofílica) como
produto principal, em vez de produzir o produto de eliminação.

44. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Explique por que o processo de desidratação de álcoois não dá bom rendimento na preparação de éter etil-propílico.
Proponha um procedimento alternativo.

45. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

Num recipiente fechado, coloca-se uma amostra de éter líquido que se encontra em equilíbrio com a fase de éter vapor.
Sobre esse recipiente, coloca-se um êmbolo de altura regulável. Movimentando esse êmbolo, é possível variar o volume
do recipiente, sem que se altere a temperatura do sistema. A respeito desse sistema, pode-se afirmar que:

a) A pressão de vapor do éter cresce com o volume do recipiente.

b) A pressão de vapor do éter diminui com o volume do recipiente.

c) A massa de éter líquido cresce com o volume do recipiente.

d) A massa de éter líquido diminui com o volume do recipiente.

e) Tanto a pressão de vapor como o volume de éter líquido são independentes do volume do recipiente.

46. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

A respeito das seguintes reações, quais delas acontecem com os álcoois e quais acontecem com os fenóis?

I – ROH + Na → RO–Na+ + ½ H2(g)

II – ROH + NaOH → R O–Na+ + H2O()

III – ROH + HC → RC+ H2O

47. (Estratégia Militares – TFC – Inédita)

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 80


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A respeito da comparação entre o metanol (CH3OH) e o metanotiol (CH3SH), são feitas as seguintes afirmações:

I – O ponto de ebulição do metanol é maior que o do metanotiol

II – A solubilidade em água do metanol é maior que a do metanotiol

III – O metanol é um ácido mais forte que o metanotiol

Das afirmações acima, está(ão) CORRETA(S):

a) apenas I.

b) apenas I e II.

c) apenas II.

d) apenas II e III.

e) I, II e III.

48. (Estratégia Militares – TFC – Inédita)

A cânfora é bastante utilizado como anti-inflamatório nasal e tem a seguinte fórmula estrutural.

A respeito dessa molécula, responda aos seguintes itens.

a) Proponha uma nomenclatura IUPAC para esse composto.

b) Explique por que a molécula apresenta elevada tensão angular.

c) Ao contrário de outras cetonas, a cânfora sofre oxidação enérgica diante de permanganato de potássio, formando o
ácido canfórico. Escreva a fórmula estrutural desse ácido.

49. (Estratégia Militares – TFC – Inédita)

Organize os seguintes álcoois por ordem de temperatura de ebulição e solubilidade de água: butan-1-ol, butan-2-ol, 2-
metil-butan-1-ol e 2-metil-butan-2-ol.

50. (Estratégia Militares – TFC – Inédita)

A respeito da Química Orgânica, são feitas as seguintes afirmações:

I – O ortoclorofenol apresenta maior temperatura de ebulição que o paraclorofenol.

II – A pressão de vapor do n-octano é maior que a pressão de vapor 2,2,4-trimetil-pentano à temperatura ambiente.

III – O etanol reage com o pentacloreto de fósforo, produzindo o cloreto de etanoíla e o tricloreto de fósforo.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 81


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Das afirmações acima, está (ÃO) CORRETA(S):

a) Apenas I.

b) Apenas I e II.

c) Apenas II.

d) Apenas II e III.

e) Apenas III.

51. (Estratégia Militares – TFC – Inédita)

Considere as seguintes afirmações sobre reações orgânicas:

I – A reação do ácido láctico, cuja nomenclatura sistemática é ácido R–2–hidróxipropanóico, com cloreto de potássio por
mecanismo SN2 produz o ácido R–2–cloropropanóico.

II – A desidratação do metil-propan-2-ol com ácido sulfúrico acontece a temperaturas mais baixas que a desidratação do
butan-1-ol.

III – A reação do benzeno com o cloreto de n-butila na presença de cloreto de alumínio produz o n-butil-benzeno.

Das afirmações acima, está (ÃO) CORRETA(S):

a) Apenas I.

b) Apenas I e II.

c) Apenas I e III.

d) Apenas II.

e) Apenas III.

52. (Estratégia Militares – TFC – Inédita)

Considere as seguintes afirmações sobre reações orgânicas:

I – A nitração do benzeno é mais rápida que a nitração do tolueno (metil-benzeno).

II – O fenol pode ser oxidado produzindo uma cetona.

III – A temperatura de desidratação do 2-metil-propan-2-ol é maior que a temperatura de desidratação do etanol.

Das afirmações acima, está (ão) CORRETA(S):

a) Apenas I.

b) Apenas I e II.

c) Apenas II.

d) Apenas II e III.

e) Apenas I, II e III.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 82


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53. (Estratégia Militares – TFC – Inédita)

A visão humana se relaciona com um conjunto de reações orgânicas. Uma delas envolve dois isômeros do retinal, cujas
fórmulas estão representadas a seguir:

A respeito dessas moléculas, assinale a afirmação correta:

a) As moléculas I e II são isômeros de posição.

b) As moléculas I e II são enantiômeros.

c) O retinal pode ser reduzido a álcool secundário.

d) O retinal pode ser oxidado a ácido carboxílico.

e) As moléculas I e II são diastereoisômeros.

54. (Estratégia Militares – TFC – Inédita)

Assinale a temperatura que apresenta o composto com a maior solubilidade em água:

a) butan-1-ol

b) R-butan-2-ol

c) mistura racêmica do butan-2-ol.

d) metil-propan-1-ol.

e) metil-propan-2-ol.

55. (Estratégia Militares – TFC – Inédita)

Escreva as fórmulas estruturais e as nomenclaturas IUPAC dos produtos orgânicos das seguintes reações:

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 83


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H2O H3CCH2 Mg Br H2O


H2SO4 KMnO4
H3C C CH A B C D E
Et2O H2SO4

56. (Estratégia Militares – TFC – Inédita)

A condensação aldólica é uma interessante reação de aldeídos e cetonas em meio alcalino pode ser utilizada para
modificar a cadeia desse tipo de composto.

a) A condensação aldólica da heptan-2,5-diona produz duas cetonas cíclicas isômeras. Determine suas fórmulas
estruturais planas.

b) Proponha uma dicetona que poderia gerar por condensação aldólica o seguinte composto de cadeia cíclica.

CH3

57. (Estratégia Militares – TFC - Inédita)

As reduções da butanona e do butanal com zinco, ácido clorídrico e níquel como catalisador produzem, respectivamente:

a) A mistura racêmica do butan-2-ol e butan-1-ol.

b) Apenas um dos isômeros ópticos do butan-2-ol e butan-1-ol.

c) Ambas produzem butan-1-ol.

d) Ambas produzem a mistura racêmica do butan-2-ol.

e) Apenas um dos isômeros ópticos do butan-2-ol e a mistura racêmica do butan-2-ol.

Obs.: Considere que a redução de aldeídos e cetonas acontece com a quebra da ligação dupla e a adição de um átomo de
hidrogênio ao carbono e outro ao oxigênio.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 84


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6. Gabarito
1. B e C 18. discursiva 34. A
2. discursiva 19. discursiva 35. discursiva
3. discursiva 20. discursiva 36. discursiva
4. discursiva 21. discursiva 37. discursiva
5. E 22. C 38. discursiva
6. E 23. discursiva 39. E
7. B 24. A 40. B
8. B 25. discursiva 41. discursiva
9. discursiva 26. D 42. discursiva
10. discursiva 27. A – ácido isopropil- 43. discursiva
sulfúrico; B – propan-2-ol;
11. D C – propanona; D – cloreto 44. discursiva
12. D de isopropila; E – 1,2- 45. D
dicloropropano; F –
13. discursiva propino; G – 1,3,5-trimetil- 46. Apenas I
14. A – cloreto de acetila; B – benzeno; H – ácido 47. B
acetato de etila; C – benzeno-tricarboxílico-
acetato de sódio; D – 1,3,5; I – benzeno- 48. E
metano; E – etano; F – tricarboxilato de sódio-
1,3,5; J – benzeno; K –
49. discursiva
acetato de cálcio; G –
acetona ; H – álcool terc- KMnO4/H2SO4 50. E
butílico; I – metil-propeno; 28. reação com hidróxido de 51. D
J – cloreto de terc-butila; K sódio
– 2,2,3,3-tetrametil- 52. C
butano; L – anidrido 29. discursiva
acético; M – acetato de
53. E
30. discursiva
fenila 54. E
31. discursiva
15. discursiva 55. discursiva
32. A
16. discursiva 56. discursiva
33. discursiva
17. discursiva 57. A

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 85


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7. Lista de Questões Comentadas


(ITA 2021 – 1ª Fase)
Considerando substâncias comparadas nas mesmas condições de pressão e temperatura, assinale a
opção que apresenta a afirmação ERRADA sobre interações intermoleculares na fase líquida.
a) Cis-1,2-dicloroeteno tem maior tensão superficial que trans-1,2-dicloroeteno.
b) Benzeno tem maior tensão superficial que hexano.
c) Propanona tem maior viscosidade que o butano.
d) Tiofenol tem mais viscosidade que fenol.
e) A capilaridade da água em um tubo de vidro é maior que a do etanol.

Comentários
Questão muito interessante sobre o efeito das forças intermoleculares sobre as propriedades
físicas de uma substância.
A tensão superficial é resultante das forças intermoleculares formadas na superfície de um líquido.
Quanto maiores essas forças, maior será a dificuldade de afastar as moléculas da superfície, e, portanto,
maior a tensão superficial.
A viscosidade é a resistência de um líquido a ser derramado, pode ser entendida como o
coeficiente de atrito do líquido com as paredes do recipiente. Ela também decorre das forças
intermoleculares. Quanto maiores as forças intermoleculares, mais as moléculas tendem a se agarrar
umas às outras, aumentando o atrito. Portanto, maior será a viscosidade.
A capilaridade é a tendência de um líquido a subir pelas paredes de um recipiente muito fino. Ela
decorre também das forças intermoleculares, pois é uma consequência da tensão superficial.
a) O isômero cis é mais polar que o isômero trans, porque os dois vetores se equilibram.

Portanto, o isômero cis tem maior tensão superficial que o isômero trans. Afirmação correta.
b) O benzeno é formado por ligações simples e duplas conjugadas, enquanto o hexano é formado
somente por ligações simples. O carbono sp² é mais eletronegativo que o carbono sp³, porque tem maior
caráter s nos seus orbitais. Dessa forma, o benzeno terá maiores forças intermoleculares que o hexano,
resultando em maior tensão superficial. Afirmação correta.
c) A propanona é polar, enquanto o butano é apolar. Dessa forma, as forças intermoleculares na
propanona são bem mais intensas. Logo, ela é mais viscosa. Afirmação correta.
d) O tiofenol não tem hidrogênio ligado a FON, portanto, não forma ligações de hidrogênio entre
suas moléculas. Já o fenol forma ligações de hidrogênio.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 86


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SH OH

Dessa forma, como as forças intermoleculares do fenol são mais intensas, é de se esperar que ele
seja mais viscoso. Afirmação incorreta.
e) Como a água forma mais ligações de hidrogênio que o etanol, a água terá maior capilaridade.
Afirmação incorreta.
Gabarito: D

(V. Nehmi)
Determine os compostos indicados no esquema:

Obs.: Na hidratação de alcenos, Victor Nehmi considera a formação de um composto intermediário A,


resultante da adição eletrofílica de H2SO4 ao alceno. Esse composto é, então, hidrolisado formando o
produto conhecido.

Comentários
A questão começa com diversas reações do propeno. As adições de HC, do H2SO4 e do C2 são
adições eletrofílicas. Para facilitar, podemos escrever o ácido sulfúrico como 𝐻𝑂𝑆𝑂3 𝐻. Vale ressaltar que
as adições de HC e H2SO4 seguem a Regra de Markovnikov, em que o 𝐻 se adiciona ao carbono mais
hidrogenado, no caso, o carbono em = 𝐶𝐻2 .
Primeiramente, vamos escrever a reação de hidratação do propeno na presença de água. Na
primeira etapa, ocorre a adição de ácido sulfúrico. A seguir, o grupo −𝑂𝑆𝑂3 𝐻 é substituído pelo
grupo −𝑂𝐻, com a recuperação da molécula de ácido sulfúrico.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 87


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A adição de HC também segue a Regra de Markovnikov. A adição de 𝐴𝑔𝑂𝐻, que é uma base fraca,
por sua vez, induz à substituição nucleofílica. Lembre-se que as bases fortes promovem eliminação,
enquanto as bases fracas promovem substituição nucleofílica.

A adição de C2 promove a formação de 1,2-dicloro-propano (E). A adição de potassa alcóolica


induz à eliminação de HC dessa molécula. É, portanto, formado o propino, como mostrado a seguir.

O propino, por sua vez, é um alcino, portanto, quando hidratado, produz uma cetona (C). Essa
cetona, que é a propanona, pode ser produzida também pela oxidação do propano-2-ol (B).

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 88


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Outra reação explorada do propino foi a trimerização, que forma o 1,3,5-trimetilbenzeno (G).
Quando oxidado, esse composto produz um ácido tricarboxílico (H).
O ácido H reage com hidróxido de sódio para formar um sal. A seguir, esse sal sofre
descarboxilação, formando o benzeno, diante da mistura NaOH/CaO. Essa reação é conhecida como
Método de Dumas, cujo subproduto é o carbonato de sódio (Na2CO3).

Gabarito: A – ácido isopropil-sulfúrico; B – propan-2-ol; C – propanona; D – cloreto de isopropila; E –


1,2-dicloropropano; F – propino; G – 1,3,5-trimetil-benzeno; H – ácido benzeno-tricarboxílico-1,3,5; I –
benzeno-tricarboxilato de sódio-1,3,5; J – benzeno; K – KMnO4/H2SO4

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Como podemos diferenciar, quimicamente, um cresol (metil hidroxi benzeno) do álcool benzílico, que
são isômeros entre si?

Comentários
O cresol é um fenol, portanto, reage com bases fortes, enquanto que o álcool somente reage
diretamente com metais.
Portanto, basta reagir o composto desconhecido com hidróxido de sódio. Se houver reação, é um
fenol, portanto, um cresol. Se não houver reação, é um álcool, portanto, o álcool benzílico.
Gabarito: reação com hidróxido de sódio

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


O propan-1-ol é um importante álcool utilizado na indústria química.
a) Escreva a reação do propan-1-ol com ácido sulfúrico concentrado e a quente (170ºC)
b) Escreva a reação do propan-1-ol com ácido sulfúrico concentrado, porém a temperaturas mais baixas
(120ºC)
c) Escreva a reação do propan-1-ol com o cloreto de tionila (𝑆𝑂𝐶𝑙2 ), gerando o composto A.
d) Qual é o alceno produzido a partir da reação de eliminação de A? Para produzir essa reação, é
conveniente utilizar potassa alcóolica ou meio ácido?

Comentários
𝐻2 𝑆𝑂4 ,𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒
a) 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝑂𝐻 → 𝐶𝐻3 − 𝐶𝐻 = 𝐶𝐻2

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 89


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𝐻2 𝑆𝑂4
b) 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝑂𝐻 → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂𝐶𝐻2 𝐶𝐻3
𝑆𝑂𝐶𝑙2
c) 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝑂𝐻 → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝐶𝑙
d) A potassa alcóolica, porque é uma base forte de Lewis.
𝐾𝑂𝐻/á𝑙𝑐𝑜𝑜𝑙
𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝐶𝑙 → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻 = 𝐶𝐻2

Gabarito: discursiva

(ITA – 2016)
Considere a rota de síntese do 1-bromo-2-metil-2-propanol mostrada abaixo:

a) Escreva a fórmula estrutural do composto orgânico X.


b) Escreva a fórmula estrutural do composto orgânico Y.
c) Escreva a fórmula do composto orgânico que seria formado se, ao invés de água, o solvente utilizado
na última reação química fosse o metanol.

Comentários
Mais uma daquelas maravilhosas questões do ITA com bastante intertextualidade entre matérias.
O composto Y é um alceno, que sofre adição de halogênios e água para formar uma haloidrina.

Já o composto X deve ser um álcool, que, quando desidratado, produz o alceno Y.

No item c, acontecerá a seguinte reação diante do metanol. A primeira etapa é uma adição
eletrofílica de 𝐵𝑟 + produzindo o carbocátion terciário, que é mais estável. A seguir, o carbocátion reagirá
com uma base.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 90


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Observe que a base 𝐵𝑟 − é bem mais fraca do que o metanol, portanto, a reação acontecerá
preferencialmente com o metanol, não com o brometo.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Explique por que a desidratação do item b) da questão anterior acontece a temperatura de 50ºC,
enquanto que a desidratação do álcool etílico acontece apenas 170ºC.

Comentários
O álcool tert-butílico é um álcool terciário, portanto, é mais fácil de ser desidratado.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Indique a alternativa que contém um álcool que pode causar a morte quando ingerido:
a) Metanol
b) Etanol
c) Propanol
d) Isopropanol
e) Etileno-glicol.

Comentários
O metanol é conhecido como uma substância extremamente tóxica. Quando ingerido, pode levar
à morte.
O etanol, em doses moderadas, pode ser considerado seguro para ingestão. Em doses excessivas,
mata lentamente.
O isopropanol, ou propan-2-ol, é muito utilizado para a limpeza de equipamentos elétrons. E o
etileno-glicol é utilizado como aditivo na água do radiador em países frios para aumentar a temperatura
de congelamento da água.
Gabarito: A

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 91


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(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


A oxidação de um determinado álcool com permanganato de potássio produziu o seguinte composto:
CH3 – CO – C (CH2CH2CH3) – CH2 – COOH
Esse composto apresenta estereoisômeros?
a) Determine a fórmula estrutural do álcool que, quando oxidado, produz esse composto.
b) Esse álcool apresenta estereoisômeros?
c) Determine o produto da eliminação completa de água do álcool obtido no item b.
d) É possível regenerar o álcool do item b pela adição de água em meio ácido.

Comentários
a) O carbono 3 é assimétrico, portanto, o composto apresenta dois estereoisômeros.
b) 𝐶𝐻3 − 𝐶𝐻𝑂𝐻 − 𝐶(𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝐶𝐻3 ) − 𝐶𝐻2 − 𝐶𝐻2 − 𝑂𝐻
c) Esse álcool apresenta dois carbonos assimétricos, portanto, quatro esteroisômeros.
d)𝐶𝐻2 = 𝐶𝐻 − 𝐶(𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝐶𝐻3 ) − 𝐶𝐻 = 𝐶𝐻2
e) Não, porque o produto formado é da adição Markovnikov:
𝐶𝐻3 − 𝐶𝐻𝑂𝐻 − 𝐶(𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝐶𝐻3 ) − 𝐶𝐻𝑂𝐻 − 𝐶𝐻3
Gabarito: discursiva

(ITA – 2009)
Foi observada a reação entre um composto X e uma solução aquosa de permanganato de potássio, a
quente, ocorrendo aumento do pH da solução e a formação de um composto Y sólido. Após a separação
do composto Y e a neutralização da solução resultante, verificou-se a formação de um composto Z
pouco solúvel em água. Assinale a opção que melhor apresenta o grupo funcional do composto orgânico
X.
a) Álcool
b) Amida
c) Amina
d) Éster
e) Éter

Comentários
Questão bastante complicada. O composto X pode ser um álcool primário de cadeia longa. Ocorre
aumento do pH da solução devido ‘a formação de dióxido de manganês (Y).
− −
4𝑀𝑛𝑂4(𝑎𝑞) + 2𝐻2 𝑂(𝑙) → 4𝑀𝑛𝑂2(𝑠) + 3𝑂2(𝑔) + 4𝑂𝐻(𝑎𝑞)
O ácido carboxílico resultante da oxidação do álcool é solúvel em soluções básicas devido à
formação de um sal. Porém, com a neutralização da solução, ele passa a ser insolúvel:

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 92


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− +
𝑅 − 𝐶𝑂𝑂(𝑎𝑞) + 𝐻(𝑎𝑞) → 𝑅 − 𝐶𝑂𝑂𝐻
Gabarito: A

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Escreva as reações de oxidação parcial e total do propan-1-ol e do propan-2-ol. Os produtos formados
são diferentes?

Comentários

Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


O terc-butilmetiléter é muito utilizado como agente antidetonante para a gasolina. A respeito dessa
substância, pede-se:
a) A sua fórmula estrutural.
b) As fórmulas estruturais e os nomes oficiais dos álcoois que podem formá-la por meio de reação de
desidratação intermolecular conjunta.
c) A sua nomenclatura IUPAC utilizando o prefixo –oxi.

Comentários

O 2-metil-2-metóxi-propano pode ser originado pela reação entre o metanol e o propano-2-ol.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 93


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Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Escreva todos os quatro possíveis produtos das seguintes reações do etanol:
a) desidratação, em presença de ácido sulfúrico.
b) de oxidação, em presença de dicromato de potássio e ácido sulfúrico.

Comentários
a)

b)

Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


A argila aquecida serve como catalisadora para a reação de desidratação intramolecular do etano. O
produto liberado nessa reação, a seguir, absorvido pela água de bromo. Determine o produto final
desse processo.

Comentários

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 94


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Gabarito: discursiva

(IME – 2014)
Certo composto 𝛽 é produzido através da reação:

Dois bécheres são colocados em um sistema fechado, mantido a 40°C. O bécher da esquerda
contém 200 mL de etanol, enquanto o da direita contém uma solução de 500 mg do composto 𝛽 em
200 mL de etanol, conforme a representação a seguir.

Assinale a alternativa que melhor representa os níveis de líquido nos bécheres três horas após
o início do confinamento.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 95


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Comentários
O composto beta é um éster formado pelo ácido acético com o para-hidróxi benzoico (que contém
a função fenol). Portanto, é o seguinte composto:

Esse composto é, portanto, pouco volátil devido à elevada massa molecular.


Dessa forma, no bécher da esquerda, tem-se etanol puro. No bécher da direita, tem-se uma
solução de etanol com um soluto não-volátil, que, portanto, apresenta uma pressão de vapor menor
devido ao efeito tonoscópico.
A tendência, portanto, é de haver transferência de etanol do bécher da esquerda para o bécher
da direita. A razão para isso é que o bécher da esquerda vai produzir constante uma pressão de vapor
superior ao do bécher da direita. Sendo assim, na superfície da solução, ocorrerá uma tendência constante
ao etanol se condensar, passando à forma líquida.
O equilíbrio aconteceria somente quando as concentrações dos solutos de ambas as soluções se
igualassem, de modo que suas pressões de vapor de etanol de equilíbrio seriam iguais. Porém, como o

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 96


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bécher da esquerda não contém soluto, esse equilíbrio só verificaria quando esse bécher efetivamente
secasse, transferindo todo o etanol para o outro bécher.
No entanto, a questão pergunta apenas o que acontece depois de três horas, não necessariamente
quando o equilíbrio é atingido. Portanto, pode-se afirmar simplesmente que o bécher contendo etanol
puro seca, enquanto que o outro recebe mais etanol.
Gabarito: E

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


A baquelite é uma resina sintética, quimicamente estável e resistente ao calor, que foi o primeiro
produto não-plástico. É bastante usada em peças que necessitam de isolamento eléctrico e isolamento
térmico (suportes de lâmpadas, conectores tipo «Sindal (Bendal)» e alças de panelas). Ela é um
polímero de condensação obtido do fenol com o formaldeído, envolvendo os hidrogênios das posições
orto ou para em relação ao grupo –OH. Desenhe sua fórmula estrutural.

Comentários

A condensação com formaldeído pode acontecer nas posições orto ou para.

Como a condensação pode ocorrer tanto nas posições orto como nas para, o polímero pode
adquirir a seguinte estrutura tridimensional.

Gabarito: B

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 97


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Deseja-se determinar o percentual de éter dimetílico numa solução desse éter com uma mistura de
hidrocarbonetos. Para isso, adiciona-se HI a quente à solução, liberando um gás.
a) Escreva a reação do éter dimetílico com HI.
b) O gás liberado é coletado numa solução de nitrato de prata, produzindo uma reação com formação
de precipitado. Qual é esse precipitado?
c) O precipitado formado foi pesado e foram encontrados 117g. Sabendo que a massa total da solução
original era de 100g, determine o título em massa do éter dimetílico na solução original.
Dados: Massas molares (H = 1, C = 12, N = 14, O = 16, Ag = 107, I = 127).

Comentários
O éter dimetílico reage com HI a quente por cisão.
𝐶𝐻3 𝑂𝐶𝐻3 + 𝐻𝐼 → 𝐶𝐻3 𝑂𝐻(𝑙) + 𝐶𝐻3 𝐼(𝑔)
O iodofórmio (𝐶𝐻3 𝐼) é o gás coletado. Ele produz a formação de precipitado quando reage com
nitrato de prata.
𝐴𝑔𝑁𝑂3 + 𝐶𝐻3 𝐼 → 𝐴𝑔𝐼(𝑠) + 𝐶𝐻3 𝑂𝑁𝑂2
Obs.: O subproduto da reação 𝐶𝐻3 𝑂𝑁𝑂2 é, na verdade, um éster do ácido nítrico, conhecido como
nitrato de metila.
Pela estequiometria da reação, é formado 1 mol de fórmulas de AgI para cada mol de éter
dimetílico. É possível calcular a quantidade de fórmulas de AgI em 117g:
117
𝑛= = 0,5
207 + 127
Sendo assim, a solução original continha 0,5 mol de éter, de modo que a massa de éter era:
𝑚 = 0,5 (2.12 + 6.1 + 1.16) = 23𝑔
Portanto, o título de éter era 23%.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


As funções oxigenadas podem reagir com metais devido à sua polaridade. Escreva as seguintes reações.
a) Etanol com sódio metálico.
b) Fenol com zinco.

Comentários
As primeiras é uma reação de deslocamento.
1
𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂𝐻 + 𝑁𝑎 → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂− 𝑁𝑎+ + 𝐻2(𝑔)
2
O fenol, por sua vez, é reduzido pelo zinco.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 98


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Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


A síntese de éteres simétricos a partir da desidratação de álcoois é complicada, principalmente devido
ao fato de concorrer com a eliminação.
a) Proponha um reagente para converter o etanol ao cloreto de etila.
b) Explique por que a reação do cloreto de etila com óxido de prata gera o éter (produto de substituição
nucleofílica) como produto principal, em vez de produzir o produto de eliminação.

Comentários
O etanol pode ser convertido ao cloreto de etila com o uso de compostos hiperhalogenados, como
o cloreto de tionila (𝑆𝑂𝐶𝑙2 )

𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂𝐻 + 𝑆𝑂𝐶𝑙2 → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝑙 + 𝑆𝑂2 + 𝐻𝐶𝑙


O óxido de prata, por sua vez, é uma base muito fraca, portanto favorece a substituição
nucleofílica. Na presença de bases fortes e volumosas, com o íon tert-butóxido, a reação produziria
principalmente o alceno, produto de eliminação.
Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Explique por que o processo de desidratação de álcoois não dá bom rendimento na preparação de éter
etil-propílico. Proponha um procedimento alternativo.

Comentários
Nesse caso, é formada uma mistura de três éteres – o dietílico, o dipropílico e o éter misto. Como
alternativa, pode-se utilizar a Síntese de Williamson:
𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂𝐻 + 𝑆𝑂𝐶𝑙2 → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝑙
1
𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝑂𝐻 + 𝑁𝑎 → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝑂𝑁𝑎 + 𝐻2
2

𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝑙 + 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝑂 → 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝑂𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝐶𝐻3
Gabarito: discursiva

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 99


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(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


Num recipiente fechado, coloca-se uma amostra de éter líquido que se encontra em equilíbrio com a
fase de éter vapor. Sobre esse recipiente, coloca-se um êmbolo de altura regulável. Movimentando esse
êmbolo, é possível variar o volume do recipiente, sem que se altere a temperatura do sistema. A
respeito desse sistema, pode-se afirmar que:
a) A pressão de vapor do éter cresce com o volume do recipiente.
b) A pressão de vapor do éter diminui com o volume do recipiente.
c) A massa de éter líquido cresce com o volume do recipiente.
d) A massa de éter líquido diminui com o volume do recipiente.
e) Tanto a pressão de vapor como o volume de éter líquido são independentes do volume do recipiente.

Comentários
Como a temperatura do líquido é constante, a pressão de vapor de equilíbrio não varia com o
volume do recipiente.
Ao aumentar o volume do recipiente, instantaneamente a pressão do vapor diminui, sendo
necessário que mais líquido se vaporize para reestabelecer a pressão de vapor de equilíbrio. Sendo assim,
a massa de líquido diminui com o volume do recipiente.
Gabarito: D

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


A respeito das seguintes reações, quais delas acontecem com os álcoois e quais acontecem com os
fenóis?
I – ROH + Na → RO–Na+ + ½ H2(g)
II – ROH + NaOH → R O–Na+ + H2O()
III – ROH + HC → RC+ H2O

Comentários
I – Tanto os álcoois como os fenóis podem reagir vigorosamente com sódio metálico, formando
alcóxidos ou fenolatos.
II – Apenas os fenóis podem reagir com hidróxido de sódio, pois os álcoois são bases mais fracas
que a água.
III – Apenas os álcoois reagem com HCl, porque os fenóis são muito ácidos e têm maior dificuldade
de formar ésteres.
Obs.: Um haleto de alquila é, para todos os efeitos, um éster de HCl.
Gabarito: Apenas I

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 100


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(Estratégia Militares – TFC – Inédita)


A respeito da comparação entre o metanol (CH3OH) e o metanotiol (CH3SH), são feitas as seguintes
afirmações:
I – O ponto de ebulição do metanol é maior que o do metanotiol
II – A solubilidade em água do metanol é maior que a do metanotiol
III – O metanol é um ácido mais forte que o metanotiol
Das afirmações acima, está(ão) CORRETA(S):
a) apenas I.
b) apenas I e II.
c) apenas II.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.

Comentários

Vamos analisar as afirmações.


I – O metanol forma pontes de hidrogênio, portanto, apresenta realmente temperatura de
ebulição mais elevada que o metanotiol. Afirmação correta.
II – Por formar pontes de hidrogênio, a interação do metanol com a água é bem mais intensa do
que a do metanotiol. Afirmação correta.
III – Na verdade, a ligação S – H é mais fraca, portanto, é mais facilmente quebrada, liberando o
hidrogênio (H+). Portanto, o metanotiol é um ácido mais forte. Afirmação errada.
Gabarito: B

(Estratégia Militares – TFC – Inédita)


A cânfora é bastante utilizado como anti-inflamatório nasal e tem a seguinte fórmula estrutural.

A respeito dessa molécula, responda aos seguintes itens.


a) Proponha uma nomenclatura IUPAC para esse composto.
b) Explique por que a molécula apresenta elevada tensão angular.
c) Ao contrário de outras cetonas, a cânfora sofre oxidação enérgica diante de permanganato de
potássio, formando o ácido canfórico. Escreva a fórmula estrutural desse ácido.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 101


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Comentários:
a) Primeiramente, notemos que a cânfora é formada por uma cadeia bicíclica de 7 átomos. Vamos
registrar os carbonos cabeça de ponte – marcados com 1 e 4 – e anotar o número de membros em cada
ponte.

Dessa forma, o nome da cadeia principal é biciclo[2.2.1]heptan-2-ona. Agora, vamos dar os nomes
das ramificações.

Dessa forma, uma nomenclatura IUPAC para o composto é 1,7,7-trimetil-biciclo[2.2.1]heptan-2-


ona.
b) Uma das pontes presentes na cânfora forma um ciclo de três átomos que apresenta ângulo de
ligação igual a 60°, que é menor que o ângulo ideal do tetraedro.
c) Como a cânfora está submetida a elevada tensão angular, ela pode se oxidar rompendo um de
seus ciclos, de modo a aliviar a tensão do anel de 3 membros. Uma forma de fazer isso é quebrando a
cadeia exatamente no carbono vizinho ao grupo cetona. Dessa forma, o grupo cetona e o carbono vizinho
(secundário) podem ser oxidados a ácido carboxílico.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 102


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Gabarito: E

(Estratégia Militares – TFC – Inédita)


Organize os seguintes álcoois por ordem de temperatura de ebulição e solubilidade de água: butan-1-
ol, butan-2-ol, 2-metil-butan-1-ol e 2-metil-butan-2-ol.

Comentários:
A cadeia ramifica favorece o aumento das forças intermoleculares na cadeia polar. Dessa forma, a
temperatura de ebulição aumenta, porém, a solubilidade diminui.
A título de informação, vamos colocar os dados reais.

Fórmula Estrutural Composto Temperatura de Ebulição Solubilidade em Água

Butan-1-ol 117 °C 73 g/L

2-metil-propan-1-ol 108 °C 87 g/L

Butan-2-ol 99 °C 290 g/L

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 103


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2-metil-propan-2-ol 82 °C Infinita

Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC – Inédita)


A respeito da Química Orgânica, são feitas as seguintes afirmações:
I – O ortoclorofenol apresenta maior temperatura de ebulição que o paraclorofenol.
II – A pressão de vapor do n-octano é maior que a pressão de vapor 2,2,4-trimetil-pentano à
temperatura ambiente.
III – O etanol reage com o pentacloreto de fósforo, produzindo o cloreto de etanoíla e o tricloreto de
fósforo.
Das afirmações acima, está (ÃO) CORRETA(S):
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas II.
d) Apenas II e III.
e) Apenas III.

Comentários

Vamos analisar as afirmações.

I – O ortoclorofenol tem a possibilidade de formar pontes de hidrogênio intramoleculares, que não


contribuem para o aumento do ponto de ebulição.

No caso do paraclorofenol, as pontes de hidrogênio são exclusivamente intermoleculares.


Portanto, todas contribuem para o aumento do ponto de ebulição. Logo, a temperatura de ebulição do
isômero para é maior. Afirmação incorreta.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 104


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II – Os compostos de cadeia normal (como o n-octano) possuem maior temperatura de ebulição


e, portanto, menor pressão de vapor que os compostos de cadeia ramificada (Como o 2,2,4-trimetil-
pentano). Afirmação correta.

III – Vamos escrever a reação do etanol com o pentacloreto de fósforo (PC5).

Note que o produto não é o tricloreto de fósforo (PC3), mas sim o cloreto de fosforila (POC3).
Afirmação incorreta.

Gabarito: E

(Estratégia Militares – TFC – Inédita)


Considere as seguintes afirmações sobre reações orgânicas:
I – A reação do ácido láctico, cuja nomenclatura sistemática é ácido R–2–hidróxipropanóico, com cloreto
de potássio por mecanismo SN2 produz o ácido R–2–cloropropanóico.
II – A desidratação do metil-propan-2-ol com ácido sulfúrico acontece a temperaturas mais baixas que
a desidratação do butan-1-ol.
III – A reação do benzeno com o cloreto de n-butila na presença de cloreto de alumínio produz o n-butil-
benzeno.
Das afirmações acima, está (ÃO) CORRETA(S):
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II.
e) Apenas III.

Comentários

Vamos analisar as informações do enunciado.


I – O mecanismo SN2 provoca inversão total de configuração. Portanto, o produto formado é S.
Lembre-se de que o mecanismo SN1 produz a mistura racêmica, enquanto o mecanismo SN2 provoca a
inversão total de configuração. Afirmação incorreta.
II – A desidratação de álcoois terciários acontece em temperatura mais baixa que a desidratação
álcoois terciários. Em geral, temos que a desidratação do terciário ocorre em cerca de 50°C enquanto a
desidratação do primário ocorre em uma temperatura por volta de 170°C.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 105


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OH
H3C CH2 CH2 CH2 OH H3C C CH3

CH3
butan-1-ol metil-propan-2-ol
Afirmação correta.
III – Questão bastante capciosa. Nessa reação, o cloreto de n-butila formaria um carbocátino
primário não são estáveis, eles podem sofrer rearranjos.
H H
+ +
H3C CH2 CH CH2 H3C CH2 CH CH2

Na situação mostrada acima, o carbocátion primário sofre um rearranjo para se tornar um


carbocátion secundário, que é mais estável. Com isso, o produto principal formado por essa reação é o
sec-butil benzeno, e não o n-butil benzeno.
CH3
CH3
H3CCH2 CH2 CH2 Cl

sec-butil-benzeno
Afirmação incorreta.
Gabarito: D

(Estratégia Militares – TFC – Inédita)


Considere as seguintes afirmações sobre reações orgânicas:
I – A nitração do benzeno é mais rápida que a nitração do tolueno (metil-benzeno).
II – O fenol pode ser oxidado produzindo uma cetona.
III – A temperatura de desidratação do 2-metil-propan-2-ol é maior que a temperatura de desidratação
do etanol.
Das afirmações acima, está (ão) CORRETA(S):
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas II.
d) Apenas II e III.
e) Apenas I, II e III.

Comentários
Analisando as alternativas, temos que:
I – O grupo metil é um radical doador de elétrons, portanto, a nitração do tolueno é mais rápida
que a do benzeno. Afirmação incorreta.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 106


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radical doador
CH3
de elétrons

II – Embora o fenol seja formado por anéis aromáticos, ele se oxida facilmente formando cetonas,
conhecidas como benzoquinonas.
OH O

[O]

O
Afirmação correta.
III – Os álcoois terciários são mais facilmente desidratados que os álcoois primários. Portanto, a
afirmação está incorreta.
CH3 CH3
50 °C C
H3C C OH
H3C CH2
CH3

H3C CH2 OH
170 °C
H2C CH2

Gabarito: C

(Estratégia Militares – TFC – Inédita)


A visão humana se relaciona com um conjunto de reações orgânicas. Uma delas envolve dois isômeros
do retinal, cujas fórmulas estão representadas a seguir:

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 107


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A respeito dessas moléculas, assinale a afirmação correta:


a) As moléculas I e II são isômeros de posição.
b) As moléculas I e II são enantiômeros.
c) O retinal pode ser reduzido a álcool secundário.
d) O retinal pode ser oxidado a ácido carboxílico.
e) As moléculas I e II são diastereoisômeros.

Comentários
a) Trata-se de um isomerismo geométrico ou cis-trans. As duas moléculas representadas por (I) e
(II) são diastereoisômeros. A molécula de retinal apresenta isomeria geométrica, porque tem várias
ligações duplas. Afirmação incorreta.
b) Como vimos, eles são diastereoisômeros.
c) Como o retinal é um aldeído, ele pode ser reduzido a álcool primário.
d) Sim. Os aldeídos podem ser oxidados a ácidos carboxílicos.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 108


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Gabarito: E

(Estratégia Militares – TFC – Inédita)


Assinale a temperatura que apresenta o composto com a maior solubilidade em água:
a) butan-1-ol
b) R-butan-2-ol
c) mistura racêmica do butan-2-ol.
d) metil-propan-1-ol.
e) metil-propan-2-ol.

Comentários
Devemos nos lembrar que, quanto mais ramificada for a cadeia, maior a solubilidade do composto.

Fórmula Estrutural Composto Temperatura de Ebulição Solubilidade em Água

Butan-1-ol 117 °C 73 g/L

2-metil-propan-1-ol 108 °C 87 g/L

Butan-2-ol 99 °C 290 g/L

2-metil-propan-2-ol 82 °C Infinita

Portanto, o 2-metil-propan-2-ol é o composto que apresenta a maior solubilidade em água.


Gabarito: E

(Estratégia Militares – TFC – Inédita)


Escreva as fórmulas estruturais e as nomenclaturas IUPAC dos produtos orgânicos das seguintes
reações:

H2O H3CCH2 Mg Br H2O


H2SO4 KMnO4
H3C C CH A B C D E
Et2O H2SO4

Comentários

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 109


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A hidrólise de alcinos produz cetonas.


O
H2O
H3C C CH H3C C CH3
A
propanona
A propanona sofre adição nucleofílica de compostos de Grignard. Devemos observar que a fração
de carga positiva da molécula se une à fração de carga negativa do composto de Grignard.
d-
d- d+ d- d+
O
H3CCH2 Mg Br
OMgBr d+ d- OH
H OH
H3C C CH3 H3C C CH3 H3C C CH3
d+ Et2O
H2C CH3 H2C CH3

B C
2-metil-butan-2-ol
O álcool (C) sofre desidratação diante de ácido sulfúrico. Pela Regra de Zaitsev, o hidrogênio deve
ser retirado do carbono menos hidrogenado.

OH
H2SO4
H3C C CH3 H3C C CH3
H2C CH3 HC CH3
C D
2-metil-butan-2-ol 2-metil-but-2-eno
Por fim, a oxidação do permanganato de potássio em meio ácido produzirá a oxidação enérgica
provoca a quebra da cadeia.
CH3 CH3
KMnO4 O
CH3 C
H3C H2SO4 H3C O + HO C CH3

propanona ácido etanóico


Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC – Inédita)


A condensação aldólica é uma interessante reação de aldeídos e cetonas em meio alcalino pode ser
utilizada para modificar a cadeia desse tipo de composto.
a) A condensação aldólica da heptan-2,5-diona produz duas cetonas cíclicas isômeras. Determine
suas fórmulas estruturais planas.
b) Proponha uma dicetona que poderia gerar por condensação aldólica o seguinte composto de
cadeia cíclica.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 110


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CH3

Comentários
a) Na condensação aldólica, o oxigênio de uma cetona se condensa com os dois hidrogênios do
carbono alfa à outra cetona.
O
O

H3C CH3 + H2O

H3C

O
O

CH2 CH3
H3C CH3
+ H2O
O
CH3

a) Para obter o composto original, devemos quebrar a ligação dupla entre os carbonos e colocar
nessa posição um grupo cetona.

O
CH3
CH2
H3C CH3

O
O

Gabarito: discursiva

(Estratégia Militares – TFC - Inédita)


As reduções da butanona e do butanal com zinco, ácido clorídrico e níquel como catalisador produzem,
respectivamente:
a) A mistura racêmica do butan-2-ol e butan-1-ol.
b) Apenas um dos isômeros ópticos do butan-2-ol e butan-1-ol.
c) Ambas produzem butan-1-ol.
d) Ambas produzem a mistura racêmica do butan-2-ol.
e) Apenas um dos isômeros ópticos do butan-2-ol e a mistura racêmica do butan-2-ol.
Obs.: Considere que a redução de aldeídos e cetonas acontece com a quebra da ligação dupla e a adição
de um átomo de hidrogênio ao carbono e outro ao oxigênio.

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 111


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Comentários
Vamos escrever as reações de redução da butanona e do butanal.

A redução da butanona, que é opticamente inativa, produz um composto opticamente ativo em


meio aquiral. Sempre que isso acontece, os dois enantiômeros são produzidos na proporção de 50% de
cada, ou seja, a mistura racêmica.
Já a redução do butanal produz o butan-1-ol.
Gabarito: A

AULA 19 – FUNÇÕES OXIGENADAS 112

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