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COMPORTAMENTO VIOLENTO

 Segundo o italiano Lombroso, algumas pessoas SÃO normais e outras NASCEM predestinadas a serem criminosas ou
"loucas". Na época, esse rígido Determinismo Biológico tentava oferecer ao mundo uma resposta sobre o problema das
diferenças pessoais.

Não raramente, a sociedade humana tem grande dificuldade em admitir que essas pessoas pertençam ao mesmo grupo
humano ordinário, preferindo-se acreditar que os loucos, tanto quanto os criminosos, são pessoas estranhas e
biologicamente diferentes dos homens de bem, de nós mesmos e de nossas famílias.

Depois de muita polêmica, de muita execração do "politicamente incorreto", da repulsa ao determinismo biológico,
modernamente ressurge a idéia da influência e importância do fenômeno neuroquímico no mundo psíquico. Assim
sendo, tanto a loucura quanto crime, sua conseqüência literária e romântica, passam a representar uma interessante
categoria de pessoas cuja conduta diferente e indisciplinada pode ser objeto de argüição eminentemente médica.

Falamos propositadamente de forma quase indissolúvel do binômio loucura-crime, procurando


lembrar uma parte triste da história humana, onde estudamos os insanos e os criminosos eram
homogeneizados nas masmorras. Tanto um quanto outro, eram pessoas que representavam,
exatamente, o comportamento desviante, diferente e indisciplinado. Não havia, então, uma maior
preocupação científica, social ou simplesmente humana, de examinar a situação pessoal de cada
um.

A psicopatologia, nesses últimos 10 anos, adquiriu conhecimentos que correspondem a 90% do que havia
sido conhecido em toda história da humanidade em termos de neurofisiologia. Isso, evidentemente, repercute
num substancial incremento sobre o entendimento acerca da pessoa humana e de seu comportamento.

A despeito desse conhecimento que explodiu na última década, a maioria das pesquisas ou não encontrou
uma associação entre doença mental e o risco de cometer crimes de violência, ou encontrou apenas uma
discreta associação, estatisticamente não significativa.

Por outro lado, os efeitos de álcool e drogas sim estariam associados à violência. Também pessoas
portadoras de Transtorno de Personalidade Anti-Social estariam mais propensas ao crime (nem sempre violento
e agressivo). Portanto, boa parte das pesquisas não encontrou diferença na prevalência da violência em doentes
mentais sem abuso de substâncias, quando comparados com a população geral, sendo que o risco de violência
em indivíduos da população geral com abuso de álcool ou drogas foi duas vezes maior do que em pacientes
esquizofrênicos sem esse abuso. Finalmente, o maior risco de violência ocorre na combinação de abuso de
álcool e/ou drogas com transtorno de personalidade anti-social.

O termo "agressão" possui tantas conotações que, na realidade, perdeu e diluiu seu significado. Embora seja
conveniente conceber a violência e a agressão como processos comportamentais, por não se tratarem de
conceitos simples e unitários, também não poderão ser definidos como tal, permanecendo difíceis de serem
analisados isoladamente de outras formas do comportamento motivado. Guardando inúmeras exceções, a
tendência a agressão e a violência poderão ser concebidas como traços de personalidade, como respostas
aprendidas no ambiente, como reflexos estereotipados de determinados tipos de pessoas ou até como
manifestações psicopatológicas. Em nosso caso particular, interessa tratar a violência e a agressão como
eventuais conseqüências de processos biopsicológicos subjacentes.

É impossível considerar a agressão no ser humano como um evento em si, emancipada das circunstâncias e
contingências. Primeiramente, devemos considerar a agressão a partir do agente agressor, depois, a partir do
agente agredido e, finalmente, a partir de um observador ou terceiro. Não surpreenderá encontrarmos três
representações diferentes de um mesmo evento.
Do ponto de vista do agressor, deve-se considerar a intencionalidade dolosa do ato, ou seja, a tentativa
intencional de um indivíduo em transmitir estímulos nocivos à outro. Para o agredido, deve-se considerar o
sentimento de estar sendo agredido ou prejudicado e, quanto ao observador, deve-se considerar seus
sentimentos críticos acerca da possibilidade de ter havido nocividade no ato em apreço, bem como sua
intencionalidade (subjetiva) em promover a agressão.

Outro elemento a ser considerado é se, inexoravelmente, a violência está atrelada à agressão. Desta forma,
podemos ter agressão com ou sem violência e, igualmente, violência com ou sem agressão. Uma mulher, por
exemplo, pode sentir-se agredida pelo silêncio do marido, caso estivesse ansiosamente esperando por algum
comentário ou diálogo, mesmo em se tratando de um comentário hostil. O marido, por sua vez, deve ser
consultado sobre suas intenções lesivas ao optar por uma postura silenciosa. Ele tanto poderia estar silencioso
por desinteresse, por ser calmo e amistoso, quanto por ter planejado ferir a mulher através do silêncio. Neste
último caso, estaríamos diante de um ato de agressão sem violência. A mesma cena poderia não ter um
resultado agressivo, caso a mulher não se sinta agredida apesar da eventual intencionalidade agressiva do
marido.

A violência, por sua vez, sugere a idéia de ação, de atitude dirigida especificamente para fins avassaladores.
Os esportes, por exemplo, podem convocar a violência sem agressão ou a agressão sem violência.
Convencionalmente, espera-se de um lutador de boxe uma boa dose de violência, mas que não demonstre
intenção de agredir o adversário. Ele deve vencer seu adversário, não agredi-lo. No mau futebol, por exemplo,
podemos ter agressão dissimulada em jogadas habilidosas sem uma violência expressa. Um jogador ao bater
uma falta, pode, propositadamente, acertar o rosto de um adversário na barreira e, já que isso é considerado
parte das regras do jogo, não caracteriza um ato violento, embora seja intencionalmente agressivo.

A violência apresenta uma escalada muito superior ao aumento populacional e aos avanços, digamos, cívicos
da sociedade. Mas, a criminalidade, propriamente dita, parece ter muito pouco a ver com a psiquiatria. Há, de
fato, algumas poucas situações psiquiátricas acompanhadas de violência, notadamente aquelas conseqüentes a
alterações cerebrais ou orgânicas. Por isso, tem sido um grande erro, por sinal um erro até agressivo, aceitar que
a agressão e a violência sejam acompanhantes habituais da loucura.

Não precisa ser muito íntimo da psiquiatria institucional para saber que a expressiva maioria de episódios
agressivos e violentos, acontecidos na lide com o paciente psiquiátrico, resulta da intenção agressiva da
sociedade para com o louco e não o inverso. É a sociedade que o prende e tranca no hospício, é o pessoal da
instituição que o amarra, seda-o excessivamente (às vezes), deixa-o despido, fere sua dignidade e assim por
diante. Márcio Amaral confirma em pesquisas que o crime e a patologia mental decididamente não andam juntos,
conforme sugere o estereótipo cultural criado para a loucura. De um modo geral tem sido muito maior a agressão
e a violência que a sociedade dispensa para com os doentes mentais do que destes para com aquela.

Hafner e Bocker realizaram na década de 80 um estudo epidemiológico acerca dos crimes de violência e
distúrbios mentais. Levantaram os prontuários policiais e médicos de 10 anos na Alemanha, onde os índices de
solução para crimes ultrapassa 95%, e concluíram dados muito interessantes. Um primeiro resultado curioso foi a
proporção de criminosos com distúrbio mentais entre a população estudada: dos criminosos, apenas 2,97% tinha
problemas mentais.
De posse dos dados, a dupla de pesquisadores calculou a probabilidade de um doente mental se tornar um
criminoso violento. Para a esquizofrenia a probabilidade é de 0,05%, ou seja, 5 agressores violentos entre 10.000
esquizofrênicos. Para a psicose afetiva a probabilidade é de 0,006%, ou de 6 violentos em 100.000 doentes com
esta patologia. Os autores terminam o trabalho concluindo que os crimes violentos cometidos por doentes
mentais são quantitativamente proporcionais ao número de crimes de violência cometido pela população geral. A
incidência de crimes de violência entre os doentes mentais incluiu o suicídio, o que, de certa forma, reduz ainda
mais a possibilidade de agressão à terceiros. Portanto, o senso comum que entende o doente mental como uma
pessoa perigosa, só pode ser fruto de uma idéia preconceituosa e não científica.

Entre os criminosos violentos a distribuição do diagnóstico ficou assim estabelecido:

INCIDÊNCIA DE DIAGNÓSTICO EM CRIMINOSOS


VIOLENTOS DOENTES MENTAIS
diagnóstico % No.
esquizofrenia 28.4 53
retardo mental 6.8 13
psicoses afetivas 3.7 07
demência senil 3.4 06
síndromes cerebrais 3.4 06
epilepsia. 2.6 05
outros 5.0 10
TOTAL 53. 400
 
Procurando por algum autor cúmplice, com a idéia de que a violência e a agressividade não podem ser consideradas,
absolutamente, predominante em pacientes psiquiátricos, encontrei um artigo do prof. Eunofre Marques sobre a
sociedade americana.

É importante essa reflexão, na medida em que os conceitos emprestados da ciência pela sociedade costumam gerar
valores sociais, como é o caso das classificações psiquiátricas que, através da Psiquiatria Forense formam escala de
valores de uma comunidade.

Vejamos parte do artigo de Eunofre Marques:

"Existem três tipos de distúrbios do comportamento para os americanos:

1. Distúrbios de comportamento decorrentes de distúrbios mentais. Neste caso, eles coincidem com os sintomas
de distúrbios mentais conforme a avaliação européia. O que é patológico para os europeus também é patológico para os
americanos.

2. Distúrbios de comportamento representados por comportamentos que violam os padrões ético-morais da


sociedade americana e que não estão catalogados como comportamentos criminosos. Aqui são incluídas, por
exemplo, a agressividade, a perversidade (maldade: as pessoas "más" são classificadas por eles como psicopatas
porque ninguém pode ser normalmente mau) e as "perversões". 

Estas são comportamentos desviados do código moral protestante, especialmente os sexuais, excluindo-se atualmente,
é óbvio, o comportamento homossexual, que se tornou um direito individual. 

Os DSMs (Classificações Norte-Americana de Psiquiatria) ainda incluem o homossexualismo como patológico, mas,
devido ao poderosíssimo lobby dos homossexuais, a psiquiatria americana já praticamente concordou em excluí-lo da
sua lista. Com a progressiva ampliação do código penal americano, a maior parte desse tipo de comportamentos
também é atualmente considerada como atos criminosos.

3. Distúrbios de comportamento representados por comportamentos díspares, isto é, que diferem claramente
do senso comum mas que não violam nem os padrões ético-morais nem o código penal. Deste grupo podemos citar o
isolamento, a inibição (no relacionamento interpessoal), os hábitos reverberantes não produtivos (tomar muito
cafezinho, comer muito chocolate, ficar muito tempo no computador, etc.) e, em especial, a ausência de
competitividade e, mais ainda, de ambição social." (veja o artigo todo)

Na página de um portador de transtorno borderline diz o seguinte:

"No atual classificação da OMS (CID.10), o distúrbio denominado Personalidade Borderline está incluído no capítulo dos
Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável. Este transtorno se subdivide em 2 tipo; o Tipo Impulsivo e o
Tipo Borderline. O subtipo Impulsivo é sinônimo do que conhecemos por Transtorno Explosivo e Agressivo da
Personalidade...

 ...A CID.10 diz que se trata de um transtorno de personalidade, no qual há uma tendência
marcante a agir impulsivamente e sem consideração das conseqüências, juntamente com
acentuada instabilidade afetiva. Nessas pessoas a capacidade de planejar pode ser mínima e os
acessos de raiva intensa podem, com freqüência, levar à explosões comportamentais e de
violência. ...

IMAGENS CEREBRAIS DA AGRESSÃO E VIOLÊNCIA

Renato Sabbatini em seu artigo O Cérebro do Psicopata diz o seguinte: "Muitos


comportamentos associados às relações sociais são controlados pela parte do
cérebro chamada lobo frontal, que está localizado na parte mais anterior dos
hemisférios cerebrais. Todos os primatas sociais desenvolveram bastante o cérebros
frontal, e a espécie humana tem o maior desenvolvimento de todos. Auto-controle,
planejamento, julgamento, o equilíbrio das necessidades do indivíduo versus a
necessidade social, e muitas outras funções essenciais subjacente ao intercurso
social efetivo são mediadas pelas estruturas frontais do cérebro (veja o artigo da
dra. Silvia Cardoso  "A Arquitetura Externa do Cérebro" na revista Cérebro & Mente
para entender o que é o cérebro frontal)"

Imagens funcionais obtidas por PET (positron emission tomography) têm sido usadas para investigar
possíveis alterações na função do cérebro das pessoas portadoras de distúrbios caracterizados por excessiva
violência e agressividade. Algumas pesquisas nessa área têm mostrado porcentagem alta de um nível diminuído
do funcionamento cerebral no córtex pré-frontal em pessoas criminosas violentas em relação às pessoas
normais. Isso pode ser um indício de algum déficit neurológico relacionado à violência.

Segundo Raine, o dano funcional no córtex pré-frontal pode resultar em impulsividade, perda do auto-controle,
imaturidade, emocionalidade alterada, e incapacidade para modificar o comportamento, o que pode facilitar os
atos agressivos. Outras anormalidades observadas pelo PET do cérebro de assassinos violentos incluiu um
metabolismo reduzido no giro parietal superior, giro angular esquerdo, corpo caloso, e assimetrias anormais de
atividade na amígdala, tálamo, e lobo temporal medial. É bastante provável que essas alterações sejam
relacionadas à violência, já que essa região faz parte do chamado sistema límbico, responsável pelas emoções e
pelo comportamento emocional.

Alguns trabalhos têm vislumbrado uma forte correlação entre dificuldades de controle da agressividade e o
metabolismo diminuído do córtex pré-frontal e frontal. Estas regiões têm sido implicadas como o substrato para
agressão e impulsividade, e sua disfunção pode ter contribuído para pacientes com comportamento violento. A
pesquisa de imagens cerebrais por PET vem mostrando também que os sociopatas diferem de não-sociopatas
no padrão de fluxo cerebral relativo durante o processamento de palavras com conteúdo emocional. As
mudanças de personalidade adquiridas devido à injúria cerebral são também acompanhadas por uma diminuição
na atividade neural na área frontal.

Outras áreas cerebrais, como a região órbito-frontal e as áreas ventromediais frontais podem estar
relacionadas ao comportamento violento. Outra característica interessante nesses estudos é que os psicopatas
com alterações funcionais órbito-frontais ou ventromediais mostravam uma preocupação exagerada com
parceiros sexuais, comportando-se de uma forma promíscua e impessoal, juntamente com acentuada falta de
julgamento ético e social.

ONDE APARECE A VIOLÊNCIA

Os quadros psiquiátrico onde mais comumente podemos encontrar comportamento impulsivo-


agressivo são:
4.2 - Transtornos de Personalidade
4.2.1 - Transtorno Psicopático e Sociopático
4.2.2 - Personalidade Anti-Social
4.2.3 - Personalidade Criminosa
4.2.4 - Violência no Psicopata
2. Personalidade Borderline
3. Transtorno Explosivo da Personalidade
4. Transtorno de Conduta
5. Agressividade em Crianças e Adolescentes
6. Transtornos psiquiátricos não-sociopáticos relacionados à violência
6.1 - Episódio Maníaco
6.2 - Hiperatividade Infantil
6.4 - Transtorno Psicótico
6.5 - Depressão
6.6 - Epilepsia e Personalidade

Transtorno Explosivo da Personalidade

Alguns autores preferem denominar o Transtornos Explosivos Intermitentes de SÍNDROME DE


DESCONTROLE EPISÓDICO, o que é a mesma coisa. Trata-se de ataques recorrentes de violência
incontrolável, freqüentemente desencadeadas por estimulação mínima ou mesmo nenhuma e que transforma
completamente a personalidade do indivíduo naquele instante. Esta síndrome pode ser uma das causas de
homicídios não planejados, ataques sem sentido à pessoas estranhas, agressões físicas desproporcionais,
direção criminosa de veículos, destruição brutal de propriedades e ataques selvagens à animais.
A incidência, quadro clínico, curso e evolução dos Transtornos Explosivos Intermitentes, na prática clínica,
autoriza considerarmos o álcool como a mais importante estimulação para desencadear a crise de violência.
Academicamente entretanto, quando for assim, aceita-se a denominação genérica de Embriagues Patológica
para estes casos. De qualquer forma, a superposição desses dois diagnósticos é muitíssimo freqüente e, entre
os pacientes portadores de Embriagues Patológica e Transtornos Explosivos Intermitentes encontramos uma
incidência significativa de epilépticos. Assim sendo, há uma certa familiaridade entre essas 3 ocorrências
psicopatológicas.
Segundo o DSM-IV, a característica essencial do Transtorno Explosivo Intermitente é a ocorrência de episódios
bem definidos onde a pessoa fracassa em resistir a impulsos agressivos, e o grau de agressividade expressada
durante esses episódios é amplamente desproporcional à eventual provocação ou ao eventual estressor
psicossocial desencadeante. Tais crises normalmente acarretam sérios atos agressivos ou destruição de
propriedades.
Um diagnóstico de Transtorno Explosivo Intermitente somente pode ser feito depois de descartados outros
transtornos mentais que poderiam explicar esses episódios de comportamento agressivo, como é o caso do
Transtorno da Personalidade Anti-Social, Transtorno da Personalidade Borderline, Transtorno Psicótico, Episódio
Maníaco, Transtorno da Conduta ou Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Em se tratando de algum
desses quadros esse diagnóstico será preferível.
Não é raro que o paciente com Transtorno Explosivo Intermitente descreva os episódios agressivos como
"surtos" ou "ataques" nos quais o comportamento explosivo é precedido por um sentimento de tensão ou
excitação, sendo imediatamente seguido por uma sensação de alívio. Posteriormente, o indivíduo pode sentir
remorso, arrependimento ou embaraço pelo comportamento agressivo e suas conseqüências. Entre os episódios
explosivos podem persistir como traços de personalidade, sinais de impulsividade, agressividade generalizada,
baixa tolerância à frustrações, irritabilidade.
Psicodinamicamente, os indivíduos com traços de personalidade narcisistas, obsessivos, paranóides ou
esquizóides podem estar especialmente propensos à surtos explosivos de raiva quando sob estresse e serão
classificados como portadores, também, de Transtorno Explosivo Intermitente. Esse transtorno costuma ter
sérias conseqüências sociais e familiares, tais como a perda do emprego, suspensão escolar, divórcio,
dificuldades com relacionamentos interpessoais, acidentes variados e em especial os de trânsito, hospitalizações
e envolvimentos policiais.
Nos casos mais característicos costuma haver alterações eletroencefalográficas inespecíficas, como por
exemplo, lentificação da atividade. Sinais de alterações do metabolismo da serotonina têm sido encontrados no
liqüor de alguns indivíduos impulsivos e sujeitos a ataques coléricos, mas o relacionamento específico desses
achados com o Transtorno Explosivo Intermitente ainda não é possível se estabelecer.
O DSM-IV refere ainda a possibilidade de histórias de condições neurológicas associadas ao Transtorno
Explosivo Intermitente, como por exemplo, traumatismos cranianos e episódios de inconsciência ou convulsões
febris na infância.
Um diagnóstico de Transtorno Explosivo Intermitente somente pode ser feito depois de descartados outros
transtornos mentais que poderiam explicar esses episódios de comportamento agressivo, como é o caso de:

Transtorno da Personalidade Anti-Social,


Transtorno da Personalidade Borderline,
Transtorno Psicótico,
Episódio Maníaco,
Transtorno da Conduta
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.

Em se tratando de algum desses quadros esse diagnóstico será preferível.


Não é raro que o paciente com Transtorno Explosivo Intermitente descreva os episódios agressivos como
"surtos" ou "ataques" nos quais o comportamento explosivo é precedido por um sentimento de tensão ou
excitação, sendo imediatamente seguido por uma sensação de alívio. Posteriormente, o indivíduo pode sentir
remorso, arrependimento ou embaraço pelo comportamento agressivo e suas conseqüências. Entre os episódios
explosivos podem persistir como traços de personalidade, sinais de impulsividade, agressividade generalizada,
baixa tolerância à frustrações, irritabilidade.

O site NeuroPsicoNews tem um artigo de pesquisa muito bom sobre Transtorno do Humor Explosivo:

"A agressividade impulsiva, associada às oscilações de humor, pode ser outra síndrome associada a comportamento
anti-social que pode ser separada como transtorno distinto. Adolescentes que satisfizeram critérios de triagem
especificados responderam robustamente à administração com rótulo aberto do divalproex sódico. Também há curiosa
preferência pela Cannabis entre os adolescentes e adultos identificados que usam substâncias...".(veja o artigo todo,
para pessoas especializadas)

Em outro artigo, sobre Fatores Sociais e Culturais associados à violência, o mesmo NeuroPsicoNews diz: "Outros
aspectos aprendidos de violência não têm causas ou soluções clínicas ou psiquiátricas. Por exemplo, a aprendizagem
social de comportamento violento pode assumir a forma de afirmação da posição culturalmente aprovada entre grupos
de jovens do sexo masculino. Grande parte da violência em larga escala se associa a pobreza, guerra, opressão política
e rebelião política.

Em nossa sociedade, a televisão é influência cultural que, de acordo com muitos estudos, contribui para a aprendizagem
social por fornecer exemplos de atos violentos, retratá-los como efetivos e mostrar circunstâncias nas quais são
apropriados ou justificados. As crianças que assistem mais televisão tendem a ser mais agressivas e pensam ser o
mundo mais violento do que realmente é...

.... Uma síndrome violenta de origem incerta é conhecida como transtorno explosivo
intermitente, transtorno do descontrole episódico ou transtorno de personalidade orgânico do
tipo explosivo. O transtorno do controle de impulsos caracteriza-se por súbitas respostas
agressivas a provocações aparentemente triviais, muitas vezes seguidas por remorso e depressão.
O transtorno algumas vezes tem causa neurológica, como traumatismo craniano, acidente
vascular cerebral, doença infecciosa ou um transtorno cerebral orgânico.

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