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MÉTODOS DE TRANSFORMAÇÃO GENÉTICA

Em 1980, a técnica de hibridação somática permitiu a transferência de cromossomos


e organelas de uma planta para outra. Essa técnica consiste na fusão completa de duas
células de diferentes espécies, onde ocorre a transferência de caracteres poligênicos para
obtenção de células híbridas sem passar pela reprodução sexual, porém, nessa técnica
não se obtêm informações detalhadas sobre os genes inseridos. Com os avanços da
tecnologia do DNA recombinante, se tornou possível a introdução de genes exógenos
em plantas. (CARRER. et al., 2010)
Os métodos de transformação genética são divididos em duas categorias:
Transformação indireta
É a transferência de genes é intermediada por bactérias do gênero Agrobacterium, que
são capazes de transferir para as células vegetais uma porção de DNA, que se integram
e passam a se expressar como parte do genoma da planta (OLIVEIRA, 2000). A
Agrobacterium é uma bactéria de solo, gram-negativa e aeróbica, muito importante para
a transformação genética em plantas por ser capaz de introduzir DNA nas plantas
hospedeiras, que passa a ser expresso como parte do genoma da célula vegetal. Do
gênero Agrobacterium, existem 5 espécies capazes de penetrar em plantas: A.
tumefaciens, que é causadora do tumor conhecido como galha-da-coroa; A. rihizogenes,
que causa a proliferação de raízes secundárias no ponto de infecção (MARTINS e
DUARTE); A. vitis, que induz tumores especificamente em Vitis spp; A, rubi, que induz
tumores especificamente em RubusI spp; A, radiobacter, que é saprófita-não patogênica
(MONQUEIRO, 2005). É necessário que as bactérias fiquem em contato com explantes
regenerativos (MARTINS e DUARTE). As agrobactérias são modificada e passam a
carregar o gene de interesse e passam a ser incapazes de produzir os tumores ou raízes
(CARRER. et al., 2010). Os genes oncogênicos são removidos e substituídos pelos
genes de interesse, preservando a capacidade da bactéria de efetuara transferência do
DNA (OLIVEIRA, 2000). O procedimento é feito com a colocação da Agrobacterium
modificada em contato com um ferimento na planta, em local com potencial
regenerativo. A partir disso, as bactérias infectam o tecido vegetal, iniciando o processo
de transferência e transformação do genoma da planta. Após todos esses processos, o
tecido é cultivado em meio de regeneração contendo antibiótico para a eliminação das
bactérias. A regeneração ocorre in vitro e posteriormente as plantas são aclimatadas
(MARTINS e DUARTE). O sucesso dessa técnica depende das espécies vegetais
utilizadas, já que algumas dicotiledôneas e a maioria das monocotiledôneas e
gimnospermas não são suscetíveis, ou pouco suscetíveis a infecção por Agrobacterium.
Transformação direta
São técnicas que utilizam processos físicos ou químicos que causam modificações nas
paredes e membranas celulares e facilitam a entrada de DNAs exógenos nas células
(SANTARÉM, 2000).
- Eletroporação de protoplastos
Os protoplastos são, basicamente, células sem parede celular (MARTINS e DUARTE).
Nesse método, os protoplastos são expostos a pulsos curtos de corrente contínua e de
alta voltagem, em presença de uma solução contendo o DNA exógeno e os protoplastos
em suspenção (MONQUERO, 2005). Esse método resulta abertura de poros na
membrana celular, que são por onde os DNAs exógenos se introduzem no interior dos
protoplastos, posteriormente se integrando ao genoma da célula. Os poros são
reversíveis, porém existe uma dificuldade na regeneração de plantas a partir dos
protoplastos transformados, e mesmo quando ocorre a regeneração, persiste a
dificuldade na obtenção de novas plantas devido a redução de fertilidade da planta
(SANTARÉM, 2000).
- Bombardeio de partículas ou Biobalística
Esse método utiliza microprojéteis, carregando o DNA exógeno, que são impulsionados
de forma que penetra a parede celular e a membrana plasmática, de forma não letal a
célula (SANTARÉM, 2000). Estes são fabricados usando metais como o ouro e
tungstênio, de forma esférica e capazes de carregar o DNA (MONQUEIRO, 2005). A
aceleração dessas partículas é feita em um acelerador de micropartículas que produz
uma força propulsora usando pólvora, gás ou eletricidade, possibilitando a penetração
em células intactas. Todo esse processo ocorre dentro de uma câmara sob vácuo, para
evitar o desaceleramento dos microprojéteis pelo ar (MARTINS e DUARTE). Após
penetrar a célula, o DNA se desprende das micropartículas, através da ação do liquido
celular, se integrando assim ao genoma da célula vegetal. dado todo esse processo, a
etapa seguinte é a seleção de plântulas que incorporam a gene escolhido
(MONQUEIRO, 2005).
- Transformação por polietilenoglicol (PEG)
Esse método promove a aderência do DNA exógeno ao protoplasto, através da ação
combinada de PEG, Ca+2, Mg+2 e pH alcalino. Após a aderência do DNA à superfície
do protoplasto, ele é absorvido pela célula por endocitose. O PEG pode atuar também
protegendo o DNA de nucleases. Esse método é restrito a algumas espécies e pode
danificar grande um número de células, afetando a capacidade de regeneração, que
acaba sendo uma grande desvantagem para a célula. Apesar dessa desvantagem do
método, algumas espécies como fumo, arroz e citrus puderam ser transformadas
(SANTARÉM, 2000).
REFERENCIAS
SILVEIRA, José Maria Ferreira Jardim da; BORGES, Izaias de Carvalho; BUAINAIN,
Antonio Márcio. Biotecnologia e agricultura: da ciência e tecnologia aos impactos da
inovação. São Paulo em Perspectiva, v. 19, p. 101-114, 2005.
OLIVEIRA, M. Margarida. Aplicações e avanços na área da biotecnologia
vegetal. Boletim de biotecnologia, v. 66, p. 22-27, 2000.
CARRER, Helaine; BARBOSA, André Luiz; RAMIRO, Daniel Alves. Biotecnologia
na agricultura. Estudos avançados, v. 24, p. 149-164, 2010.
MARTINS, Ana Lúcia Soares da Silva Ribeiro; DUARTE, Pâmela Kalyenna.
MÉTODOS DE TRANSFORMAÇÃO DE PLANTAS.
MONQUERO, Patrícia Andréa. Plantas transgênicas resistentes aos herbicidas: situação
e perspectivas. Bragantia, v. 64, p. 517-531, 2005.
SANTARÉM, ELIANE ROMANATO. Métodos eficientes para a transformação
genética de plantas. Revista da Ciência & Tecnologia, Piracicaba, SP, v. 8, n. 15, p.
81-90, 2000.

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