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SANTARÉM – PA
JULHO/2022
ANA BEATRIZ BELO DOS SANTOS
PEDRO LUCAS DAS NEVES DE OLIVEIRA
SANTARÉM – PA
JULHO/2022
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 4
2. PRODUÇÃO DE TRANSGÊNICOS 5
6. CONCLUSÃO 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 14
1. INTRODUÇÃO
A biotecnologia é uma das áreas mais promissoras quando se trata de
avanços e inovação, influenciando em quase todos os aspectos da vida humana.
Por meio dela, surgiu a engenharia genética que tem ganhado cada vez mais
espaço na produção de animais transgênicos, na saúde humana e, também na
agricultura, representando um dos principais avanços das últimas décadas.
Segundo Van Eenennaam (2017), a engenharia genética é um processo no
qual a tecnologia de DNA recombinante (rDNA) é usada para introduzir
características desejáveis em um organismo. Desde 1990, a biotecnologia agrícola
tem se destacado pela busca de melhores culturas relacionadas à resistência a
insetos, vírus e herbicidas, qualidade nutricional e produção de biocombustíveis
(AHMAD et al., 2012).
Por trás de muitos benefícios, há uma grande preocupação quanto à
segurança dos produtos transgênicos. Esses alimentos têm gerado uma disputa
sobre suas vantagens e desvantagens envolvendo consumidores, cientistas e o
governo (KUMAR et al., 2018). Nos últimos anos, a preocupação pública com o uso
de alimentos transgênicos aumentou. Para a União Europeia, as culturas
transgênicas são consideradas inadequadas, devido a segurança científica e
ambiental representando altos ricos e poucos benefícios (MEHROTRA; GOYAL,
2013).
Esta revisão tem o intuito de analisar pesquisas conduzidas nesse segmento,
expondo riscos e benefícios encontrados por esses trabalhos, bem como analisar os
pontos de vistas dos autores pró e contra utilização e produção de organismos
transgênicos.
2. PRODUÇÃO DE TRANSGÊNICOS
Um animal transgênico carrega um gene diferente, o qual foi inserido em seu
genoma, ou seja, foram geneticamente modificados para possuírem características
específicas após manipulações moleculares de DNA genômico endógeno (KUMAR
et al., 2015).
Recentemente foram desenvolvidos métodos para a produção desses
animais como a transferência de DNA por clonagem de células somáticas, uso de
vetores virais, transferência mediada por esperma, entre outros (ROBL et al., 2007).
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O uso dessas técnicas podem oferecer um melhor desenvolvimento de animais
transgênicos para a criação de novas variedades, bem como o avanço das ciências
médicas, produção pecuária e outras áreas.
Os primeiros avanços relacionados à saúde humana se deram com a
utilização da primeira molécula terapêutica produzindo insulina extraída do pâncreas
de porco. Para a produção de proteínas recombinantes no leite, urina e sangue
tem-se utilizado animais transgênicos (DEMAIN; VAISHNAV, 2009). No caso do
leite, além das modificações na composição para aplicações farmacêuticas, outros
estudos visam melhorar a qualidade nutricional para alimentar leitões e no caso de
ruminantes, produzir uma coalhada melhor (HOUDEBINE, 2009). Das inúmeras
aplicações, os animais transgênicos também podem ser usados na agricultura. O
emprego na pecuária envolve melhor produção e composição do leite, maior taxa de
crescimento, resistência a doenças e melhor desempenho reprodutivo (WHEELER,
2007). Quando se usa plantas para a produção de proteínas recombinantes, é mais
seguro e mais barato em comparação a animais vivos e culturas de células animais,
requerendo menos tempo e menores problemas de distribuição e armazenamento
(DEMAIN; VAISHNAV, 2009).
Desai et al. (2010, p. 429), afirmam que grande parte das proteínas
provenientes de plantas e de aplicações terapêuticas “produzida por transformação
nuclear e as proteínas expressas foram isoladas e purificadas a partir de plantas
transgênicas regeneradas estáveis.” A utilização de plantas para a produção de
proteínas indica ser bastante promissora para fabricar alvos para a saúde humana
(LOH et al., 2017). Outra questão é o desenvolvimento de vacinas sendo de grande
importância no controle de muitas doenças. Em alguns casos, é possível utilizar
plantas transgênicas que expressam proteínas imunogênicas na produção de vacina
oral. Segundo Okay e Sezgin (2018, p. 152):
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3. DIFERENÇAS ENTRE OGMs E TRANSGÊNICOS
Um organismo geneticamente modificado (OGM) é derivado da tecnologia do
DNA recombinante, enquanto os produtos derivados de OGM são chamados de
transgênicos (VALDÉS et al., 2013).
Um organismo geneticamente modificado (OGM) é um organismo cujo seu
material genético (DNA) foi alterado através da biotecnologia moderna ou
engenharia genética, permitindo que genes sejam transferidos de um organismo
para outro (WHO, 2014). Na agricultura, os OGMs têm o objetivo de proteger os
cultivos aumentando a tolerância a herbicidas ou com a introdução de plantas
resistentes a doenças (MALDONADO-SIMÁN et al., 2018). Entre as variedade de
OGMs existentes, o público ainda não tem um real conhecimento acerca desses
organismos e o que essa tecnologia pode oferecer.
Um transgênico pode ser definido como a alteração no genoma pela
introdução de uma ou mais sequências de DNA advindos de outra espécie por
métodos artificiais (GENOME, 2022). O desenvolvimento e a introdução de plantas
resistentes a metais pesados, frio e seca se tornaram de grande valia,
principalmente por uma questão econômica (AHMAD et al., 2012).
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SMALLA, 2007; TZOTZOS; HEAD; HULL, 2010). Segundo Prakash et al. (2011, p.
1): “os resultados da modificação do DNA podem não se limitar apenas às
características particulares do gene substituído”. Dessa forma, é necessário que os
organismos modificados geneticamente não ofereçam riscos ao meio ambiente ou
aos seres humanos ao serem liberados na natureza (EUROPEAN FOOD SAFETY
AUTHORITY, 2006).
Segundo Prakash et al. (2011, p. 2):
Sabe-se que assim como os nucleotídeos, genes podem ser cortados por
enzimas de restrição e transferidos para outros organismos, deletados ou até
alterados por técnicas de engenharia genética, o que pode gerar falta de operação
dos genes ou até interferência na função de outros.
O quadro 1 mostra alguns dos possíveis riscos que podem surgir com a
introdução de organismos transgênicos no meio ambiente:
Risco Descrição
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muitas bactérias diferentes, mostrando que os genes recombinantes
poderiam se espalhar pelo ambiente (PRAKASH et al., 2011).
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saúde humana e animal”. Afirmam ainda que dentre as aplicações pode-se
destacar:
Vercesi et al. (2009, p. 443-444) fala ainda sobre a segurança alimentar para
humanos e animais quanto aos alimentos transgênicos:
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sempre comparando os resultados com a contraparte convencional. As
preocupações principais quanto ao uso de produtos geneticamente
modificados em rações são: 1) possibilidade de efeitos adversos no caso do
DNA modificado da planta ser transferido para a cadeia alimentar, 2)
possibilidade de transferência de genes marcadores de resistência a
antibióticos, usados no processo de transformação, para bactérias do trato
digestivo animal e, posteriormente, para bactérias patogênicas ao homem
e, 3) efeitos indesejáveis dos derivados de microorganismos modificados.
Com respeito à transferência de DNA para a cadeia alimentar, tem sido
observado que apesar do DNA modificado muitas vezes ser resistente ao
processamento e permanecer intacto na ração, sua digestão ocorre através
da ação de nucleases presentes na boca, pâncreas e secreções intestinais.
Em ruminantes ocorre degradação adicional por ação microbiana e
processos físicos. A eficiência da degradação digestiva em humanos e
animais é também evidenciada pela longa história do consumo seguro de
DNA pelos mamíferos. A digestão do DNA transgênico não é diferente uma
vez que é composto pelos mesmos blocos construtivos que o convencional.
Uma estimativa da quantidade de ingestão de DNA recombinante de milho
transgênico indica o seguinte: a percentagem de DNA recombinante no
genoma de Zea mays é de aproximadamente 0,00022%. [...] Tem sido
também demonstrado que são seguros a saúde humana e animal os
produtos derivados de microorganismos geneticamente modificados. Assim,
pães, doces e salgados, massas, mistura para bolos, biscoitos e produtos
de confeitarias podem conter enzimas produzidas por microorganismos
geneticamente modificados. Há queijos e leites fermentados por enzimas
derivadas de microorganismos geneticamente modificados (MGMs), como a
catalase e a quimosina. Frios diversos (salame, presunto etc.) podem
conter soja transgênica em sua composição, além de enzimas ou os
próprios microorganismos geneticamente modificados.
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Prodigene; a Trypsin®, empregada no tratamento de feridas e na produção
de insulina, também fabricada pela Prodigene e a vacina para fins
veterinários (contra o vírus New Castle) produzida pela Dow AgroScience
desde 2006. (ROCHA; MARIN, 2011, p. 3342).
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Os argumentos contra o uso de organismos transgênicos estão atrelados à
resistência que novas cultivares têm em relação a alguns defensivos, tais como o
glifosato, como a cultivar Roundup Ready, uma nova cultivar de soja mais
promissora (SAMSEL; SENEFF, 2013ab; TAUHATA et al., 2020).
Samsel e Seneff (2013ab) conduziram estudos que resultaram em relação
entre a utilização de glifosato em culturas transgênicas com diversas doenças,
desde cardiopatias até depressão. Esses resultados levaram a uma vasta pesquisa
por parte de órgãos regulatórios sobre os possíveis danos causados pela exposição
à quantidade de glifosato utilizado nas plantações de soja transgênica, tais com a
Autoridade Europeia para a Segurança de Alimentos (EFSA) em 2015.
Esse desfecho se deve às quantidades de glifosato necessárias para gerar
danos graves ou morte. Conforme afirma Tauhata et al. (2020, p. 4):
6. CONCLUSÃO
Conclui-se, portanto, que a comunidade científica, mesmo após décadas do
lançamento do primeiro transgênico, não possui um consenso sobre o uso de
organismos transgênicos para alimentação humana e enquanto organismo que
exerce influência sobre um determinado ecossistema.
Existem linhas e pesquisadores que defendem o uso de transgênicos com
estudos e argumentos válidos e aqueles que apontam fatores negativos associados
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ao uso desses organismos para seus diversos fins. Contudo, até os limites desta
revisão e de suas referências bibliográficas, existem mais argumentos a favor do
que contra, reforçando os benefícios do uso e produção de organismos transgênicos
na agricultura, saúde, etc.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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