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MONTES CLAROS - MG
2021
FACULDADE PROMINAS DE MONTES CLAROS
SAULO TUAYAR SPALA
MONTES CLAROS – MG
2021
DECLARAÇÃO DO AUTOR
Montes Claros-MG
RESUMO
A atividade de mineração denota a necessidade de retirada de grande volume de material com pouco ou nenhum
valor econômico, o que caracteriza minério pobre designado como estéril. O correto manuseio e destinação dada
ao material estéril é executado por meio de seu armazenamento em forma de pilhas. Desse modo, é necessário
que se determine uma área adequada para a disposição desse tipo de material. Fatores de ordem geológico-
geotécnica, hidrogeológicos, volumétrica entre outros; devem ser analisados e estudados para que se determine a
viabilidade técnico-econômica de início e construção de uma pilha de estéril. No presente trabalho, foram
abordadas questões inerentes à elaboração do projeto técnico de construção de uma pilha estéril, sob a ótica
geotécnica, com fundamento na legislação vigente sobre a tema. Por meio de uma revisão de literatura sobre a
temática, obteve-se como resultado da pesquisa a descrição de informações pertinentes às práticas seguras de
engenharia geotécnica e procedimentos específicos concernentes ao dimensionamento e construção de uma pilha
de estéril.
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Engenheiro de Minas, pós-graduando do curso de Especialização Lato Sensu em Engenharia Geotécnica da
Faculdade Prominas de Montes Claros-MG, Brasil – saulotuayar@gmail.com.
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1. Introdução
Segundo Curi (2017) a mineração é tipificada como uma atividade pertencente ao
setor primário responsável por gerar matéria-prima para o setor industrial. Castro, Nalini e
Lima (2011 apud CURI, 2017) definem que a mineração é o processo de extração de minerais
ou compostos minerais da crosta terrestre em prol da humanidade que, comprovadamente,
possuam valor econômico.
Em geral, para que o minério seja extraído por um determinado método de lavra é
necessário, inicialmente, remover certa quantidade de material denominado de rocha estéril.
Segundo Silva et al. (2011), no que concerne à atividade de mineração, existem dois tipos
principais de resíduos sólidos gerados: os estéreis e os rejeitos.
Os estéreis são materiais escavados, gerados pelas atividades de lavra e no
decapeamento da mina, que não são aproveitáveis, economicamente e que ficam, geralmente,
dispostos em pilhas, na maioria dos casos, em condição seca. Vale destacar, que a
Deliberação Normativa COPAM nº 87 de 17/07/2005 em seu art. 1º, inciso VIII define estéril
como material descartado, retirado durante o processo de lavra do minério (FERREIRA,
2016). Os rejeitos são resíduos resultantes dos processos de beneficiamento a que são
submetidas as substâncias minerais, no qual, devido aos processos a úmido, produz material
lamoso sendo necessária a construção de barramento para a retenção do rejeito.
No que se refere à disposição de estéreis, esses materiais são descartados em forma
de pilha pré-definida na condição natural. A disposição desse material é realizada de forma
contínua durante toda a etapa de explotação da jazida e, em geral, nas áreas próximas ao
empreendimento mineiro. Ressalta-se que, a definição da geometria de cada jazida,
individualmente, constitui etapa decisiva para a escolha da metodologia de lavra bem como,
para a escolha do local adequado para a disposição do estéril.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – Norma Brasileira
Regulamentadora (NBR) 13.029 (2017) fixa as condições exigíveis para a elaboração e
apresentação de projeto de disposição de pilha de estéril em empreendimentos de mineração e
sua aprovação depende de parecer favorável dos órgãos ambientais competentes.
Tendo em vista os riscos inerentes a acidentes ambientais devido ao incorreto
dimensionamento e localização das pilhas de estéril, o presente trabalho tem como objetivo
expor e discutir alguns dos procedimentos necessários, do ponto de vista geotécnico, para a
implementação de uma pilha de estéril.
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2. Desenvolvimento
As pilhas de estéril são estruturas geotécnicas construídas pelo homem que, por
possuírem grandes dimensões e determinada complexidade, implicam a necessidade de
métodos construtivos específicos além de uma adequada gestão fundamentada em critérios
técnicos-econômicos. Com fulcro em diversos fatores, tais como: distância para transporte,
acesso, capacidade do depósito, estudos geológico-geotécnicos, hidrológicos; a área escolhida
para locação do depósito de estéril não deverá comprometer o avanço dos trabalhos de lavra.
Os materiais que compõem uma pilha de estéril denotam a necessidade de uma
grande área para a sua acomodação. O transporte até o local do depósito de estéril, bem como
a própria disposição do material, gera custos para o empreendimento mineiro o que implica
análise criteriosa quanto ao método construtivo empregado na formação da pilha de estéril.
Ressalta-se que, os aspectos supracitados devem estar preconizados no plano de lavra da
jazida, que corresponde à programação dos avanços a serem realizados na mina ao longo do
tempo.
No Brasil, o projeto de construção de uma pilha de estéril deve cumprir os requisitos
mínimos estabelecidos pela ABNT NBR 13.029 (2017) e pela Norma Reguladora de
Mineração – NRM 19. Vale destacar que, o projeto da pilha de estéril deverá ser tão detalhado
quanto o projeto de explotação do minério com a finalidade de atender às condições de
segurança, higiene, operacionalidade, economicidade, abandono e minimização dos impactos
ambientais.
Segundo Ferreira (2016), o material a ser disposto em pilha de estéril pode ser
proveniente tanto da frente de lavra de minas a céu aberto ou subterrânea, quanto de outras
fontes, tais como: decapeamento dos acessos, instalações de beneficiamento, escritórios,
escavações de vala de drenagem, dreno interno, fundação do dique de contenção entre outras.
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Os jazimentos minerais são explorados por meio de lavras como pode ser observado
nas Figuras 1 e 2.
Figura 1: Lavra em jazida de rocha ornamental no Estado do Espírito Santo.
A ABNT NBR 13.029 (2017) especifica que devem ser indicados no projeto
detalhado todos os elementos geométricos que compõe o arranjo geral da pilha de estéril
acompanhados dos dados de locação para sua implementação (Figura 6).
Figura 6: Parâmetros geométricos de uma pilha de estéril.
As análises de estabilidade devem ser realizadas nas seções críticas da pilha relativas
à altura, características de fundação e condições de percolação considerando-se, também, os
parâmetros de resistência do material obtidos nos estudos geológico-geotécnicos.
De acordo com Petronilho (2010), considera-se um talude em situação instável a
partir do momento em que as tensões cisalhantes originárias dos esforços instabilizadores
possam ser ou se tornarem maiores que as resistências ao cisalhamento encontradas ao longo
de uma seção do maciço. Dessa forma, por meio da análise de estabilidade, Petronilho (2010)
afirma que é possível determinar, quantitativamente, um índice ou uma grandeza que sirva de
alicerce para a compreensão do comportamento e susceptibilidade à ruptura de taludes em
decorrência e agentes condicionantes tais como: poropressões, sobrecargas, geometria, etc.
Conforme recomendação presente na norma supracitada, não há, atualmente, uma
especificação quanto à altura máxima da pilha. Todavia, são especificados os seguintes
Fatores de Segurança (FS):
• Ruptura do talude geral:
o Superfície freática normal: FS mínimo de 1,5;
o Superfície freática crítica: FS mínimo de 1,3;
• Ruptura do talude entre bermas:
o Face predominante de solo: FS mínimo de 1,5;
o Face predominante de rocha: FS mínimo de 1,3.
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3. Conclusão
O presente artigo contemplou uma revisão bibliográfica na qual foram expostas
etapas referentes ao projeto e dimensionamento de uma pilha de estéril com ênfase aos
aspectos gerais de uma pilha, bem como parâmetros de ordem geológico-geotécnica.
Preocupou-se em descrever sobre a temática proposta por meio de definições concisas de
termos técnicos utilizados nos setores de mineração e geotecnia bem como exposição das
práticas de engenharia geotécnica aplicada a esse tipo de estrutura.
Desse modo, foi possível expor e compreender de uma maneira geral, alguns dos
principais fatores e critérios considerados quando se pretende implementar uma pilha de
estéril. É recomendável que trabalhos posteriores tenham como temática a análise minuciosa e
a discussão dos parâmetros apresentados neste trabalho com a finalidade precípua de
desenvolvimento das práticas seguras de engenharia geotécnica.
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Referências bibliográficas
CURI, Adilson. Lavra de Minas. São Paulo: Oficina de Textos, 2017. 462 p.