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Goiânia,
2022.
Uma análise semiótica e o processo de intratextualidade contida no livro Profugus
de Miguel Jorge
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Miguel Jorge foi um dos fundadores do GEN (Grupo de Escritores Novos) e seu presidente por duas
vezes, apesar de fazer parte de um grupo com ideias modernistas, seu discurso avança para o pós-
modernismo.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
"A semiótica é a ciência que estuda os signos, portanto, seu campo de estudo é
amplo, pois abarca todas as linguagens (verbais e não verbais), já que cada linguagem é
formada de signos que permitem a comunicação entre os indivíduos. Isso porque os
signos estão associados a algum tipo de representação.
Dentre os canais que constituem o ato da comunicação, figura-se o discurso. Ele
é o meio pelo qual se transmite uma ideia, se expõe uma opinião, quer na fala ou na
escrita.
Dessa forma, em se tratando do texto narrativo, todo o desenrolar dos fatos, em
consonância com a ação dos personagens, está condicionado ao propósito do narrador
em materializá-lo por meio de uma mensagem discursiva. Tal registro se dá de formas
distintas, caracterizando-se de forma direta e indireta ou, em alguns casos, ocorre a
fusão de ambas.
Referindo-se a qualquer tipo de ação do signo, a semiose gera e produz um
interpretante de si mesmo, isto é, a semiose consiste na ação de determinar um
interpretante. Todo ato de linguagem, seja ela artística ou não, enquanto ato de
significação, implica uma semiose, que equivale à função semiótica, propriamente dita.
Várias foram as questões levantadas quando do enfrentamento do objeto de
estudo: o que quereria Miguel Jorge em estimular seu leitor ao misturar dois sistemas
semióticos, a imagem e o texto verbal? Seria apenas demonstração de modernidade?
Onde Miguel Jorge encontra a capacidade de semiose do seu texto? O que o poeta busca
mostrar em relação aos três capítulos?
Miguel Jorge começa a forçar o pensamento do leitor a partir da capa, capa esta
constituída por uma gravata cortada na altura da amarração no pescoço, uma obra prima
feita por Deck. Já na capa é possível perceber que o poeta a aparência das aderências do
homem, perfeita harmonia entre o título e a imagem essa mistura de sistemas já e bem
representada na charge de Jorge Braga, onde o poeta é retratado com sobrancelhas
arguidas no sentido de indagação e com óculos providos por letras embaraçadas, numa
referência a reflexo dos sistemas semióticos vislumbrados pelos homens que a partir do
momento que sai da mente pode irradiar vários signos, desprovido de qualquer pré-
estabelecido, deflagrando assim um postura livre de criação e assim apresentando traços
modernistas de seu poema.
Ferdinand Saussure ao usar o termo semiologia, busca mostrar algo que vai além da
linguística; a semiologia é a ciência que estuda os signos no seio da vida social. Já o
termo posteriormente utilizado por Peirce e Greimas, semiótica é a ciência geral dos
signos, que inclui os signos de natureza não humana, e a ciência da significação. Ela
tem como objeto de estudo o texto/discurso e não a palavra solta ou a frase, seu objetivo
é explicar os mecanismos, os procedimentos do plano de conteúdo e do plano da
expressão.
Considerado um teórico contemporâneo Algirdas Julius Greimas estuda a relação do
plano de expressão e do plano de conteúdo através do texto, mas afinal o que seria o
plano de expressão e o plano de conteúdo?
Segundo Hernandes “O plano de conteúdo é o lugar dos conceitos ou “onde o texto
diz o que diz”. O plano de expressão é o “lugar de trabalho das diferentes linguagens
que vão, no mínimo carregar, os sentidos do plano de conteúdo” (HERNANDES, 2005,
p. 228).
Algirdas Julius Greimas em Ensaios de semiótica Poética parte desse princípio,
ao analisar o discurso poético, Greimas na página 18, fala sobre o Isomorfismo da
Expressão e do Conteúdo, assim como o progresso da linguística.
“o progresso fundamental da linguística no período entre as duas guerras
constituiu em estabelecer a evidência de que a análise, iniciada no plano de
signos morfemas, palavras, frase, discursos) só poderia prosseguir e explicar
o fenômeno linguístico operando a disjunção dos dois planos simples da
linguagem- o da expressão e o do conteúdo- submetendo cada um deles
isoladamente a uma segmentação e a uma sistematização, não mais dos
signos e sim, para usar o termo Hjelmlesviano, das figura, isto é, em
unidades- agora construídas e não manifestadas- do dois planos”. Como
vemos a palavra como destruição do signo não ficou a espera do
aparecimento de uma nova geração de críticos literários (Ensaios de
Semiótica Poética, Editora Cultrix, página 18)
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Segundo Greimas é a interação sintagmática de membros significativos idênticos ou semelhantes que
originam um plano homogéneo de leitura textual. Rastier alargou o conceito englobando não só o nível do
conteúdo, como Greimas, mas também o nível da expressão. Explicou assim a definição como uma
recorrência ou repetição de qualquer elemento linguístico.
referentes estas ou aquelas formas de organização do texto poético. Neste
sentido, seria possível afirmar que o poético seleciona as suas formas nos
inventários que lhes são apresentados pela poética (Greimas, A. J, Ensaios
de Semiótica Poética, traduzido por Dantas, H. L, Editora da universidade de
São Paulo, Cultrix, 1975 página 23)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GREIMAS, A.J. Ensaios de Semiótica Poética, São Paulo, Cultrix, Ed. Da Universidade
de São Paulo, 1975.
KHOTE, F.R. A obra e a Crítica. In: Literatura e Sistemas intersemióticos. São Paulo:
Cortez: Autores associados, 1981.p.9-31.
SAUSURRE, Ferdinand de. Escritos de lingüística geral. Trad. Carlos Augusto Leuba
Salum; Ana Lucia Franco. São Paulo: Cultrix, 2002.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo:
Martins Fontes, 2003 [1979].