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VIII SIMELP E III SINTEL

A Semana de Arte Moderna de 1922: influência e


desdobramentos em Goiás na intersemiose da produção do
escritor Miguel Jorge

MANTOVANO, Luiz Carlos Moreira Ramo


Mestrando em Letras-PUC-GO
luizaocarpedien@gmail.com

OLIVEIRA, Custódia Annunziata Spenciere


Doutorado em Letras, Área de Teoria da Literatura
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP (2005)
Professora do Curso de Mestrado em Letras PUC-GO
Csoliveira09@gmail.com

Resumo:
Os objetivos das reflexões realizadas são: demonstrar que, a partir da importância que
a Semana de Arte Moderna representou para o Século XX no Brasil, ela gerou
desdobramentos, para além do eixo Rio - São Paulo, que determinaram a forma e o
cenário da arte brasileira; ponderar sobre como o movimento se estabeleceu em
Goiás, por meio do GEN (Grupo de Escritores Novos) que gestou obras e autores de
repercussão nacional e reflete, ainda hoje, na produção de autores goianos e
apresentar, especificamente, na obra do autor goiano Miguel Jorge, como as
características modernistas sugeridas pelos diversos manifestos estão presentes,
alcançando a intersemiose, em demonstração dos desdobramentos que a semana de
22 promoveu. O referencial teórico que embasa essas reflexões parte dos manifestos,
tanto os brasileiros, quanto os europeus, em sua íntegra, transcritos no livro de Teles -
Vanguarda Europeia e Modernismo Brasileiro; de Bosi que apresenta reflexões sobre o
pré-modernismo que gestou a Semana de Arte Moderna, o próprio Modernismo, suas
tendências e consequências; de Cândido que faz reflexões sobre o Modernismo; de
Olival que faz a história e a análise do grupo GEN, responsável pelas ideias modernistas
em Goiás; de Peirce, Santaella e Volli que permitem a reflexão sobre a força que as
teorias da Semiótica, contemporâneas ao movimento, estabelecem um processo
posterior de intersemiose, promovendo interessantes desdobramentos das propostas
estabelecidas na Semana de Arte Moderna. Por meio da revisão bibliográfica,
pretende-se demonstrar como esse processo de modernização nasce, estabelece-se e
progride, interferindo na pós-modernidade da literatura. A Semana de Arte Moderna é
a representação da explosão reprimida de desejos sociais e políticos transformadores e
construtores da sociedade, não representados à época, na arte. É uma explosão de
liberdade “desvairada” e criadora, gênesis das novas reflexões que tomaram conta do
país.
VIII SIMELP E III SINTEL

Palavras-chave: Semana de Arte Moderna; Desdobramentos em Goiás; Intersemiose.

Abstract: the extension of text is from 150 to 250 words, containing the objective,
main object, theoretical approach and the methodology for the analysis. If it is possible,
you have to present partial results.
The objectives of the reflections carried out are: to demonstrate that, based on the
importance that the Semana de Arte Moderna represented for the 20th century in Brazil,
it generated developments, beyond the Rio - São Paulo axis, which determined the form
and scenario of art Brazilian; to ponder how the movement was established in Goiás,
through the GEN (Grupo de Escritores Novos) that managed works and authors of
national repercussion and reflects, even today, in the production of Goiás authors and to
present, specifically, in the work of the Goiás author Miguel Jorge, as the modernist
characteristics suggested by the various manifestos are present, reaching the
intersemiosis, in demonstration of the unfolding that the week of 22 promoted. The
theoretical framework that underpins these reflections comes from the manifestos, both
Brazilian and European, in their entirety, transcribed in the book by Teles - European
Vanguarda e Modernismo Brasileiro; by Bosi, who presents reflections on the pre-
modernism that managed the Week of Modern Art, Modernism itself, its trends and
consequences; by Cândido who reflects on Modernism; de Olival, who makes the
history and analysis of the GEN group, responsible for modernist ideas in Goiás; by
Peirce, Santaella and Volli that allow a reflection on the strength that the theories of
Semiotics, contemporary to the movement, establish a subsequent process of
intersemiosis, promoting interesting unfoldings of the proposals established in the Week
of Modern Art. Through a bibliographic review, we intend to demonstrate how this
modernization process is born, establishes itself and progresses, interfering with the
post-modernity of literature. The Modern Art Week is the representation of the
repressed explosion of social and political desires that transform and build society, not
represented at the time, in art. It is an explosion of “crazy” and creative freedom, the
genesis of the new reflections that took over the country.

Keywords: Modern Art Week; Developments in Goiás; intersemiosis


VIII SIMELP E III SINTEL

Introdução

Os objetivos das reflexões realizadas são: demonstrar que, a partir da


importância que a Semana de Arte Moderna representou para o Século XX no Brasil,
ela gerou desdobramentos, para além do eixo Rio - São Paulo, que determinaram a
forma e o cenário da arte brasileira; ponderar sobre como o movimento se estabeleceu
em Goiás, por meio do GEN (Grupo de Escritores Novos) que produziu obras e autores
de repercussão nacional e reflete, ainda hoje, na produção de autores goianos e
apresentar, especificamente, na obra do autor goiano Miguel Jorge, como as
características modernistas sugeridas pelos diversos manifestos estão presentes,
alcançando a intersemiose, em demonstração dos desdobramentos que a semana de 22
promoveu.

O referencial teórico que embasa essas reflexões parte dos manifestos, tanto os
brasileiros, quanto os europeus, em sua íntegra, transcritos no livro de Teles -
Vanguarda Europeia e Modernismo Brasileiro; de Bosi que apresenta reflexões sobre o
pré-modernismo que gestou a Semana de Arte Moderna, o próprio Modernismo, suas
tendências e consequências; de Cândido que faz reflexões sobre o Modernismo; de
Olival que faz a história e a análise do grupo GEN, responsável pelas ideias modernistas
em Goiás; de Peirce, Santaella e Volli que permitem a reflexão sobre a força que as
teorias da Semiótica, contemporâneas ao movimento, estabelece um processo posterior
de intersemiose promovendo interessantes desdobramentos das propostas estabelecidas
na Semana de Arte Moderna. A Semana de 22 rompeu com o paradigma do
perfeccionismo, dos poemas metrificados e com ritmo clássico, e pregava uma relativa
liberdade. “Começou-se a escrever sobre os populares, com forma livre” Em Goiás, o
movimento veio chegando lentamente, com conflitos. 

Por meio da revisão bibliográfica, pretende-se demonstrar como esse processo de


modernização nasce, estabelece-se e progride, interferindo na pós-modernidade da
literatura.

1. Objetivos do Trabalho
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O objetivo desse trabalho além de mensurar a importância e relevância da


semana de arte moderna e seu centenário, parte do princípio dos desdobramentos da
semana em outras regiões do país, mais específico no estado de Goiás. Os frutos
colhidos na semana de 22 repercutem na atualidade na produção de autores Goianos.
Com mais de 30 livros publicados em contos, poesia, poemas, antologias,
romances, teatro e novela infanto-juvenil Miguel Jorge é um exímio representante do
modernismo em Goiás, foi presidente do grupo do GEN e UBE seção Goiás, o escritor
teve grande influência na literatura seja ela no âmbito nacional e internacional.

2. Indicação da Fundamentação Teórica


Segundo Antônio Candido o modernismo interessava sobre tudo como atitude
mental, para ele hoje interessa mais como criação de uma linguagem inovadora. Afirma
ainda que a escola literária e seus movimentos forma veículos de atitudes de renovação
da crítica do Brasil com interesse nos problemas sociais e desejos de criar uma cultura
local
[...] o Modernismo representa um esforço brusco e feliz de reajustamento da
cultura às condições sociais e ideológicas, que vinham, desde o fim da
Monarquia, em lenta mudança, acelerada pelas fissuras que a Primeira Guerra
Mundial abriu também aqui na estrutura social, econômica e política. A força
do Modernismo reside na largueza com que se propôs encarar a nova
situação, facilitando o desenvolvimento até então embrionário da sociologia,
da história social, da etnografia, do folclore, da teoria educacional, da teoria
política. Não é preciso lembrar a sincronia dos acontecimentos literários,
políticos, educacionais, artísticos, para sugerir o poderoso impacto que os
anos de 1920-1935 representam na sociedade e na ideologia do passado.
(CANDIDO, 2006. p. 141)

3. Metodologia 

No livro de poesia Profugus é possível perceber os aspectos modernistas desde


sua construção e estrutura do livro. A capa do livro traz uma Gravata cerrada na altura
do pescoço com homens bordados em fios coloridos, nos remete ao surrealismo.
Após a apresentação do índice o livro contém a indicação de três capítulos, I Do
homem E do Rio, II Do Corpo do Homem, e do Homem E seus pertences, com citação
de um poema épico de Eneida, após isto o livro já inicia com imagens e figuras feitas
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por Deck que chama atenção com a última imagem de um carro sendo visualizado pelo
retrovisor, com os versos” teu mais novo nascimento: homem máquina. Teu parto do
século: tua farta cama” é um exemplo de expressão do futurismo.
Nos poemas é possível perceber a liberdade na criação de estrofes e versos,
numa clara demonstração modernista, mantendo recursos como as figuras de linguagem
e em certos momentos as rimas. No poema a Gravata, p 98, podemos perceber uma forte
crítica as regras clássicas de escrita em que os poetas eram “entalhados”
GRAVATA
Antes da corda: a gravata
Fustigando teu pescoço grosso
Tua sina de engasgado
Tua morfina
Teus lábios de enforcado
Que olhos espicaçadores
Te prescrevem em nobres rostos
Novos santos dias

Antes da corda
(sobre tufos de seda)
A gravata que te sufoca
Dura e fria
Na escada no elevador
Na porta na escrivaninha
(verde-amarelo-azul-martírio)
Furibundo trapo
Leve alheio recheio pesado
No trato da fala
Ciclos eleitorais
(escritoriais)
Do mais alto extremato
Sem estrelato
Antes da corda
(ou do garrote vil)
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O nó da gravata
(pela elegância do teu povo)
Calca tua pele tuas veias
Fios de seda faca estilete lâmina
Devorando os hooooos,aiiiiiis e obrigados
(retardados)

Antes da corda
A gravata te enfeita
(bolores coloridos de três cores)
Nas pompas fúnebres sintéticas
(celestiais)
Fino pano feito para teu peito largo
Longa forma afrodisíaca
Abandonada
Sobre a poeira
Do dia

Por pouco ou por nada


Por nada ou por pouco
Quase mortalha:
A GRAVATA TE ENTALHA
JORGE,Miguel. Profugus.Goiânia: O popular, 1990. Página 98 e 99.

Em outros poemas do mesmo livro é possível perceber a preocupação com as


questões sociais da época assim como o futuro que está por vir. Outro livro que trata de
alguns problemas sociais causados pela modernidade é o Veias e Vinho, livro publicado
em 1981, romance modernista Goiano que constitui seu enredo em torno da chacina
ocorrida 1957 com seis membros da família Matteuci.
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2. Imagens
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CONCLUSÃO
A Semana de Arte Moderna é a representação da explosão reprimida de desejos
sociais e políticos transformadores e construtores da sociedade, não
representados à época na arte. É uma explosão de liberdade “desvairada” e
criadora, gênesis das novas reflexões que tomaram conta do país. Uma explosão
que se disseminou pelo país e transformou sua sociedade.

Referências

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix,


1994.
CANDIDO, Antônio. Iniciação à Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Ouro
sobre Azul, 2004.

TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Europeia e Modernismo Brasileiro.


Petrópolis: Vozes, 2000.

SANTAELLA, Lúcia. A assinatura das coisas: Peirce e a Literatura. Rio de


Janeiro: Imago Editora, 1992.

VOLLI, Ugo. Manual de Semiótica. São Paulo: Edições Loyola, 2007.

PEIRCE, C. S. (1993). Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2017.

OLIVAL, Moema de Castro e Silva. GEN – Um sopro na renovação em


Goiás: Vozes representativas, 2000.

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