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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de

Janeiro
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Federal Fluminense
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ

Disciplina: Português V
Coordenador: Elaine Alves Santos Melo
Handout: Nasalidade Fonética1

Nasalidade fonética2

A nasalidade fonética, de natureza não-contrastiva, consiste na assimilação por parte


de uma vogal do traço nasal da consoante [], [] ou [] que inicia a sílaba a ela

subsequente, assimilação essa, portanto, do tipo regressivo, conforme se observa nos


vocábulos abaixo:
c[̃]mara c[̃]na v[̃]nho f[̃̃]me c[̃]nhado

A regra de nasalização, embora muito produtiva no Português do Brasil, é variável,


sendo condicionada, sobretudo, pela posição do acento, a natureza da consoante nasal e
a origem regional do falante (área geográfica).
Pode-se resumir a atuação desses fatores de forma escalar. Assim, há maior/menor
probabilidade de a vogal nasalizar-se,

(+) (+) (-)


quanto ao acento, tônica pretônica derivada de tônica pretônica permanente
quanto à consoante seguinte, [] [] []

quanto à área geográfica, Nordeste Sudeste Sul


(-)

Exemplos

1
Compilação de exercícios das professoras Silvia Brandão (UFRJ) e Danielle Kelly (UFRJ)
2
Síntese de material organizado pela professora Silvia Figueiredo Brandão (UFRJ)
+ -
tônica pretônica derivada de tônica pretônica permanente
lanho banheiro manhã
chama clonagem banana
cana punhal análise

Trabalho realizado por Abaurre & Pagotto (1997: 503) demonstra que a nasalização
da vogal é:
(a) categórica quando a nasal que a segue é palatal (100% de linho
ocorrências):
(b) quase categórica (92%) em sílaba tônica: cume
(c) mais produtiva em sílabas em que a vogal é precedida de manutenção
consoante (onset preenchido), sobretudo nasal:
(d) embora o onset ramificado tenda a inibir a regra: prima
(e) o onset vazio também inibe a nasalização: [a]nual

Bibliografia:
ABAURRE, Maria Bernadete M. & PAGOTTO, Emílio (1997) Nasalização no Português do
Brasil. In: KOCH, Ingedore G. Villaça (org) Gramática do português falado, v. VI.
Campinas: Editora da Unicamp/FAPESP.p. 495-526.
CÂMARA JR, J. Mattoso (1953) Para o estudo da fonêmica portuguesa. Rio de Janeiro: Simões.
________ (1977) Para o estudo da fonêmica portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão

________ (1979) Estrutura da língua portuguesa. 9. ed. Petrópolis: Vozes.

________ (1970) Problemas de lingüística descritiva. 3. ed. Petrópolis: Vozes.

MATEUS, Maria Helena Mira & ANDRADE Ernesto d’ (2000) The phonology of portuguese.
Oxford:University Press.

BATTISTI, Elisa & VIEIRA, Maria José Blaskovski (1996) O sistema vocálico do português In:
BISOL, Leda (org) Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro. Porto Alegre:
EDIPUCRS. p.205-246

MORAES, João Antônio (1992) Sobre a duração dos segmentos vocálicos nasais e nasalizados
em português: um exercício de fonologia experimental. Cadernos de Estudos Lingüísticos,
Campinas, (23): 153-166.

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