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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

HIS 1850 - História das Cidades - 28A

Alunas: Jade Gouveia e Marina Aslan


Seminário D - Capítulos 1 e 2

David Harvey - Cidades Rebeldes

David Harvey é um geógrafo britânico, formado pela Universidade de


Cambridge e professor de Antropologia da Universidade da Cidade de Nova York,
na qual está desde 2001. Sendo uns dos maiores marxistas mais influentes da
atualidade, esteve em busca de ferramentas que permitissem uma compreensão
mais plena dos fenômenos da urbanização e dos ciclos de acumulação de capital.
Harvey iniciou sua carreira acadêmica pelos estudos literários e começou a
destacar-se no cenário intelectual geográfico já nos anos 60, sendo meramente
reconhecido pela obra "Explanation In Geography" e posteriormente, o autor
inclinou-se para os estudos urbanos, adotando uma postura marxista mais
condizente com a corrente de pensamento que passou a dominar o pensamento
geográfico a partir dos anos 1970, a Geografia Crítica.

O livro resenhado foi "Cidades Rebeldes: Do Direito à Cidade à Revolução


Urbana", abordando o direito à cidade e as raízes das crises capitalistas, David
Harvey traz para a teoria social sua análise sobre o papel das cidades na
transformação social a partir de contradições da urbanização e movimentos
anticapitalistas. Sendo assim, Harvey conduz para quem o lê uma grande reflexão
sobre assuntos polêmicos num tempo de crise financeira, rebeliões contra o sistema
e crises sociais. O autor não apenas retoma e aprofunda estas questões como, da
mesma forma, situa as lutas anticapitalistas no centro da discussão, chamando a
atenção para a importância das cidades e coloca seu pensamento como referência
para arquitetos, urbanistas, geógrafos, planejadores e demais profissionais e
cientistas sociais implicados com estas questões do mundo contemporâneo. É uma
obra rica em análises da produção do espaço urbano contemporâneo e repleta de
possibilidades de inspirações para todas as pessoas que buscam a reprodução da
vida com dignidade e almeja a construção de uma nova sociedade.

No livro, o autor está empenhado em identificar e compreender formas de


organização social distintas das previstas por uma marxismo mais tradicional. No
centro desta estrutura, Harvey demonstra um notável interesse em expor suas
ideias, sempre trazendo no início de cada seção, uma contextualização histórica e
algumas provocações em questões que irão o fazer pensar mais a fundo e é dessa
maneira que, logo no prefácio, intitulado “A visão de Henri Lefèbvre”, o autor
considera o espaço-tempo vivido pelo intelectual francês e retoma algumas de suas
principais contribuições, como aquelas relacionadas ao direito à cidade e à
revolução urbana; elementos estes que passam por suas reflexões ao longo do
livro. Trata-se ainda, segundo o autor, de uma queixa, como resposta à devastadora
crise da vida cotidiana (parisiense), e, ao mesmo tempo, uma exigência, dada a
necessidade de uma vida urbana alternativa, menos alienada e mais aberta ao
futuro e aos conflitos.

David Harvey introduz sua análise do papel das cidades na transformação social,
com base nas contradições da urbanização e dos movimentos anticapitalistas.
Pensar que nossa tarefa política é imaginar e construir um novo tipo de cidade, e
olhar para trás como a cidade tradicional que imaginamos foi destruída e morta pela
urbanização capitalista descontrolada, financiando sua reprodução através do
processo acelerado de acumulação de capital e expansão urbana. Dedica-se a
superar a lacuna identificada no tratamento do tema da urbanização pela tradição
marxista de pensamento. Para o autor, reivindicar o direito à cidade concentra-se
nas mãos de uma pequena elite política e econômica com condições de moldar a
cidade cada vez mais segundo suas necessidades particulares e seus mais
profundos desejos" (pág. 63). Questiona sobre como a cidade poderia ser
reorganizada de uma maneira social e ecologicamente mais justa.

Nos capítulos iniciais do livro, Harvey realiza uma crítica imanente aos
economistas burgueses e sua míope visão sobre a cidade como negócio. Falando
sobre as relações entre capital e urbanização (o conflito de classes), discutindo o
direito à cidade e as raízes das crises capitalistas. Reúne importantes contribuições
ao capitalismo e suas contradições, bem como ao processo de urbanização. Onde a
urbanização capitalista tem provocado rebatimentos problemáticos na produção dos
espaços da cidade. Harvey chama a atenção para a importância das cidades e para
o potencial revolucionário de outras formas de vida urbana. O direito à cidade
implica na utilização social do espaço, transformando o espaço público em comuns
políticos, em um lugar para debates e discussões abertas sobre o que esse poder
está fazendo e qual seria o melhor método de se contrastar a ele. Em uma
entrevista para o site britânico "New left Project", Harvey diz que "É preciso buscar
sentidos rebeldes nas lutas por direitos sociais empreendidos por um leque muito
mais amplo de grupos e movimentos".

Algo bem marcante também que Harvey deixa impregnado em seu livro é a
insatisfação que o capitalismo deixa para a comunidade, como as pessoas têm
buscado padrões de estilo de vida muito defasados, como se o consumismo os
tivessem sugados e tudo se baseia em apenas mercadorias e trocas de capital;
apenas aqueles que realmente tiverem dinheiro poderão dar a si mesmo e a sua
família uma boa vida, já que as relações interpessoais e os direitos de cidadão
foram então deixados de lado, como o autor deixa bem explícito em: " Vivemos cada
vez mais em cidades divididas, fragmentadas e propensas a conflitos. O modo como
vemos o mundo e definimos possibilidades depende do lado da pista em que nos
encontramos e a que tipo de consumismo temos acesso."(pág 47).

Na palestra “De 1848 às cidades rebeldes” Harvey diz “Se alguém me perguntar
qual conselho eu dou a algum prefeito, eu diria: abra o maior número de espaços
possivel onde os movimentos revolucionários possam começar a acontecer” e é
exatamente por isso que o nome do livro é Cidades rebeldes, pela importância das
pessoas fazerem revoluções para reivindicar o seu direito à cidade.
Como dupla adoramos o livro, realmente o autor conseguiu emergir o que pensa e
fazer com que isso afete a linha de raciocínio de quem o lê. Quando entramos em
debate sobre, discutimos como isso nos afeta de tal maneira que pudéssemos nos
colocar sobre situações descritas por Harvey; como o capitalismo cegou as pessoas
de tal maneira que nem as simples coisas podem o fazer feliz com melhores estilos
de vida; tem apagado as "chamas" dos relacionamentos interpessoais e os colocado
sob crises que por vezes não deveriam ser colocadas em pauta, por outro lado
também debatemos que por hora o capitalismo dá um certo tipo de sabedoria
financeira às pessoas e dessa forma os fazem ter noção de como mal usado o
capital as pessoas podem se perder e não terem boas experiências, usam de
maneira errada e assim elas acabam refletindo a si mesmas. De fato é o livro certo
para quem deseja buscar alternativas e debater a crise do capitalismo, degradação
social e ambiental das cidades.

INFOS:

https://brasilescola.uol.com.br/
https://blogdaboitempo.com.br/
https://www.youtube.com/watch?v=Vi3qfKt4yvc
https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/resen%20a2018_11_
04_15_49_44.pdf

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