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III SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – SEMIC 2018 – IFCE: Juazeiro do Norte, 16 a 20 de outubro.

QUANTIFICAÇÃO DAS ÁGUAS DE DESCARTE DOS BEBEDOUROS E


DESTILADORES DO IFCE CAMPUS JUAZEIRO DO NORTE/CE
Camilla de Oliveira Pinho Vida 1, Francisca Adriana Fernandes Simões2, Robson Gonçalves
Fechine Feitosa3

Área do Conhecimento: Engenharia I

Introdução

É sabido que a escassez da água é um dos problemas enfrentados em todo o mundo.


Alguns fatores têm provocado à redução da qualidade e da distribuição da água, tais como:
desenvolvimento desordenado das cidades; poluição e má gestão dos recursos hídricos; bem
como o crescimento populacional e industrial. Esses fatores geram um aumento na demanda
pela água, provocando um possível esgotamento desse recurso.
Campos e Studart (2003) relatam que, nas últimas décadas, as preocupações da
sociedade com problemas ligados ao uso e ao manejo das águas levaram a debates e
inovações. Com isso, expressões como recursos hídricos, gestão ambiental, uso racional e
reuso das águas, passaram a fazer parte do dia-a-dia das pessoas e dos meios de comunicação.
Tratando-se da expressão reúso das águas, a Resolução nº 54 de 28 de novembro de
2005, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, em seu artigo 2º, define as águas
residuárias como sendo, esgoto, água descartada, efluentes líquidos de edificações, indústrias,
agroindústrias e agropecuária, tratadas ou não; e o reuso da água é a utilização da mesma.
O destilador de água é um equipamento que necessita de um grande volume de
água potável no processo de destilação. Marsaro e Guimarães (2007) apud Dias et al (2016)
relatam que do total deste volume, em torno 4% da água é destilada, e o restante,
aproximadamente 96%, é desprezado, totalmente, e utilizado apenas para o resfriamento.
Ainda segundo os autores, estima-se que, para produzir 1 litro de água destilada, em média 21
litros de água potável são desperdiçados.
Nesse contexto, o presente trabalho aborda a quantificação das águas residuárias
geradas através do uso de bebedouros e destiladores dentro de uma instituição de ensino, o
IFCE Campus Juazeiro do Norte, localizada na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará,
objetivando quantificar o volume descartado nos destiladores durante as atividades
laboratoriais e pelo consumo do corpo docente e discente nos bebedouros distribuídos pelo
campus.

1
Graduanda em Engenharia ambiental e sanitária e Bolsista do Laboratório de Engenharia Ambiental e
Sanitária - IFCE, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Juazeiro do Norte.
Av. Plácido Aderaldo Castelo, 1646 - Planalto, Juazeiro do Norte - CE, 63040-540. E-mail:
camillavida22cbn@gmail.com

² Francisca Adriana Fernandes Simões Técnica do Laboratório de Engenharia Ambiental e Sanitária do


Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Juazeiro do Norte. Av. Plácido
Aderaldo Castelo, 1646 - Planalto, Juazeiro do Norte - CE, 63040-540. E-mail: dricaamb@hotmail.com
3
Robson Gonçalves Fechine Feitosa. Professor Associado do Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Ceará – Campus Crato. Rodovia CE 292, KM 15, Gisélia Pinheiro - CEP 63115-500 - Crato -
Ceará. E-mail: robsonfeitosa@ifce.edu.br
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Material e Método

Localização da área de estudo


A pesquisa foi desenvolvida no município de Juazeiro do Norte, região sul do Estado
do Ceará, tendo como área de estudo o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Ceará, IFCE Campus Juazeiro do Norte, localizado no bairro Planalto. O município possui
área de 248,832 m² e população estimada em 270.383 mil habitantes (IBGE, 2017).
O IFCE Campus Juazeiro do Norte é uma escola da rede federal de educação, criada
em 2008 pela lei pela Lei nº 11.892, que oferta cursos de nível médio, tecnológico,
licenciatura e bacharelado. Atualmente atende um público interno diário de aproximadamente
1.200 pessoas, incluindo alunos, servidores e terceirizados. O campus possui sistema de
abastecimento de água próprio, sendo a água captada de um poço profundo com vazão de 4 l/s
e distribuída para diversos pontos para diversos usos, tais como, consumo humano
(restaurantes e bebedouros), manutenção de laboratórios (destiladores), descarga de vasos
sanitários, limpeza em geral, irrigação dos jardins e piscina. O campus não possui outorga da
água, mas segundo informações da administração o processo de outorga já foi iniciado. A
figura 01 mostra a delimitação da área de estudo.
Figura 01 – Delimitação da área de estudo.

Fonte: Google Earth (2018) - Adaptação

Inicialmente foi realizado um levantamento do quantitativo de bebedouros e


destiladores no campus, sendo o total de três bebedouros e dois destiladores, os quais estão
localizados em pontos distintos, a saber: bebedouro térreo (localizado próximo à sala dos
professores), bebedouro cantina (localizado próximo ao restaurante acadêmico) e bebedouro
1º andar (localizado entre o bloco B e bloco C) e, um destilador no Laboratório de Química-
LAQAM, no bloco C, e outro no laboratório de Engenharia Ambiental e Sanitária-LEAS, no
Bloco E. Posteriormente foi realizada a medição e monitoramento do volume de água
descartada nos bebedouros durante o consumo e a quantificação do volume de água requerido
para iniciar a destilação da água nos destiladores, o volume descartado durante esse processo,
bem como o volume destilado.
Os aparelhos utilizados são do tipo bebedouros industriais de inox e destiladores de
água modelo Pilsen. No sistema pilsen a água entra na caldeira é pré-aquecida, para em
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seguida entrar em ebulição e condensar posteriormente, produzindo água química e


bacteriologicamente pura. As figuras 02 e 03 mostram imagens dos modelos dos bebedouros e
destiladores.

Para a medição da vazão foi utilizado um método simples que consiste em recolher a
água em um recipiente de volume conhecido e contar o tempo gasto (FUNASA, 2004). Com
isso para a determinação da vazão foi utilizado a seguinte equação:
𝑉
𝑄 = 𝑡 (𝑚3 /𝑠)

Q = Vazão
V= volume
t = tempo

Para realizar a medição da vazão foram utilizadas metodologias diferentes nos


destiladores: no destilador do Laboratório LEAS foram utilizadas três bombonas de 60 litros
para coletar o volume descartado e, para quantificar o volume requerido na destilação foi
utilizado um balde e um béquer. Já no destilador localizado no laboratório LAQAM a
medição foi feita utilizando um cronômetro para medir o tempo gasto para destilar 100 ml de
água. Para os bebedouros foram utilizados três garrafões de 5 litros para quantificar o volume
descartado.
A execução desses procedimentos de medição e levantamento de dados foi realizada
nos dias 20 e 24 de setembro de 2018, considerando os horários de pico do campus, que são
os horários de intervalo (9:30) e almoço (12:00), visto a demanda ser maior nesse período.

Resultados e Discussão
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Os resultados obtidos após a execução do estudo encontram-se nas tabelas 01 e 02, as


quais apresentam os dados quantitativos das vazões das águas descartadas nos bebedouros e
destiladores.
Tabela 1: Dados quantitativos das vazões dos bebedouros do IFCE Campus Juazeiro do Norte.
20/09/2018 24/09/2018

(a) Bebedouros Tempo Vazão Tempo Vazão


Volume total Volume total
descartado (l) (l/h) descartado (l) (l/h)

Térreo 5,3 01h52min 2,9 4,1 34min 7,2

1° andar 4,4 01h18min 3,4 4,9 01h28min 3,6

Cantina 4,2 03h09min 1,3 2,5 01h23min 1,7


Fonte: autor (2018)

Tabela 2: Dados quantitativos das vazões dos destiladores do IFCE Campus Juazeiro do Norte.
Volume Volume total
Volume requerido
Volume descartado descartado (l/h)
(b) Destiladores para iniciar a
destilado (l/h) durante a
destilação (l)
destilação (l/h)
LEAS 7,6 4,8 145,8 153,4
LAQAM 5,4 4,7 97,3 102,7
Fonte: autor (2018)

De acordo com os resultados obtidos, observamos que as vazões nos bebedouros


variaram nos diferentes pontos, com maiores vazões no bebedouro térreo e 1º andar
apresentando maior volume descartado e, portanto, maiores vazões em l/h nos dois dias de
medição. Esses valores podem ser atribuídos à facilidade do local de acesso aos bebedouros, o
que aumenta a demanda.
Com relação aos destiladores, observamos que as vazões variaram para cada
destilador, e que o volume descartado durante a destilação é muito elevado comparado com o
volume destilado. No destilador do LEAS para destilar 4,8 litros de água, foram descartados
153,4 litros de água por hora. No destilador do LAQAM a destilação de 4,7 litros gerou um
descarte de 102,7 litros de água.
Este trabalho representa apenas uma quantificação inicial para identificarmos as
demandas de água potável e consequente geração de águas residuárias nos dois pontos
(bebedouros e destiladores). Um estudo mais detalhado e monitorado será necessário para um
resultado mais preciso, visando uma reutilização destas águas, as quais, no momento, estão
sendo encaminhadas à estação de tratamento de esgoto ETE, localizada no próprio campus,
quando poderiam estar sendo reaproveitadas em diversos usos, tais como, irrigação, descarga
de vaso sanitário, limpeza em geral, nos laboratórios etc.

Referências Bibliográficas

CAMPOS, Nilson; STUDART, Ticiana. Gestão das águas: princípios e práticas. 2.ed. Porto
Alegre: ABRH, 2003.
III SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – SEMIC 2018 – IFCE: Juazeiro do Norte, 16 a 20 de outubro.

DIAS, P.H.A; FERNANDES, T.B; SILVA, T.M DA; COSTA, M. D. DA. SISTEMA
SIMPLIFICADO DE CAPTAÇÃO DE ÁGUAS DE DESTILADORES 8ª JORNADA CIENTÍFICA E
TECNOLÓGICA E 5º SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO IFSULDEMINAS, PASSOS MG, 2016.

FUNASA. Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 3. ed. rev. Brasília:


Fundação Nacional de Saúde, 2004.

Lei 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional,


Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá
outras providências.

MARISCO, L.V.; FERNANDES V.C.; CAVAGNI, M.V.; FERNANDES, L. C;


FERNANDES, J. C. Reúso de Efluentes Provenientes de Aparelhos Destiladores. Revista
CIATEC – UPF, vol.6 (1), p.p.37-47, 2014 37.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Resolução Nº 54, de 28 de Novembro de 2005.


Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável
de água, e dá outras providências. Brasília: Conselho Nacional dos Recursos Hídricos -
CNRH, 2005.

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