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Palestra proferida na celebração dos 50 anos do regresso do exílio de D. António Ferreira Gomes.
Porto, Auditório do Paço Episcopal, 18 de outubro de 2019.
Comemoramos os cinquenta anos do regresso à sua diocese, após um exílio de dez anos
no estrangeiro, dessa grande figura da Igreja e da história portuguesa da segunda metade
do século XX que foi D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto. Passam hoje
exactamente sessenta anos sobre a data, 18 de outubro de 1959, em que lhe foi barrada a
reentrada no país, no termo de umas alegadas férias. Como historiador, a minha
homenagem a D. António consistirá em procurar fazer aqui um relato fiel do seu desterro,
isto é, do modo como o bispo do Porto foi conduzido para fora do país, de como umas
férias se transformaram em exílio imposto e das razões por que este se prolongou até
1969, conservando, todavia, o título da diocese do Porto por vontade da Santa Sé. Não
podendo fazer aqui um historial de todos os antecedentes, bastante conhecidos, vou
centrar-me em alguns aspectos fulcrais do processo diplomático do desterro, baseando-
me em dados que são na sua maioria do domínio público.
Quem quis, promoveu e conseguiu o longo exílio do bispo do Porto foi o ditador Salazar.
À época isso apenas se sabia ou intuía privadamente, pois o assunto era tabu. Durante
uma década, a censura portuguesa cortou toda a informação sobre o caso, excepto os
conhecidos ataques públicos à pessoa do bispo, promovidos ou consentidos pelo governo.
Todo o processo de desterro do bispo decorreu na confidencialidade dos canais
diplomáticos, a coberto de um duplo segredo, governamental e eclesiástico. A isto acresce
que durante os dez anos em que esteve exilado, D. António cumpriu as instruções de
Roma para manter a discrição: não publicou quaisquer escritos sobre o seu caso, não deu
entrevistas nem prestou declarações, apesar de ter sido repetidamente assediado para o
fazer pela imprensa internacional, inclusive a católica.
A verdade histórica do desterro do bispo do Porto, que no último quarto de século se foi
extraindo de documentos de arquivos, testemunhos pessoais, etc., revelou-se bastante
mais complexa do que teria sido uma simples decisão unilateral do autocrata e
prontamente executada. Salazar não tinha condições para levar por diante tão facilmente
os seus intentos, nem a expulsão do bispo do país nem a sua destituição. No processo, que
foi tudo menos linear e expedito, estiveram envolvidas muitas entidades e vontades, não
raro em choque entre si. Os protagonistas da história foram naturalmente o ditador e o
bispo do Porto, mas há que apontar outros intervenientes destacados: primeiramente, a
Santa Sé, isto é, o papa, a Cúria romana e as nunciaturas em Lisboa e Madrid; depois, o
episcopado português da metrópole, liderado pelo cardeal Cerejeira; enfim, a comunidade
católica do Porto, isto é, o clero e o laicado da diocese.
Foram já realizados importantes estudos sobre o caso do bispo do Porto, publicados
principalmente nos anos em torno da viragem do milénio. Em 1986, no seu livro Cartas
ao Papa, já o próprio D. António tinha feito algumas revelações sobre o seu exílio, mas
com os factos relatados sumariamente, pois recusava o papel de historiador do seu próprio
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caso. A nova situação do país após a revolução de 1974 também não o motivava muito a
olhar para esse passado ainda recente, pois outros problemas e desafios à Igreja
começaram a surgir no panorama nacional. D. António não escreveu memórias, mas
deixou um arquivo pessoal de correspondência e escritos diversos, indispensáveis para a
história do seu caso, parte dos quais reunidos no volume Provas, publicado pela Fundação
Spes em 2008, que veio completar a documentação já acessível nos arquivos do Estado
desde os anos 1990. Outros arquivos, como o Arquivo Secreto do Vaticano e o Arquivo
Histórico do Patriarcado de Lisboa, contêm certamente ainda informação muito relevante.
É uma história que será preciso ir fazendo e refazendo.
Graças aos estudos já publicados, ficou-se com uma noção muito mais clara de como o
exílio de D. António realmente se processou, dos problemas com que o governo de
Salazar se defrontou no seu propósito de conseguir a remoção canónica do bispo, dos
aliados que o governo angariou para a sua causa nas fileiras da Igreja, das figuras da
mesma Igreja que se opuseram aos desígnios do ditador e, ainda, das múltiplas
circunstâncias que condicionaram o processo decisório da Santa Sé neste caso, em que
intervieram pessoalmente dois papas, João XXIII e Paulo VI.
Uma particularidade das negociações entre Portugal e a Santa Sé sobre o caso do Porto
residia no facto de que enquanto o Estado português se regia unicamente pela vontade
inequívoca de uma só pessoa, o ditador, do lado de Roma a situação era bastante mais
complexa, apesar de ter no seu vértice o sumo pontífice. Comparada com a autocracia
então reinante em Portugal, a Santa Sé, cabeça da Igreja, era muito menos monolítica,
menos imobilista (lembro a convocação do Concílio em 1959), mais colegial e mais
propensa ao diálogo, reflectindo também em tudo isso a diversidade da Igreja universal.
Nos dicastérios da Cúria romana, cada qual com as suas preocupações específicas, e no
colégio de cardeais existia uma pluralidade de sensibilidades religiosas e políticas.
Diferentes correntes de opinião eram representadas, também, pelos vários episcopados
nacionais, como se pôde observar durante o Concílio. Os núncios, embora submetidos à
orientação de Roma, imprimiam por vezes uma forte marca pessoal à sua acção. A
diplomacia portuguesa de então procurava explorar em seu proveito todas essas
circunstâncias. Conseguiu, por exemplo, mobilizar o influente cardeal Alfredo Ottaviani
(secretário da então chamada Congregação do Santo Ofício), que interveio a favor do
governo português num momento crítico do caso do bispo do Porto, em setembro de 1959.
Ottaviani viria a ser considerado o chefe de fila dos cardeais conservadores que no
conclave de 1963 tentaram impedir a eleição de Paulo VI e também liderou a oposição a
vários documentos aprovados pelo Concílio, nomeadamente sobre liberdade religiosa.
Nos debates conciliares, Ottaviani confrontou-se nomeadamente com o cardeal Josef
Frings, presidente da Conferência Episcopal Alemã e arcebispo de Colónia, o qual entre
1964 e 1966 acolheria na sua diocese o exilado bispo do Porto.
Outra particularidade das relações do regime português com a Santa Sé era o facto de elas
terem sido excelentes nos trinta anos anteriores e de Roma continuar então a ser
percepcionada como uma aliada. Mesmo quando o governo de Lisboa tentava
teimosamente impor determinada solução para o caso do bispo do Porto, e a Santa Sé, na
pessoa do cardeal secretário de Estado Domenico Tardini, lhe resistia tenazmente, Roma
não deixava de afirmar que Salazar prestara relevantes “serviços à religião” (sic) e que
continuava apostada em manter o “amigável espírito de colaboração” selado pela
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ele, a Igreja “não pode situar-se à vontade nesse mundo”, tão contrário à “transparência
evangélica”. E formulava o voto de que na vida da Igreja houvesse apenas a diplomacia
estritamente necessária ou útil, ou seja, segundo dizia, “tão pouca quanto possível”. D.
António referia-se aí também ao papel dos núncios, bispos apenas de título, desligados da
acção pastoral e preocupados principalmente com a sua carreira, o seu cursus honorum.
Por diversas razões, os núncios com quem D. António teve de lidar durante o seu caso
deixaram-lhe, em geral, uma fraca impressão, especialmente negativa no caso de mons.
Giovanni Panico, núncio em Lisboa de 1959 a 1962, que se revelou um desinibido
defensor da política de Salazar e um resoluto adversário pessoal do bispo do Porto, como
o provam vários documentos do Arquivo Diplomático.
Julgo que, apesar de D. António ter tido um bom conhecimento do modo como o governo
português, o episcopado e a diplomacia da Santa Sé trataram o seu caso, ter-lhe-ão
escapado certos aspectos que só depois da sua morte foram revelados, alguns dos quais
ultrapassariam até a sua capacidade de imaginação. Um deles relaciona-se com o papel
desempenhado no seu desterro pelo arcebispo resignatário de Goa, D. José da Costa
Nunes, que desde 1953 vivia em Roma com funções honoríficas junto da Cúria. Costa
Nunes nutria pelo ditador português e pela sua política uma ilimitada admiração, patente
nas cartas que lhe escreveu. Desde 1946 que Salazar desejava vê-lo elevado ao
cardinalato, o que só foi conseguido tardiamente, em 1962, quando Costa Nunes já
completara 82 anos. Residia em instalações do Estado português em Roma e usufruía de
outras benesses estatais. O Arquivo Diplomático mostra como Costa Nunes colaborou
assiduamente com a embaixada de Portugal no Vaticano durante a gestão do caso do bispo
do Porto, prestando informações confidenciais sobre a Cúria e exercendo nela diversas
pressões, inclusive junto do papa. D. António tinha conhecimento disto e também do
papel que Costa Nunes desempenhou no processo do seu desterro, enquanto visitador
apostólico nomeado por João XXIII para realizar um inquérito à diocese do Porto. O que
D. António possivelmente não conseguiu imaginar foi o grau de sintonia e cumplicidade
entre Costa Nunes e Salazar no planeamento do seu exílio. Salazar escreveu do seu punho
um conhecido relatório do encontro que teve com Costa Nunes em 18 de junho de 1959,
durante o qual lhe sublinhou três pontos, para que os transmitisse a Roma: 1) o governo
não tinha objecção a que a Santa Sé nomeasse D. António para qualquer função, excepto
a de bispo de uma diocese portuguesa; 2) o governo só considerava solucionado o caso
do bispo do Porto quando o bispo deixasse de o ser; 3) o governo desejava que a Santa
Sé não tivesse dúvidas de que quer o bispo do Porto saísse do país “em passeio de licença,
chamado a Roma ou por qualquer outra forma”, tinha de pôr-se inteiramente de lado a
sua reentrada no país. Costa Nunes mostrou o seu acordo com estes pontos, acrescentando
(segundo o dito relatório) que “não convinha de modo nenhum ao governo português a
presença do senhor bispo no nosso território, mesmo sem jurisdição episcopal”. Não
obstante, Costa Nunes sustentou depois reiteradamente, inclusive perante D. António, que
desconhecia a intenção de Salazar de impedir o regresso do bispo ao país.
O modus faciendi usado no desterro do bispo teve desde o início o conhecimento e, até
certo ponto, a aquiescência da Santa Sé, que com muita antecipação tinha sido avisada da
intenção do governo de impedir o seu regresso. A sugestão da saída do bispo do país para
umas “longas férias” – com o fim de desanuviar o ambiente criado em Portugal pela
divulgação do pró-memória a Salazar – tinha sido feita pela primeira vez em fevereiro de
1959 ao ministro dos Negócios Estrangeiros Marcelo Mathias pelo núncio Fernando
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que o bispo “não seria autorizado a regressar à sua diocese”. Alarmado, Samorè
dissuadiu-o, dizendo que essa declaração formal seria “a pior coisa”, pois posta a questão
nesses termos, nunca a Santa Sé poderia aceitá-la e “teríamos perdido o trabalho até agora
feito com tanta paciência e boa vontade”. Em suma, Samorè pedia ao embaixador que
não quebrasse o sigilo diplomático nem pusesse em causa a ignorância oficial de Roma
acerca da posição do governo português, caso contrário a Santa Sé seria obrigada a
declarar inaceitável a proibição de regresso do bispo. Mantendo-se numa posição oficial
de ignorância, a diplomacia vaticana não tinha de se opor ao que oficialmente
desconhecia, não tinha de avisar o bispo do Porto da proibição de regresso, como de facto
não avisou, e tentava ganhar tempo para procurar outra solução doce, sem alarmar o bispo
em férias, que não precisaria de saber da proibição de regressar.
O episódio da tentativa gorada de regresso de D. António a Portugal a 18 outubro de 1959
não está ainda esclarecido em vários dos seus aspectos. D. António deixou-nos um relato
quase telegráfico do sucedido. Não é bem conhecido o papel do cardeal Ottaviani nem o
dos núncios em Lisboa, mons. Panico, e em Madrid, mons. Antoniutti, todos eles
simpatizantes dos regimes autoritários ibéricos e hostis ao bispo do Porto. O que se sabe
é que a Santa Sé foi alertada pelo governo português e pelo núncio Panico para a intenção
do bispo de regressar ao país no termo das suas férias, com base numa alegada informação
secreta. Em 23 de setembro, o ministro Marcelo Mathias enviou uma mensagem urgente
ao papa declarando que se o bispo se apresentasse na fronteira e tivesse de ser repelido, o
governo português tornaria público que “a Santa Sé fora advertida a tempo” da posição
do governo. Era de novo a chantagem, com a ameaça de quebrar o sigilo diplomático e
expor à luz do dia a actuação de Roma. Não conseguindo contactar D. António para lhe
ordenar que não tentasse regressar, a Santa Sé decidiu a 6 de outubro nomear um
administrador apostólico para a diocese do Porto, solicitando do governo de Salazar que
a notícia da nomeação fosse publicada em Portugal sem comentários (sem comentários
do governo, obviamente, porque dos outros encarregava-se a censura). A nomeação do
administrador da diocese, tomada sem o bispo ter sido ouvido, só dias depois lhe foi
comunicada pela nunciatura em Madrid, juntamente com a instrução de Roma para não
regressar a Portugal. Isto foi um duro golpe para D. António, que até aí se tinha submetido
às orientações superiores. Desgostoso com a decisão da Santa Sé, D. António dirigiu-se
para Vigo, de onde a 18 de outubro partiu para a fronteira de Tui-Valença, defrontando-
se ali com a recusa da PIDE em o deixar entrar no país. Declarou então que voltaria no
dia seguinte e que não se importava de ser preso, mas o núncio em Madrid, mons.
Antoniutti, imediatamente alertado por Lisboa, ordenou-lhe que o não fizesse. Apesar das
lacunas que persistem na história deste episódio, parece claro que, com a sua tentativa de
reentrar em Portugal, o bispo colocou o governo português, mas também a Santa Sé,
perante as suas responsabilidades, pois até aí tudo se passara no segredo dos bastidores,
com recurso a habilidades diplomáticas, inverdades e omissões. Se D. António não tivesse
tentado regressar, não poderia afirmar que fora efectivamente desterrado.
Nem o governo de Salazar nem a Santa Sé estavam nada interessados em que a saída de
Portugal do bispo fosse vista publicamente como um desterro, que seria uma “violência
contra uma figura da Igreja”. O governo queria o bispo fora do país e destituído por Roma,
mas evitando a todo o custo conceder-lhe o que chamava uma “auréola de mártir”. A
Santa Sé, por sua vez, não queria ser acusada de ter afastado um bispo por cedência a um
governo ditatorial, como já começava a dizer-se na imprensa italiana e europeia. Perante
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de ser bispo”. Em suma, não resignaria de livre vontade, mas declarava conformar-se com
qualquer decisão, pois não desejava ser estorvo aos planos do papa. Naturalmente,
acrescentava, não lhe seria depois proibido manifestar a sua consciência, de modo a
salvaguardar a sua responsabilidade e a poder justificar-se perante os seus diocesanos.
Sabe-se que foi portador desta notável carta Don Rafael González Moralejo, bispo
auxiliar de Valência e amigo de D. António, que o tinha ajudado na redacção (a “polir o
tom”) e que assumiu depois o papel de intermediário junto da Secretaria de Estado da
Santa Sé. Diga-se que Don Rafael se destacou no Concílio, de entre os oitenta bispos
espanhóis que nele participaram, por ter feito uma notada intervenção a favor da livre
nomeação dos bispos sem intervenção estatal – uma posição corajosa, pois ia contra o que
estipulava a própria Concordata espanhola de 1953. Pode constatar-se que a escolha de
Valência como local de exílio do bispo do Porto se revelou pouco auspiciosa para os
interesses de quem a impôs.
A resposta de D. António a Paulo VI não teve má recepção na Cúria, segundo o
testemunho do próprio Don Rafael, a quem mons. Samorè assegurou, emocionado, com
lágrimas nos olhos, que nunca tinha sido intenção da Santa Sé impor uma solução a D.
António e que sempre o apoiara contra toda a espécie de pressões. Apesar das continuadas
diligências da diplomacia portuguesa, sempre secundadas em Roma pelo cardeal Costa
Nunes, para que fosse nomeado um novo bispo do Porto, Paulo VI não voltou a tocar no
assunto nos seis anos seguintes, até à audiência que concedeu a D. António em fevereiro
de 1969, dando-lhe finalmente liberdade para regressar à sua diocese.
Pode concluir-se que, no essencial, a Santa Sé não abandonou D. António, antes defendeu
até ao fim a sua dignidade episcopal, salvaguardando com isso o prestígio do papa e a
independência da Igreja. É certo que a diplomacia da Igreja mostrou sempre abertura a
uma solução doce que satisfizesse o governo de Salazar, mas com a condição
imprescindível de que D. António a aceitasse, o que nunca se verificou. Não obstante,
Roma também recorreu às tais astúcias diplomáticas de que fala o livro Cartas ao Papa
e que julgo ter aqui descrito com algum detalhe. A Santa Sé cedeu ao validar tacitamente
o estratagema utilizado para que o bispo saísse do país, depois de advertida de que não
haveria regresso. Foi, por isso, obrigada a ceder novamente à chantagem do governo
português, ao ter de ordenar a D. António que não regressasse a Portugal, perante a
ameaça de quebra de sigilo diplomático feita pelo governo português. Na origem dessas
cedências de Roma terá também estado a intenção de evitar males maiores, inclusive para
a pessoa do bispo. Há que considerar, sobretudo, que a Santa Sé foi condicionada na sua
gestão do caso pela posição da maioria dos bispos portugueses e pela estratégia do cardeal
Cerejeira de apresentar o caso do Porto como um grave “caso eclesiástico”, a carecer de
uma solução por Roma. A este respeito, dá que pensar que a “solução definitiva” do
problema tenha realmente sido não a destituição de D. António, mas sim o afastamento
de Salazar da governação. Afinal, a raiz do alegado “caso eclesiástico” era política.
D. António patenteou ao longo do seu exílio, a par de uma notável contenção, uma
excepcional capacidade de resistência e de superação das adversidades. No infortúnio do
desterro, soube dilatar os seus horizontes e tirar proveito da sua maior liberdade. Essa
longa e dura experiência também não teria sido concebível sem uma grande confiança e
esperança na Igreja – a qual, de facto, lhe retribuiu. Se não pôde contar com a
solidariedade da maioria do episcopado português, encontrou apoios decisivos na
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FONTES UTILIZADAS
Arquivos
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