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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO


CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS - CCSAH
CORDENADORIA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE PAU DOS FERROS - CMPF

FICHAMENTO: A RELEVÂNCIA DA ARQUITETURA |PAUL


GOLDBERGER| - CHAPTER I

DISCIENTE: LUCAS GABRIEL FERREIRA DOS SANTOS


MATRÍCULA: 2022010112
PERÍODO: 2022.1

Pau dos
Ferros-RN
2022
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O documento contido nas páginas que se seguem,
será utilizado como instrumento de avaliação,
sendo componente parcial da nota final do
primeiro módulo do semestre 2022.1, da
disciplina de Estética e História das Artes I,
elemento curricular obrigatório na matriz do
curso de arquitetura e urbanismo da Universidade
Federal Rural do Semi-Árido, ministrada pelo
professor doutor Gabriel Leopoldino Paulo de
Medeiros.

Pau dos
Ferros-RN
2022
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A Relevância da Arquitetura: Paul Goldberger
- Conjuntura Biográfica Literária

Paul Goldberger (1950-∞) de nacionalidade americana, é um renomado autor,


educador, jornalista e crítico de arquitetura. Formado em história da arquitetura
(1972) pela Yale University, trabalhou como reporter para o The New York Times,
logo depois no mesmo jornal foi nomeado crítico de arquitetura, alguns anos depois
assumiu o cargo de reitor da Parsons The New School for Design, onde também
leciona.

Ganhou várias premiações nas suas áreas de atuação, como; o Prêmio Pulitzer de
Crítica, o prêmio Vincent Scully Prize, e também recebeu das mãos do prefeito de
Nova York, Rudolph Giuliani o prêmio Preservation Achievement Award em
reconhecimento a contribuição dos seus trabalhos na preservação histórica.

Além de publicar artigos científicos também escreveu vários livros como; “Why
Architecture Matters”, “Building Art: The Life and Work of Frank Gehry” e em 2011
lançou uma de suas mais célebres obras traduzida para o português pela editora Bei
“A Relvância da Arquitetura”.

- Capítulo I: Significado, Cultura e Símbolo

No início dos Primeiros paragráfos o autor se encarrega de imergir o leitor para o


contexto do livro e do fazer arquitetônico, a priori contrapondo uma definiçao de
Nikolaus Pevsner, onde afirmou que “Uma garagem de bicicleta é uma construção, a
catedral de Lincoln é arquitetura”. Para ele, Pevsner erra em segregar a construção
fútil da arquitetura com “A” maiúsculo, ambas tem utilidade própria, características
singulares, e despertam sençasões únicas, não devendo ser avaliadas apenas de acordo
com a profundidade e complexidade presentes em cada uma delas. Como arremate a
suas palavras, ele complementa sua afirmação com a definição Vitrúviana de
arquitetura:
Vitrúvio, escrevendo da Roma antiga, por volta do ano 30 d.C., descreveu os
princípios em que se embasa a arquitetura como utilidade, beleza e solidez
[utilitas, venustas, firmitas], e ninguém conseguiu aperfeiçoar sua tripla
definição, já que ela resume de maneira convincente o paradoxo arquitetônico:
uma construção precisa ser útil, e ao mesmo tempo o oposto do útil, já que a arte
– a beleza, nos termos de Vitrúvio – não possui, em essência qualquer função
prática.
(GOLDBAERGER, 2011, p.25).

Portanto, a arquitetura consiste em toda intervenção humana com um fim


utilitário, complementado por elementos estéticos e concebidos através da engenharia
com base nas leis da física. Sendo esse tripé interdependente entre sí, podendo ser
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dissolúvel, não obstante a supressão de um desses princípios compromete o fim da
obra arquitetônica em sí mesma, descaracterizando-a.

Logo após, o escritor cita como exemplo a casa londrina do arquiteto Sir John
Soane, mais especificadamente sua sala de desjejum, descrevendo seus elementos em
concordância com a definição vitruviana, orientando a visão do leitor a coisas
aparentemente imperceptíveis mas que compõem o cômodo de modo a deixar
determinada impressão ou sensação.
Soane Gostava de criar cômodos dentro de cômodos e espaços que se
comunicavam de maneira inesperada com outros espaços; na sala de desjejum é
possível perceber que ele faz isso não apenas para explorar um malabarismo
técnico versão 1800, mas para proporcionar uma espécie de conforto
psicológico.
(GOLDBAERGER, 2011, p.27-28).

Com o avançar dos parágrafos, o autor cita outros exemplos com um nivel de
destalhamento surpreendente, descreve uma análise profunda e clara sobre as
construções citadas, expondo detalhes quase que imperceptiveis, após isso, a partir do
objeto de uma conjectura -nesse caso a música-, faz uma analogia com a percepção
arquitetônica e seus níveis de sensibilidade.
É certo que não poderíamos viver constantemente atentos à música e por certo
ingnoraríamos até os mais belos sons se eles nos circundassem o tempo todo,
como faz a arquitetura. A onipresença da arquitetura nos obriga a ignora-la.
Como vimos, não somos capazes de absorvê-la sempre em seu nível máximo de
intensidade. Contudo, tampouco é possível deixar de absorvê-la.
(GOLDBAERGER, 2011, p.33).
O escritor envereda o capítulo para uma das questões cernes da arquitetura – o
teor social, inicia seu paragráfo com a seguinte frase “A arquitetura é social, além de
individual” detalhando e exemplficando uma das características primárias da
arquitetura, a inalienabilidade do social, o quão disformes e incompletas ficam as
obras arquitetônicas sem quem as utilize, as obras arquitetônicas são insegregaveis
dos seus utilizadores, a sua existência conceitual é paralela ao seu tempo de
utilização, pois a partir do momento que uma obra deixa de ser utilizada, é uma
questão de tempo para que deixe de ser o resultado manipulação humana racional da
natureza e volte a integrar a natureza em sua forma primordial.
É preciso muita gente para criar uma obra arquitetônica, e muita gente para
utilizá-la. O romance pode atingir seu mais profundo sentido na leitura de um só
indivíduo, porém as salas de concertos, os museus ou prédios de escritório ou
até mesmo residências, derivam grande parte de seu sentido dos atos sociais que
ocorrem no seu interior e de como sua forma concreta se liga intrinsecamente a
esses atos sociais.
(GOLDBAERGER, 2011, p.34).

Em um dos parágrafos seguintes o autor inicia-o com a seguinte frase “A


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arquitetura é a máxima representação concreta de uma cultura”, com a introdução
anterior sobre a arquitetura e seu cunho social, o autor afunila esse vasto tema,
direcionando especificamente para os ícones arquitetônicos culturais, exemplificando
esse conceito com o nome de algumas obras arquitetônicas destrinchando seus
simbolismos e a importância que sua reprenstatividade socio-cultural tem sobre um
povo. Por mais simples que seja uma obra, sua história e contexto cultural a demarca
como importante símbolo para um povo ou nação, e como elemento verificador dessa
afirmação, o autor cita o Memorial dos Veteranos do Vietnã, delineando uma breve
história de sua concepção e construção. Outros fatores também corroboram para a
ascensão de uma obra “comum” em um ícone arquitetônico, um deles é o desastre
humano, um bom exemplo disso é a Igreja da Memória -Gedächtniskirche- localizada
em Berlim, foi quase que completamente destruída, em razão de um incêndio
provocado por um bombardeio na segunda guerra mundial, o que restou da mesma,
foi objeto de conflitos internos, e após muitos protestos, decidiu-se manter sua
estrutura restante como um símbolo nacional da devastação que é causada pela guerra,
a participação social foi fundamental nesse quesito, que nesse contexto específico,
após o devaneio da guerra, exerceu seu poder de auto-tutela prosseguindo com a vida
sem esquecer do seu passado.

Ainda na esteira do simbolismo arquitetônico, Paul tece comentários sobre a


significância que elemntos arquitetônicos provocam nos seus usuários,
exemplificando sua veracidade com o conceito arquitetônico moderno dos bancos,
indiretamente fazendo referência a principios neuroarquiteturiais, como o quanto a
imponência arquitetônica de um banco, há algumas décadas atrás, provocava a
sensação de segurança entre seus usuários, outro exemplo análogo, é o sentimento de
pequenez e impotencia provocado pela disposição arquitetônica das igrejas góticas
dos séculos 10-15.
Comentando também a observação de Alberti de que o arquiteto tinha um poder
tão grande de afetar a segurança nacional quanto um general, e, tanto quanto um
artista, também de melhorar o seu país.
(GOLDBAERGER, 2011, p.45).

A posteriori, Goldberger se concentra em dissertar os primeiros e mais


completos tratados de arquitetura, como também sobre as principais teorias
arquitetônicas e suas implicações teórico-práticas, cita John Ruskin com sua tese de
que “Um arquiteto deveria morar tão pouco nas nossas cidades quanto um pintor”,
exteriorizando a máxima de que a natureza em suas mais variadas formas fornecia o
modelo correto de construir, como se o certo e errado, o belo e o feio, o perfeito e o
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imperfeito e o possível e o impossível fosse uma cararterística intrínseca esperando
ser descoberta atrvés da mera contemplação.

Em sequência, o escritor comenta sobre a responsabilidade do arquiteto para


com a sociedade, dos limites, demarcações e transposições de resposabilidade na
resolução dos problemas sociais, falando também da obrigação lógica de conhecer
minimamente o que se projeta, porque não há valia alguma em projetar e conceber um
espaço ultra sofisticado se a disposição arquitetônica do meio compromete a
usabilidade singular do edifício.
A arquitetura existe para permitir outras coisas, e fica enriquecida por uma
ligação íntima com essas coisas. Estudar a construção de escolas é, em parte,
estudar a educação; estudar hospitais é, em parte, estudar medicina.
(GOLDBAERGER, 2011, p.57).

Por fim, o autor conclui o capítulo retomando a importância do símbolismo


presente nos ícones arquitetônicos como instrumento de perpetuação de ideias e
preceitos, e cita Karsten Haries com sua abordagem ética da arquitetura, afirmando
sua obrigação com o todo e sua responsabilidade com o meio, destacando o caráter
utópico dessa arte.
“Uma das tarefas da arquitetura é conservar pelo menos uma parte da utopia, e
esse aspecto deixa, e deve deixar, uma marca, deve despertar anseios utópicos,
encher-nos de sonhos de um mundo melhor.”.
(GOLDBAERGER, 2011, p.58).

Concluo esse trabalho com a citação de um dos mais célebres cineastas


argentinos, que esclarece uma das forças motrizes da humanidade, a utopia, que ante a
instabilidade das vontades individuais, impossibilitando um fim em sí mesmo, dá
profundidade ao infinito looping da busca ilógica pela perfeição, que por mais
explicitamente antinatural que seja, trás sentido a nossa existência.
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois
passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu
caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que
eu não deixe de caminhar.”
(FERNANDO BIRRI).

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