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SEITAS DO NOSSO TEMPO - VOLUME 7

FENOMENOLOGIA
DAS SEITA

Conceituação de Seita
Classificação
Razões do Crescimento das Seitas
Aspectos Sociológicos das Seitas
Caractérísticas e Metodologia de Trabalho
 Atitudes Para Enfrentar as Seitas

Tácito da Gama Leite Filho


FENOMENOLOGIA
DAS SEITAS
SEITAS DO NOSSO TEMPO

Volume 7
C o n se lh o E d it o ria ld a J M E .K P

0aiviíH tsit6k,Eati.sto Ag«tar dc Vasconcelos, Joaquim dtí F àiiisR w a, íneteiu .■^ t t ô i s . - / :


RadrigtK» B arreta je a n vroang, Utrassú
■M aR^i<»':^0hvtkit'F^ft':M afSarida lem os G ò n ç a l v í ^ f à e r v a t d ^
IHapol^o lí^ èV ie ita . N iaodet Wmter. OrivaMo P im m e tU íp ês; OswaUlo Fèrféi£a^i)mf»m.
'Roberto Alves doSowrav^iUjtfêuMoreira de Oliveira v :
Tácito da Gama Leite Filho

FENOMENOLOGIA
DAS SEITAS
SEITAS DO NOSSO TEMPO

Volume 7
I o d o s o s d ir e ito s r e s e r v a d o s. C o p y r i g h t 1 1 9 9 2 da J u n ta d e I d m u v .m
R e lig io sa e P u b lic a ç õ e s d a C o n v e n ç ã o B a tista B r a sile ir a .

Tácito da G am a Leite Filho.


1,5331' Fenom cnologia das Seitas/
Ijeite Filho, Tácito da G am a — Rio de Janeiro: J U tR P . 1992.
64p — (Seitas do nosso tempo; v.7}
Inclui bibliografia
I. Seilas. I. Titulo II. Série
C D D — 291.9

Lay-out: Valter Karklis


A rte: M areus Vinicius
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C onvenção Batista Brasileira
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Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Impresso em gráficas próprias


APRESENTAÇÃO

Este é o sétim o volume da série Seitas do Nosso Tempo, a qual


tem por objetivo prover os crentes de informações sobre as seitas que
mais trabalham no contexto brasileira cham ando a atenção para o perigo
das doutrinas que disseminam.
N u m a época de tantas confusões teológicas e discórdias d o utri­
nárias. sentim os a grande necessidade de irm os ao encontro dos crentes
que cosUimeiramente se vêem assediados e m olestados pelos adeptos
das seitas, tendo dificuldades em rechaçá los.
O a u to r desta série, o Pr. Tácito da G a m a Leite Filho, é um estu­
dioso d o fenôm eno das seitas há muitos anos. M uito do que conseguiu
coletar e reunir em seus livros é fru to de pesquisas in loco, sem , eviden­
temente, desprezar as fontes bibliográficas existentes, principalm ente
os livros autorizados das próprias seitas.
Segundo o autor, todas as seitas usam de métodos proselitistas.
G eralm ente são os afiliados a um a igreja reconhecidam ente evangélica
ps mais visados. Daí a im portância do estu do dos livros desta série
por todo crente que esteja buscando um m elhor conhecim ento, para
argum entar, com segurança, com aqueles que ousem questionar o
caráter de sua fé e a razão de sua esperança.
Á série traz um a sucinta explanação sobre as seitas proféticas,
orientais, neopentecostais, mágico-religiosas. espíritas, atitudes ideoló­
gicas e filosóficas e encerra-se com esta fenom enologia das seitas. Ao
todo, são 7 volumes. C ada estudo é didaticam ente estruturado de
m aneira a facilitar tam bém a utilização dos livros em preleções e
estudos em grupo nas igrejas.
Preocupa-se o au to r em apresentar um resum o sobre as origens
históricas de cada seita, um a sistem atização de suas doutrinas, fina­
lizando por confrontá-las com a Bíblia, sugerindo um a estratégia para
o com batc das suas heresias.
Q ue esta série venha contribuir grandem ente para o fortaleci­
m ento doutrinário dos crentes de nossas igrejas e, num sentido mais
abrangente, na salvação de vidas m al-informadas, arrastadas pela
sedução mística, fanática e enganosa das seitas.

Pr. Josem ar de Souza Pinto


Coordenador do D epartam ento de Publicações Gerais
SUMÁRIO

Introdução 9

1. C onceituando um a Seita II

2. Classificando as Seitas 75

3. Com preendendo as Razões do Crescim ento das Seitas

4. A nalisando Aspectos Sociológicos das Seitas 25

5. C onhecendo Suas C aracterísticas e M étodos de Trabalho

6. Desenvolvendo A titudes Para E nfrentar as Seitas 45

Conclusão 57

Referências Bibliográficas 59
INTRODUÇÃO

As seitas representam um fenôm eno religioso e social que, desde


o scculo passado, tem assolado as igrejas institucionalizadas e as deno­
minações. Hxistem as mais diversas razões pelas quais as seitas crescem
e pelas quais as pessoas se interessam por elas e as buscam.
N a verdade, pode-se afirm ar que existem, nos dias dc hoje, três
grandes tentações que se encontram entrelaçadas: a seita, oferecendo
a esperança c proporcionando aparentes planos risonhos; a droga, ofere­
cendo êxtase e '“viagens'' alegres; e o suicídio, proporcionando a paz
e o esquecim ento de tu d o .1
Verifica-se um a onda de seitas que exploram o psiquismo e que
reivindicam um retorno às forças do ocultism o e do esoterismo. Em
todas as partes, na Europa, Estados Unidos e no Brasil, encontram -se
os pregadores de novas doutrinas, acerca do fim do m undo c sobre
m udanças transcendentais na hum anidade.- Advogam um a interpre­
tação maís autêntica da Bíblia, bem como poder sobrenatural para curar
as mais diversas doenças, quer pelo uso de orações e óleos santos, quer
pelos exercícios de m editação transcendental. Autodefinem-se com o
semeadores da paz e da fraternidade universal, afirm ando que as outras
religiões têm fracassado nesses aspectos.
“Seduzem pela força dc suas convicções, pela sinceridade de seu
entusiasm o e pela simplicidade de sua doutrina".3
As seitas que proliferam estão envolvidas num a série de inter­
rogações, que preocupam os teólogos, os sociólogos, os psicólogos e
os fenomenólogos da religião.
Têm as seitas feito prosélitos dentro das igrejas, afastando até
mesmo os crentes do convívio cristão. N ão som ente estão assolando

<)
as igrejas mas tam bém trazem problemas sociais c políticos. O adepto
de K rishna, por exemplo, não deve associar-se a pessoas que não sejam
de sua seita: os tesiem unhas-de-jeová recusam-se ao serviço militar;
os neopentecostais exploram a credulidade de seus adeptos pobres e
doentes; os um bandistas afastam seus seguidores do convívio familiar,
m orm ente os que enveredam pelos rituais da iniciação; as seitas orien­
tais desestruturam a personalidade dos jovens. Esses são poucos
problemas diante dos inúm eros causados pelas seitas espalhadas por
todo o Brasil.
N a série Seitas de N osso Tempo tratam os de m uitas seitas, agru­
padas de acordo com sua origem: proféticas (que surgiram a partir dos
líderes carism áticos que deixaram sua denom inação original); orientais
(que foram trazidas do Oriente, oriundas de religiões e seitas da índia.
C oréia, A rábia c Japão); neopentecostais (que se originaram no pente-
costalismo); mágico-religiosas (que síncretizaram o catolicismo com as
religiões legendárias africanas); e espiritualistas (que surgiram das buscas
metafísicas). C ada seita possui suas características próprias, bem com o
aquelas que a assem elham a outras.
Em vista da problem ática causada pelas seitas, objetivam os escla­
recer o povo de Deus acerca de muitos detalhes sobre as mesmas, a
fim de que os cristãos perm aneçam firmes e constantes no cam inho
do Senhor, traçado de acordo com os ditam es da Palavra de Deus.
N o estudo do fenôm eno que as seitas representam, neste volume
da série, serão abordados detalhes que envolvem desde a conceituação
do term o seilã até as atitudes a serem desenvolvidas pelos cristãos, para
enfrentarem devidam ente e abordarem corajosam ente os adeptos das
seitas. Dá-se um a am pla classificação das seitas; explicam-se as razões
de seu crescimento, bem com o seus aspectos sociológicos; explana-se
sobre suas principais características e métodos de trabalho.
Q ue o presente volume seja mais um instrum ento esclarecedor
para arrancar a muitos das garras enganadoras das seitas!

NOTAS
] H E R N AN IX). .1. G arcia. P /ura/isino religioso, I I , p. 28. D a carta dc vim pai que penleu
o filho por suicídio, icndo este sido adepto dc um a das seitas.
2 Idcm . p. 30.
3 Ibidcm.

10
1
CONCEITUANDO UMA SEITA

Breese afirm a que não se pode definir um a seita, a m enos que


se com pare seus ensinam entos à luz das Escrituras Sagradas.1 A defi­
nição de uma seita, além de sua com paração com a Bíblia, requer um a
caracterização de doutrinas, m étodos de trabalho, estruturação e de
objetivos das seitas. Por ora, ficaremos num a conceituação de sentido
mais am plo e generalizado, deixando os detalhes para os demais capí­
tulos.
N a verdade, ao tom arm os o term o igreja em seu sentido socio­
lógico, fica dificil separar seita de igreja, pois am bas reúnem seus fiéis
e possuem seus propósitos espirituais. As seitas consideram-se com o
igrejas, mas as igrejas as consideram com o grupos sectários que delas
saíram. Observa-se, por outro lado, que algum as seitas de ontem evolu­
íram e são consideradas denom inações hoje. como, por exemplo, os
batistas. Joachim Wach concorda que grupos sectários podem tornar-
se igrejas, quando evoluem para um a organização eclesiástica, assun to
ao qual voltarem os adiante.
D o mesmo ponto de vista sociológico, é possível estabelecer uma
diferença entre igreja e seita. O. de la Brasse afirm a que a igreja é “com u­
nidade religiosa, que tem com o finalidade reunir toda a hum anidade
sob a mesma regra, agrupando tanto pecadores com o santos”. Seita
é “o agrupam ento voluntário de convertidos, limitado somente a adultos,
com exclusão dos pecadores, isto é, reservado somente aos que se compro­
metem com a lei de Deus depois de um a experiência de conversão”2
(no caso da seita que saiu de um a igreja cristã). Nesse sentido, a seita
representa um a organização social oposta à igreja, pois seus adeptos
vivem, de certa form a, apartados do m undo. A seita reconhece um a
revelação nova, tida com o necessária para com preender a Escritura;
a salvação é estrita aos membros da seita.
Para o reconhecim ento das seitas, faz-se necessário um estudo
sobre suas características, seus m étodos de trabalho e sua origem
histórica. “M ax Weber e E rn st Troeltsch definem a seita com o uma

II
sociedade co ntratual para distingui-la da organização eclesiástica
institucional”. 1
Troclisch afirm a que um a seita pode ser reconhecida por seu
caiálei seletivo, m antendo atitudes radicais e inflexíveis e “exigindo
o máximo de seus mem bros em suas relações com Deus, com o m undo
c com os hom ens”.4 Esse rigorismo pode ser expresso em aspectos exte­
riores, com o a vestimenta, m odo de falar, costumes.
Do ponto de vista do m oderno direito eclesiástico-estatal, seitas
são aqueles grupos religiosos que, em contraste com as igrejas estatais
e oficiais (privilegiadas pública e juridicam ente), não são reconhecidos
nem privilegiados, o u o são em escala m enor.5 Entretanto, apenas esse
aspecto não pode definir nem classificar as seitas.
Etimologicamente, a palavra seita vem do substantivo latino secta
e do verbo sequi, que significa seguir. Nesse sentido, seita seria o movi­
m ento daqueles que seguem um líder religioso e seus ensinam entos.
Seita pode originar-se também do term o secare ou scccderc, que significa
cortar, separar. Nesse caso, significaria um grupo que se separou de
um a igreja, denom inação ou outra seita, dando a idéia de dissidência/’
A palavra que aparece na Bíblia é háircsis (heresia), traduzida
na Vulgata por seita. O seu sentido original não é pejorativo, pois o
próprio cristianism o foi denom inado de seita (At 24.5,14; 28.22). O
term o tam bém se aplicou aos fariseus e saduceus (At 5.17; 15.5; 26.5).
O sentido pejorativo do term o foi adquirido no quarto século, quando
a igreja oficial alcançou seu triunfo político.7
A tualm ente (e é nesse sentido que utilizam os o termo), quando
falamos em seita referimo-nos a um grupo dissidente, cujos adeptos
seguem um líder carism ático; esse grupo é definido pelos dicionários
com o “grupo d outrinário ou conjunto de pessoas que professam um a
crença com obstinação, divergindo da opinião pública ortodoxa, ou
seja, daquela que é considerada genuína, verdadeira; seita é facção,
parte, com unidade fechada, partido”.8
Os mem bros de um a seita têm consciência de pertencer a um
grupo que abraça a verdade e a salvação; é um grupo auto-suficiente
que se relaciona com outros apenas para o proselitismo; transforma-se
n u m au têntico gueto; é m arcado pelo rigorismo doutrinai, disciplinar
e moral.
K urt K eintath apresentou oito critérios para se descobrir o que
é um a seita. N ão se podem aplicar todos os critérios para se desco­
brir o que é um a seita. N ão se podem aplicar todos os critérios
a todas as seitas e com a m esm a intensidade. E ntretanto, auxiliam o
cristão a reconhecer as seitas hodiernas.9

12
Critério histórico — A seita é com o um ramo que se desprendeu
da árvore; originou-se com o um protesto contra aquilo que considera
errado na igreja-mãe. A seita, através do tem po e do espaço, pode ir
perdendo sua agressividade e seu radicalismo e por isso pode sofrer
um a nova cisão.
Critério sociológico — E nquanto a igreja está aberta a todos,
sem distinção, a seita destina-se a um grupo selecionado de pessoas
inconform adas com o m undo, com prom etidas com a santidade,
impondo-se um a conduta m uito exigente. A seita prescinde da hierar­
quia e da tradição, com o a igreja aceita; apresenta um a com unidade
de leigos e de líderes carismáticos.
C rítcriopsicológico — As idéias sectárias atingem mais as perso­
nalidades sugestionáveis, instáveis, sem fundam entos doutrinários e
sem sentido crítico. Por outro lado, as seitas visam atingir necessidades
psicológicas im ediatas e eternas, com as com unidades acolhedoras, as
experiências espirituais mais intensas e as certezas face às dúvidas.
Critério jurídico — Diante da Constituição, há liberdade religiosa
incondicional, a m enos que prejudique as pessoas, infringindo algum a
lei. D iante do D ireito Canônico, as seitas podem reunir-se livremente,
divulgar suas crenças, evangelizar, adquirir bens móveis e imóveis, com
fins beneficentes, culturais e sociais. Entretanto, qualquer m em bro de
igreja que se filiar a um a seita perde seus direitos com o m em bro da
igreja, é excluído da com unidade, q uer seja essa católica, luterana, pres­
biteriana, ortodoxa ou batista.
Critério eclesiástico — As seitas denom inadas cristãs praticam
o batism o por imersão, na m aioria, o que vai de encontro à doutrina
católica rom ana, mas não contra a d o u trin a batista. A com unidade
das seitas é com posta som ente de santos. N ão aderem ao ecumenismo.
Critério social — As seitas separam-se radicalm ente do m undo,
tanto que os problemas que afligem a hum anidade parece que não afetam
seus membros. Vivem isolados socialmente. A beneficência parece
restringir-se à própria comunidade.
Critério missionário — N ão buscam os incrédulos; as igrejas são
terreno fértil para colherem seus adeptos. A m otivação de seu zelo mis­
sionário diverge do sentim ento que as igrejas possuem ao difundirem
o evangelho de Jesus Cristo. Seus apelos falam do fim do m undo, da
volta de Cristo e da vida cheia do Espírito Santo.
Critério bíblico — Para as seitas, as igrejas perderam o sentido
au tên tico c o conhecim ento verdadeiro das Escrituras. C riticam a
m oderna exegese bíblica e não adm item os gêneros literários na inter­
pretação das Escrituras. São fundam entalistas. Isso sc refere às seitas

13
que sc originaram de igrejas e denom inações cristãs. Entretanto, m uitas
seitas conferem a mesma im portância aos escritos e à interpretação
dc seu lideres e fundadores. C ostum am isolar textos de seus contextos,
ulili/ando-os para solucionar seus problem as e dúvidas.
Os balistas em particular, e os cristãos em geral, possuem um a
visão global das Escrituras, considerando a Bíblia com o a Palavra de
Deus, centrada em Jesus Cristo, c utilizando os recursos fornecidos
pela herm cncutica e pela exegese bíblica para a m elhor com preensão
do texto e do contexto, pois a Palavra não pode ser interpretada sempre
ao pé da letra.
Observa-se que esses critérios se aplicam mais às seitas que sc
originaram de igrejas cristas, rebelando-se contra doutrinas e estrutura
das mesmas. De m odo geral, entretanto, as seitas sempre surgem da
dissidência de um grupo, baseando-se num a interpretação errônea ou
efetuando um sincretism o dc princípios e costumes.
Seita é, pois, facção, parte, com unidade fechada.

NOTAS
1 B R E E S E , Davc. C onheça as m arcas das seiías. p. 9.
2 C itad o p or H E R N A N D O . f. (iarcia. P luralism o religioso, vol. Jl. p. 46.
3 WAC'H, Joachim . S ociologia üü rvligiüo. p. 239.
4 Idcm , p. 241.
5 h Ü R S T E N B F R G . F. S o chkigín dc lu rd ig ió n . p. 249.
6 H E R N A N D O , 3. G arcia. O p e/f.. p. 45.
7 P O U P A R D, Paul. D ic c io n a rio de ias religiones. p. 1631.
8 B U tN O , F rancisco da Silveira. G n w d c d ic io n á rio cihnológico-prosódico da língua
portuguesa, vol. V II, p. 3682.
9 KE1N TA TH , K.. citado por H E R N A N D O , J. G arcia. O p c il.. p. 48ss.

14
2
CLASSIFICANDO AS SEITAS

C ada estudioso das seitas as classifica de um a determ inada


m aneira, seguindo critérios diferentes: quantitativo, teológico, psicoló­
gico, sociológico, político o u geográfico.
O critério q u antitativo não satisfaz, pois nesse caso as seitas com
milhares de adeptos seriam consideradas igrejas, e as igrejas, algum as
com poucos membros, seriam vistas com o seitas.
Segundo o critério teológico, levar-se-iam em conta as doutrinas
de cada seita. D ada a sem elhança entre as m esmas, não haveria um a
classificação satisfatória.
Já o critério psicológico abordaria o im pacto que cada seita causa
sobre a personalidade de seus adeptos. Nesse aspecto, muitas seitas seriam
agrupadas juntas, pois causam efeitos semelhantes.
Q uanto ao critério sociológico, abordaria as seitas dentro de sua
estrutura e organização social, difícil de se definir, pois não existe em
algum as delas.
Os critérios político e geográfico dizem respeito à região onde
proliferam as seitas e à reação das autoridades diante do fenômeno.
Esses aspectos agrupariam muitos tipos de seitas junto, e não as clas­
sificariam devidamente.
Levando-se em conta, ainda, a atitude das seitas diante dos valores
seculares, elas poderiam ser classificadas como: militantes, quando
enfrentam as situações do mundo, com o Os M eninos de Deus e Teste­
m unhas de Jeová, e passivas, quando preferem se retirar, com o Ioga
e Seicho-No-lê.
Pbdem-se classificar ainda as seitas levando-se em conta carac­
terísticas com uns entre elas; assim, poderiam ser divididas em seitas
de avivamento, seitas de cura, seitas sincréticas etc.
Jean V ernette1 dividiu as seitas em: seitas de avivam ento (que
procuram m aior santificação da igreja); curandeiras (que enfatizam a
cura do corpo); m ilenaristas (que apregoam o fim do m undol; sincre-

15
tisuis (que misturam vários tipos de doutrinas); orientais (que buscam
os conhecim entos orientais).
Bryan Wilson- apresenta um a classificação das seitas mais comu-
m ente aceita, do ponto de vista sociológico, pois Wilson é um estudioso
da sociologia da religião:
Convcrsionistas — Sào as seitas que buscam unia conversão
pessoal de seus adeptos; realizam grandes cam panhas evangelísticas;
dão grande ênfase à interpretação literal da Biblia; lUili/am recursos
em ocionais para evangelizaçào; dem onstram hostilidade diante das
igrejas e diante do m undo m oderno; desprezam a cultura e os valores
estéticos da sociedade. D entre os conversionistas, podemos colocar os
neopentecostais, com o Congregação C ristã no Brasil. Igreja do Evan
gelho Q uadrangular, O Brasil Para Cristo, Deus É Amor. N ova Vida
e muitos outros grupos menores.
Revolucionárias o u adventistas — Sào as seitas que afirm am que
o m undo está sendo julgado por Deus c apregoam o fim do m undo;
pregam o estabelecim ento de um a nova dispensaçào quando Cristo
voltar; são m ilenaristas; são hostis á sociedade exterior; interessam-se
menos pela conversão do que pela exegese profética. Consideram a res­
surreição dos m ortos com o o acontecim ento escatológico mais im por­
tante; só fazem parte do reino de Deus aqueles que não se desviam do
reto cam inho; para entrar na seita basta aceitar as doutrinas, mesmo
sem conversão; as igrejas oficiais são consideradas com o anticristo; não
possuem clero; pregam a separação do mundo. D entre as revolucio­
n á ria s , p o d em o s c ita r as seitas p ro féticas, com o A dventism o.
M orm onism o, Testem unhas de Jeová, Tabcrnáculo da Fé, Só Jesus.
M eninos de Deus. Igreja Apostólica, Templo M anjedoura N azareno
e outras.
íntroversionistas — São aquelas que rompem com a sociedade
e pregam a salvação da com unidade, enfatizando a pureza da doutrina
e a ética cristã da com unidade; algum as vezes evoluem de um a seita
revolucionária; não se ocupam da conversão das pessoas, a não ser pura­
m ente nom inal; são os pietistas; cultivam a atividade do espírito, longe
do m undo; confiam na ilum inação interior que é diferente da ação do
Espírito Santo; a do u trin a é sem im portância, bastando o espírito; não
evangelizam; desenvolvem forte m oralidade d o grupo; são indiferentes
a outros m ovim entos religiosos; n ão possuem pastor ou diretor espi
ritual; tendem a ser místicas. Podemos classificar de introversionistas
algum as seitas orientais c algum as atitudes ideológicas e filosóficas,
como: Seicho-No lê, M editação Transcendental; M ovimento Bhagwan:
Bahaísmo; Hare K rishna; Ioga e outras.

16
M anipuladom s o u gnósticas — São as seitas que utilizam meios
sobrenaturais e ocultos para buscar a salvação; acentuam os pontos
de vista intelectuais; nào condenam o m undo e nem dele se apartam ,
m as oferecem um novo conhecim ento para m anipular o m undo e
conseguir riqueza, saúde, longevidade, segurança psicológica, inte­
ligência, alegria, felicidade e êxito; n ào possuem interesses esca-
tológicos, mas tem porais; às vezes com param a divindade a um
princípio o u fórm ula para aprender os segredos da vida; a vida em
grupo e m ínim a, em contraste com outros grupos; acentuam as
d o u trin a s esotéricas; suas d o u trin a s possuem um a cosm ologia,
antropologia e psicologia próprias: a ênfase está no conhecim ento; não
há necessidade dc conversão mas de instrução; há um diretor que
proclama a sabedoria: as igrejas são consideradas ignorantes e atrasadas;
o conhecim ento m undano é válido quando não contradiz o conhe­
cim ento da seita; as norm as culturais da sociedade sào aproveitadas.
D entro desse tipo de seita podem-se classificar as seitas mágico-
religiosas, como um banda, quim banda. macum ba; algum as atitudes
filosóficas com o: Teosofia, Rosa-Cruz, M açonaria: e a Ciência Cristã,
além dc algum as seitas japonesas.
Além desses q uatro tipos principais, W ilson m enciona as taum a-
lúrgicas, que esperam um ato m iraculoso de Deus para salvar a
hum anidade, colocando nesse grupo os espíritas ocidentais; os refor­
mistas, que propõem um a reforma do m undo mediante a m udança
da consciência; os utopistas, que esperam a reforma do m undo com o
conseqüência da reforma da sociedade, a partir dos princípios religiosos,
e se retiram do m undo para construir um a sociedade melhor.
Para W ilson, as sociedades industrializadas e tecnicistas tendem
a despertar seitas conversionistas e as sociedades mais pobres, seitas
revolucionárias e introversionistas. As circunstâncias em que as seitas
surgem repercutem em sua estrutura interna. As seitas introversionistas
tendem a isolar-se da sociedade. As conversionistas geralm ente se dão
a intensas cam panhas de proselitismo.
Q uanto às tipologias das seitas, cada autor possui a sua contri­
buição c o espaço não nos permite abranger a todas as classificações
feitas.
A ndré Droogers3 elaborou um quadro dem onstrativo da tensão
fundam ental que periodicam ente produz um movim ento de renovação
dentro do cristianismo. Entre os extremos posiciona-se cada igreja e
raram ente ocupa um dos extrem os; as seitas, entretanto, tendem a se
colocar mais para o lado do primeiro pólo.

17
Primeiro pólo
* do ideal puro
* da aplicação absoluta c radical
* da espontaneidade na vivência original da fé
* da vocação dc todos os fiéis
* do engajam ento total da pessoa onde quer que ela esteja
* da interação pessoal, aberta e espontânea cm grupos menores
* da relação direta entre o hom em c Deus
* da renovação contínua
* da conversão com o experiência paradigm ática

Pólo oposto
* da acom odação c diluição do ideal
* d o compromisso com valores seculares
* da rotina e da institucionalização petrificadoras
* da vocação especial dos sacerdotes
* da separação entre um setor religioso e um setor secular, cada um
com o seu com portam ento próprio
* da interação form al e burocrática dentro da hierarquia em grupos
maiores
* do sacerdote com o interm ediário entre Deus e o ser hum ano e com o
gerente dos sacram entos
* da institucionalização inevitável
* da tradição com o paradigm a

A partir desse quadro podem-se com preender as razões do crcs


cim ento das seitas, que surgem justam ente com o um a reação (e essa
c u m a das causas) à institucionalização e à pouca participação da
m embresia. Protestam contra a acom odação, procuram voltar à fé
genuína, negligenciam certos aspectos da ortodoxia. Esse já é o assunto
do próxim o capítulo.

NOTAS
1 C itad o p or H E R N A N L X ). J. Ciarcia. P luralism o religioso, 11, p. 66.
2 Classificação encontrada cm : W ILSO N . B. L i iv lig ió n cn Ia socicdad. p. 191. citado
p or H FlR N A N D O . .1. G arcia, ()p. c il.. p 67; p o rS C H A R F . Beiiy R. F .!e stu d io so cio ­
lo g ia * i/e lu re lig ión. p. J64; por F Ü R S T liN B E R G . K S ociologia dc Ia rvlig ió n . p.
261; e p o r PARSONS. Talcott. S ociologia dc Ia rv ligió n y Ia m o/a/, p. 175.
3 D R O O G E R S , A ndré. C iências da rc/igiào. vol. 11. p. 166.

18
3

COMPREENDENDO AS RAZÕES
DO CRESCIMENTO DAS SEITAS

As razões que motivam o surgim ento e a proliferação das seitas,


em nosso tempo, precisam ser analisadas sob diversos aspectos: teoló­
gico, espiritual e sociológico. Ater-nos-emos, por enquanto, aos dois
primeiros, deixando o sociológico para o próxim o capítulo.
Teologicamente, com o já foi abordado no primeiro capítulo,
a seita é um grupo que sai de um a igreja cristã ou se origina dc
um grupo religioso n ão considerado cristão. A primeira razão do
sectarism o é a tradição cristã. As igrejas que não aprofundam seus
ensinam entos d o u trin ário s n ão cuidam su ficientem ente dc seus
m em bros c perm item que se tornem alvo da propaganda das seitas.
As missas, os cultos ou as liturgias m uito intelectualistas, frios,
não perm item um envolvim ento m aior dos fiéis. Sendo assediados
pelos adeptos das seitas, acabam indo para elas. dada sua sede dc
participação e envolvim ento na com unidade. A seita surge para
apresentar o que denom ina de cristianism o mais autêntico; entre­
tanto, mesmo que m antenha vivos alguns elem entos do cristianis­
m o primitivo, aparta-se de outros aspectos im portantes.
As seitas vão utilizar justam ente os pontos fracos das igrejas insti­
tucionalizadas para atrair seus adeptos. Oferecem um a liturgia mais
viva, onde as pessoas erguem os braços, choram , riem, gritam , oram
em voz alta.
As igrejas institucionalizadas são m uito estruturadas, burocra-
lizadas, e o homem m oderno já está cansado c oprim ido pelas estruturas
e burocracias. Ele anseia pela liberdade de atitudes, ele quer extravasar
seus sentim entos, pois em tudo é controlado: no ônibus, na vizinhança,
no trabalho c até na igreja. As seitas têm perm itido essa espontanei­
dade, principalm ente en q u an to novas.
O povo desorientado dentro de seus grupos religiosos busca uma
reorientação nos novos movimentos. Os valores tradicionais são atacados
com o obsoletos c novos valores são apresentados.

19
U m a segunda razão d o sectarism o é o excesso de m undanism o nas
igrejas, em algum as épocas. Esse m undanism o pode estar na moda. nas
riquezas acum uladas, na hierarquia eclesiástica. Algum as seitas se orga­
nizam enfatizando a simplicidade na conduta, entretanto às vezes se
transform am em grandes empresas. O m aterialism o com o apelo à hum a­
nidade em geral tam bém tem influenciado os cristãos; a busca de maior
conforto m aterial e o ajuntam ento de bens neste m undo tam bém têm
sido a preocupação dos cristãos. Esses aspectos têm sido atacados pelas
seitas, que aproveitam para apregoar a simplicidade, o desprendim ento
da vida terrena, a introspecção para a busca do próprio espírito, a valo­
rização da pobreza ou en tão do conhecim ento.
U m a terceira razão do sectarismo é a insatisfação com a obra social,
levada a efeito pela igreja, e tam bém com o privilégio dado aos ricos e
diplom ados em desprezo aos pobres e ignorantes. As seitas, em bora criti­
quem esses defeitos, também falham quando exploram seus adeptos pobres
e quando não organizam instituições sociais para atender às necessidades
principais do povo. Algum as seitas oferecem novos projetos para a socie
dade, de am izade e ajuda social. Falam de um novo m undo melhor, quer
pela m editação transcendental, quer pela atividade individual c constante
de seus adeptos.
Para crescer, as seitas oferecem soluções simples e de fácil acesso
para satisfazer às necessidades imediatas das pessoas; oferecem um modelo,
dogm as, ritos, m itos, identidade e transcendência.
A seita facilita o apego a um grupo familiar. A sensação de ser
escolhido compensa o sentimento de impotência c de perturbação;
alguns, movidos pela nostalgia de uma concepção perdida, pensam voltar
a encontrar a unidade através da física, ou da parafísica, da psicologia
ou da parapsicologia. do maravilhoso e da magia; outros se refugiam
em culturas do tipo religioso, misturando gnosticismo e esoterismo, texios
e profecias.1
O sentim ento de inquietação e expectativa em que vive o hom em
m oderno é aproveitado pelos novos m ovim entos para apresentar um a
nova era para este m undo, um novo reino espiritual perfeito e completo.
A lguns movim entos sectários situam -se dentro de um a perspectiva
m undial, universalista, reunindo aspectos de diversos grupos religiosos
para satisfazer a todos que, de algum a form a, estão insatisfeitos.
Havendo insatisfação com a liturgia, com as doutrinas, com o modo
de vida, com a ação social da igreja, surge um líder carism ático que leva
o grupo a separar-se da igreja instituída o u da denom inação ou de um a
s e ita m esm o. A s d o u tr in a s p a ssa m a se r in te r p re ta d a s pelo

20
líder, sendo enfatizadas ccrtas verdades cm detrim ento de outras, o que
afasta as seitas de princípios da Palavra. Esse fato leva o grupo sectário
a form ar um a com unidade fechada e a se julgar a única que conduz
à salvação. Surgindo outro lider, a seita se subdivide novamente.
Uma quarta razão do sectarismo é a novidade. O povo, insatis­
feito com sua religiosidade, segue aqueles que prom etem satisfação.
A necessidade do homem atual de ter um a vida mais com unitária; de
se envolver com o místico; de se identificar mais com o religioso; de
ab andonar o envolvimento com o m aterial, que lhe traz sofrim ento
e decepção, são pontos nevrálgicos aproveitados pelas seitas em sua
propaganda.
A necessidade de se envolver com o místico leva o homem
ocidental a se interessar pelas seitas orientais. Essas procuram mis­
turar aos seus princípios aspectos cristãos e técnicas psicológicas para
envolver seus seguidores. Enfatizam a experiência espiritual e trans­
cendental, e não se ocupam com esse ou aquele credo ou corpo de
doutrinas. A presentam um a ideologia calcada em preceitos da ciência,
da psicologia e da sociologia modernas. Pbrmitem a participação, a espon­
taneidade e a criatividade dos participantes em suas celebrações (algumas
seitas orientais), desenvolvendo o sentim ento de utilidade. Oferecem
provas sobrenaturais (profecias, glossolalia, mediunidade) para dar
segurança aos adeptos. Voltam seus discursos para os tem as transcen­
dentais, citando até mesmo a Bíblia e outros textos sagrados.2
As seitas, assim, procuram oferecer sempre um a novidade para
seus seguidores. O hom em m oderno está à procura de coisas novas
porque lhe parecem melhores. Um a das novidades, além das apresen­
tadas pelas seitas orientais, é a cura milagrosa, pretendendo dem onstrar
um retorno ao cristianism o primitivo. Valem-se do fato de que m uitas
doenças, hoje em dia, são psicossomáticas, que podem ser tratadas
através de um a atenção especial a cada um e da integração ao grupo;
podemos denom inar isso de terapia individual e de grupo, m as em bases
am adoras.3 Se as autoridades oferecessem uma assistência médica satis­
fatória e as igrejas instruíssem m elhor seus membros, as seitas não se
valeriam desses aspectos para atrair seus seguidores.
Os aspectos dos grupos sectários, não raro, querem convencer
as pessoas a experim entar sua “técnica espiritual para constatar sua
eficácia”.4 A lguns grupos incutem acentuada desconfiança em relação
à ciência, com o objetivo de apresentar os novos princípios de
seu grupo.
As razões apresentadas até aqui dizem respeito a um envolvi­
m ento psicológico e espiritual dos cristãos com as seitas. De um ponto

21
de vista teológico, podem ser apontados alguns motivos relacionados
com o surgim ento e crescim ento das seitas.
O surgim ento e o crescim ento de seitas devem-se à ação diabólica
n o m un d o , um a vez que as seitas pretendem contundir os cristãos e
um a vez que sc originam de divisões causadas no seio das igrejas. O
Espirito Santo promove a união, o am or fraternal, o uso de dons para
o crescimento de igrejas de Jesus Cristo. As seitas, entretanto, têm negado
que existem essas verdades na igreja e têm causado divisões. Os líderes
das seitas podem ser vistos com o os falsos profetas do Antigo e do Novo
Testamento. O inim igo de nossas alm as quer tirar alguns fracos e desa
visados das igrejas, para c}ue fiquem abandonados depois, quando
desiludidos pelas seitas.
Negligência quanto à missão da igreja em pregar e ensinar é mais
um motivo para o crescimento das seitas. “Pregar sem ensinar é preparar
o terreno para o surgim ento de doutrinas falsas."' Se a interpretação
bíblica é insuficiente, dá margem a interpretação pessoal e inadequada.
O correm dois aspectos: o obreiro despreparado em m atéria de Bíblia
c teologia pode ser suplantado por seus membros; o nível cultural da
membresia se eleva quando a educação está, cada vez mais, ao alcance
do povo. Por isso o pastor deve estar preparado para um a herm enêutica
e um a exegese corretas e coerentes.
Um outro motivo é o despertar religioso do povo em geral, e dos
cristãos em particular, que fá-los desejarem mais fervor, mais pureza,
m aior dedicação. J. G arcia H ernando classifica esse despertar religioso
de renovação espiritual, espiritualidade pentecostal, volta ao cristia­
nism o original (embora de m aneira errada, enfatizando aspectos
irrelevantes}; sincretismo religioso; volta às religiões orientais; busca
do ocultismo.6 D ependendo do grupo social assediado pela seita, do
grau de cultura, do sentim ento predom inante nas pessoas, o despertar
religioso será dirigido num a dessas direções apontadas.
Dave Breese" acrescenta a deserção espiritual de m uitos cristãos
não com prom etidos com o evangelho, vista em algum as facetas:
A m o r às trevas (Jo 3.19-211 — N ão-cristãos naturalm ente apre­
ciam ficar longe da verdade do evangelho por sua (delesl natureza carnal;
crentes desviados das igrejas preferem aderir a um a seita, que não lhes
cobra idoneidade moral, a retornarem à com unhão cristã, mediante
arrependim ento e fé. Preferem um a doutrina falsa a reconhecerem a
lei moral de Deus.
Im aturidade espiritual (lPe 2.2) — Os membros das igrejas se
tornam mais vulneráveis à subversão das falsas doutrinas quando perma
necem na infância espiritual. M uitas pessoas evangelizadas, que não

22
sáo logo doutrinadas pelos cristãos, facilmente aderem a algum a seita
os acaba enganando com uma lalsa interpretação das Escrituras.
c j l ic

É o estudo e a aplicação da Palavra de Deus à vida diária que


promovem a m aturidade espiritual dos cristãos <2Tm 3.16.17).
Subversão espiritual (GI 1.6-9) — 0 trabalho incessante dos segui­
dores das seitas, de casa em casa, nas rodoviárias, vendendo literatura,
afasta as pessoas (ansiosas peia religiosidade e desiludidas por causa
dos problemas) da verdade pura do evangelho. Além dos gálatas, os
coríntios e os colossenses também foram assediados por falsos profetas
l2C'o 11.13-15; ICo 2.8-18). As igrejas neotestam entáriaseram assediadas
pelos '‘servos itinerantes de Satanás'’ lobos vestidos de ovelhas.
Soberba intelectual (2Co 11.3.4) — Diversos cristãos se desviam
para os grupos sectários levados pelo orgulho espiritual. Sentem-se au to ­
rizados a interpretar as Escrituras a seu m odo e a criar um a igreja nos
moldes que acham mais viável e conveniente. Esquecem-se da adver­
tência da Bíblia (ICo 1.19-21).
A falha dc algum as igrejas em d o u trin ar sua membresia e em
oferecer-lhes oportunidade de participação, o mundanisrrio que invade
as igrejas, a insatisfação das pessoas com sua religiosidade, o anseio
do povo pela novidade, as oportunidades que as seitas oferecem aos
leigos, o sentim ento de utilidade que as seitas desenvolvem nos adeptos,
a negligência em relação a certos aspectos morais, a cura milagrosa
que operam , a ação diabólica no mundo, a im aturidade de alguns
cristãos, o orgulho intelectual de outros, a propaganda incessante das
seitas, a falh ad a igreja em cum prir sua missão de ensinar cevangelizar
— são diversos fatores que explicam o surgim ento de seitas em nossos
dias. Isso acontece, principalm ente, no Terceiro M undo, onde a socie­
dade é m arcada pela pobreza, pela migração, por diversos problemas
sociais, pela religiosidade popular, pela superstição, com o se observa
no próxim o capítulo.

NOTAS
1 PO U PA R D, Paul. dir. publ. D ic d o n u r io d e /as re lig io n e s . p. 1633.
2 Baseado no texto citado em L R ITF f . làciio da Clama. S e ita s o rie n ta is , p. 10.11.
3 W IL G tS . Irineu. C u ltu ra re lig io sa , vul. I. p. 192.
4 M A Y ER . Je an hrançois. N o ta s seitas: u m n o v o e xum e . p. 82.
5 GILBERTO. A ntônio. In tro d u ç ã o á h e re sio lo g ia . p. 4.
6 U K R N A N D O . J. G arcia. P lu ra lis m o re lig io s o , vol. II. p. 34-41.
7 BRF.ESb. Davc. C o n h e ça as m a rcas dus se nas. p. 11-17.

M
4

ANALISANDO ASPECTOS
SOCIOLÓGICOS DAS SEITAS

As razões que motivaram o surgim ento e o crescim ento das seitas,


além das teológicas, abordadas no capítulo anterior, tem a ver com
as questões básicas da sociologia da religião, ou seja: Q ual é a estrutura
social do grupo religioso? Com o a sociedade influencia a religião? Com o
a religião influencia a sociedade?
Conhecer as características sociais do grupo influenciado por deter­
m inada seita é m uito im portante para a com preensão e a atuação do
cristão ju n to aos adeptos da seita.
Para a classificação das seitas e a com preensão do seu cresci­
m ento também é precisoque se ouça a palavra dos sociólogos da religião
acerca dos fatores sociais que envolvem as seitas.
Q uer nos estudos mais antigos com o nos mais recentes, há um a
concordância de que o fenôm eno das seitas tem a ver com problemas
sociológicos.
As pessoas procuram as seitas por causa de sua necessidade
de um a vida com unitária e inter-relacional, diante da sociedade
massificadora e despersonalizante. A seita oferccc calor hum ano
e amizade. O hom em m oderno tam bém está cansado da sociedade
de consumo, da civilização tecnicista (com ênfase na tecnologia),
pois esta faz com que perca sua consciência de transcendência: por
causa de um problem a social, o hom em busca o m ístico e o religioso,
aspectos bastante cultivados pelas seitas. Além disso, o sentim en­
to de m arginalização do hom em tem sido bastante evidente: os ho­
m ens se sentem excluídos de um com prom isso político, religioso e
social. Pór isso, m uitos jovens têm ab andonado sua família, em
busca de novas exp eriên cias.1 As seitas orientais, em particular,
aproveitam-se desse sentimento.
A presentando postulados baseados em preceitos da ciência, da
psicologia c da sociologia m odernas, e aproveitando m udanças repen­
tinas na sociedade e na igreja, as seitas orientais apresentam novas

,\s
propostas para a felicidade do hom em , enganando assim a m uitos, sob
pretexto de religiosidade.
N a verdade “o m apa sociológico das seitas tende a calcar se sobre
o m apa das debilidades ou das ausências que ocorrem em nossas com u­
nidades".2
W ilson3 fez um a análise detalhada da m útua influência entre
um a seita e a sociedade que a rodeia. Para ele, o tipo da seita e as
circunstâncias em que surgiu repercutem em sua estrutura interna. A
seita introversionista, por exemplo, tenderá ao isolamento físico e a
fechar-se às influências da sociedade. H á a tendência de a seita tornar-
se o grupo social mais im portante para o adepto da mesma. Já as seitas
conversionistas se organizam para realizarem o proselitismo, centralizam
sua adm inistração e desenvolvem seu corpo de ministros.
“Os objetivos e a organização interna de um a seita se vêem afeta­
dos por fatores externos, o m ais im portante dos quais é o grau de tole­
rância e de pluralismo religioso, assim com o os fatores que promovem
ou inibem em cada caso a filiação à seita.”4
À m edida que a sociedade tolera os grupos religiosos, eles tendem
a aparecer; o pluralism o religioso adm ite diversas religiões e abre os
horizontes para as seitas.
A seita pode surgir num am biente de privação sociul; pessoas
frustradas em suas realizações pessoais buscam as seitas para com pen­
sarem suas perdas em diversos aspectos. Q uando, já dentro da seita,
alguns adeptos, ou o grupo em si, progridem econom icam ente, perm a­
nece um motivo para fazer parte da seita, que é a inferioridade cultural.
Seitas que agrupam adeptos da classe m édia, com o a Ciência Cristã,
funcionam tam bém com o grupos com pensadores de frustrações, pois
oferecem valores socialmente válidos, com o saúde, felicidade, perfeição.
E nquanto as seitas que agrupam adeptos pobres apresentam doutrinas
revolucionárias, as de classe média defendem doutrinas que “legitimem
a própria situação privilegiada”.5
Seitas que surgem por causa da pregação profética de um líder
carism ático geralm ente surgem em épocas de crises políticas ou econô­
micas. O líder com eça a pregar contra a ordem vigente e anuncia um a
nova ordem moral, através de um reavivam ento da fé. O movim ento
cresce e aos poucos “os marginalizados se encaram com o eleitos salvos,
enquanto que para eles os privilegiados são os perdidos".6 Logo, novos
adeptos são atraídos pelas curas, visões, êxtases, glossolalia etc. Um
m ovim ento dessa natureza pode trazer problemas sociais: o grupo segue
o líder e deixa o trabalho secular, as autoridades reagem com violência
e a igreja institucionalizada fica desequilibrada. O grupo sectário foge
e se isola, então, ou Juta contra as autoridades, em conflitos às vezes
sangrentos.
J. M. Y inger7 classifica os grupos religiosos de acordo com sua
relação com a sociedade:
a) os que aceitam passivam ente seu status desprovido de todo
privilégio, e dão im portância unicam ente aos valores religiosos
(as pequenas seitas estão nessa categoria/;
b) os que criticam a ordem social sem atacá-la e se retiram da
sociedade; e
c) os que protestam agressivamente, com bases religiosas, contra
a sociedade em geral.
Os grupos m inoritários tendem a desenvolver uni nível de ativi­
dade religiosa superior à média e a adotar formas de religião que colocam
todas as esperanças no outro mundo, ou adotam um a atitude critica
agressiva diante da sociedade. A posição social é um agente causai dessa
situação, que significa um a adaptação à frustração.
Um outro aspecto social que tem a ver com o surgim ento das
seitas é a anom ia, o u seja, auscncia dc leis, norm as ou regras dc orga­
nização, c ocorre nas seitas de classe média. As seitas conversionistas,
segundo Wilson, citado por Scharf. surgem em am bientes urbano
-industriais e atraem pessoas que tem porariam ente sofrem do sentim ento
de marginalização social e de anomia, por causa da rapidez das mudanças
sociais.
Em consonância com o pensam ento acima, Poblete 8 afirm a que,
quando um a parte da população se vê relegada á periferia sociocultural,
há um a disposição para ingressar e para criar novas seitas. Substitui-se
a posição social pela religiosa e se introduzem graus de religiosidade.
Assim, o fenôm eno social das seitas pode scr com preendido
levando-se em conta: a situação da seita na sociedade e diante das igrejas
institucionalizadas; a situação do grupo social cham ado seita, em si
mesmo; e os m ecanism os psíquicos que influenciam determ inado grupo
sectário.

RELIGIOSIDADE PO PULAR
A religiosidade popular tam bém é um a preocupação dos estudas
sociológicos. Um desses estudos distingue três possíveis funções básicas
da religião popular: afirm ar a sociedade que a abriga; contestar a socie­
dade, exigindo m udanças relevantes; e. finalm ente, rejeitar a presente
sociedade, buscando profundas transform ações ou até sua inteira substi­
tuição.9

27
O surgim ento das seitas tem m uito a ver com a religiosidade
popular. A lgum as contestam a sociedade; outras, a rejeitam. Em geral,
as seitas aproveitam as m udanças repentinas na sociedade e as dificul­
dades sociais vividas pelo povo, para explorar as pessoas em m eio ao
seu sofrim ento, oferecendo-lhes diversos benefícios.
N o Brasil, particularmente, o termo popular teve origem no aspecto
econômico, pois a m aioria do povo é da classe média baixa. A religio­
sidade popular é aquela praticada pelo povo, especialmente da classe
mais pobre.
A religiosidade popular não é característica apenas do catolicismo.
Pode scr observada tam bém no espiritism o e no ncopcntecostalismo.
Todas as religiões, em bora fixas em princípios básicos e em insti­
tuições fundam entalm ente estáveis, são vividas pelos fiéis, na prática,
de m aneira diversa:
a) O povo brasileiro do cam po e das aldeias, do interior, vive num
m undo mítico, povoado dc lendas e crenças fatalistas.
b) O povo dos subúrbios e das favelas vive num m undo mágico.
C onserva mitos e lendas folclóricas, m isturadas com crendices
e superstições.
c) A classe m édia, e mesmo alta, vive num m undo religioso
em ocional e sentim ental, cm que a fé esclarecida ocupa pouco
lugar e está freqüentem ente mesclada de superstições e crendices.
d) Um cristianism o consciente, esclarecido e crítico é vivido por
um a ínfim a minoria, que está se esforçando por atingir cada vez
mais a autenticidade do evangelho e a pureza da fé .10
Essas idéias esclarecedoras de Edison Glienke vêm bem a propó­
sito para um a com preensão mais exata do fenôm eno social das seitas
em nosso meio, em nossa cultura. Entre os grupos carismáticos podemos
divisar a busca de um a vida religiosa mais participativa, mais espontânea,
mais em otiva, mais experim ental (em contraposição à burocracia da
igreja institucionalizada). A religiosidade popular, outrossim , contém
resíduos (de religiões arcaicas, rurais) com o as magias, superstições,
formas de paganism o (adorar alm as, personagens míticos), costum es
antiquados; conserva também os líderes carismáticos, com o curandeiros,
mães e pais-de-santo, santos regionais e outros, que entram em transe,
têm visões, operam curas.11
A religiosidade popular brasileira é caracterizada pela presença
m arcante dos leigos, pelo limitado nível de consciência a respeito dos
valores que a justificam , pelo esforço para vencer um m undo hostil
e pela oposição às igrejas institucionalizadas.

28
Explica-se o parágrafo anterior. N os grupos religiosos populares
desaparece a diferença m arcante entre líderes espirituais e liderados;
os valores não são levados em conta, e, por isso, católicos pobres aderem
ao pcntecostalismo, à um banda, ao espiritismo, à seicho-no-iê. O curan
deirismo vem explorar as necessidades básicas do povo. A seita é um
grupo que se separa por questões éticas (como o neopentecostalism o
e o espiritismo), pelo poder mágico de seus lideres (como a um banda,
m acum ba, espiritismo, neopentecostalismo) o u pela potência m iracu­
losa de seus santos (catolicismo popular e outros).
Um aspecto social a considerar ainda no âm bito da religiosidade
popular é o que acontece com os migrantes que vêm da zona rural
para as cidades grandes. As dificuldades encontradas na adaptação,
no salário minguado, são capitalizadas pelos grupos sectários para atrair
os adeptos com as curas e outros milagres. Os m igrantes procuram rela­
cionam entos sem elhantes aos da zona rural, que encontram entre os
neopentecostais, cuja comunidade é cham ada por Lalive D'Epinay, soció­
logo suíço, de “refúgio da massa".12
Infelizmente, os grupos sectários, em bora tenham valorizado a
participação dos iletrados e dos pobres cm seus cultos e reuniões, não
têm feito m u u o para resolver os problem as sociais da pobreza e do a n al­
fabetismo
O que se pode observar, em alguns grupos, é um abuso da inge­
nuidade do povo, explorado por seus líderes. Estes têm construído
verdadeiros impérios para si, en q u an to vão utilizando técnicas persua-
sivas para levar o povo ao seu objetivo, pois o povo está aberto a esse
tipo de fatuidade. Alfredo Bosi afirm a que esses aspectos fazem parte
de um a cultura de resistência. Diz ele:
As formas religiosas voltam a interessar os estudiosos do Brasil,
já não como "residuos” de uma mentalidade atrasada e bárbara, mas
como estímulos poderosos à vida em comum, saídas grupais do deses­
pero e da opressão, sem falar em sua qualidade de fontes poéticas e
musicais inexauríveis. Nesse particular, o fenômeno é profundo e vin­
ca toda a cultura popular: há uma viragem socializantc no interior da
Igreja que desafia as interpretações clássicas; e junto a ela, uma dis­
seminação de crenças pentecostais c umbandistas nas quais os fiéis
pobres, e não raro analfabetos, são elevados à categoria de pastores e
curandeiros, graças ao reconhecimento, pela comunidade, de seus
dotes (“carismas”), o que é uma democratização rápida e fundamental
em uma sociedade que há séculos delega só a letrados e a doutores
(estes pagos a peso de ouro) as funções de ensinar e curar, t o assunto
me puxa outro setor crucial da negação: a crítica saudável à medicina
do dinheiro que se desdobra na denúncia à indústria dos remédios
nocivos e caros, talvez o efeito mais sinistro da “modernização'’
compulsiva que as multinacionais promovem na América Latina.

A religiosidade popular, enfim , tem aproveitado a simplicidade


c a ingenuidade do povo, cuja culiura tem facilidade em criar costumes
e mitos religiosos.
C om o o m isticism o tem m arcado fortem ente a religiosidade
popular, o povo logo encontra um líder carism ático ou m ístico para
lhe m ostrar o cam inho que solucione seus problemas existenciais. Desde
os tempos da servidão no Brasil, o povo negro se refugiava em sua reli­
giosidade, por causa dos sofrim entos que passava. Se hoje proliferam a
um banda, candom blé, m acum ba, nas cidades grandes, um a das princi­
pais causas sociais é a pobreza c o desamparo. Os cultos feiticistas
representam um diálogo com os orixás, e os m édiuns procuram
m anipular as forças mágicas em favor da dim inuição do sofrimento.
A atração que as seitas mágico-religiosas exercem sobre o povo
está intim am ente ligada à cultura brasileira. O povo possui fascínio
pelo misterioso; tendência para o transcendental, diante da seculari-
zação e do tecnicismo; pouca convicção religiosa. O povo acredita nas
curas feitas pelos pais-de-santo e no poder dos despachos e dos demais
elem entos mágicos. As pessoas em desvantagem econôm ica e intelec­
tual, que m oram nos subúrbios e conjuntos populares, são mais
facilmente levadas pelas práticas mágico-religiosas. Hoje em dia, a
um banda já se confessa com o religião, pois não teme mais a repressão
das autoridades e a desaprovação popular, com o ocorria há alguns anos.
Esse fato dá-lhe cada vez mais força e divulgação.
Par e par com as práticas mágicas, há a prática da beneficên­
cia, com a distribuição de receitas à base de ervas e com o aconse­
lham ento para problemas familiares, feito peios médiuns. D ado o
sincrctismo com o catolicismo, a um banda tem encarado a prática das
boas obras com o im prescindível á salvação. E ntretanto, ao que
parece, não existe um serviço de assistência social organizado nas
seitas mágico-religiosas.
Elas querem atender às necessidades do povo pobre, como
emprego, namoro, cura, problem as com o m arido e esposa, separação
ou ajuntam ento conjugal. Fazem isso através das consultas aos orixás
e dos despachos que pedem aos seguidores. “A m acum ba abre um a
esperança, permite suportar m elhor a vida, alim entar o m undo dos
sonhos".14
Vestimentas, máscaras, pinturas, instrum entos, danças, objetos,
sinais, ritos têm o seu simbolismo desde a antiguidade, simbolismo esse

30
utilizado pelas seitas mágico-religiosas. O perigo do simbolismo está
exatam ente cm ser o que se m ostra ser, isto é, o símbolo ocupar o lugar
daquilo que sim boliza. Infelizm ente essa tem sido a tendência dos
símbolos dentro da religiosidade popular.
As danças de possessão, dentro da um banda, vista com o m ani­
festação folclórica, possuem um significado político c social: demonstram
toda a revolta e o desprezo social sofrido prim eiro pelos escravos e agora
pelos pobres. O transe significa um a fuga do real: “c o transporte mágico
da alm a do escravo à terra dos ancestrais, a abolição da consciência.
A perda da consciência é tam bém , por algum tempo, o esquecim ento
do sofrim ento e do exílio".15
O rito da possessão é um in strum ento mágico; através da
im aginação a pessoa é levada a se adaptar socialmente ao papel que
deve desempenhar. () médium , no terreiro, encontra satisfação e senso
de utilidade, ao passo que, em sua vida cotidiana, encontra repressão
social, hum ilhação, má recompensa aos seus esforços, solidão, enfim,
não se realiza com o pessoa.
Os exus e pombas-giras são modelos de pessoas m arginali­
zadas, com o malandros e prostitutas. Os caboclos e pretos-velhos
rep resen tam pessoas pobres, m enos privilegiadas da sociedade
profana, Por isso, têm precedência na sociedade sagrada, atuando
com o deuses.
A pessoa bem situada socialmente precisa submeter-se, 110 terreiro,
a um a pessoa inferior, socialmente falando (analfabeto, pedreiro, alei­
jado), que incorporou a entidade.
N o terreiro percebe-se um sistema simbólico que representa deter­
m inados aspectos da sociedade brasileira; nesse sistema simbólico, as
pessoas m enos privilegiadas ocupam posições im portantes e as im por­
tantes lornam -sc inferiores.
Esse m undo religioso cheio de simbolismo e sentim ento mágico
dita norm as para a vida cotidiana, de acordo com os conselhos dos
m édiuns para problemas, doenças, soluções a tomar.
A religiosidade popular procura suprir as necessidades do povo
sofrido, iludi-lo, dando-lhe falsas esperanças. Explora 0 simbolismo e
não poucas vezes substitui 0 significado pelo próprio objeto simbólico,
venerando-o.
Entre os grupos neopentecostais tam bém ocorre a satisfação dos
leigos que assum em cargos dentro da seita. Uma vez alçados a uma
posição de destaque, passam a sentir-se im portantes, em face da desva­
lorização sofrida na sociedade secular.

31
Assim, dc um ponto dc vista sociológico, pode-sc com preender
m elhor o que significam as seitas e por que proliferam de m aneira extra­
ordinária em nosso meio. Q uando as autoridades resolverem o problema
sócio-cconômico do povo brasileiro, grande parte dos sectários há de
desaparecer!
A inda cabe neste capitulo um a abordagem sobre a transição seita-
-igreja, com o sc observa a seguir.

SEITA E IGREJA
Três sociólogos religiosos, a saber, E. Troeltsch. M ax Wcbcr e H.
R. N ieb u h r16 possuem im portantes trabalhos sobre a distinção entre
igreja c seita.
Troeltsch percebeu claram ente que a igreja é uma instituição que
assegura sua existência pela associação às classes sociais dom inantes:
enquanto isso. a seita surge com o uma oposição à ordem estabelecida
pelas autoridades, dem onstrando hostilidade (maior ou menor) diante
dos stafus quo sociais o u eclesiásticos; as seitas então enfatizariam (para
com pensar os pontos fracos da igreja e da sociedade) a solidariedade,
a igualdade, a sim patia, c a aju d a m útua. A scila, para Troeltsch. geral­
m ente surge nas classes sociais m ais baixas, não têm uma teologia,
possuindo apenas um a ética rigorosa, um a m itologia viva e um a apai­
xonada esperança no futuro. Com isso. Troeltsch não quer dizer que
o sectarismo seja um simples reflexo do ressentim ento ou das aspirações
das classes baixas, c sim que os verdadeiros sectários são recrutados
dentro dessas classes. O misticismo, ao contrário, surge com o “refúgio
para a vida religiosa das classes cultas" ou em outros am bientes
sociais17 (como acontece com as seitas orientais). Com o tal, despreza
os prazeres dos sentidos, o sabor do poder, da riqueza e dos conheci­
mentos. As seitas místicas não retiram os adeptos das igrejas, mas
rejeitam as doutrinas- q ue n ã o podem auxiliar nas experiências
pessoais.
Weber diferencia igreja dc seita, afirm ando que as seitas denotam
um a associação voluntária de pessoas que cum prem as exigências da
seita para nela ingressarem. As igrejas possuem o caráter dc instituição
e as seitas, de associação, bm bora não observe o fenôm eno seita do
ponto de vista das classes sociais, Weber acha que as seitas são um
fenôm eno típico da classe media.
N iebuhrconcorda com Troeltsch. vendo na seita o ponto de partida
de um processo de evolução social, isto é, a organização da seita serve
para um a geração, sendo modificada aos poucos para adquirir o caráter
de instituição. Neste processa a seita sc transform a, através dos tempos.

32
cm denominação. Para Nicbuhr, iodas as igrejas refletem os interesses
da classe social da m aioria dc seus membros.
Scharf discorda de Niebuhr. afirm ando que “ iodos os estudos
coincidem em dem onstrar que entre as seitas se dá uma elevada 'taxa
de m ortalidade’. Poucas chegam a efetuar a transição à seita institu­
cionalizada ou à confissão”. IH
Wilson, esludioso do fenôm eno social das seiias, chegou à
conclusão de que seiias do tipo conversionista surgem num am biente
de tolerância e pluralismo dem ocrático; sua ideologia e sua estrutura
interna podem promover sua evolução para um staius confessionalista
(seita institucionalizada).1
Q u an d o um g ru p o sectário se organiza, m uda de caráter,
institucionaliza-se. cria um a hierarquia burocrálica. transforma-se cm
denom inação. A tensão que havia entre seita e sociedade diminui,
em bora não seja obrigada a desaparecer. Ao iransformar-se em deno­
minação. os sectários perdem seu caráier de protesio e se adaptam cada
vez, mais à cultura vigente.
Pope esludou 21 planos, nos quais se dá essa evolução de scila
a denom inação. Os fatores econôm icos e culturais im pulsionam essa
evolução, mas existem ainda os fatores de organização, como: práticas
rituais de adm issão de membros substituindo o princípio da esponta­
neid ad e e c o n fu são : co lab o ração com igrejas e denom inações
estabelecidas c afastam ento de outras seitas: profissionalização do clero:
acentuação da educação religiosa em contraste com o fervor inicial,
h ainda “a primitiva atitude sectária de frustração é substituída por
um desejo de triunfo religiosamente satisfeito no sentido da posição
sociocullural dada”.-0
Yinger apresenta um quadro dem onstrativo da evolução da seita
para igreja, à m edida que o grupo religioso:'1
* le m s u a p r ó p r ia o r g a n iz a ç ã o c c n t r a l i / a d a . in c lu in d o g r u p o s lo cais,
o b r e iro s p ro fis s io n a is e u m a b u r o c ra c ia h ie r á rq u ic a :
* a c e ita o s v a lo re s s e c u la re s d a so c ie d a d e :
* in c lu i u rn a m a io r ia d c u m a so c ie d a d e .
(ia n u z a .- poi sua vez. assinala dois cam inhos pelos quais a seita
vai se transform ando em igreja: ao tornar-se missionária ou evangelís-
tica. a seita deixa de ser proselitista. e procura nâo-crentes para sua
com unidade: a cvangelizaçào se torna mais im portante do que o prose­
litismo. Um outro cam inho é a colaboração com outras igrejas, com o
já indicado por Pope.
As condições sócio econôm icas do povo relacionam sc intima
mente com o aparecim ento e a proliferação das seitas, que têm explorado
esses aspectos. oferecendo curas, soluções para problemas, esperanças.
Q uando o nível sócio-econômico do povo for elevado, pelas providên­
cias das autoridades, ceriam ente o crescim enio das seitas dim inuirá
substancialm ente.
N os Estados Unidos, diversas seitas se organizaram cm deno­
m inação justam ente por causa da igualdade formal e legal dos cidadãos,
que implica uma igualdade form al de suas religiões.23
Além de igreja, seita e denom inação, Yinger idealizou um quadro
onde aparecem outros grupos religiosos, como: denom inação institu­
cionalizada edenom inação difusa; seita estabelecida centralizada e seita
estabelecida de leigos; seita m ovim ento e seita carism ática; igreja insti­
tucionalizada e igreja difusa. Esses grupos dependem da maior ou menor
aceitação dos valores seculares; da participação de m uitos ou poucos
e da organização fraca ou forte. Assim, por exemplo, podem-se colocar
alguns grupos neopentecostais entre as seitas estabelecidas centralizadas,
com organização, aceitação dos valores seculares e núm ero de p arti­
cipantes dentro de um a linha mediana.
Para finalizar, pode-se afirm ar ainda que nem todas as seitas se
transform arão em denom inações. Primeiro, porque as seitas surgiram
do erro doutrinário e nele perm anecem , sendo por isso condenadas
ao fracasso. Além disso, algum as seitas perm anecem com o tais porque
não abandonam sua postura hostil diante da cultura. W ilson24 afirm a
que, se as seitas conversionistas tendem a evoluir a denom inações ou
a seitas estabelecidas, isso não ocorre com as seitas revolucionárias.
O Adventism o do Sétimo Dia. por exemplo, em bora seita estabelecida
centralizada, não deixará de ser seita porque continua se opondo à
cultura em geral e considerando as igrejas institucionalizadas com o
contrárias â vontade a Deus.
As seitas introversionistas- (Seicho-no-iê, Bhagwan, Ioga, Hare
K rishna) não têm dem onstrado disposição para se transform ar em deno
minação, pois têm conservado suas dim ensões reduzidas dentro de um
padrão de valores que as isolam d o resto da sociedade.

CONCLUSÃO
D en tro da sociedade hodiern a. as seitas têm exercido sua
função. Possuem o lado positivo de aju d ar as pessoas a se adaptarem
a novas situações sociais, dão esperança onde há desespero e dão
segurança onde outros órgãos sociais têm falhado. Tem sido um meio
de levar as pessoas a superar suas dificuldades e a se integrarem

34
uns aos ouiros. O bservando seu lado negativo, icm levado o povo
ao fanatismo, algum as à intem perança ou m esm o ao próprio ani
quilamento.
As seitas tcrn desem penhado seu papel na sociedade ociden­
tal. N as igrejas e denom inações, as pessoas tem sido caracterizadas
por sua profissão, sua educação ou por suas atitudes pessoais; nas
seitas, predom ina a identificação religiosa, isto é. o compromisso
que a pessoa tem com a seita. Existem vínculos m uito fortes dos fiéis
com sua seita (a m aioria delas). Esse vinculo tem a ver com a salvação
(fora da seita não há salvação) e tam bém com a retidão, obediência,
verdade e solidariedade da própria com unidade entre si. M esmo que
0 adepto da seita tenha um a posição social um pouco m elhor que os
demais, é dentro da seita que ele vai dem onstrar seu valor como
fiel e obediente: o que importa m esm oé o reconhecim ento de sua frater­
nidade.
Por outro lado, pessoas privadas de certos privilégios na socie­
dade podem encontrar, dentro da seita, o papel social de im portância
ou poder c de auto-afirm ação. F. dentro da seita que vão se associar
pessoas do m esm o nivel social.
A organização social com um às igrejas e denom inações é rejei­
tada pelas seitas, que preferem o mínim o de o rgani/açào para não haver
diferenças entre lideres c liderados e para que todos exerçam os mesmos
papéis dc autoridade dentro do grupo.
Q uando a sociedade evolui, a tendência é o desaparecim ento das
seitas características da classe mais pobre. Q uando o povo cresce em
sua cultura, a tendência é o desaparecim ento das seitas características
da classe média ou a sua evolução para seita estabelecida ou deno­
minação. À m edida que a seita se organiza, a tendência natural é de
se transform ar cm denom inação.
Na m oderna sociedade industrial, a denom inação ou o deno
minacionalismo é a forma apropriada de adesão religiosa.2(' Nem todas
as seitas se transform am em denom inação, aliás isso ocorre com a
m inoria delas. A denom inação é um a m utação dentro de uma socie­
dade pluralista, na qual se tem tornado uma necessidade e um a norma.
A denom inação é o “ tipico modelo religioso para um a sociedade não
-religiosa ou irreligiosa".27

NOTAS
1 H r . R N A N T X ) . Juli á ti ( ia r c i a . W u ru listn o religioso. II. p. (W.70.
2 ítlcin. p. 72
.> (.'nado p or S C H A R K Bctty R. E l estudio sociológico dc lu rc lid o n . p. 164 -.v

35
4 Idem . p. 165
5 M A TTH CS, Joachim . In tro d u c d n n a Ia sociologia dc ia religión. II. p.130
h D RO O G H RS. André. Ciências da religião. vol. II. p. 173.
7 Idem . p. 168.169.
8 C iiatlo por M A TTH FS. op. c it.. p. 134.
9 R1-'ILY, D uncan Alexandcr. M in is té rio s fem ininos cm perspcaii-u histó rica, p. 175.
lü GL1LN K.F. Fdison. "Religiosidade popular brasileira", ari. puhl. cm Rev. Vox C oncor-
diana. 1984.
11 M A I D O N A IX ). l-uis, citado por I F l l Fi 1111 IO, làcito da G am a. Seitas n c o ix n -
tccostais. p. 52.
12 C iiado por LHITE FIL H O , làcito da G am a. op. c it.. p. 58.
13 BOSI, Alfredo. A rtigo: "U m testem unho ao presente", cm tn s a io s 30. Ideologia da
C u ltu ra Brasileira, C arlos (i. Moca, 1978. A lita. p. JX.
14 BASTIDF., Roger. As tvligiòes africanas n o Brasil, vol. II, p. 211.
15 I I X . M arco Aurélio e LA PASSA DH. Cieorge. O segredo da m acum ba, p. 41.
16 M A TI MI S. op. c it.. p. 123 ss.
17 C itad o por S C H A R F . op. c it.. p. 145.
18 S C H A R F . op. c it.. p. 170.
19 C itad o por S C H A R F , op. c it.. p. 166.
20 Cicado p or M A i l l U .S. op. c it., p. 130.
?.l C iiad o p or PARSONS. lalcott c outros. Sociologia dc Ia religión y Ia m oral. p. 81.
22 G A N U X A . Ju a n M iguel. L is scctas nos invaden. p. 15.
23 VVII.SON. Bryan. S ociologia dc /a.> scctas religiosas, p. 234.
24 Idem . p. 236.
25 Vcja-se sobre a classificação das seitas no ca p. 2.
26 W ILSO N , Bryan, op. c it.. p. 212.
27 Idem . p. 213.

36
5
CONHECENDO SUAS
CARACTERÍSTICAS E MÉTODOS
DE TRABALHO
De um m odo geral, nos capítulos anteriores, já foram abordadas
algum as características das seitas, quan d o foram conceituadas, classi­
ficadas e explicadas as razões de seu crescimento, bem com o seus as­
pectos sociológicos. N este capítulo, de m aneira mais específica, suas
características e m étodos de trabalho serão explicitados.
U m a seita sc caracteriza por sua separação em relação à socie­
dade, através de uma atitude de afastam ento ou desconfiança em relação
ao m undo, suas instituições e valores; algum as seitas dão acentuada
im portância à experiência de conversão, anterior à participação; cm
geral advogam um a atitude de austeridade-ética e às vezes até mesmo
de asceticism o.1
Uma característica fundam ental é a exclusividade da seita. Fazer
parte de uma seita significa rejeitar as outras seitas, outras igrejas, a
sociedade e o mundo. Cada adepto vive exclusivamente para a seita.
Às vezes, os próprios familiares são secundários quando se trata de
trabalhar para a seita. Aquele que dem onstra ser desonesto cm sua
fé e que n ão deseja destacar-se na esfera religiosa torna-se perigoso para
os membros da seita (segundo o ponto de vista da seita). Pára algum as
seitas, a graça não é sacramental, m as baseia-se na fé pessoal e na retidão
ética. Aquelas seitas que crêem que a graça é um puro dom e que não
pode ser merecida, crêem que a graça se manifesta num a vida visivel­
m ente boa, com o conseqüência dc um a retirada do m undo (pecaminoso
e maligno). Algum as seitas são verdadeiras escolas de asceticismo, com
elevadas normas de caráter ético, com espirito de abnegação e aitruísmo.
O asceticismo nas seitas n ã o significa façanhas heróicas (só cm
casos particulares); n ão é m ortificação da sensualidade com interesse
em impulsos religiosos superiores, m as o asceticismo é um a abstenção
do m undo, um a redução dos pruzeres m undanos e um a valorização
extrem a do vínculo com unitário do amor.-1 N a m aioria das seitas
observa-se a tendência de exigir dos adeptos um isolamento do m undo

37
e seus costumes, um a busca muito grande de inferioridade, espiritua­
lidade ou santificação e unia busca intensa de um relacionam ento
amistoso com os dem ais adeptos da própria seita. Entretanto, uma vez
que se consideram os únicos salvos e a seita como a única verdadeira,
falham em não desenvolver um sentim ento de am izade por todos os
hom ens e um a sim patia para com outros religiosos.
Deste modo, as seitas originárias de grupos cristãos dem onstram
defender um pseudocristianismo. pois afirm am a salvação por filiação
ao grupo sectário. Essa filiação, niuilas vezes, efetua-se por causa do
medo que é incutido nos adeptos: medo de Diabo, medo de fim do
m undo e de catástrofe iminente, medo de ficar perdido eternam ente
quando abandonar a seita. Dá-se o fenôm eno de completa servidão
à seita, eni contraste com a liberdade oferecida por Jesus Cristo: “Sc,
pois, o Filho vos libertar, verdadeiram ente sereis livres“ (Jo 8.36). “Ora,
o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade”
(2Co 3.17). “ Por preço tostes comprados; não vos façais escravos de
hom ens” HCo 7.23). “Para a liberdade C risto nos libertou. Permanecei,
pois. firmes, e n ão vos dobreis novam ente a jugo de escravidão” (015.1)
Se a idéia de exclusividade da seita é incutida na m ente de seus
adeptos, isso gera uma dependência m uito grande nos adeptos, dispostos
a cum prirem todas as regras ou norm as estabelecidas pelos líderes. São
estipuladas inúm eras regras para o viver hum ano e um a vida de com ­
pleta abstinência é incentivada: não bebem , não fum am , não dançam ,
n ão jogam , não tom am café. as mulheres não se pintam , vivem sem re­
frigerantes, sem ter jornal, ouvir rádio, assistir à televisão, com er
certos alim entos. Não há interesse cm problemas politicos, econômicos
ou sociais. Algum as seitas não perm item transfusão de sangue, serviço
m ilitar e outros costum es com uns na sociedade de hoje.
Infelizmente, os adeptos das seitas são tão escravos dos preceitos
que lhes são impostos com o eram dos vícios anteriores. Esses fardos
são sem elhantes aos colocados sobre os hom ens pelos doutores da lei,
condenados por Jesus: “Ai de vós também, doutores da lei! porque carre-
gais os hom ens com cargas difíceis de suportar, e vós m esm os nem
ainda com um dos vossos dedos locais nesses fardos” (Lc 11.46). Pedro,
falando dos falsos mestres, que já no tem po do Novo Testamento enga­
navam os escolhidos, diz que "prom etendo-lhes liberdade, sendo eles
mesmos servos da corrupção, ltorquc de quem alguém é vencido, do
tal faz-se tam bém servo” (2Pe 2.19).
O conceito elevado dc fraternidade restringe-se à própria seita.
Valorizam o vínculo do am or com unitário; incentivam o am or fraternal
aos adeptos da seita e a união íntim a entre eles. Defendem a igualdade

38
e a fraternidade religiosa, mas apenas dentro de seu próprio grupo, l .ssa
atitude exclui os considerados pecadores do am biente da seita, pois
os eleitos e santos não podem se contam inar em contato com os peca­
dores. Desse sentim ento de fraternidade surge a união no espírito,
proporcionando os estados coletivos de êxtase, nas reuniões para tal
finalidade. A experiência mística se associa com o grupo em seus
m om entos de m aior contato recíproco.1 Isso se observa nos diversos
grupos sectários, dentre os quais o espiritism o cham ado de mesa, em
cujas reuniões dc consulta aos m ortos não é perm itida a presença de
estranhos. O mesmo ocorre nas reuniões para a busca do Espírito Santo,
enire os ncopentecostais. ou ainda no seicho-no-iê e na um banda, em
reuniões de iniciação.
D efendendo o voto dc pobreza c desprendim ento material, alguns
podem até se desfazer de alguns poucos bens, em benefício da com u­
nidade, num a atitude de caridade extrem a. A lguns podem até mesmo
viver exclusivam ente pela fé, em trabalho para a seita, dependendo da
caridade alheia, pois não possuem um trabalho secular.
É evidente a solidariedade entre os adeptos da seita. Problemas
relacionados à fam ília e à profissão são com unicados ao grupo, o que
estim ula a união cada vez m aior do grupo e a dependência dele.
Relacionada à característica da extrem a fraternidade entre os
adeptos, está a realização de curas, característica m arcante de diversos
grupos sectários e utilizada com o propaganda para ganhar novos ade­
ptos. Isso ocorre entre os espiritualistas {como ritual do Daime, por
exemplo), entre as seitas proféticas (como a C iência Cristã), entre as sei­
tas ncopentecostais, entre as mágico-religiosas (como U m banda e C a n ­
domblé) e entre as seitas orientais, onde a cura é obtida pela abstenção
alim entar e pela meditação. Essa novidade introduzida pelas seitas cham a
a atenção do povo sofrido e m al atendido pelos profissionais da saúde.
O alto custo de certos remédios, a dificuldade em receber a ten ­
dim ento nos hospitais públicos, as doenças crônicas ou incuráveis são
os principais motivos para a busca da cura nas seitas. Entretanto, algu­
mas seitas têm explorado o povo pobre, pedindo ofertas em troca dos
remédios o u vendendo-os por um preço elevado.
Q uando n ão se realizam verdadeiros rituais públicos de cura em
massa (comprovadamente mentirosos), utilizam-se os remédios da medi­
cina popular, à base de ervas: chás, ungüentos, óleos santos, compressas
com folhas, infusões santificadas, água benta. A defum ação e o benzi
m em o são práticas das seitas m ágico-religiosas, visando afastar
m au-olhado, ou coisa sem elhante, que tem causado a doença (segundo
o que eles pensam).

39
As pessoas sofridas submetem-se a todo lipo de táticas para que
obtenham a cura de seus m ales físicos, m uilas vezes reflexo de males
emocionais, tensões nervosas ou problemas espirituais.
Foi m encionada a prática da m editação transcendental, utilizada
pelas seitas orientais, com o objetivo de curar doenças, dim inuir o
estresse, aliviar as tensões, buscar o sentido real da vida. espiritualizar-
se. Enfatizam o dom ínio da atenção c da vontade, o treino das emoções
e o relaxam ento dos músculos e nervos. O fascínio dessas seitas está
na exploração d o poder da mente, utilização de técnicas e métodos reli­
giosos, transcendentais, de m editação, e valorização das possibilidades
hum anas. Para desenvolver esses m étodos e recrutar seus adeptos,
utilizam-se do aliciam ento sutil dc jovens, principalm ente; do ofere­
cim ento de refeições gratuitas; do desenvolvim ento de am izades e
atenção individual; da bajulação; da distribuição de remédios, roupas,
dinheiro, em troca de adesão ao grupo; do isolam ento do candidato,
que é separado da família, dos amigos, da escola, da igreja; do bom bar­
deio intelectual através de certas frases repetidas m uitas vezes; da
exortação para que os candidatos alcancem certa exaltação espiritual;
da ênfase na pessoa do chefe espiritual.
Algumas seitas orientais têm prejudicado grandemente até mesmo
a personalidade de seus adeptos; isso acontece com o Moonismo, Igreja
Messiânica M undial (através da prática do Johreil, M editação Trans­
cendental. M ovim ento Bhagwan e outras. A pessoa sai da seita com
o hum or e o interesse alterados, com atitudes de isolamento e angústia
e m uitas vezes nem mesmo um tratam ento psiquiátrico resolve os
problemas de alteração profunda da personalidade.
O utras seitas têm utilizado método de m anipulação social e psico
iógica, como: distribuição de remédios; veneração do líder; desestímulo
á busca dc soluções racionais; ênfase nos cultos entusiásticos e emotivos
para esquecim ento da realidade lâ fora; indução ao m edo do dem ônio
para buscar refúgio na seita; estím ulo à interiorização para a busca
do dom de línguas; busca dc uma experiência mística com o Espírito
Santo, que acaba se diluindo em contato com a realidade do dia-a-dia.
A presença dos lideres carismáticos, novos profetas ou gurus é
m arcante e notória nas seitas. Os fundam entos das seitas, os profetas,
os m édiuns — todos exercem um a grande influência sobre os segui­
dores das seitas. São venerados, bem com o seus ensinam entos. Sua
autoridade é respeitada. Suas norm as são obedecidas. Seus ensinamentos
são considerados verdadeiros e insubstituíveis. Sua liderança é marca-
dam ente autocrática e não dem ocrática, valendo-se da autoridade que
lhes é conferida e objetivando a união do grupo. Essa autoridade nem

40
sempre está fundam entada nos conhecim entos que possui, na posição
sócio-econôinica do líder, m as cm seu carism a exercido sobre o grupo
que lidera.
Os novos profetas ou os gurus atribuem-se, não raro. o papel de
mediador, ou seja. '‘beneficiário dc capacidades extraordinárias''.4 Dado
o perigo de o m ovim ento acabar com a m orte do lider ou fundador
ou guru, ele procura efciuar sua sucessão, conferindo os mesmos poderes
a um imediato.
Os líderes carism áticos dão a entender a seus seguidores que são
possuidores de algum a natureza divina incom um “que deveria inspirar
a adoração por parte de seus seguidores”.5 Isso acontece com M oon,
Rutherford (das lcstem unhas de Jeová). Joseph Smilh Idos Mórnions).
H ubbard (da Cientologia). com os gurus das seilas orientais, com os
pais e mâes-de-santo da U m banda.
E nquanto os líderes são a autoridade m áxima da seita, existe o
sacenhkiodos leigos, istoé, rodos os adeptos exercem im portante função
dentro da estrutura da scila. N ão existe diferença entre clérigos e leigos,
no que diz respeito à direção dos trabalhos. Por isso, não há necessi­
dade de estudar, o que denota um a atitude de antiintelectualism o. A
insp iração d o leigo para pregar, profetizar, c o n ta r sua visão c
m om entânea. Os teólogos, os estudiosos da Biblia, os que estudaram
e interpretam as Escrituras m ediante determ inadas norm as cxegéticas
e herm enêuticas são desprezados. Io d o s os membros da seita são igual­
m ente escolhidos, convertidos cm santos. A liderança das reuniões é
tio tipo carism ático-profética, exercida inicialm ente pelo fundador da
seita, depois por aquele a quem conferiu o poder e em seguida pelos
dem ais adeptos.
D ecorrente do sacerdócio dos leigos estão os cultos entusiásticos
lentre os neopentecostais) ou rituais anim ados (entre os mágico-
-religiosos). Nas reuniões, aceita-se a participação de todos que recebem
uma revelação, que sentem o toque do Espírito para as línguas ou
orações, o u que m anifestam qualquer experiência mística. Entretanto,
as atitudes de fanatism o c as m anifestações miraculosas são incenti­
vadas. Naqueles que chegam de outros grupos religiosos é incutida um a
nova m entalidade, dentro de suas doutrinas e princípios. Os neopen­
tecostais dão ênfase dem asiada à experiência emocional c o m o Espírito
Santo. N as reuniões impera o em ocionalismo, que supera o exercício
da razão. As palavras acabam adquirindo mais um sentido mágico do
que apelando ao entendimento. N os cultos entusiásticos, há inteira liber­
dade dc expressão para testem unhos, profecias, exercícios dos dons.
m anifestação em palmas, orações em voz alta. o que m uitas vc/es se

41
assem elha a um a “catarse psicológica” em que a pessoa solta suas de
pressões reprimidas e seus traumas.
Nos rituais anim ados, há a presença m arcante de instrum entos
rítmicos, palm as, cantorias, com o objetivo de purificar o ambiente,
saudar os orixás ou entidades, facilitar a incorporação ou transe e
expressar determ inados desejos, como: súplicas aos santos, cham ada
dos guias, salvação dos aflitos, descarrego etc. Os pontos cantados acom ­
p a n h a m to d as as a tiv id a d e s do terreiro, em algum as ocasiões
acom panhados de danças próprias. Utilizam as palm as rítm icas, em
alguns locais, para substituir os instrum entos. As reuniões são bastante
b arulhentas e entusiasm adas.
A base escriturística, em algum as seitas, é a Biblia e mais os escri­
tos do fundador. A Bíblia é respeitada mas sempre acrescentada das
interpretações da seita. A interpretação é feita “ao pé da letra”. As
profecias são tom adas em seu sentido literal para nossos dias. Os ensi­
nam entos dos fundadores e seus sucessores são considerados no mesmo
nível das Escrituras; são livros ou anotações dos mesmos.
As seitas se prendem a certas verdades periféricas, dando-lhes
proem inência exagerada. Isso acab a tirando o equilíbrio das doutrinas
que caracterizam a m ensagem cristã. Utilizam-se de textos bíblicos
isolados; deform am palavras para adaptá-las às suas doutrinas; não
analisam o contexto da leitura. M uitos sectários são contrários ao estu ­
do, e sua inspiração m om entânea dá margem a desvios doutrinários, a
superfluidade e repetição da m ensagem e às afirm ações contraditórias.
Essa é um a característica típica de um a seita: reivindicar “com o
sua autoridade algum a revelação distinta das claras assertivas da Palavra
dc D eus”.6 A lgum as seitas atribuem até mesmo inspiração divina à
Bíblia, m as confiam , ao m esm o tempo, em outra escritura ou num a
revelação dada a alguém através de anjos, sonhos ou visões. Vale a
pena lem brar a advertência da Palavra a esse respeito: “Eu testifico
a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro: Se alguém
lhes acrescentar algum a coisa, Deus lhes acrescentará as pragas que
estão escritas neste livro; c se alguém tirar qualquer coisa das palavras
do livro desta profecia, Deus lhe tirará a sua parte da árvore da vida,
e da cidade santa, que estão descritas neste livro” (Ap. 22.18,19).
O utra característica m arcante de algum as seitas é o acentuado cs-
píritoproselitísta. Buscam seus adeptos principalmente entre aqueles que
já participam de igrejas, denom inações o u seitas, dizendo que som ente
elas estão com a verdade. A presentam alguns textos bíblicos para con­
fun d ir os ingênuos. Existem diversos erros no proselitismo das seitas7
que o diferencia do espírito evangelístico dos crentes em Jesus Cristo:

42
I T o d a espécie dc coação Tísica, pressão moral ou psicológica
que prive o homem de seu juízo pessoal c de seu poder dc decisão
livre e responsável:
2" Todo benefício temporal ou material oferecido, de maneira aberta
ou velada, em iroca da aceitação da le:
3.i; Toda utilização de um estado de miséria, de debilidade, ou de
ignorância para levar alguém à conversão;
4!' O recurso a uin motivo que não tem relação com a fé, e que é
oferecido para uma mudança de religião: por exemplo: o uso de
motivações políticas, seja para garantir o apoio dos governantes
ou dos opositores;
5." Qualquer alusão às convicções e à conduta das demais religiões,
feita para conseguir adeptos.
Para finalizar, nas seitas não é valorizado o estudo metódico das
Escrituras, não é utilizada uma organização interna, não é enfatizado
o doutrinam ento dentro dos ensinos da Bíblia. Advogam para si a exclu­
sividade dc serem as verdadeiras igrejas e detentoras do reino de Deus.
Incentivam um a retirada do mundo. Provocam a servidão dc adeptos.
Exercitam a fraternidade dentro da com unidade fechada. A traem pelas
curas e milagres que dizem efetuar. Incentivam um a m editação trans­
cendental ou um a busca da interioridade. Póssuem seus líderes
carism áticos ou gurus ou médiuns. Defendem o sacerdócio dos leigos.
Realizam cultos entusiásticos ou rituais anim ados. Utilizam as Escri­
turas para defender seus pontos de vista. Revelam um acentuado espírito
proselitista.
A seita caracteriza-se pelo fato de ser mais um m ovim ento do
que uma instituição. N ela, é mais im portante o carism a do que a fu n ­
ção. A espontaneidade dom ina sobre a organização. O seu profeta tem
mais valor do que um sacerdote ou pastor. A inspiração m om entânea
fica além da doutrina.
Alfredo Sauvy.8 econom ista e sociólogo, assim sc expressou
acerca das seitas:
Poderíamos pensar que hoje já estamos livres da influência
do sobrenatural e que podemos encher nossa sociedade com todos
os recursos da razão Mas esta razão se vê cada dia mais próxima
do abismo. Efetivamente, aparecem sob a aparência pseudocientifica,
os mitos universais que adormecem a humanidade há milhares de anos.
A invasão das diversas seitas e a revitalização da superstição e
do misticismo, o reaparecimento da antiga sabedoria, bem como o sincre
tismo religioso, com vistas à procura da paz, quer através das viagens
do subconsciente ou de rituais mágicos, tudo isso tem perturbado a
vida do homem m oderno e confundido os cristãos.

43
É grande a am eaça das seitas aos fracos na fé e im aturos espi
rituais, por causa do proselitismo que realizam, por causa do ensino
capciosoda Bíblia, por causa da difusão de diversas heresias. Para tanto,
devem os cristãos estar bem preparados, n o sentido intelectual, social
c principalm ente espiritual, para enfrentar devidam ente os adeptos das
seitas e para abordá-los com a mensagem d o evangelho. Com esse propó­
sito escrevemos o próxim o capítulo.

NOTAS

1 C D F .A . T h o m as K S ociologia da religião, p. Y7. A


2 rÜ R S T n N B F R C i F. S ociologia dc Ia rc lig ió n . p. 254.
3 V u in g . ciiado p or PARSONS. Talcotl S ociologia dc In rclig ió n y l;i m o ral, p. 163.
4 M AY1.R, .lean-François. N o ra s scituv: um novo exume. p,89.
5 B R F F S F , Dave. Conheça ;/,s m u rais das se/ías, p. 33.
6 klem , p. 18.
? BRATT1. Paulo. “O fenôm eno das seitas". O Estado. Florianópolis. 30/08/81.
8 C itad o p o r G A N U Z A , Ju a n M iguel. Las scctas nos im u d e n . p. 14.

44
6

DESENVOLVENDO ATITUDES
PARA ENFRENTAR AS SEITAS

Tendo já conhecim ento de diversos aspectos do fenôm eno das


seitas dc nosso tempo e que proliferam em nosso país, necessária se
faz um a abordagem quanto às atitudes a desenvolver diante dos adeptos
das mesmas, para m aior firm eza do cristão c para a evangelização.
A atitude diante das seitas vai depender de quem a desenvolver:
um sociólogo o u um psicólogo, um repórter ou um político, um pai
de família, um jovem , as constituições civis ou judiciárias, o cristão
ou o incrédulo ou ainda os lideres das igrejas.
O presente volum e (bem com o os dem ais desta série) dcslina-sc
a ajudar os cristãos, os líderes das igrejas, as famílias cristãs e os pastores
ou presbíteros, além de ajudar aqueles que se interessarem por um estudo
dessa natureza.
O fenôm eno das seitas de nosso tem po precisa ser contem plado
com serenidade e precaução, e tam bém com tranqüilidade, pois aquilo
que há de verdadeiro e bom não deve scr rechaçado. O próprio apóstolo
Paulo afirm ou: “E até im porta que haja entre vós facções, para que
os aprovados se tornem manifestos entre vós." (ICo 11.19). Os desvios
doutrinários precisam existir para provar aqueles que são fiéis, am adu­
recidos e firmes em sua fé em Jesus Cristo.
Um dos pontos positivos do surgim ento das seitas é o desafio
que lançam aos cristãos, para que estejam sempre bem alicerçados em
sua fé em Jesus Cristo c em seu conhecim ento das Escrituras e para
que procurem um m aior conhecim ento das seitas que os rodeiam. Cada
igreja deve desenvolver um a com unhão cada vez m aior entre seus
m embros, para n ão perde-los para as seitas. F. um alerta. É um desafio.

PR EJU ÍZO S E ERROS DOUTRINÁRIO S


O surgim ento das seitas, com o foi visto no capitulo 4, deve ser
com preendido à luz do contexto sócio-cconômico do lèrceiro M undo.

45
do qual o Brasil faz parte, e também â luz do contexto teológico, como
apresentado no capítulo 3. Por isso, elas não devem confundir nem
atrapalhar o cristão.
Temos conhecim ento de que algum as seitas têm prejudicado as
famílias, arrancando do seu seio principalm ente os jovens e dividindo-
-as. É porque eles desprezam os familiares que não fazem parte da seita,
por causa de sua exclusividade, e tendem a m anter seus adeptos sob
um a espécie de servidão à seita. Isso causa problemas de ajustam ento
familiar.
A família, segundo a vontade de Deus, deverá ser conservada
em união. Os preceitos da Palavra dc Deus são claros em relação à
família e aos deveres de cada mem bro de mesma (Ef 5.22-33; 6.1-9;
ICo 7.10-17). É imprescindível que as familias cultivem m aior união
entre seus membros, cultivem um am biente de am or fraternal e
com preensão m útua, incentivem e promovam o diálogo entre todos,
para que problemas sejam resolvidos e angústias sejam superadas. Esse
é um passo para n ão perder os jovens para as seitas.
Caso algum jovem de família seja vitim a de algum grupo sectário,
os pais devem con tin u ar m antendo a m aior com unicação possível com
ele; devem conseguir um diálogo do jovem com um ex-adepto daquela
seita ou com algum especialista no assunto; devem conseguir o máximo
possível de informações sobre aquele grupo e passá-las ao jovem, logo
de início, com o propósito de desviá-lo do mesmo. Se esses esforços
forem insípidos, os pais deverão recorrer ao juiz, solicitando a tutela
do filho, ainda que de m aior idade, alegando danos físicos e morais
que a seita causa ao filho. Se esle expediente for infrutífero, só resta
o rapto, desligando a vítima da seita e subm etendo-a a um tratam ento
psiquiátrico.1
Nos Estados Unidos, e em outras partes do mundo, já foram orga­
nizadas associações anti-seitas, que aliviam as preocupações familiares
e lutam contra as m anipulações psicológicas/ Nem todas as asso­
ciações aceitam o deprogramming. ou seja, a desprogramação das pessoas
prejudicadas psicologicamente pelas seitas. N ão a aceitam porque acham
que a desprogram ação c o utra lavagem cerebral. C om o vimos nos
volumes desta série sobre as seitas orientais e sobre as mágico-religiosas,
ocorre um a verdadeira lavagem cerebral nos adeptos que entram pelo
cam inho da iniciação.
Dada a liberdade religiosa nos países do Ocidente, não existe um
instrum ento jurídico que impeça algum as seitas de continuarem preju­
dicando as pessoas e suas famílias. As acusações aceitas pelas autoridades
som ente poderão ser feitas em duas situações: crim inalização ou medi-

46
calização, situações essas m uitas vezes difíceis dc serem comprovadas.
Alegam ainda as autoridades que não se pode estabelecer até que ponto
foi o uso do livre arbítrio da pessoa ao ingressar na seita e ser preju­
dicada por ela.
Um outro aspecto jurídico é que não se pode legislar sobre as
seitas, pois não existem especificações suficientes acerca das mesmas,
o que prejudicaria pequenas com unidades evangélicas.
Um outro prejuízo causado pelas seitas é o dcsestím uloàspessoas
dc lutarem pela justiça e pelos direitos sociais que o povo tem, acom o­
dando os fiéis à situação em que vivem e isolando-os de sua realidade
social. Pregam o desprezo ás coisas m ateriais e, de certa forma, iludem
as pessoas. A missão da igreja é aju d ar os necessitados mas tam bém
despertá-los para um a vida melhor, para a busca da alfabetização ou
dos cursos profissionalizantes. Lamenta-se que algum as seitas, além
disso, ainda estejam se aproveitando da situação de pobreza e ignorância
para explorarem o povo e enriquecerem , com isso, seus líderes!
É louvável a aju d a que algum as seitas dão aos necessitados dc
sua com unidade, bem com o a oportunidade concedida aos incultos.
É louvável a am izade que procuram desenvolver de uns para com os
outros. Entretanto, é dc estarrecer a exploração financeira. A Bíblia
nos ensina que a salvação é gratuita e não precisamos praticar boas
obras ou o serviço à igreja para comprá-la ou garanti-la; as boas obras
são um a expressão dc nossa fé e de nosso am or ao próximo. Verifique
os textos bíblicos: Rom anos 6.23; 3.24; Efésios 2.1 10; Tiago 2.14-26.
Já no tem po dos apóstolos havia aqueles que queriam enriquecer à
custa da piedade dos outros ou queriam oferecer dinheiro em troca
de dons: ITimóteo 6.3-11; Atos 8.18-22. Foram todos repreendidos.
U m outro prejuízo causado por m uitas seitas é o curandeirism o
c a falsa esperança incutida nos interessados. Q uando a pessoa busca
a cura e não a obtém , a desculpa encontrada é que a pessoa não confiou
suficientemente nos poderes dc quem orou, nos poderes da auto-sugestão
o u nos poderes dos orixás. Nos terreiros são tratadas doenças causadas
por desequilíbrio espiritual ou social, curas são efetuadas por auto-
-sugestão ou hipnose, o que não é novidade, pois a própria ciência está
reconhecendo a influência do psiquico sobre o físico. Doenças de origem
psicossom ática têm sido curadas simplesm ente pelo fato de serem resol­
vidos os problemas em ocionais e espirituais. E ntretanto, há os casos
que não são curados, decepcionando os que buscam a cura, afastando-
-se de um evangelho sério (com o o d as igrejas estabelecidas e
denom inações) e prejudicando seu fu tu ro (quando são quebrados seus
óculos, jogadas fora suas muletas, destruídos seus remédios etc).

47
lèstificam as Escrituras que Deus operou muitos milagres dc oura.
tan to no A ntigo com o no Novo Testamento. A cura. entretanto, não
foi o principal objetivo da obra de Deus neste m undo nem todas as
pessoas foram curadas. Deus perm ite a doença para provar seus servos.
Deus efetua a cura para sua honra e glói ia c para que pessoas venham
a crer em C risto com o Salvador (Jo 9.3; 20.30.31). Havendo a doença.
Deus dá o conforto, através de seu Espírito (Jo 14.16.26; 15.26: 16.7;
Rm 8.26). Por outro lado, se Deus curasse todos os enferm os que
chegassem ao cristianismo, im agine se quantos se tornariam cristãos
apenas pelo interesse da cura física! As listas dos dons cm Romanos
12. Eíésios 4 e l Pedro 4 não inclucm o dom de curar, fato que demonstra
sua pouca relevância, ainda nos tem pos apostólicos.
Deus cura em nossos dias. valendo se ou não dos recursos médicos,
que não são desprezados pelas Escrituras UTm 5.23K Deus cura nas
igrejas, nas denom inações e nos grupos sectários, segundo a sua vontade;
honra e glória sejam dadas a Deus e não aos líderes religiosos!
Os prejuízos causados pelas seitas, bem com o os erros d o utri­
n ários, advêm de u m a in terp retação superficial da Bíblia e da
interpretação errônea dada pelos fundadores e lideres das seitas. As
revelações extrabíblicas têm prejudicado os seguidores das seitas,
confundindo-os. Deus. nos tempos bíblicos, falava através de anjos e
visões. E ntretanto, vindo o Filho, a revelação nele se consum ou
(Hb 1.1,2). Q ualquer doutrina além do evangelho registrado nas Escri­
turas é falsa e deve ser considerada anátem a (Gl 1.8.9). A palavra
definitiva do cristianism o reside em Jesus Cristo, o Verbo (Jo 1.1), e
são seus discípulos verdadeiros aqueles que perm anecem nos seus ensi­
nam entos (Jo 8.31). “ F simplesm ente impossível haver uma maior
revelação do que Cristo, neste ou em qualquer outro possível universo
feito por Deus”. 1
O erro doutrin ário fundam ental dc todas as seitas está relacio­
nado à pessoa de Jesus Cristo. Desde os tem pos do Novo Testamento,
havia heresias que menosprezavam a pessoa e a obra redentora de Cristo.
A propósito, o apóstolo Paulo exortou os eolossenses (Cl 2.8,91. A divin­
dade de Cristo, em nossos dias, tem sido dim inuída pelos cientistas
cristãos, orientais, mágico religiosos, espiritualistas e tem sido relegada
a segundo plano pelos neopentecostais, que dão ênfase ao Espirito Santo.
João tam bém advertiu: “ N isto reconheçais o Espírito de Deus: todo
espírito que confessa que Jesus C risto veio em carne é dc Deus: c todo
espírito que não confessa a Jesus não procedc dc Deus: pelo contrário,
este c o espirito d o anticristo" (1.1o 4.1-3).

48
Reconhecendo os prejuízos que as seitas têm causado, bem como
seus erros douirinários. precisam os cristãos desenvolver aiitudescom o
igreja e com o indivíduos.

COM O IGREJA
A grande lição que as seitas nos ensinam é que há diversas coisas
nas igrejas que precisam ser modificadas. C ada uma das perguntas a
seguir deverá ser objeto de reflexão por parte dos líderes das igrejas:
Os jovens são levados a refletir e a adquirir capacidade para analisar?
Os cristãos conhecem as doutrinas básicas da Té cristã? Tem sido incen­
tivados a viverem sua fé? Estão encontrando em nosso meio: amor,
interesse pessoal, vida com unitária, participacào. responsabilidade parti
lhada? Os pastores têm dedicado tem po aos jovens e aos demais
membros? A igreja tem desenvolvido um m ultim inistério dentro das
necessidades da com unidade?
A ntes de mais nada, é necessário que as igrejas atendam ás neces­
sidades dos cristãos dc sua mernbresia e das pessoas da comunidade,
tais com o:4
1:'} Necessidade de conversão pessoal e oração espontânea. As
igrejas e denom inações que não enfatizam tal experiência esião conde­
nadas a perder seus membros para as seitas. A liturgia nas assembléias
de cultos deve ser equilibrada com a espontaneidade dos participantes.
As igrejas batistas não têm sofrido com esse problema, pois os cultos
são bem participativos, com atuação dos grupos musicais, com o cântico
dc corinhos, com a direção de leigos, com a oração feita pelos membros.
2:1) Necessidade de um am biente fraternal, anim ado pelo am or
m útuo de seus membros. Em algum as igrejas é imprescindível rever
o cuidado com os enferm os ecom a juventude: rever os métodos educa­
cionais da igreja: rever a estrutura dos diversos grupos. Algumas igrejas
batistas estão precisando dinam izar sua ação social e atender os pobres.
Estão precisando utilizar m étodos educacionais que alcancem os obje­
tivos da educação religiosa em relação a cada membro da igreja,
levando-os a modificarem seu com portam ento, vivenciando sua fé. A
estrutura dos grupos etários precisa ser dinam izada para atrair um maior
núm ero dc mem bros e assim desenvolver a am izade e o am or fraternal
entre as pessoas de mesma faixa elária.
3.ü) Necessidade de um a ética de costum es m enos rigida, jhms os
cristãos am adurecidos já sentem a im portância de se diferenciarem elas
pessoas nâo-crentes, a fim dc testem unharem sua fé e evidenciarem
sua conversão a Jesus Cristo. Ainda há igrejas que se prendem a pequenas

49
regras de vestuário e costum es, esquecendo-se da regra áurea do am or
ao próxim o e am or a Deus acima de tudo (Mt 22.34-40).
4.a) N ecessidade de um estudo profundo das Escrituras Sagradas,
pois as pessoas que buscam um a nova experiência religiosa dem ons­
t r a m ^ fome e a sede que ainda possuem da Palavra de Deus. As
doutrinas bíblicas devem ser estudadas; a m editação na Palavra deve
ser cultivada. N as igrejas batistas tem sido dada relevância ao estudo
da Bíblia, na Escola D om inical e nas uniões de treinam ento; o povo
pode exam inar as Escrituras, cada crente possui a sua Bíblia; os crentes
são incentivados ao estudo m inucioso das passagens bibticas, em sua
herm enêutica e em sua exegese; têm sido desafiados a praticarem as
verdades da Palavra de Deus.
5.a) Necessidade dc evangelizar. pois todos os cristãos devem ser
convocados a propagar sua fé por onde andarem . Evangelizar não é
praticar o proselitismo; antes, é perm itir um a decisão livre e responsável
por Jesus Cristo; é propagar a gratuidade da salvação, sem necessidade
de boas obras ou trabalho pelo grupo; é oferecer a mensagem da salvação
em C risto sem oferecer ju n to benefícios m ateriais; evangelizar é falar
exclusivamente da salvação em Jesus Cristo, sem base em envolvimentos
políticos ou ju n to a m ovim entos sociais; evangelizar não é discutir reli­
gião ou do u trin a sob hipótese algum a. Evangelizar é apresentar a pura
verdade do evangelho!
A estas necessidades, acrescentam os ainda:
6.a) N ecessidade de um a ação social mais eficiente, em vista da
pobreza, doença, falta dc m oradia que existem na sociedade brasileira.
As igrejas devem em preender todos os esforços no sentido de atuar,
de m aneira mais evidente e eficiente, ju n to â com unidade ou ao bairro
onde se localizam. O m ultim inistério é um desafio já colocado diante
das igrejas batistas; m uitas já o aceitaram e desenvolvem um trabalho
profícuo; outras estão precisando dinamizá-lo. Através de cursos de
datilografia, corte e costura, bordado, crochê, tricô, puericultura, alfa­
betização de adultos e outros, as dependências da igreja são utilizadas
durante a sem ana e m uitas pessoas são atingidas com a verdade do
evangelho de Jesus Cristo.
As igrejas, portanto, devem estar abertas a algumas transformações
a fim de alcançar o povo que vive na angústia, fome, desesperança
e no desemprego! Acim a de tudo, precisam os cristãos estar unidos na
fé. para poderem crescer espiritualm ente e para que a igreja de C risto
seja edificada em am or (Ef 4.1-16) e precisam os cristãos crescer na
com paixão para com os que sofrem, por causa do pecado e por causa

50
de suas condições sociais, para que eles sejam alcançados com a
m ensagem salvífica (Mt 9.35-38; 18.32; Lc 10.33-37).
N ão som ente as igrejas precisam desenvolver atitudes decorrentes
do avanço das seitas, mas tam bém os cristãos, individualm ente, deverão
desenvolver certas atitudes, com o será apresen tad o a seguir.

COMO INDIVÍDUOS
C ad a cristão deverá estar preparado para um confronto com as
seitas e seus adeptos, e para m an ter um diálogo com eles.
Os cristãos pouco am adurecidos em sua fé, pouco alicerçados
na d o u trin a de sua igreja e com pouco conhecim en to das seitas deverá
evitar o con tato com seus adeptos. Os cristãos, porém , preparados inte­
lectual e espiritualm ente, poderão aceitar e m an ter um diálogo com
os adeptos das seitas, não para convencê-los ou se deixarem convencer
(uma vez que os pontos de vista diferem m uito), mas para te ste m u n h ar
sua fé e estu d ar as E scrituras.
De um estu d o b astan te proveitoso realizado por A. D uane
Liftin,5 no livro de Judas, aproveitam os um a o rien tação básica para
o confronto do cristão com os adeptos das seitas:
C om batem os efetivam ente os falsos m estres de nossos dias, estando
preparados intelectualm ente (Jd 17,18,19). N esses versículos tem os a
advertência, já feita por outros apóstolos, de que chegariam os falsos
profetas, os enganadores. N um estudo sobre as seitas, podem os to m ar
conhecim ento de suas principais d outrinas e seus m étodos de trabalho;
com o conhecim ento podem os nos alicerçar biblicam ente. Podem os
estabelecer um paralelo entre suas doutrinas e o en sin am en to da Bíblia
e, assim , estarm os prontos a receber q ualquer vento de do u trin a que
venha a soprar ao nosso redor; som ente assim cada cristão estará prepa­
rado para responder com m ansidão e tem or a q u alq u er que pedir a
razão de sua fé (IPe 3.15,16). D ante S arm ento Barros assim se expressou:
"Â m edida que estudam os as seitas e seus fundam en to s, estam os dando
um a vacina nos crentes. Ao observarm os a diferença fu n d am en tal ent re
o 'auto-soterism o' e o cristianism o, aprendem os a pensar com m enos
severidade nos m uitos dogm as secundários, que m uitas ve/es separam
os discípulos de Cristo".6
O preparo intelectual diz respeito ao co n hecim ento das snlits e
este conhecim ento apresenta duas vantagens: prepara os crisl;los paia
abordarem seus adeptos biblicam ente e ajuda as igrejas a m olhouurm
algum a coisa que não esteja satisfazendo seus membros. I sse estudo
das seitas poderá ser feito num a cam p an h a, qu an d o surgirem adeptos
de unia seita abordando os membros da igreja naquela localidade. Ptxierá
ser esi udada a seita, também , sobre a qual a maioria dos membros tenha
dúvidas.
Do esludo de Liftin aproveitamos ainda outra observação: com ba­
temos efetivamente os falsos mestres estando preparados espiritualmente
(Jd 20.21). Dizemos que cada crentc está preparado espiritualm ente
q uando dem onstra atitudes de amadurecim ento. Em Efésios 4.13,14
e em Hebrcus 5.12-14 encontram os um a boa orientação nesse sentido:
o cristão am adurecido alim enta-se de alim ento sólido (estudo profundo
das Escrituras e não superficialmente); o cristão am adurecido não sc
deixa levar por qualquer vento de doutrina; o cristão amadurecido atinge
a estatura com pleta de Cristo; o cristão am adurecido sabe discernir
entre o mal c o bem; o cristão am adurecido não é carnal, mas espiritual
(ICo 3,1-3): o cristão am adurecido é mestre c não menino. Judas exortou
os cristãos a que perm anecessem firmes no am or de Deus, orando no
Espírito Santo, isto é, m antendo constante com unhão com o Pai. A
oração e o estudo das Escrituras, bem com o a vivência da fé, vão condu­
zindo o cristão para o am adurecim ento espiritual.
A inda com batem os os falsos mestres de nossos dias, segundo
Liftin, estando preparados ofensivamente (Jd 22,23). Três tipos dc pessoas
estão sendo levados pelas seitas: os duvidosos ou vacilantes na fé, os
que estão na im inência dc cair na apostasia, e os que já se desviaram
da verdade do evangelho. Judas nos exorta a que tenham os piedade
dos duvidosos, além de m isericórdia com temor. N um diálogo com
adeptos das seitas, não há lugar para a discussão, m as apenas para a
boa palavra, baseada na Palavra de Deus.
A propósito, salientam-se alguns aspectos:7
1) C om preensão da d outrina cristã — O êxito das seitas deve-se
à ingenuidade espiritual de muitos; por isso o cristão deve dedicar-se
a um estudo detalhado das Escrituras.
2) Separação da subversão espiritual (Ef 5.11) — A m aneira de
combater as seitas não é freqüemá-las para conhecê-las, pois não é preciso
experim entar para conhecer; basta estudar sobre elas.
3) Rejeição dos pontos de vista profanos (lTm 4.6-16) — Q uando
o cristão ouve de fatos fantásticos ocorridos ali e acolá, deve ser cau te­
loso. Sem o misterioso, do qual ninguém mais dispõe, as seitas deixariam
de existir. O cristão não deve viver de m igalhas que cacm da mesa dos
filósofos pagãos, dos gurus, dos líderes carismáticos, pois ele possui
perfeito acesso a todas as maravilhas preparadas por Deus (2Ffc 1.3.4).
4) D esencorajam ento dos prom otores das seitas (2Jo 9-1J) — O
cristão deve ser cauteloso e “n ão pôr em risco a sua estabilidade espi­

52
ritual''. Judas advertiu cjuc devemos enfreniar os falsos mestres também
com temor, com cautela, para não nos desviarem do bom caminho.
5) Defesa da fé (Ef 6.10-20) - O cristào deve estar pronto a
dcfcnder sua fé em qualquer circunstância, com firmeza e lealdade
Para tanto, deverá revestir-se da couraça da justiça, tom ar o escudo
da fé, colocar o capacete da salvação, em punhar a espada do Espírito,
calçar os pós no preparo do evangelho, cingir-se da verdade e orar em
todo tempo.
Depois desse preparo, cada cristão poderá m anter um diálogo
com algum adepto das diversas seitas.

AO ESTABELECER UM DIÁLOGO...
Nodiálogo, não pode haver apenas um a atitude dc crítica às seitas,
porém , ao m esm o tempo, deve haver a disposição de ouvir criticas que
os sectários fazem aos grupos ortodoxos e às igrejas em geral.
O diálogo deverá ser cm torno de Deus e com o Ele se relaciona
conosco: sobre a culpa das pessoas e com o se livrar dela; sobre Jesus
C risto e a salvação; sobre o simbolismo de alguns rituais e sua apli­
cabilidade 110 meio social real; sobre problem as físicos e emocionais
das pessoas e com o ajudá-las; sobre profecias e promessas já cum pridas;
sobre as verdades da Palavra de Deus.
Uma das estratégias são sete perguntas que deverão ser feitas,
a fim dc que o cristão conheça m elhor o sectário e exponha suas
convicções cristãs:
l.a) Você baseia os seus ensinam entos em outras revelações ou
escritos sacros além da Bíblia?
2 a) É sua missão fundam ental pregar o evangelho de Jesus Cristo?
3:'l Você crê que o Senhor Jesus c o Messias, o Cristo, o Ungido
de Deus que veio em carne, para nos libertar dos nossos pecados, como
está em U oão 4.1 3?
4:') Você acredita que o sangue derram ado pelo Salvador Jesus
Cristo é a única base pela qual obterá o perdão dos seus pecados, segundo
Rom anos 3.24,25?
5.a) Você crê que o Senhor Jesus C risto ressuscitou dentre os
mortos?
6.;|) Você crê pessoalm ente cm Jesus C risto com o seu Redentor
e Senhor (Jo 3.18)?
7.d) Você depende de alguns esforços ou empreendimentos próprios
para sua salvação, ou está sua fé firm ada exclusivamente na graça de
Deus revelada cm Jesus C risto (Ef 2.1-10)?

53
Para discernir nossa área de atuação. precisamos da sabedoria
de Deus. Precisamos de coragem e força que nos vêm pelo poder dc
Jesus C risto cm nossas vidas.
Uma o u tra estratégia é o estudo de grandes capítulos da Bíblia,
esclarecendo diversos pontos im portantes e básicos à nossa fé: Efésios
2 — A salvação é pela graça c iodos são unidos mediante a c ru / de
Cristo; João 3 O am or de Deus e a condenação do hom em ; ICorin-
lios 15 — A ressurreição com o nossa esperança; IC oriniios 14 — A
superioridade do dom da profecia c a necessidade de ordem no culto;
H ebreus 9 — A superioridade do sacrifício de Cristo; Tiago 2 — N ão
fazer acepção dc pessoas e a fé sem obras é morta; Romanos 8 — A
nova vida sob a graça e a esperança do cristão; Efésios 4 — A unidade
da fé c a santidade cristã; Atos 10 — A religiosidade não salva;
Salm o 69 — O sofrim ento do Messias; Isaías 53 — O sofrim ento do
Messias. E assim por diante.
Do estudo de todas as seitas, chega-se finalm ente a um denom i­
nador comum: todos os sectários alm ejam a salvação: quer através de
sacrifícios e abstenções pessoais, quer através de exercicios mentais,
quer através da negação da realidade do mal. quer através dos rituais
com sentido mágico o u da prática dc boas obras. A doença, a solidão
e a m orte são os maiores obstáculos á vida plena ou à salvação eterna.
Para alcançá-la são oferecidos remédios, am izades e a certeza de vida
eterna m ediante a prática de determ inadas obras.
Existe, entretanto, um a estrutura teológica falsa, nas seitas, para
dar a certeza da salvação. Sempre haverá algo a ser feito, algo a ser
pago e a esperança de vida eterna nunca pode scr alcançada. Os Teste­
m unhas de Jeová escolheram 144 mil salvos; a 'lèosofia fica nas noções
filosóficas; H arc K rishna promete a “consciência de Krishna” com o
vida8 e assim por diante.
As seitas tam bém oferecem a possibilidade de a pessoa ser uma
nova criatura. As proféticas e neopentecostais a buscam 110 fanatismo,
isto é, em práticas religiosas exageradas; as orientais apresentam a nova
vida m ediante a transform ação da personalidade pela meditação; as
mágico-religiosas buscam a nova vida nos rituais de iniciação que
chegam a alterar a personalidade; as espiritualistas buscam a nova vida
no conhecim ento do além-túm ulo, nas reencarnações e nas boas obras.
N o diálogo com os sectários esses dois aspcctos devem estár vivos
cm nossa mente, sempre alicerçados nas verdades da Palavra de Deus
que diz: a salvação eterna c um a nova vida são para todos os que crêem
em Jesus Cristo, sem accpção dc pessoas (At 10.34; Rni 2.11; G 13.26-28;
E f 2.13,14; 6.9; Cl 3.25; Tg 2.9l. A fé salvífica é a que deposita inteira

54
confiança cm Jesus C risto com o Salvador pessoal (Al 4.12; Jo 10.28;
A t 10.43; Rm 6.23; 2Co 5.14-21; H b 7.22-25; 9.12,27,28). Aquele que
crê possui a salvação assegurada (IFfe 1.3-6).
G raças dam os a Deus pela salvação q ue nos concede!

NOTAS
1 H E R N A N D O . Julián G arcia. P luralism o religioso. II. p. 79.
2 M A Y ER , Jean-Frartçois. Novas seitas: u/n no vo exame. p. 111.
3 B R EE SE. D av a Conheça as marcas seiuis. p. 20.
4 L E IT E FIL H O . Tácito da G am a. Seitas proféticas, p. 22.23.
5 L1FT1N, A D uane. “U m a estratégia bíhlica para o co n fro n to das scilas" jo rn al Palavra
da Vida. d ata extraviada.
6 BARROS. D antc S arm ento de. “A Biblia e as seitas m odernas''. B rasil P resbiteriano.
maio/81.
7 B R EE SE. Davc. op. cit. p. 87.
8 Idem . p. 29,30.
CONCLUSÃO

Quer sejam vistas como um pluralismo religioso, como novas seilas,


novas religiões, m ovimentos heréticos, as seitas tem sido um a ameaça
às igrejas sérias.
Apesar da alegação de novidade, as seitas apresentam coisas
antigas dentro dc uma nova forma. Efetuam um a m istura de doenças
e práticas com o objetivo de agradar às pessoas das diversas igrejas.
Sincretizam lendas antigas com santos novos: filosofias antigas com
posturas novas; crenças antigas com novas práticas. As seitas têm esco­
lhido aquilo que cham am de melhores qualidades de vários grupos
religiosos para form ular suas doutrinas que cham am de nova revelação.
“A presentam um 'requentado' de elem entos de protestantismo, catoli­
cismo, paganism o, panteísm o, idolatria, fetichismo e superstições
to la s " 1
Para reconhecer as diversas seitas e atentar para seus ensina­
m entos capciosos, mister se faz um estudo criterioso de cada seita, suas
características e m étodos de trabalho. Rxistcm determ inados critérios
que devem ser utilizados na identificação e reconhecim ento das seitas,
tais como: histórico, psicológico, sociológico, eclesiástico, missionário,
bíblico e outros.
Diversos autores têm classificado as seitas de diferentes maneiras,
dependendo de sua origem, sua organização interna, seus princípios
ou os lugares onde proliferam. N o presente volume foi abordada a clas­
sificação feita por Bryan Wilson, hsta série Seitas de Nosso Tempo
agrupou-as conform e sua origem, isto é, consoante a m aneira como
surgiram no decorrer do cenário histórico.
Várias razões ocasionam o surgimento das seilas, tais como: super
ficialidade doutrinária, pouca participação dos cristãos nos serviços
das igrejas, excesso de niundanism o nas igrejas, insatisfação com a obra
social, aparente novidade que as seilas apresentam , a busca do mistico
ou misterioso, a ação diabólica no m undo, negligência quanto à missão
da igreja, despertar religioso do povo, deserção espiritual.

57
Além dessas razões mais ligadas ao aspecto teológico, existem
as razões sociológicas: tolerância da sociedade aos grupos religiosos,
privação social, crises políticas o u econôm icas, ausência de legislação
própria, religiosidade popular, m igração de pessoas da zona rural para
a cidade grande, ingenuidade e simplicidade do povo. simbolismo reli­
gioso aplicado à situação social real. D entro do aspecto sociológico,
ainda, com preende sc a evolução dc seita para igreja.
Destacam-se as características e m étodos de trabalho das seitas,
como: exclusividade, ascetismo, com pleta servidão à seita, elevado
conceito de fraternidade, realização de curas, m editação transcendental,
lideres carismáticos, sacerdócio dos leigos, cultos entusiásticos ou rituais
anim ados, literatura além da Biblia, acentuado espírito proselitista.
São imprescindíveis as atitudes que a igreja e cada cristão devem
desenvolver face ao crescim ento acelerado das seitas, cm razão dos
prejuízos que têm causado e os erros doutrinários que têm propagado.
C ada igreja deve rever sua unidade, sua com unicação em amor,
sua participação nos cultos, seu estudo bíblico, sua ação social, sua
educação religiosa, a fim de que as falhas sejam sanadas e as igrejas
possam crescer em espiritualidade e em número.
C ada cristão deve preparar-se devidam ente, estudando sobre as
seitas, crescendo em sua vida espiritual, praticando sua fé, para que
possa abordar os aspectos das seitas e m ostrar-lhes as verdades das
Escrituras.
De tudo o que foi dito, o principal é o que se relaciona com a
salvação em Jesus Cristo. Para apreseniá-la, cada um deverá encontrar
uma linguagem adequada que rompa as barreiras da cultura e do precon­
ceito. O apóstolo Paulo deixou nos o exemplo da abnegação, quando
diz que, sendo livre, fez-se escravo; tendo iei. viveu com o se não tivesse;
fez-se fraco; fez-se “tudo para todos, para por todos os meios chegar
a salvar alguns” (ICo 9.22).
M esmo não participando das seitas, m as conhecendo-as, cada
cristão deverá hum ildem ente, com cuidado e muito amor, dialogar com
os adeptos das seitas, esclarecendo m uitas idéias falsas e apontando
0 único cam inho, a única verdade, enfim , a vida: Jesus Cristo!

NOTAS
1 BR LiliSli, Dave. Conheça ns m u rais chis seitts, p. 82.

58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tel.: <081) 2 2 1 -5 4 7 0 Tel. (0 2 1 ) 2 6 9 - 0 0 4 8
Este livro faz parte da série Seitas do Nosso Tempo,
que vem a lume para prover os crentes de informações sobre as
seitas que mais trabalham no contexto brasileiro, chamando
a atenção para o perigo das doutrinas que disseminam.
Numa época de tantas confusões teológicas e discórdias
doutrinárias, sentimos a grande necessidade de irmos
ao encontro dos crentes que costumeiramente se vêem
assediados e molestados pelos adeptos das seitas,
tendo dificuldades em rechaçá-los.
O autor desta série, o Pr. Tácito da Gama Leite Filho, é um
estudioso do fenômeno das seitas há mais de 10 anos. Muito
daquilo que conseguiu coletar e reunir em seus livros
é fruto de pesquisas in loco, sem, evidentemente, desprezar as
fontes bibliográricas existentes, principalmente os livros
autorizados das próprias seitas.
Segundo o autor, todas as seitas usam de métodos proselitistas.
Geralmente são os afiliados a uma igreja reconhecidamente
evangélica os mais visados. Daí a importância do estudo dos
livros desta série por todo o crente que esteja buscando
um melhor conhecimento, para argumentar, com segurança,
com todo aquele que ouse questionar o caráter de sua fé
e a razão de sua esperança.
A série traz, em conteúdo, uma sucinta explanação sobre as
seitas proféticas, orientais, neopentecostais, mágico-re-
lígiosas e espíritas. Cada estudo é didaticamente estruturado de
maneira a facilitar também a utilização do livro em
preleções e estudos em grupo nas igrejas.
Nossa expectativa é que esta série venha contribuir
grandemente para o fortalecimento doutrinário dos crentes de
nossas igrejas e, num sentido mais abrangente, na salvação
de vidas mal-informadas, arrastadas pela sedução
mística, fanática e enganosa das seitas.

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