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Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema

MÓDULO 1 - AULA 4

Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia


mecânica de um sistema

Meta
Medir experimentalmente a energia mecânica de um sistema formado por
um carrinho do trilho de ar e por um suporte com discos, que está ligado ao
carrinho por um fio, que passa por uma polia.

Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

1. identificar, de forma qualitativa, a cinemática do carrinho do trilho de


ar;

2. reconhecer as características relevantes do equipamento que será utili-


zado no experimento;

3. utilizar corretamente o trilho de ar;

4. reconhecer o conceito de medida e incerteza associada;

5. construir e analisar gráficos de dados obtidos;

6. obter experimentalmente as velocidades do carrinho do trilho de ar, a


partir das medidas da posição do carrinho em função do tempo;

7. obter experimentalmente a energia mecânica do sistema formado pelo


carrinho do trilho de ar e pelo suporte com discos;

8. relacionar a energia cinética de rotação da polia com a energia cinética


do suporte com discos.

Pré-requisitos
Para ter bom aproveitamento desta aula, é importante que você saiba obter
experimentalmente a velocidade do carrinho do trilho de ar, a partir do co-
nhecimento da sua posição como função do tempo. Esse procedimento foi
apresentado na Aula 7 de Física 1 A.

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Introdução
É muito importante saber medir experimentalmente a energia mecânica de
um sistema de partículas, uma vez que esse conhecimento permite realizar
uma descrição parcial do seu movimento.
Nesta aula, você vai obter a energia mecânica de um sistema formado por
um carrinho de trilho de ar e por um suporte com discos, que está ligado ao
carrinho por um fio, que passa por uma polia pequena de metal, como mostra
a Figura 4.1. O carrinho se desloca sobre um trilho de ar horizontal.

Figura 4.1: Sistema: 1-carrinho do trilho de ar; 2-suporte com discos; 3-fio;
4-polia pequena de metal; 5-trilho de ar horizontal.

Com esta finalidade, você:

• utilizará um procedimento experimental que permite determinar a po-


sição do carrinho e do suporte com discos como função do tempo;

• através do tratamento dos dados experimentais, obterá as velocidades


do carrinho e do suporte como função do tempo;

• calculará a energia mecânica do sistema formado pelo carrinho e pelo


suporte com discos, para analisar a variação da energia mecânica do
sistema durante o seu movimento.

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Atividade 1
Atende aos objetivos 1 e 2
O tutor do seu polo fará as seguintes operações:

1. montar o sistema da Figura 4.1;

2. colocar uma fita termossensível na fita condutora metálica mais larga


do trilho de ar;

3. ligar o centelhador;

4. soltar o carrinho do trilho de ar com o botão disparador do centelhador


ligado;

5. desligar o centelhador, colocar o carrinho novamente na sua posição


incial e soltá-lo afim de que você possa observar o movimento do fio
sobre a polia.

6. desligar o centelhador;

7. retirar o carrinho do trilho de ar, o fio e o suporte com discos do trilho


de ar e da polia e girar a polia para observar seu movimento de rotação.

Com base nas suas observações sobre o experimento realizado pelo tutor,
responda às seguintes questões:

1. Através da observação dos pontos na fita termossensível, você é capaz


de classificar a cinemática do movimento do carrinho?

2. Você viu o fio deslizar sobre a polia?

3. Você considera que o atrito entre a polia e o seu eixo é relevante para
o movimento da polia?

4. Você considera que as forças de resistência do ar são relevantes para os


movimentos do carrinho e do suporte com pesos?

5. Você considera que a força de atrito entre o carrinho e o colchão de ar


do trilho é relevante para o movimento do carrinho?

6. Você considera que o comprimento do fio aumentou quando o suporte


com discos foi pendurado nele?

7. Você considera que as massas do fio e da polia são comparáveis com as


massas do carrinho e do suporte com discos?

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8. Que relação você acha que existe entre o módulo da velocidade do su-
porte e a velocidade tangencial da borda do disco pequeno de metal?

Resposta Comentada
Esta questão não tem resposta comentada porque depende das observações
individuais dos alunos. Recomendamos que você utilize as informações teó-
ricas da Cinemática dos Movimentos Unidimensionais (Aula 5 de Física 1A),
para resolver item 1 desta questão.

Atividade 2
Atende ao objetivo 8
Baseado nas observações que você realizou na Atividade 1, resolva a seguinte
questão:
No Exemplo 4 da Aula 2, foi demonstrado que a energia cinética de um
disco de massa mp e raio R, que gira com velocidade angular ω(t), em torno
de um eixo perpendicular ao plano que passa pelo seu centro de massa, é
mp R2 ω(t)2
igual a Ecp = . Estime a relação entre a energia cinética da polia
4
e a energia cinética do suporte com discos, no caso em que a massa ms do
suporte com discos é igual a 40 g e a massa da polia é da ordem de mp = 5 g.
Considere que o fio não estica e não desliza sobre a polia e que a polia pode
ser tratada como um disco homogêneo de raio R e massa mp .

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Resposta Comentada
ms vs2
A energia cinética do suporte com discos é igual a Ecp = . Como o fio
2
não estica e não desliza sobre a polia, o módulo da velocidade do suporte
com discos e o módulo da velocidade da borda da polia são iguais, isto é,
vs = ω(t) R. Logo, a energia cinética do suporte com discos se reduz a
ms R2 ω(t)2
Ecp = . Consequentemente, relação entre a energia cinética da
2
polia e a energia cinética do suporte com discos é igual a:
Ecp mp ∼
= = 0,06.
Ecs 2 ms

Experimento
Atende ao Objetivo 2

Material do experimento
Para esta experiência, você utilizará:

1. Trilho de ar equipado com amortecedores nas suas extremidades, com


a polia e com as fitas condutoras do centelhador;

2. Unidade geradora de fluxo de ar;

3. Centelhador;

4. Carrinho do trilho equipado com uma placa de plástico com fios con-
dutores (acessório do centelhador);

5. Suporte com massas, linha, fita de papel termossensível, nível de bolha,


régua de metal.

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A Figura 4.2 mostra o trilho de ar com o amortecedor, a unidade geradora


de fluxo de ar, o centelhador e suas fitas condutoras.

Figura 4.2: 1-Trilho de ar; 2-amortecedor; 3-fitas condutoras do centelhador;


4-unidade geradora de fluxo de ar; 5-centelhador.

A Figura 4.3 mostra o carrinho do trilho de ar equipado com a placa


de plástico com fios condutores, a fita termossensível, o suporte com discos,
a polia e linha.

Figura 4.3: 1-Carrinho do trilho de ar; 2- placa de plástico com fios condu-
tores; 3-fita termossensível; 4-o suporte com discos; 5-polia; 6-linha de alta
resitência.

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Modelo
Atende ao Objetivo 1

Criando as hipóteses do modelo


As hipóteses do modelo serão baseadas nas observações experimentais
realizadas na Atividade 1 (página 3) e no resultado da Atividade 2 (página
4). A Tabela 4.1 mostra as hipóteses do modelo, que foram geradas através
de observações do experimento.

Observações a partir do experimento Hipóteses do modelo


A massa do fio é muito menor do que A massa do fio é desprezível
as massas e do suporte com as massas
O atrito entre a polia e o seu eixo e entre O atrito entre o carrinho e o trilho
a camada de ar do trilho e o carrinho de ar e entre a polia e seu eixo
parecem pequenos são desprezíveis
As velocidades do carrinho e do suporte As forças de resistência do ar
com massas, durante os seus movimentos, sobre o carrinho e sobre o suporte
não são muito altas com massas são desprezíveis
O fio não parece deslizar sobre a polia O fio não desliza sobre a polia
O carrrinho e o suporte com discos O carrinho do trilho de ar e o
não giram nem deformam suporte com discos serão
quando se deslocam tratados como partículas

Tabela 4.1: Relações entre as observações experimentais e as hipóteses do


modelo.

Como, mostramos na Atividade 2 que a energia cinética de rotação da


polia é da ordem de seis centésimos da energia cinética do suporte com discos,
vamos considerar, também como hipótese, que a energia cinética
transmitida à polia pelo fio é deprezível em relação às energias
cinéticas do carrinho e do suporte com discos.

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A variação da energia mecânica do sistema formado


pelo carrinho e pelo suporte com discos antes de o
suporte tocar o banquinho
A Figura 4.4 mostra de forma esquemática o sistema que estamos es-
tudando ano instante inicial.

Figura 4.4: Representação esquemática do sistema no instante inicial t = 0.

A montagem do experimetno pode ser realizada sem o banquinho.


Nesse caso, o suporte com discos cai no solo. Isso significa, que
na descrição do experimento onde está escrito banquinho, deve-se
ler solo.

As hipóteses do modelo nos induzem a pensar que, antes do suporte com


discos parar, não existe variação da energia mecânica do sistema formado pelo
carrinho e pelo suporte com discos, uma vez que não existe transformação de
energia mecânica em calor devido ao atrito entre a camada de ar e o carrinho,
devido ao atrito do ar atmosférico com o carrinho e com o suporte, devido
ao atrito da polia com o seu eixo de rotação nem transferência de energia
mecânica para a polia.
É importante ressaltar que o atrito que impede o fio de deslizar sobre
a polia é estático. Logo, ele também não dissipa energia na forma de calor.

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Com a finalidade de verificar a conservação da energia mecânica do sistema,


vamos obter a sua variação.
A variação da energia mecânica do sistema formado pelo carrinho e
pelo suporte com discos é igual ao trabalho das forças externas e internas
que atuam sobre ele. Como o carrinnho, as massas e o suporte são corpos
rígidos e não existe movimento relativo entre as massas enquanto o suporte
cai, o trabalho das forças internas são nulos. Por isso, precisamos calcular
apenas os trabalhos das forças externas. Para isso, será necessário fazer o
diagrama das forças externas que atuam no sistema.
• Construindo o diagrama de forças do carrinho
O trilho de ar, o fio, o ar atmosférico e a camada de ar formada sobre o trilho
de ar estão em contato com o carrinho. Logo, somente eles podem exercer
forças de contato sobre o carrinho. No modelo adotado, a força que o ar
atmosférico exerce sobre o carrinho é desprezível. A camada de ar empurra o
carrinho do trilho de ar para cima com a normal N ~ . Ainda, de acordo com o
modelo, o atrito entre o carrinho e a camada de ar é desprezível. O fio puxa
o carrinho horizontalmente com a tensão T~1 . A única força gravitacional não
desprezível que atua no carrinho é o seu peso M ~g . O diagrama de forças que
atuam no carrinho de foi representado na Figura 4.5.

Figura 4.5: Diagrama de forças do carrinho e do suporte com discos.

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• Construindo o diagrama de forças do suporte com discos antes


de o suporte tocar o banquinho
O fio e o ar atmosférico estão em contato com suporte com discos, enquanto
ele não toca o banquinho. Logo, somente aqueles podem exercer forças de
contato sobre o suporte com os discos. No modelo adotado, a força que o
ar atmosférico exerce sobre o suporte com discos é desprezível. O fio puxa
suporte com discos para cima com a tensão T~2 . A única força gravitacional
não desprezível que atua no suporte com discos é o seu peso m ~g . O diagrama
de forças do suporte com discos foi representado na Figura 4.5.

A Figura 4.6 mostra o sistema enquanto o suporte com os discos não


toca o banquinho.

Figura 4.6: Representação esquemática do sistema, enquanto o suporte com


os discos não toca o banquinho.

Nesse caso, a variação da energia mecânica do sistema formado pelo


carrinho do trilho de ar e o suporte com discos é igual a:

∆EM = T~1 · d~c + T~2 · d~s ,

em que d~c e d~s são, respectivamente, os deslocamentos do carrinho do trilho


de ar e do suporte com discos.

Como o fio é inextensível, os módulos dos deslocamentos do carrinho e


do suporte são iguais. Por isso, temos que dc = ds = x. Logo, a variação da
energia mecânica sistema e reduz a:

∆EM = T x − T x = 0.

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Então, de acordo com o modelo adotado, enquanto o suporte com


discos não toca o banquinho, a energia mecânica do sistema se con-
serva.

Enquanto o suporte com discos não toca o banquinho, a energia mecâ-


nica do sistema formado pelo carrinho do trilho de ar e o suporte com discos
é igual a:
EM = EcM + Ecm + UgM + Ugm ,
em que EcM e Ecm são respectivamente, as energias cinéticas do carrinho e do
suporte com discos e UgM e Ugm são, respectivamente, as energias potenciais
do carrinho e do suporte com discos.

Essas energias são iguais a:


M vc2 m vs2
EcM = , EcM = , UgM = M g (yc − yϑ ) e Ugm = m g (ys − yϑ ),
2 2
em que:
yc é a coordenads y do carrinho do trilho de ar;
yϑ é a coordenada y do suporte com discos;
yϑ é a coordenada da origem do potencial gravitacional;
vc é o módulo da velocidade do carrinho;
vs é o módulo da velocidade do suporte com discos.
As Figuras 4.4 e 4.6 mostram que a coordenada yc do centro de massa
do carrinho é constante e igual a yci . Como o fio é inextensível, antes de o
suporte com discos colidir com o banquinho, a coordenada ys do suporte é
ys = −x. Por isso, a energia potencial do sistema formado pelo carrinho e
pelo suporte com as massas pode ser reescrita da seguinte forma:

Ug = M g (yci − yϑ ) + m g (−x − yϑ ) = −(M + m) g yϑ + M g yci − m g x.

Como podemos escolher a origem da energia potencial em qualquer


ponto do espaço, vamos escolhe-lo, de tal forma que o termo constante da
energia potencial do sistema se anule, isto é,
m yci
−(M + m) g yϑ + M g yci = 0 ⇒ yϑ = ⇒ Ug = −m g x.
(M + m)

Como o fio é inextensível, os módulos das velocidades do carrinho do


trilho de ar e do suporte com discos são iguais, isto é, vc = vs . Logo, a
energia mecânica do sistema se reduz a:
M vc2 m vc2 (M + m) vc2
EM = + − mgx = − m g x.
2 2 2

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Como o carrinho do trilho de ar inicia o seu movimento na origem O (ver


a Figura 4.4), com velocidade nula, a sua energia mecânica inicial é nula,
uma vez que,
x = 0 e vc = 0 ⇒ Em (0) = 0.
Logo, antes do suporte com os discos tocar o banquinho no instante
tb , a energia mecânica do sistema é nula.

Variação da energia mecânica do sistema devido à


colisão entre o suporte com discos e o banquinho
A Figura 4.7 mostra o suporte com discos no intante tb em que ele
toca do banquinho.

Figura 4.7: Representação esquemática do sistema no instante tb .

Quando o suporte com discos colide com o banquinho, ele fica em re-
pouso sobre o banquinho. Como o choque do suporte com discos e o ban-
quinho é inelástico, durante a colisão a energia mecânica do sistema se reduz
a −m g ysb . Por isso, enquanto o carrinho não colide com o amortecedor do
trilho, a energia mecânica do sistema permanece constante com um valor
menor do que o inicial.

Logo, de acordo com o nosso modelo, a energia mecânica do


sistema só se conserva na primeira parte do movimento, em que o
suporte com massas ainda não tocou o banquinho.

Como a energia mecânica do sistema depende das velocidades do car-


rinho e do suporte com discos, para verificar experimentalmente a sua con-
servação, na primeira parte do movimento, é preciso obter as expressões
teóricas dessas velocidades em função das posições do carrinho.

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Cinemática do carrinho do trilho de ar


Na Atividade 1 (página 3), você deve ter notado que as distâncias entre
dois pontos consecutivos da fita termossensível variam, antes de o suporte
com discos parar. Todavia, depois que o suporte para, e antes do carrinho
colidir pela primeira vez com o amortecedor da extremidade do trilho, as dis-
tâncias entre dois pontos consecutivos da fita termossensível parecem iguais.
Estas observações nos induzem a pensar que o movimento do carrinho do
trilho de ar é acelerado no início do seu movimento e retilíneo uniforme após
o suporte parar e antes do carrinho do trilho de ar colidir pela primeia vez
com o amortecedor do trilho de ar. Para verificar essas hipóteses, vamos
calcular as acelerações do carrinho e do suporte.

As acelerações do carrinho e do suporte com discos podem ser obtidas


aplicando-se as Leis de Newton a eles, isto é,

~ + M ~g + T~1 = M ~ac ⇒ N = M g, e T1 = M ac
N (4.1)
m ~g + T~2 = M ~as ⇒ m g − T2 = m as , (4.2)

em que ac e as são, respectivamente, os módulos das acelerações do carrinho


do trilho de ar e do suporte com discos. Como o fio é inextensível, os módu-
los das acelerações do carrinho do trilho de ar e do suporte com discos são
iguais, isto é, ac = as = a.

Você aprenderá na Aula 8 desta disciplina que, no caso em que a massa


do fio é desprezível, a energia cinética de rotação da polia é desprezível e o fio
não desliza sobre ela, os módulos das tensões são iguais, isto é, T1 = T2 = T .
Logo, as equações 4.1 e 4.2 podem ser reescritas da seguinte forma:

T =Ma (4.3)
m g − T = m a. (4.4)

A soma das equações 4.3 e 4.4 fornece:


mg M mg
T + mg − T = M a + ma ⇒ a = e T = . (4.5)
m+M m+M
Consequentemente, na primeira parte do movimento do carri-
nho, de acordo com o nossso modelo, os movimentos do carrinho
do trilho de ar e do suporte com discos são retilíneos uniforme-
mente acelerados, com acelerações com módulos iguais. Além disso,
os módulos das tensões que atuam neles são constantes.

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Na segunda parte do movimento, quando o suporte com discos já


colidiu com o banquinho e antes do carrinho colidir com o amortecedor do
trilho de ar, o carrinho do trilho de ar fica submetido apenas ao peso e a
normal. Nesse caso, o carrinho passa a se deslocar em movimento
retilíneo unforme.

Procedimento experimental
Atende aos Objetivos 2 e 3

1. Pese o carrinho equipado com uma placa de plástico (acessório do cen-


telhador) com fios condutores e anote a medida com a sua incerteza.

2. Coloque discos no suporte, de forma que a massa do suporte com os


discos seja da ordem de 30 g. Pese o conjunto e anote a medida com a
sua incerteza.

3. Certifique-se que o centelhador está desligado.

4. A mesa onde se encontra o trilho de ar pode estar desnivelada. Por isso,


é necessário verificar o nivelamento da base fixa do trilho. Coloque o
nível de bolha na base fixa do trilho. Se a bolha não estiver no centro
do nível de bolha, modifique a posição da base fixa do trilho utilizando
os parafusos do tipo 1 que se encontram em um dos lados do trilho,
como mostra a Figura 4.8.

Figura 4.8: 1-Base fixa do trilho de ar; 2-parafusos do trilho 1; 3- base móvel
do trilho de ar; 4-parafusos do tipo 2; 5-transferidor.

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A base móvel do trilho de ar também pode estar desnivelada. Por isso,


é necessário colocar o nível de bolha na base móvel do trilho de ar. Se
a base móvel estiver desnivelada, faça o seu nivelamento com o auxílio
dos parafusos do tipo 2 (ver Figura 4.8). É preciso colocar o nível
de bolha nas laterais da base móvel também. Se houver desnível, tente
eliminá-lo ajustando os parafusos do tipo 2, de tal forma que a diagonal
da seção reta do trilho fique na vertical, como mostra a Figura 4.9.

Figura 4.9: A reta AB da figura tem que coincidir com a vertical.

5. Coloque o carrinho sobre o trilho de ar. Cuidado! Não empurre o


carrinho sobre o trilho de ar com a unidade de ar desligada.
Esse procedimento pode arranhar o trilho.

Coloque o botão da unidade geradora de ar no nível mais baixo. Ligue


a unidade geradora de fluxo de ar. Ajuste a vazão da unidade de ar,
lentamente, até que o carrinho flutue sem encostar no metal.
Não utilize uma vazão muito grande porque, neste caso, po-
dem ser criadas turbulências no colchão de ar quando o car-

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rinho se deslocar sobre o trilho.

Se o nivelamento do trilho de ar estiver correto, ele se deslocará sobre


o trilho com uma velocidade baixa. Este deslocamento ocorre, mesmo
quando o trilho está nivelado, porque o fluxo de ar produzido pela
unidade de ar cria diferenças de pressões, de forma que aparece uma
pequena velocidade no carrinho.

Se o trilho ar estiver desnivelado, o carrilho tenderá a ficar ou no centro


do trilho, ou nas laterais do trilho. Neste caso, chame o seu tutor para
ajudá-lo a fazer o ajuste fino no nivelamento do trilho de ar.

6. Faça as ligações entre o trilho de ar e o centelhador, com o cente-


lhador desligado, para formar o caminho elétrico por onde passará a
corrente elétrica quando o centelhado for ligado. Um dos caminhos elé-
tricos possíveis é formado pela fita condutora larga, pelo fio condutor
superior da placa do carrinho e pela fita condutora fina superior, como
mostra a Figura 4.10.

Figura 4.10: Caminho elétrico 1: fita condutora larga, fio condutor superior
da placa do carrinho e fita condutora fina superior.

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Cuidado! Você tem que colocar o fio condutor da placa do carrinho


que está proximo às fitas condutoras (acessórios do centelhador) fixas
no trilho, perto das fitas que foram ligadas ao centelhador, como mostra
Figura 4.10, para garantir que as centelhas que serão produzidas pelo
centelhador transitem apenas entre essas fitas o fio condutor.
Outro caminho elétrico possível é composto pela fita condutora larga,
pelo fio condutor inferior da placa do carrinho e pela fita condutora
fina.
As fotos a seguir mostram como você deve posicionar o fio condutor da
placa do carrinho, de acordo com a ligação das fitas ao centelhador.

A Figura 4.11 mostra a fita condutora fina mais alta, e a fita condutora
larga ligadas ao centelhador.

Figura 4.11: Parte atrás do trilho: 1-Fita condutora fina superior; 2-fita
condutora larga; 3-fita condutora fina inferior; 4-conector da fina condutora
fina superior; 5-conector da fita condutora larga. Painel do centelhador:
6-terminal aterrado do centelhador; 7-terminal positivo do centelhador.

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A Figura 4.12 mostra uma foto ampliada dos conectores das fitas
condutoras fina mais alta e a da fita condutora larga ligados aos cabos
centelhador, representados na Figura 4.11.

Figura 4.12: Parte atrás do trilho: 1-Fita condutora fina superior; 2-fita
condutora larga; 3-conector da fita condutora fina superior; 4-conector da
fita condutora larga.

Neste caso, são as pontas do fio condutor superior da placa do carrinho


que devem ficar próximos das fitas condutoras ligadas ao centelhador,
como mostra a Figura 4.13.

Figura 4.13: 1-Ponta superior do fio condutor superior da placa do carrinho;


2- ponta inferior do fio condutor superior da placa do carrinho; 3-conector
da fita condutora fina superior; 4-conector da fita condutora larga.

A Figura 4.14 mostra a fita condutora fina superior e a fita condutora

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larga ligadas ao centelhador.

Figura 4.14: Parte atrás do trilho: 1-Fita condutora fina superior; 2-fita
condutora larga; 3-fita condutora fina inferior; 4-conector da fita condutora
larga; 5-conector da fina condutora fina inferior. Painel do centelhador:
6-terminal aterrado do centelhador; 7-terminal positivo do centelhador.

A Figura 4.15 mostra uma foto ampliada dos cabos do centelhador


liagados à fita condutora fina superior e a fita condutora larga, repre-
sentados na Figura 4.14.

Figura 4.15: Parte atrás do trilho: 1-Fita condutora fina superior; 2-fita
condutora larga; 3-fita condutora fina inferior; 4-conector da fita condutora
larga; 5-conector da fita condutora fina inferior.

Neste caso, são as pontas do fio condutor inferior da placa do carrinho

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que devem ficar próximas das fitas condutoras ligadas ao centelhador,


como mostra a Figura 4.16.

Figura 4.16: 1-Conector da fita condutora larga; 2-conector da fita condutora


fina inferiorr; 3-ponta superior do fio condutor inferior da placa do carrinho;
4-ponta inferior do fio condutor inferior da placa do carrinho.

A regulagem do centelhador permite a escolha do intervalo de tempo


entre duas centelhas sucessivas.

Figura 4.17: 1-Botão de regulagem do centelhador.

Escolha a escala do centelhador com 100 ms. Essa escolha produz, na


fita termossensível, uma quantidade de pontos que permite determinar
os módulos das velocidades do carrinho do trilho de ar com precisão.
Adicione-se a isso o fato de que um intervalo de tempo de 0,01 s facita

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os cálculos desses módulos.

As marcas na fita ocorrerão a intervalos regulares de tempo iguais a


100 ms (período). Note que, Em alguns modelos de centelhador, o
ajuste dos intervalos se dá através da frequência f com que as centelhas
ocorrem. Nesses modelos, o intervalo entre duas centelhas sucessivas
(período) é de ∆t = 1/f , sendo f é a frequência ajustada no cente-
lhador. Caso esteja utilizando um centelhador desse tipo, escolha a
frequencia f = 10 Hz.

7. Utilize os parafusos que estão próximos aos dois amortecedores do trilho


de ar, para ajustar a distância entre as pontas do condutor da placa
do carrinhos às fitas condutoras. A Figura 4.18 mostra dois desses
parafusos.

Figura 4.18: A figura mostra dois dos parafusos que ajustam a distância
entre as fitas do trilho e as pontas do condutor do carrinho.

A distância entre as pontas do fio e as placas do trilho deve


ser da ordem de 0 ,5 cm.

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Atenção com as ligações elétricas que você vai realizar no


sistema do centelhador. A diferença de potencial criada pelo
centelhador é grande e é preciso cuidado nas ligações para não
danificá-lo e, também, para evitar choques. As pontas dos
fios condutores da placa do carrinho não podem estar muito
afastadas das fitas metálicas, o que pode fazer com que as
centelhas ocorram diretamente entre as fitas do trilho, ou
mesmo dentro do centelhador, danificando o aparelho.
Também é muito importante notar que as pontas dos fios
condutores da placa do carrinho não podem encostar nas
fitas termossensíveis.

8. Utilize o fio para ligar o carrinho ao suporte com discos. O fio deve
ter um comprimento tal que garanta que o suporte com discos fique
próximo à base fixa do trilho, no ponto de largada do carrinho do trilho
de ar, como na Figura 4.4. O fio tem que ficar rigorosamente
horizontal e com a direção da quina superior do trilho de ar,
como mostra a Figura 4.19 .

Figura 4.19: 1-Posição do fio que liga o suporte com os discos ao carrinho,
em relação ao trilho de ar.

CEDERJ 126
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema
MÓDULO 1 - AULA 4

Ele não pode tocar na guia que está próxima à roldana., como
mostra a Figura 4.20.

Figura 4.20: 1-Guia por onde passa o fio liga o carrinho e o suporte com os
disco.

Além disso, antes do carrinho colidir pela primeira vez com o amorte-
cedor do trilho, e antes do suporte tocar a superfície onde ele colidirá,
o comprimento do fio deve ser tal que seja possível produzir na fita
termossensível os pontos necessários para a análise do movimento do
carrinho após a colisão dos discos com a superfície.

9. Antes de ligar o centelhador, chame o seu tutor para ele verificar se as


ligações elétricas estão corretas.

10. Desloque o carrinho sobre o trilho de tal forma a colocá-lo na sua po-
sição de largada. Mantenha o carrinho nesta posição com um objeto
isolante (régua de plático etc.). Não segure o carrinho com as
mãos. Ligue o centelhador. Largue o carrinho mantendo o botão
disparador apertado. Verifique se as centelhas estão sendo produzidas
apenas entre as pontas do condutor da placa do carrinho para as fi-
tas condutoras do trilho de ar, onde o centelhador está ligado. Se as
centelhas produzidas percorrerem caminhos diferentes, desligue o cen-
telhador e peça ao seu tutor para ajudá-lo a ajustar a distâncias entre
as pontas condudoras e as fitas condutoras do carrinho.

11. Deslique o centelhador. Coloque a fita termossensível na fita me-


tálica mais larga. O lado com borda escura (Figura 4.21) deve ficar
voltado para você.

127 CEDERJ
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema


sica1B

Figura 4.21: 1-Lado da fita termossensível com borda escura; 2-lado da fita
termossensível com borda clara.

Não é necessário colocar fita em toda a extensão do trilho. Coloque


uma fita com um comprimento um pouco maior do que a distância
entre a posição de onde você pretende soltar o carrinho e a posição da
polia. Uma das suas extremidades deve ficar próxima ao amortecedor
que fica mais próximo da polia.

12. Coloque o carrinho em uma posição onde o suporte com discos toca
o banquinho. Mantenha o carrinho nesta posição com um objeto iso-
lante. Não segure o carrinho com as mãos. Ligue o centelhador.
Mantenha apertado o botão disparador do centelhador. Desligue o
centelhador. Faça um pequeno círculo neste ponto para saber a que
distância da sua posição inicial o carrinho ficará quando o suporte com
as massas tocar o banquinho. Afaste o carrinho da polia, colocando-o
na posição de onde ele será largado. Esta será a posição inicial do car-
rinho. Mantenha o carrinho em repouso na sua posição inicial. Utilize
para isso, um objeto isolante (régua de plástico etc). Não segure o
carrinho com as mãos. Ligue o centelhador. Mantenha apertado
o botão de disparo do centelhador para marcar a posição inicial do
carrinho.

13. Largue o carrinho, mantendo o botão disparador do centelhador aper-


tado. Solte o botão dispador do centelhador imediatamente antes do
carrinho colidir com o amortecedor do trilho de ar próximo da polia.

14. Verifique se as centelhas ocorreram somente entre o carrinho e o cente-


lhador, durante o processo de centelhamento. Caso contrário, será ne-
cessário reajustar a distância entre as pontas do fio condutor da placa

CEDERJ 128
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema
MÓDULO 1 - AULA 4

do carrinho as fitas condutoras do trilho de ar e refazer a tomada de


dados. Caso tenha obtido a quantidade suficiente de marcações (pelo
menos 10 pontos), a tomada de dados está encerrada.

15. Após terminar as medidas e antes de encostar no trilho de


ar, verifique se o centelhador está desligado. O manuseio do
trilho só deve ser feito com o centelhador desligado. Com a
finalidade de facilitar as medidas das posições do carrinho do trilho de
ar, retire a fita termossensível da fita condutora do trilho de ar e a
pregue sobre a mesa com uma fita adesiva. A fita deve ficar esticada.

16. Retire o carrinho do trilho de ar. A permanência prolongada do


carrinho sobre o trilho de ar, com a unidade geradora de ar
desligada, pode deformá-lo.

Tratamento dos dados


Atende aos Objetivos 4, 5 e 6
Agora você vai medir as posições dos pontos da fita termossensível para veri-
ficar se os resultados experimentais são compatíveis com o modelo proposto.

Medindo as coordenadas do carrinho do trilho de ar.


Inicialmente, você vai fazer as medidas das distâncias dos pontos da
fita termossensível ao ponto que representa a posição inicial do carrinho, que
vai ser escolhido como a origem do seu eixo OX.
Preencha a primeira coluna da Tabela 4.2 com os instantes de tempo,
a segunda coluna com as posições x(t) e a terceira coluna com as incerteza
da posição δx(t). Não se esqueça das unidades! Desconsidere a incerteza
na medida do tempo, pois tal medida é bem mais precisa do que a medida
da posição. Discuta com o seu tutor presencial o valor que você determinou
para a incerteza na medida da posição. Não esqueça de marcar na sua
tabela o ponto a partir do qual o suporte com as massas já estava
no banquinho.

129 CEDERJ
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema


sica1B

t (s) x(t) (cm) δx(t) (cm) vx (t) (cm/s) δvx (t) (cm/s)

Tabela 4.2: Tabela com os dados da cinemática do carrinho.

Expressões téoricas das velocidades do carrinho no mo-


delo adotado
Agora você vai calcular os módulos das velocidades instantâneas do
carrinho do trilho de ar, a partir dos dados da Tabela 4.2. Lembre-se que
no modelo proposto, antes da colisão do suporte de massa com o banquinho,
o carrinho se desloca em movimento uniformemente acelerado, e que após a
colisão o movimento é retilíneo e uniforme. Logo, teremos que utilizar ex-
pressões diferentes para calcular as velocidades do carrinho.

Em um movimento retilíneo e uniforme, a velocidade instantânea em


um instante tn pode ser obtida quando se conhecem as posições nos tempos
tn e tn+1 = tn + ∆t. Nesse caso, a velocidade no tempo tn é igual:

x(tn+1 ) − x(tn ) x(tn+1 ) − x(tn )


v(tn ) = = (4.6)
tn+1 − tn ∆t

CEDERJ 130
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema
MÓDULO 1 - AULA 4

Em um movimento retilíneo uniformemente acelerado, a velocidade ins-


tantânea em um instante tn pode ser obtida quando se conhecem as posições
nos tempos tn−1 = tn − ∆t e tn+1 = tn + ∆t. Nesse caso, a velocidade no
tempo tn é igual:
x(tn+1 ) − x(tn−1 ) x(tn+1 ) − x(tn−1 )
v(tn ) = = (4.7)
tn+1 − tn 2 ∆t

A expressão desta velocidade foi obtida na Aula 7 da disciplina Física 1A.

Você precisa calcular as incertezas das velocidades do carrinho. Como


a velocidade do carrinho é um medida indireta, uma vez que ela foi obtida
com uma expressão que depende de medidas diretas, é necessário fazer a pro-
pagação da incerteza. Se você ainda tiver dúvidas sobre o cálculo das
incertezas nas medidas indiretas, leia a próxima seção. Caso con-
trário, vá direto para seção "Cálculo das velocidades do carrinho
com as suas incertezas".

Incertezas nas medidas indiretas


No laboratório, é comum encontrar situações em que o resultado do
experimento é medido indiretamente, em termos de duas ou mais medidas
obtidas diretamente. Por exemplo, o cálculo da velocidade do carrinho que
se desloca sobre o trilho de ar inclinado é uma função das posições do carri-
nho em dois tempos diferentes e do intervalo de tempo entre duas centelhas.
Nesse caso, é preciso determinar a incerteza da velocidade vx (tn ), medida in-
direta, em função das incertezas das medidas diretas δx(tn+1 ) , δx(tn−1 ) , ∆t.

A incerteza de medidas indiretas é obtida através de um método de-


nominado propagação de erros, se baseando na aplicação na aplicação de
resultados do cálculo diferencial com várias variáveis, que você estudará em
disciplinas de cálculo.

Para ilustrar como os erros se propagam, apresentamos na Figura 4.22


uma representação gráfica esquemática da propagação do erro de uma medida
direta x para uma medida indireta y, tal que y = f (x). Nesta ilustração,
vemos que uma variação δx1 no valor de x1 resulta numa variação no valor
de δy1 no valor de y1 .

131 CEDERJ
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema


sica1B

Figura 4.22: Propagação de erro.


δy1
Quando a incerteza relativa da medida indireta é pequena, a
y1
incerteza na medida indireta δy1 é igual a:

dy1
δy1 =
δx . (4.8)
dx
Quando a medida indireta f (x1 , ..., xN ) depende de mais do que uma
medida direta e as medidas diretas não são correlaciondas, a incerteza na
δxi
medida indireta [3], no caso em que as incertezas relativas , i = 1..N são
xi
pequenas, é dada por:
v
u N  2
uX ∂f
δf = t δxi . (4.9)
i=1
∂x i

É importante ressaltar que as medidas diretas com incertezas deprezíveis


são tratadas como constantes no cálculo da incerteza de uma medida
indireta e que, duas grandezas não são correlacionadas quando modificação
da incerteza de uma delas não altera a incerteza da outra.

Exemplo 4.1
Calcule as incertezas das seguintes medidas indiretas. Considere a uma me-
dida indireta constante.

CEDERJ 132
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema
MÓDULO 1 - AULA 4

1. f (x, y) = a (x ± y);

2. f (x, y) = a x y 2 ;

3. f (x, y, z) = x y z.

Resolução

1. As derivadas parciais da função f (x, y) = a (x ± y) são iguais a:

∂f ∂f
=a e = ±a.
∂x ∂y

Logo, a incerteza na medida indireta f (x, y) é igual a:


p p
δf = (a δx)2 + (a δy)2 = |a| (δx)2 + (δy)2 .

2. As derivadas parciais da medida indireta f (x, y) = a x y 2 são iguais a

∂f ∂f
= a y2 e = 2axy
∂x ∂y

Logo, a incerteza na medida indireta f (x, y) é igual a:


p
δf = (a y 2 δx)2 + (2 a x y δy)2 ⇒
s 
2  2
2 δx δy
δf = a x y +4 ⇒
x y
s 
2  2
δx δy
δf = |f (x, y)| +4 .
x y

3. As derivadas parciais da função f (x, y, z) = x y z são iguais a:

∂f ∂f ∂f
= y z, = xz e = xy
∂x ∂y ∂z

Logo, a incerteza na medida indireta f (x, y) é igual a:


p
δf = (y z δx)2 + (x z δy)2 + (x y δy)2 ⇒
s 
2  2  2
δx δy δz
δf == |x y z| + + ⇒
x y z
s 
2  2  2
δx δy δz
δf = |f | + + .
x y z

133 CEDERJ
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema


sica1B

A Tabela 4.3 contém as incertezas das medidas indiretas do Exem-


plo 4.1.

Função Incerteza
p
f (x, y) = a( x ± y) δf = |a| (δx)2 + (δy)2
s 
2  2
δx δy
f (x, y) = a x y 2 δf = |f (x, y)| +4
x y
s 
2   2  2
δx δy δz
f (x, y, z) = x y z δf = |f | + +
x y z

Tabela 4.3: Incertezas das medidas indiretas.

Atividade 3
Atende ao objetivo 6
Baseado no que você aprendeu nesta Aula, faça a seguinte questão:
Utilize a Tabela 4.3 (Incertezas das medidas indiretas) para calcular as in-
certezas nas velocidades do carrinho, sabendo que:

a) Enquanto o suporte com discos está se deslocando, a velocidade do


carrinho no instante tn é igual a:

x(tn+1 ) − x(tn−1 )
v(tn ) = .
2 ∆t

b) Depois que o suporte com massas para e o carrinho ainda não colidiu
com o amortecedor do trilho de ar, a velocidade do carrinho no instante tn é
igual a:
x(tn+1 ) − x(tn )
v(tn ) = .
∆t

CEDERJ 134
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema
MÓDULO 1 - AULA 4

Respostas Comentadas
a) Enquanto o suporte com discos está se deslocando, o módulo da
sua velocidade, que é igual ao módulo da velocidade do carrinho, é uma
função de três medidas diretas x(tn+1 ), x(tn−1 ) e ∆t, cujas incertezas não
são correlacionadas. Com a finalidade de facilitar o cálculo da incerteza da
velocidade, vamos utilizar as seguintes denominações:

1
x = x(tn+1 ), y = x(tn−1 ), a = , f1 = a (x − y).
2 ∆t
Como a incerteza de ∆t é muito menor do que as incertezas das outras medi-
dads, podemos considerar a constante. Assim, de acordo com a Tabela 4.3,
a incerteza da função f1 = a (x − y) é igual a:
p
δf1 = |a| δx2 + δy 2 ⇒
p
(δx(tn+1 ))2 + (δx(tn−1 ))2
δv(tn ) = . (4.10)
2 ∆t

b) Depois que o suporte com massas parou e o carrinho ainda não coli-
diu com o amortecedor do trilho de ar, a velocidade do carrinho é uma função
de três medidas diretas x(tn+1 ), x(tn ) e ∆t, cujas incertezas não são correla-
cionadas. Com a finalidade de facilitar o cálculo da incerteza da velocidade,
vamos utilizar as seguintes denominações:

1
x = x(tn+1 ), y = x(tn ), a = , f1 = a (x − y).
∆t
Como a incerteza de ∆t é muito menor do que as incertezas das outras medi-
dads, podemos considerar a constante. Então, de acordo com a Tabela 4.3,a
incerteza da função f1 = a (x − y) é dada por:

p
δf1 = |a| δx2 + δy 2 ⇒
p
(δx(tn+1 ))2 + (δx(tn ))2
δv(tn ) = . (4.11)
∆t

Cálculo das velocidades do carrinho com as suas incer-


tezas
Calcule as velocidades do carrinho do trilho de ar com as suas incerte-
zas. Antes de iniciar os seus cálculos, verifique se você marcou na
Tabela 4.2 o primeiro valor de x(t) correspondente ao movimento
retilíneo uniforme.
Coloque os seus resultados nas colunas quatro e cinco da Tabela 4.2.

135 CEDERJ
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema


sica1B

Construção de gráficos
Se você ainda tem dúvidas na construção de um gráfico, leia
esta seção. Caso contrário, vá direto para a próxima seção".
Na Física, em muitas ocasiões, utilizamos gráficos para apresentar re-
sultados obtidos experimentalmente. Lembrando que o objetivo da Física é
descrever a Natureza, se temos várias medidas diferentes de 2 quantidades,
digamos x e y, e queremos saber como é o comportamento de uma em função
da outra, é muito mais simples visualizar tal comportamento através de um
gráfico do que avaliando cada par [xi ; yi ] medido individualmente.
Nas práticas de Física 1B estaremos, na maior parte dos casos, interes-
sados em quantidades que se relacionam linearmente. Portanto, traçaremos
retas nos gráficos encontrados. Sendo assim, se for observado o comporta-
mento linear, as retas que melhor se ajustam aos pontos nos darão a infor-
mação sobre as características das medidas experimentais.

Cuidados ao construir gráficos


Construiremos um gráfico de x verus t com os dados Tabela 4.4 para
mostrar os cuidados que se deve ter ao construir um gráfico.

t (s) δt (s) x (cm) δx (cm)


0, 1000 0,0001 21, 5 0, 2
0, 2000 0,0001 22, 7 0, 2
0, 3000 0,0001 24, 1 0, 2
0, 4000 0,0001 25, 4 0, 2
0, 5000 0,0001 26, 8 0, 2
0, 6000 0,0001 28, 0 0, 2
0, 7000 0,0001 29, 4 0, 2
0, 8000 0,0001 30, 8 0, 2
0, 9000 0,00001 32, 2 0, 2

Tabela 4.4: Dados experimentais com incertezas

Os seguintes requisitos devem ser atendidos para que se tenha um bom


gráfico.

1. O gráfico deve ter um título. No nosso caso o título é “xversus t”.

2. Deve-se indicar nos eixos as grandezas físicas correspondentes e suas

CEDERJ 136
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema
MÓDULO 1 - AULA 4

respectivas unidades. Veja na Figura 4.23, x (cm) é a posição, medida


em centímetros e t (s) é o tempo t, medido em segundos.

3. O gráfico deve ter leitura fácil. Portanto, o centímetro do papel não


deve corresponder a valores do tipo 0,66 ou 1,43 etc. Para você esco-
lher o valor do centímetro do papel milimetrado, divida a sua faixa de
valores pela faixa de valores do papel milimetrado e escolha um valor
maior ou igual aquele obtido.
No nosso exemplo, o eixo dos tempos tem 18 cm e a faixa de valores
do tempo é 0,8 s, por isto o centimetro tem que ter um valor maior
ou igual a 0, 8/18 = (0, 044..) s . O gráfico cujo centímetro tem o va-
lor 0, 8/18 = 0, (044..)s não é de leitura fácil. O valor escolhido para
o centímetro foi 0, 05 s. O eixo da posição x tem 28 cm e a faxia de
valores da poisção é de 10,7/28 = (0,382..)cm. O centímetro deste eixo
tem que ter um valor maior ou igual a (0,382..) O valor escolhido para
o centímetro foi 0,5 cm.

4. Os eixos devem conter apenas valores que definem as suas escalas. Não
se escrevem nos eixos os valores medidos porque eles difcultam a leitura
das coordenadas dos pontos que não foram obtidos experimentalmente.

5. Não use linhas de chamada (aquelas linhas perpendiculares aos eixos,


que são utilizadas para localizar os pontos). Elas confundem a leitura
dos pontos interpolados.

6. Escolha o eixo e a orientação do papel, de tal forma que a maior faixa


de valores fique sobre o eixo que coincide com a maior dimensão do
papel.

7. Os dados devem ocupar a maior parte das escalas, para que seja possível
ler os pontos que não foram medidos (interpolados) com maior precisão.
Não é necessário que a origem do gráfico coincida com o zero da medida.
No nosso gráfico, a origem do eixo das distâncias coincide com o valor
19,0 cm.

8. As faixas de incertezas devem ser marcadas nos pontos (ver Figura


4.23). Em algumas situações as faixas de incertezas são muito peque-
nas e não podem ser marcadas no gráfico. Esse é o caso do gráfico
4.23.

9. A melhor reta deve cortar o número máximo de barras de incerteza dos


pontos.

137 CEDERJ
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema


sica1B

10. O coeficiente angular da reta pode ser estimado escolhendo-se dois pon-
tos sobre a reta traçada. Esses pontos, em alguns casos, serão diferentes
dos pontos obtidos experimentalmente. Não se preocupe! O mais im-
portante é que eles estejam sobre a reta traçada.

Figura 4.23: x × t.

Contruindo o gráfico das velocidades do carrinho


Atende aos Objetivos 5, 7 e 8
A partir dos dados da Tabela 4.2 referentes à velocidade vx (t) e ao tempo
t, construa, em papel milimetrado, um gráfico dos valores da velocidade em
função do tempo t. Considere desprezível a incerteza na medida do intervalo
de tempo entre duas centelhas produzidas pelo centelhador. Uma vez que
apenas a velocidade tem incerteza não-desprezível, coloque essa grandeza no
eixo vertical do seu gráfico e deixe o tempo no eixo horizontal. Nào esqueça
de representar as barras de incertezas das medidas no gráfico.

CEDERJ 138
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema
MÓDULO 1 - AULA 4

Atenção: utilize as folhas de papel milimetrado que se


encontram no final da aula.

Calculando as energias do sistema com as suas incer-


tezas

Utilize modelo teórico e os dados da Tabela 4.2, para calcular as ener-


gias cinética, potencial e mecânica do sistema formado pelo carrinho do trilho
de ar e pelo suporte com as massas, antes e depois do suporte com as massas
colidir com o banquinho. Não esqueça de calcular as incertezas destas medi-
das. Construa a tabela 2 com os valores do tempo e com os valores dessas
energias com as suas incertezas.
Nos cálculos das incertezas das energias utilize a Tabela 4.3 disponível
na seção Incertezas nas medidas indiretas. Antes de iniciar os cálculos, es-
time as incertezas relativas das medidas diretas, com a finalidade de verificar
se alguma delas pode ser desprezada.

t(s) Ec (J) δEc (J) Ug (J) δUg (J) EM (J) δEM (J)

Tabela 4.5: Tabela das energias.

139 CEDERJ
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema


sica1B

Construindo o gráfico da energia mecânica em função


do tempo
Com os dados da Tabela 4.5, referentes à energia mecânica e ao tempo
t, construa no papel milimetrado, um gráfico dos valores da energia mecânica
em função do tempo t. Considere a incerteza na medida do intervalo de tempo
entre duas centelhas produzidas pelo centelhador desprezível. Verifique se é
possível ajustar os pontos do seu gráfico com retas.

Calculando a variação da energia mecânica do sis-


tema, antes da colisão do suporte com discos com o
banquinho
Uilize o programa que implementa numericamente o método dos míni-
mos quadrados [3], para tentar ajustar por uma reta os valores da energia
mecânica do sistema formado pelo carrinho do trilho de ar e pelo suporte
com as massas, antes que o suporte colida com o banquinho. Retire do pro-
grama a variação da energia mecânica com o tempo com a sua incerteza. O
programa está disponível no seu polo.

Relatório
Faça o relatório do seu experimento. O relatório é de formato livre.
Todavia é importante que contenha algumas informações.

• Introdução: É importante introduzir o experimento que será feito,


informando qual o objetivo esperado. Em geral, o objetivo será testar
um modelo e/ou medir alguma quantidade.

• Modelo: Descreva com cuidado as aproximaçãos utilizadas no modelo


teórico do experimento.

• Procedimento experimental: Descreva de forma resumida o proce-


dimento experimental utilizado, informando os equipamentos utiliza-
dos, e quais medidas foram feitas.

• Tratamento de dados: Após introduzir o experimento e descrever o


que foi feito, é preciso apresentar os resultados de maneira clara. Quase
sempre utilizaremos ferramentas como: gráficos e tabelas para apresen-
tar os resultados. Aqui é importante ressaltar que todas as grandezas

CEDERJ 140
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema
MÓDULO 1 - AULA 4

obtidas experimentalmente tem a elas associada uma incerteza. E não


se esqueça de citar as aproximações que foram adotadas! Não esqueça
de citar as aproximações que foram adotadas!

• Conclusão: Por fim, é importante comentar sobre seus resultados, di-


zendo se o modelo é ou não compatível com o seu experimento. Aqui,
mais uma vez, é preciso fazer essa avaliação dentro das incertezas ob-
tidas. No caso de os resultados experimentais não serem compatíveis
com o modelo teórico, cite quais são provavelmente as aproximações do
modelo teórico que você acha que não são verdadeiras no contexto do
seu experimento.

Atividade extra
Atende aos objetivos 5 e 8
Baseado nos seus dados experimentais faça a seguinte questão:

1. Utilize o seu gráfico da velocidade como função do tempo para esti-


mar o instante de tempo em que a colisão do suporte com massas e o
banquinho ocorreu.

2. Faça no mesmo papel milimetrador os gráficos das energias cinética,


potencial e mecânica do sistema formado pelo carrinho e pelo suporte
com os massas antes do carrinho colidir pela primeira vez com o amor-
tecedor.

Resposta Comentada
Esta atividade não tem resposta comentada porque depende dos dados de
cada aluno. Todavia, uma leitura sobre a cinemática dos movimentos reti-
líneo uniforme e uniformemente acelerado (Aula 5 de Física 1A) e sobre a
energia mecânica de um sistema de partículas (Aula 2 de Físia 1B), pode
ajudá-lo a resolver esta questão.

Conclusões

Desta vez, não apresentaremos a conclusão do experimento, pois ela faz parte
do seu treino como futuro Físico/pesquisador. Procure conversar a respeito
dos seus resultados experimentais com os seus colegas de disicplina e tutores.

141 CEDERJ
Aula 4 - Medindo experimentalmente a energia mecânica de um sistema


sica1B

Resumo
Nesta aula, estabeleceur as hipóteses sobre o comportamento experimental
de um sistema formado por: um carrinho do trilho, um suporte com discos,
um fio leve e uma polia de massa pequena. No experimento, o carrinho foi
ligado a um suporte com discos através de um fio que passava por uma polia.
O trilho de ar estava na posição horizontal.
As observações iniciais permitiram prever qualitativamente a cinemática do
carrinho do trilho de ar e analisar a qualidade dos atritos do sistema. Essa
análise deu origem a uma previsão sobre a variação da energia mecânica do
sistema.
A comprovação quantitativa das observações iniciais foi obtida com as medi-
das das posições do carrinho como função do tempo. As posições do carrinho
foram obtidas através de pontos que foram centelhados em uma fita termos-
sensível em intervalos de tempo regulares.
As expressões teóricas das grandezas cinemáticas do carrinhos e da energia
mecânica do sistema permitiram calculá-las experimentalmente. A aplicação
da Teoria da Propagação das Incertezas a essas expressões teóricas deu ori-
gem ao cálculo experimental das incertezas dessas grandezas.
A construção dos gráficos x(t) × t e vx (t) × t permitiu verificar as previsões
iniciais sobre a cinemática do carrinho do trilho de ar.
A construção do gráfico da evolução da energia mecânica ao longo do tempo
permitiu a análise quantitativa da variação da sua energia mecânica.

Informações sobre a próxima aula


Na próxima Aula introduziremos o conceito de impulso de uma força.

Referências bibiliográficas
ALMEIDA, Maria Antonieta Teixeira. Introdução às ciências físicas I. v. 2,
4. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010.

MARECHAL, Bernard M. Tópicos de tratamento de dados experimentais.


v. 1, 1. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2006.

VUOLO, José Henrique. Fundamentos da Teoria de Erros. São Paulo: Ed-


gard Blücher, 1995.

CEDERJ 142

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