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A Sociologia de Émile

Durkheim

O SUICÍDIO
O Suicídio

• “Todo caso de morte provocado direta ou


indiretamente por um ato positivo ou
negativo realizado pela própria vítima e
que ela sabia que deveria provocar esse
resultado.” (Durkheim, 2011, p. 14)
• Suicídio é um fato social;

• Estudo de um fenômeno privado como


fenômeno social;

• Causa do Suicídio – Social e não


individual;
TRÊS TIPOS DE SUICÍDIO

EGOÍSTA

Tipos de suicídios
ligados a suas
causas ALTRUÍSTA

ANÔMICO
Suicídio Egoísta
• Fraca integração do
indivíduo com a
sociedade;

• Forte
individualização;

• Isolamento do
Indivíduo.
Suicídio Altruísta
• Forte Integração
entre o Indivíduo e a
Sociedade;

• Fraca/Nula
Individualidade;

• Sacrifício em prol do
grupo.
Suicídio Anômico
• Anomia Social –
Afrouxamento das
regras sociais;

• Situação Econômica;

• Atinge os indivíduos
em função das
condições de vida da
sociedade moderna.
Como superar o estado de
anomia social
• A primeira necessidade da moral e da
sociedade é a disciplina.

• O homem precisa ser disciplinado por


uma força superior, autoritária e amável,
que ao mesmo tempo se impõe e atrai →
SOCIEDADE.
Referências
• Aron, Raymond. As etapas do pensamento
sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

• DURKHEIM, Émile. O Suicídio. São Paulo:


Martins Fontes, 2011.
Os clássicos da Sociologia

Durkheim, Weber, Marx.


• Nasceu em 15 de abril de
1858

• Família judia descendentes de


rabinos →Agnosticismo

• 1879 - Intensa vida


acadêmica
• 1885 – Universidade de
Boudéus – Primeiro curso
de Sociologia.

• 1896 – Funda L’année


Sociologique
• 1910 – Cátedra de
Sociologia

• Falecimento em 15 de
Novembro de 1917
• 1893 – Da Divisão do Trabalho Social

• 1895 – As Regras do Método Sociológico

• 1897 – O Suicídio

• 1912 – As Formas Elementares da Vida


Religiosa
AS REGRAS DO MÉTODO
SOCIOLÓGICO
Fato Social
• Deve ser tratado como coisa;
• Definido pela observação - metodologia
científica objetiva;
• Todo fato social tem como causa outro
fato social;
• Provocado pela associação entre os
indivíduos;
• Objeto de estudo da Sociologia.
Características do fato
social

Fato Social

Exterior Coercitivo Geral


Exterior
• “(...) o devoto ao nascer encontra prontas as crenças e
práticas da vida religiosa; existindo antes dele, é porque
existe fora dele. O sistema de sinais que me sirvo para
exprimir pensamentos, o sistema de moedas que emprego
para pagar as dívidas. (...) Estamos, pois, diante de maneiras
de agir, de pensar e de sentir, que apresentam a propriedade
notável de existir fora das consciências individuais.”
(Durkheim, 2008, p. 32)

• Os fatos sociais atuam sobre o indivíduo independentemente


de sua vontade.

• Exemplos: Regras sociais que já se encontravam aqui antes


de nascermos → Coação para seguirmos.
Coercitivo
• Força que os fatos sociais exercem sobre os
indivíduos → os indivíduos se conformam
com as regras da sociedade.

Legais

Sanções
Espontâne
as
Geral
• É geral porque se repete em todos os
indivíduos de uma determinada
sociedade, ou em pelo menos na maioria
deles.

• São coletivos e não individuais.


Normal e Patológico
• Fato Social Normal → Se encontra
generalizado numa sociedade →
Importante função social.

• Fato Social Patológico → Se encontra


fora dos limites permitidos pela ordem
social e moral vigente.
Max Weber (1864 – 1920)
Contexto
• Industrialização tardia da Alemanha

• Unificação da Alemanha

• História como ciência central →


explicação do atraso alemão

• Primeira Guerra Mundial


Biografia
• 21 de abril de 1864 – Nasce em Efurt,
Turgínia, Alemanha.
• Família de industriais e comerciantes
• Pai jurista → estímulo intelectual aos
filhos
• 1882 – Universidade de Heildeberg
• 1883 – Serviço militar
• 1884 – Universidade de Berlin
• 1887 – 1888 – Serviço Militar na Alsácia e
na Prússia
Biografia
• 1889 – Tese de doutoramento
• 1891 – Professor Universitário –
Faculdade de Direito de Berlin
• 1893 – Casa-se com Marianne Schnitger
→ Intelectual Feminista
• 1897 – 1902 → Falecimento do pai →
Colapso nervoso
• 1904 – Visita aos EUA → A ética
protestante e o espírito do capitalismo
Biografia
• 1914 – 1ª Guerra Mundial – retorna ao
serviço militar
• 1918 – Consultor alemão em Versalhes
• 1919 – Auxilia a redigir a Constituição de
Weimar
• 1920 – Falecimento (gripe espanhola)
• 1922 - Publicação póstuma de Economia
e Sociedade
Ação Social
• Objeto de estudo da sociologia weberiana

• Humanizado → centrado no individuo se


relacionando com outros.

• Fundamentos: Compreender, interpretar e explicar

• Ação com sentido, relacionada com o


comportamento de outras pessoas.

• Exemplos: Escrever uma carta.


Ação Social
• Relação social: ação social cujo sentido é
compartilhado por todas as pessoas
envolvidas na ação. A conduta de várias
pessoas é orientada e dotada de sentido.

• Exemplo: Conduta de várias pessoas de


não cometerem crimes, com o intuito
(sentido) de não serem presas.
Ação Social - Tipos

Ação racional com


relação a um
• Racionalidade objetivo

Ação racional com


relação a valores

Ação Afetiva
• Não Racionalidade

Ação Tradicional
Ação Social -Tipos
• AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A UM
OBJETIVO: Ação orientada pela
racionalidade com objetivo de chegada a
um fim (finalidade).

• Exemplo: Estudar na faculdade de direito


(ação orientada pela razão) com o intuito
de conseguir um diploma (finalidade)
Ação Social - Tipos
• AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A UM
VALOR: Ação que visa um objetivo, mas
de acordo com sua convicção moral, seus
valores.

• Exemplo: Um ator social sobe todos os


degraus da escadaria de joelhos
(racional), com o intuito de demonstrar a
sua fé (valores )
Ação Social - Tipos
• AÇÃO AFETIVA: Ação é definida por uma
reação emocional do ator. Não há
racionalidade, a ação é imediata, devido à
emoção.

• Exemplo: Zindane cabeceou Materazzi.


Ação Social - Tipos
• AÇÃO TRADICIONAL: Ação é orientada
pela tradição (hábitos, costumes)

• Exemplo: Usar roupas pretas em velórios


(demonstração tradicional de luto).
KARL MARX (1818 – 1883)
Contexto Histórico
• Revolução Francesa
• Revolução Industrial: séculos XVIII e XIX.
• Forte avanço econômico →
enriquecimento das novas classes
médias.
• Antagonismo de classes
• Congresso de Viena (1815) – Volta ao
Antigo Regime → Focos Revolucionários
• Comuna de Paris (1871)
Vida e Obra
• Nasceu em 5 de maio de 1818, em Trier,
Renânia, província da Prússia;

• Família de origem judaica, convertida ao


protestantismo;

• Universidade de Bonn – Prússia;


Vida e Obra
• Universidade Friedrich-Wilhelms-
Universität → Jovens Hegelianos - esquerda

• 1841 – Defende sua tese de


doutoramento na Universidade de Iena -
"A Diferença Entre a Filosofia da Natureza
de Demócrito e a de Epicuro".
Vida e Obra
• 1842 – Assume o jornal Gazeta Renana;
• 1842 – Conhece Friedrich Engels;
• 1843 – Casa-se com Jenny von
Westphalen e se muda para Paris;
• 1844 – Expulso de Paris, muda-se para a
Bélgica;
• 1848 – Escreveu com Engels O manifesto
Comunista.
Vida e Obra
• 1848 – Expulso da Bélgica se instala em
Londres
• 1864 – “Primeira Internacional”
• 1867 – Publicação do Primeiro Volume de
O Capital;
• 1871 – Comuna de Paris – Influência
marxista;
• 1883 – Em 14 de março de 1883 morre
em Londres.
Frederich Engels (1820 –
1895)
Vida e Obra
• Nasceu em 28 de novembro de 1820, na
cidade de Wuppertal, Alemanha.
• Família rica alemã, religiosa e
conservadora;
• 1838-1841 – Abandona o secundário –
trabalha para a família;
• 1842 – “Casa-se” com Mary Burns
Vida e Obra
• 1844 – Adere ao Socialismo – Amizade
com Marx;
• 1848 – Manifesto Comunista;
• Muda-se para Inglaterra – “Homem de
negócios”.
• 1883 – Após a morte de Marx, completou
os volumes II e III do Capital.
• 1895 – Morre em Londres, em 5 de agosto
de 1895.
Principais Obras – Marx e
Engels
• Manuscritos Econômico-Filosófico (1844)
• O XVIII Brumário de Luís Bonaparte
(1851-1852)
• Contribuição à Crítica da Economia
Política (1859)
• O Capital (1867)
• Ideologia Alemã (1845) - Marx e Engels
• O Manifesto do Partido Comunista (1848)
Marx e Engels.
Pensamento Marxista
• Materialismo Dialético Histórico;

• Teoria Valor-Trabalho;

• Mais-Valia;

• Classes Sociais→Luta De Classes;


• Revolução→ Socialismo→Comunismo
Materialismo
Histórico

Crítica à dialética de Hegel


Dialética
MARX HEGEL
• Movimento histórico • “Tudo o que é real é
condicionado às racional, e tudo o que
condições materiais; racional é real.”
• Realidade Histórica
• O campo do ideal →Manifestação da
condicionado ao campo Razão;
do material. • História da Humanidade
= História do Espírito.
• Materialismo Histórico • Razão como
determinante da
realidade objetiva.
• Idealismo.
Materialismo Histórico em
Marx
• Compreender as causas dos
desenvolvimentos e transformações na
sociedade;

• Relações materiais + Modo de Produção


→ Base das relações sociais;

• O que os indivíduos são depende das


condições materiais de produção
Materialismo Histórico em
Marx
• Pensamento e consciência estão
condicionados às relações materiais;
• As ideias, concepções, gostos, crenças,
categorias do conhecimento e ideologias
dependem do modo como os homens se
organizam para produzir;
• Divisão da sociedade em Estrutura e
Superestrutura.
As Classes Sociais
• Relações de produção → Desigualdades
sociais;
• Alienação do trabalhador → existe para
produzir;
• Modo de produção capitalista → divisão
em duas classes sociais: Capitalistas
(burgueses) e Proletários
Classes Sociais

Burgueses Proletários
• Donos dos meios de • Despossuídos dos
produção → meios de produção;
propriedade privada; • Venda da sua força
de trabalho por
• Exploração da classe salário;
trabalhadora; • Mercadoria;
Referências
• Aron, Raymond. As etapas do pensamento
sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

• DURKHEIM, Émile. As regras do método


sociológico. São Paulo: Martin Claret, 2008.

• DURKHEIM, Émile. O Suicídio. São Paulo:


Martins Fontes, 2011.
Surgimento da Sociologia
O Surgimento da Sociologia:
Contextos Históricos e Sociais
O que é Sociologia?
• Sociologia: “Conjunto de conceitos, de
técnicas e de métodos de investigação
produzidos para explicar a vida social”
(Benedito, 1994)

• Surgimento Sociedade
da sociologia Capitalista

• Sociologia → Compreensão da sociedade


moderna → Mudanças práticas
Surgimento
• Ciência nova → Surge após a consolidação das
ciências naturais e diversas ciências sociais

• Surgimento → circunstâncias históricas


intelectuais
intenções práticas

o Contexto histórico → Desagregação da


sociedade feudal e consolidação do
capitalismo
Surgimento
• Século XVIII – Importantes transformações
sociais, políticas, econômicas e culturais.

Rev.Industrial
A dupla Sociedade
revolução Capitalista
Rev. Francesa
Pensamento filosófico
Século XVII e Sociologia
• Contribuiu para popularizar os avanços do
pensamento científico
• Emprego sistemático da razão
• Livre exame da realidade – racionalistas
• Libertação do conhecimento do plano
teológico
• Sociedade analisada a partir de estudos de
grupo e não de indivíduos
Importância do Iluminismo
• Iluministas - abandono do método dedutivo e
adoção do modelo das ciências da natureza
para explicar a realidade social:
− Experimentação
− Observação
− Acumulação de dados

Iluministas e crítica à sociedade feudal →


reivindicações da burguesia → Revolução
Francesa 1789 → Ascensão da Burguesia
Revolução Francesa 1789
• Contra os fundamentos da sociedade feudal
• Estado separado da Igreja
• Incentivo da empresa capitalista
• França do Século XIX
− Sociedade industrial
− Miséria, desemprego
− Trabalho infantil
− Êxodo rural
− Inchaço das cidades (mortalidade, suicídio,
prostituição...)
Revolução Industrial
• Triunfo da indústria
capitalista
• Concentração de
bens pelos
empresários (terras,
máquinas, capital)
• Trabalhadores
despossuídos
Revolução industrial
• Desintegração de costumes e instituições

• Sociedade industrializada e urbana →


reordenação da sociedade rural → êxodo rural
→ inchamento das cidades → Problemas
sociais.
Revolução Industrial

• Surgimento do proletariado → enfrentamento à


burguesia → alinhamento com o socialismo

• Sociedade num plano de análise → um


“problema”

• Sociologia – Resposta intelectual às novas


situações colocadas na Revolução Industrial.
Positivistas

• Avanço no conhecimento científico →


necessidade de avanço nas ciências
sociais.

• Conflito de classe → resolução - partindo


da elite industrial e intelectual→
normatização da conduta da classe
trabalhadora → refreando ímpetos
revolucionários,
Positivistas
• Augusto Comte (1798-1857)

− Positivismo em oposição ao Iluminismo.

Iluminismo – critica e não constrói


Positivismo – organizar a realidade social

Conservadores – Ordem
Revolucionários – Progresso

Positivismo
Positivistas – Durkheim
(1858 – 1917)
• Contexto – crise econômica, greve, conflito de
classe.

• Objeto de estudo e método da sociologia →


Sociologia no meio acadêmico

• Problemas da época → ordem moral e não


econômica

• Função da sociologia – detectar e buscar


soluções para problemas sociais → restauração
da ordem moral
Pensamento socialista
• Crítica a sociedade capitalista →
antagonismos e contradições em evidência.

• Sociedade capitalista → transitória → nova


classe revolucionária (proletário) →
superação dessa ordem social.

• Contexto – Relação de exploração das


classes sociais, miséria, opressão, →
levantes revolucionários.
WEBER(1864-1920)
Reputação científica à sociologia →distinção
entre conhecimento científico e juízo de valor
→neutralidade científica.
Crítica ao marxismo –o econômico dominando as
esferas sociais
Crítica ao positivismo –método de investigação
das ciências naturais aplicada à sociologia
→fenômeno social não é inerte
Estudo de diversos temas -religião, política,
história
Ponto chave –indivíduo e ação social
Referência

MARTINS, Carlos Benedito. O


que é sociologia. 38 ed. São
Paulo: Brasiliense, 1994. 98 p.
(Coleção primeiros passos ; 57)
SENSO COMUM E
CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO
O que a Sociologia estuda?
●A Sociologia de disciplinas que também estudam
“o mundo feito pelos seres humanos” → História,
Economia, Ciência Política
Distinção Divisão do Trabalho – Diferentes

objetos de estudo.
Similaridades “(...) disciplina sistemática e

apresentar seus achados de modo responsável.”


O que a Sociologia estuda?
●“Sociologia uma prática disciplinada, dotada de
um conjunto próprio de questões com as quais
aborda o estudo da sociedade e das relações
sociais.”

Observar as ações humanas em uma


figuração mais ampla Dependência mútua
dos indivíduos.
Sociologia e Senso Comum
●Senso comum → conhecimento prático, não
sistemático, desarticulado, inefável.

●Senso comum e outras ciências → estas não


lidam com experiências cotidianas/não competem
com o senso comum → escrutínio de outros
especialistas da área.
Senso Comum e Sociologia
●Senso comum e Sociologia → “As ações
humanas e as interações que os sociólogos
estudam já receberam nomes e já foram
analisadas pelos próprios atores, e, dessa
maneira, são objetos de conhecimento do senso
comum.” (Família, igreja, bairro…)
Estabelecer fronteiras entre senso comum e

Sociologia
Sociologia como Ciência
● Regras rigorosas → procedimentos verificáveis
●Distingue afirmações corroboradas por
evidências verificáveis das que se baseiam em
ideias provisórias e não testadas.
Amplo campo de estudo →íntima relação entre

mundo individual e os amplos processos sociais.


Se opõe → naturalização das explicações de

eventos/modelos baseados em visões


particulares de mundo.
Teia de interdependência humana

“Pensar sociologicamente é
dar sentido à condição
humana por meio de uma
análise das numerosas
teias de interdependência
humana – aquelas mais
árduas realidades a que
nos referimos para explicar
nossos motivos e os efeitos
de suas ativações.”
Senso comum → não questionável; confirmação

na prática.
●“Quando repetidos com suficiente frequência, os
fatos tendem a tornar-se familiares, e o que é
familiar costuma ser considerado autoexplicativo:
não apresenta problemas e pode não despertar
curiosidade.”
– Fatalismo
→ dificuldade de promover
mudanças.
●Sociologia incomoda → questiona o que se
apresenta como inquestionável (familiar/dado
como certo).

●“Desfamiliarização” → Consciência de si e social;


liberdade, mais efetivo como ator social; tolerante
com as diferenças; mais abertos a
transformações.
Referência: BAUMAN, Zygmunt & MAY, Tim.
Aprendendo a pensar com a sociologia. Rio de Janeiro:
Zahar, 2010.

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