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Sociologia

Sociologia mas porquê?

• Para compreender as sociedades ao identificar e analisar

as estruturas e transformações sociais em geral.

O que é pensar sociologicamente?


❖É adotar uma atitude crítica perante a realidade social.

❖Ajuda-nos a entender melhor o significado das nossas ações,


desafios e escolhas, bem como dos outros e as repercussões que
estas podem ter na nossa vida individual e na transformação da
sociedade em geral.

❖É adotar uma atitude consciente, informada, crítica e científica,


face aos fenómenos que nos rodeiam enquanto comunidade.
Para pensar sociologicamente é importante:

• Analisar textos e redigir sínteses.


• Interpretar tabelas e gráficos.

• Dominar as fases de investigação.


O objeto das ciências sociais

• Realidade Social
• conjunto de interações entre os seres humanos. Compreende as
maneiras de sentir, de pensar e de agir, as relações sociais e as
ações estabelecidas e socialmente aceites.
• conjunto de fenómenos sociais que se produzem e reproduzem na
sociedade e estes são múltiplos e inter-relacionam-se entre si.
• É una, indivisível, complexa e pluridimensional.
O objeto de estudo da sociologia

• A relação social através da qual as pessoas interagem e


comunicam.

• Os contextos sociais (com as suas dimensões políticas,


económicas, sociais, culturais, …) que as condicionam.
Ciências Sociais

▪ Complementares
✓Cada ciência social estuda o mesmo fenómeno social, ou seja, a
mesma realidade social, mas a partir de perspetivas diferentes,
pois cada uma delas tem o seu objeto de estudo específico, as
suas teorias e conceitos, os seus métodos e técnicas
próprias.
Interdisciplinaridade

• Para compreendermos um fenómeno social, não o podemos desligar dos


restantes factos sociais com os quais interage e do contexto que o
envolve e condiciona.

• Para a sua compreensão global é preciso o contributo das outras ciências


sociais, ou seja, é necessário haver uma ação interdisciplinar, que produza
conhecimentos integrados, completos e profundos, mais próximos da
realidade social.
• A interdisciplinaridade é a atitude metodológica que procura integrar o
contributo das várias ciências sociais para uma explicação mais
aprofundada da realidade social.
Fenómenos Sociais

• Qualquer realidade social objetiva e decorrem da vida social.

• Os fenómenos sociais são complexos e multidimensionais, com


penetrações em diversas áreas do social e por isso são totais.

• São pluridimensionais porque têm implicações em diferentes


níveis do real social, ou seja, são simultaneamente históricos,
sociológicos, demográficos, económicos e jurídicos, entre outras
dimensões da realidade social.
• Fenómeno Social:
✓É tudo o que decorre da vida social e é o objeto de estudo de
todas as ciências sociais.

• Fenómeno Social Total:


✓Porque os fenómenos sociais são complexos e
pluridimensionais, embora se apresentem como um todo.
Fenómenos Sociais
Escola Trabalho Pobreza Insegurança
infantil urbana
Namoro Educação Exclusão social Desigualdade
s sociais
Casamento Empresa Juventude Absentismo
Família Conflito de Divórcio Comunicação
gerações social
Lazer Aproveitament Suicídio Violência
o escolar
Desporto Abandono Desemprego Religião
escolar
Trabalho Morte Racismo Minorias

Consumo Festas Crime Emprego

Juventude
❑Economia
• Qual é a importância do nicho de mercado dos produtos para os
jovens? Qual é o peso do consumo “jovem” no orçamento das
famílias?
❑História
• A partir de quando o grupo jovem adquire mais visibilidade? Terá
sido com a sociedade de consumo?

❑Política
• Os direitos dos jovens consagrados em vários documentos nacionais
implicaram a definição de políticas de educação e de formação: Que
políticas de integração social? Que políticas educativas?
❑Psicologia
• Haverá problemas específicos associados ao crescimento dos
jovens? Quais? (De personalidade? De afirmação? De identificação?
De integração?)
❑Sociologia
• Quais os comportamentos dos jovens por grupos sociais? Como
falam? O que comem? O que vestem? Como se divertem? Que forma
de “rebeldia” manifestam?
Consumo
❑Economia
• Estudar os fatores que influenciam o consumo, como o preço, o
rendimento, o crédito ou a ação de marketing.

❑História
• Estudar o consumo atual das sociedades de consumo massificado,
em comparação com o tipo de consumo do início do século.

❑Política
• Estudar as políticas de crédito ao consumo.
❑Psicologia
• Encontrar os fatores de natureza psicológica que possam justificar o
consumo, como o desejo de afirmação pessoal.

❑Sociologia
• Estudar o consumo por grupos sociais, como o tipo de consumo dos
jovens, dos estratos privilegiados, dos grupos sociais emergentes ou
dos grupos urbanos.
Génese da Sociologia
• Revolução Americana (1776)

• Revolução Industrial (final séc. XVIII)


✓ implicações a nível da organização económica dos países.

• Revolução Francesa (1789-1799)


✓ implicações a nível político e social.

• As revoluções vieram justificar o surgimento de uma nova ciência que conduzisse


à superação dos problemas sociais e à construção de sociedade com
justiça social.
Precursores da Sociologia
• Auguste Comte (1798-1857)
✓Considerado o fundador da Sociologia. Foi ele que utilizou pela
primeira vez o termo, em 1838, surgindo assim uma nova maneira de
encarar a sociedade.
✓Foi o primeiro a defender o método científico para o estudo da realidade
social, à semelhança do que acontecia com as ciências naturais.
✓Devemos compreender o mundo social tal como ele é,
independentemente do que achamos que deva ser.
• Karl Marx (1818-1883) – luta de classes
• Herbert Spencer (1820-1903) – evolucionismo social
Fundadores dos alicerces teóricos da disciplina

• Émile Durkheim(1858-1917), em França.


• Max Weber (1864-1920), na Alemanha.
Émile Durkheim(1858-1917)

Defendeu a objetividade do conhecimento científico e que os


factos sociais são exteriores ao individuo, devendo ser tratados
como coisas que se lhes impõem de fora.

Objeto estudo da Sociologia

• Factos sociais
✓As maneiras de agir, pensar e de sentir exteriores ao
individuo e dotadas de um poder coercivo em virtude do qual
se lhe impõem.
Factos sociais
✓São factos decorrentes da vida em sociedade e traduzem-se pelas
maneiras de agir, pensar e de sentir, exteriores ao individuo e
independentes da sua consciência. Não dependem da sua vontade,
são coisas que lhe são impostas de fora, como se a sociedade
impusesse tais modelos de comportamento.

Características dos factos sociais


• Exterioridade

✓Os factos sociais impõem-se de fora ao individuo como “coisas” exteriores à sua
consciência, como se a sociedade nos impusesse tais modelos de
comportamento.

• Coercividade

✓A sociedade constrange os indivíduos ao cumprimento das normas sociais e


dos modelos de comportamento.

• Relatividade

✓Os factos sociais devem ser contextualizados no tempo e no espaço em que


ocorrem;
Émile Durkheim

✓Aplicou o método científico ao estudo de um problema


social grave na sua época, o suicídio.

✓Concluiu que um facto individual não se explica apenas


pelas vontades individuais, mas sim por outros factos sociais.

✓Regra fundamental do método sociológico: explicar o


social pelo social.

Max Weber (1864-1920)


A Sociologia estuda a forma de organização da sociedade, isto é, a
estrutura social, bem como o modo como os indivíduos atuam no
interior dessa estrutura, ou seja, a ação social.

Objeto da Sociologia

• Ação social

✓É o modo como os indivíduos interagem na sociedade, em função da


estrutura social existente, ou seja, o seu comportamento.
✓Tem uma dimensão individual, singular e intencional. ✓O seu

estudo é feito através da compreensão e da interpretação.

Diferenças

• Durkheim – identifica o objeto da Sociologia nos factos sociais,


exteriores ao individuo e independentes da sua consciência.
Privilegiando as regularidades duradouras que se verificam nos
fenómenos sociais.

• Weber – encontra-o na ação social resultante da estrutura social.


A ação social corresponde aos comportamentos dos indivíduos no
interior da estrutura social.
Sociologia
• É uma ciência social.
• Cada ciência social tem o seu objeto de estudo específico, no caso da
Sociologia são os factos sociais e a ação social, ou seja, as maneiras de
agir, pensar e de sentir exteriores ao indivíduo e o modo como os
indivíduos atuam no interior da estrutura social.
• A Sociologia é uma ciência com uma perspetiva própria de análise, estuda
determinados aspetos das situações que ocorrem na vida em sociedade ou
na vida social. Interessa-se por “regularidades sociais, comportamentos
sociais comuns, ou seja, as práticas sociais de grandes conjuntos de
indivíduos.
• A Sociologia não estuda os indivíduos isoladamente, mas as
relações/interações que se estabelecem entre eles, isto é, os factos sociais e
a ação social.
A Sociologia em Portugal

• A institucionalização da Sociologia em Portugal só acontece na década de 60 do séc.


XX.

✓ Em 1962, é fundado o Gabinete de Investigação em Sociologia (GIS) por Adérito Sedas


Nunes.

✓ Em 1963, é criada a revista Análise Social.

✓ Em 1964, é criada a 1ª licenciatura em Sociologia na Universidade de

Évora. ✓ A partir de 1974 é que a Sociologia surge como uma disciplina

académica. ✓ Em 1985 é criada a Associação Portuguesa de Sociologia (APS).

Sociólogos Portugueses
• Adérito Sedas Nunes (pioneiro da sociologia em Portugal). •
Augusto da Silva ( pioneiro da sociologia em Portugal – religião) •
Ana Nunes Almeida – família; infância; escola.

• Anália Torres – especialista em questões de género.


• António Firmino da Costa – desigualdades sociais; literacia e educação;
identidades culturais e culturas urbanas.

• Duarte Vilar – educação sexual; saúde reprodutiva e gerontologia.


• Fernando Luís Machado – classes sociais e desigualdades; migrações e
etnicidade; juventude.
Sociólogos Portugueses
• José Luís Casanova – desigualdades e classes sociais; atividade cívica e
política; reprodução e mudança nas sociedades contemporâneas.

• José Fernando Madureira Pinto – epistemologia e metodologia das


ciências sociais; sociologia da educação; práticas culturais.

• José Machado Pais – identidades; culturas e vulnerabilidades.


• José Manuel Oliveira – direito e justiça.

• Luís Capucha – pobreza e exclusão social; políticas sociais; educação e


formação; culturas populares.

• Madalena Ramos – família; migrações; integridade académica; casamento


entre pessoas do mesmo sexo.

•…
Saídas profissionais:
• Administração pública

• Autarquias e desenvolvimento regional


• Cultura e comunicação

• Empresas e organizações
• Ensino e investigação

• Terceiro sector (ONG, IPSS, Associações,…)


Revistas

• Revista Análise Social (1963)


http://analisesocial.ics.ul.pt/
• Revista Científica – Sociologia, Problemas e Práticas (1986)
https://sociologiapp.iscte-iul.pt/

• Revista da Associação Portuguesa de Sociologia (2010)


https://revista.aps.pt/pt/inicio/

Construção do conhecimento científico na Sociologia

• Conhecimento do senso comum

✓É um conhecimento vulgar e prático, com que no quotidiano orientamos as


nossas ações e damos sentido à nossa vida.
✓Baseia-se em valores, preconceitos, tradições e falsas

evidências. ✓É subjetivo.

• Conhecimento científico

✓ Baseia-se no método científico e questiona as conclusões.

✓ É objetivo.
Conhecimento do senso comum

✓O carácter de uma pessoa transparece no rosto.

✓As mulheres são mais dotadas para os trabalhos domésticos.

Conhecimento científico

✓ Não existe correlação definida entre as características faciais e as da


personalidade.

✓ Tanto as mulheres como os homens podem aprender a realizar os trabalhos


domésticos.

Conhecimento do senso comum

• Subjetivo – é pessoal, baseia-se em opiniões.

• Espontâneo – surge da informação obtida através dos nossos sentidos, do


aparente.

• Errático – é construído aleatoriamente ao longo da vida do indivíduo.

• Ingénuo – é assimilado sem sentido crítico.


• Dogmático – acreditamos nele como se tratasse de verdades inquestionáveis..
Conhecimento científico

• Objetivo – procura ser universal, válido para todos.

• Sistemático – é construído de forma sistemática e consciente pelos cientistas.

• Metódico – é obtido recorrendo a métodos e técnicas de investigação que


asseguram a sua validade.

• Crítico – procura questionar a realidade e questionar-se a si próprio.

• Comprovável/Verificável – pode ser testado a qualquer momento e assim,


confirmado ou infirmado (anulado, invalidado, revogado).
Obstáculos epistemológicos

• Senso comum

• Familiaridade com o social • A

ilusão da transparência do social •

Naturalismo

• Individualismo

• Etnocentrismo cultural
Familiaridade com o social
• Sendo o sociólogo também um ator social, pode existir uma grande
familiaridade com o seu objeto de estudo, alterando a forma como conduz
a sua pesquisa e consequentemente os resultados obtidos, tornando-os
resultados não científicos.

• A familiaridade com o social dificulta o seu questionamento e logo a sua


análise científica, isto porque a realidade apresenta-se de forma
ilusoriamente transparente e óbvia.

• Como estamos muito próximos dos fenómenos sociais, temos deles um


conhecimento que acreditamos não ser necessário mudar, dificultando a
produção científica.

Familiaridade com o social


• Ideia preconcebida de que conhecemos a realidade social pelo facto de
aí estarmos inseridos.

• A Sociologia é uma ciência difícil porque nos parece já conhecer os


fenómenos sociais, mas o que temos são visões parciais e valorativas
desses fenómenos.

• O fenómeno da pobreza é conhecido de todos mas é um fenómeno


complexo e para compreendê-lo é necessário recorrer à investigação
científica.

Ilusão da transparência do social


• Os factos sociais parecem ser tão transparentes, tão facilmente
explicáveis que não merecem, nem exigem, grande atenção para
serem por nós compreendidos, mas os fenómenos sociais são
complexos e por isso é preciso procurar as diferentes causas e as suas
relações.

• A aparente transparência do social torna-se assim, um enorme


obstáculo à produção científica, na medida em que considera
dispensável a investigação sobre aquilo que já se sabe e que se
compreende.

Ilusão da transparência do social


• O conhecimento distorcido da realidade social por ela nos ser muito
próxima e nos fazer crer que já sabemos tudo sobre o social.

• A proximidade com a realidade observada transmite a ilusão da sua


transparência face à análise científica.

• Fazemos falsas generalizações, impedindo a construção do


conhecimento científico.

Naturalismo

• Tentar explicar certos fenómenos sociais recorrendo a explicações


naturais, ou seja, a fatores de ordem física ou biológica, levando-nos a
atribuir as suas causas à suposta natureza das coisas, como sejam a
natureza humana ou as características de um povo, de uma raça ou de
um dos sexos.
Exemplo:

“As mulheres são mais emotivas de que os homens e por isso, têm mais dificuldade
em aceder a lugares de chefia no trabalho”.

O risco desta crença está em procurar explicar um problema social (reduzido nº de


mulheres em cargos de liderança nas empresas/política), através de atributos
intrínsecos à condição feminina (emotividade, fragilidade, sensibilidade),
esquecendo os fatores sociais e culturais que condicionam uma maior participação
das mulheres.

Individualismo
• Tentar explicar certos fenómenos sociais recorrendo a explicações
individualistas, ou seja, de ordem individual ou psicológica, isto é, reduz
as explicações às características dos indivíduos.

• Exemplos:

• “os alunos copiam porque não gostam de estudar”;

• “as pessoas suicidam-se porque têm problemas mentais”; • “o

desemprego existe porque as pessoas não querem trabalhar”.

Etnocentrismo
• Sentimento de superioridade e sobrevalorização da própria cultura, levando a
considerar as outras culturas como sendo bizarras ou mesmo reprováveis pelo
simples facto de serem diferentes da cultura a que se pertence.

• Julgar as outras culturas tomando como medida de comparação a nossa e por isso
consideramos negativamente, como inferiores ou condenáveis, os modos de vida
das culturas diferentes da nossa.

• Exemplos:

• “os ciganos são um povo machista”;

• “os africanos não gostam de trabalhar”.


Etnocentrismo
• O etnocentrismo é uma visão preconceituosa e unilateralmente
formada sobre outros povos, culturas, religiões e etnias.

• Este conceito refere-se ao hábito de julgar inferior uma cultura


diferente da sua própria cultura, considerando absurdo tudo que dela
deriva e considerando a sua como a única correta.

Especificidade da Sociologia

• A Sociologia não pretende julgar a realidade, mas sim compreendê-la


e fundamentar eventuais intervenções políticas ou institucionais.
• A Sociologia intervém na sociedade na medida em que as suas análises
podem influenciar as ações dos indivíduos e das organizações.

• As sociedades vivem em permanente mutação e a Sociologia contribui


para a transformação das sociedade que analisa.

A análise sociológica preocupa-se com:

• Regularidades sociais (padrões existentes na vida social)

• Ex: o desemprego em pessoas pouco escolarizadas.

• Particularidades sociais (fenómenos localizados)

• Ex: estudo de uma cultura de bairro.


• Singularidades sociais (fenómenos únicos.)

• Por que razão não há duas pessoas iguais?

• O que faz com que dois irmãos oriundos do mesmo meio económico, social e
cultural tenham atitudes e desempenhos diferentes face à escola?

Problemas sociais e problemas sociológicos

• Problema social - tudo o que é característico da vida em sociedade, é mais


abrangente e generalista.

✓ Exemplo: o insucesso escolar em Portugal.

• Problema sociológico - consiste na abordagem do social através da sociologia,


tendo em conta o seu objeto de estudo, conceitos, teorias, métodos e técnicas de
pesquisa.

✓ Exemplo: análise do aproveitamento escolar das crianças e dos jovens que frequentam o
sistema de ensino português.

Exemplo: aproveitamento escolar das crianças e dos jovens que


frequentam o sistema de ensino português.

✓Nesta análise pode-se encontrar fatores, causas e tendências que


explicam o problema social que é o insucesso escolar, assim como
podemos detetar formas de combate deste fenómeno a nível
institucional.
Problemas sociológicos
Quando se fala em “problemas sociológicos” o que está em
causa não é o problema propriamente dito, mas a
compreensão e interpretação do fenómeno social.

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