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Psicologia e Behaviorismos

Slides produzidos com base:

▪ Baum (1994);
▪ Skinner (1945);
▪ Strapasson (2012);
▪ Lattal& Laiplle (2003);
▪ Schultz & Schultz (1992);
▪ Foucault (1961; 1963);

Ítalo Teixeira
(61) 999319626
italoscteixeira@gmail.com
SUMÁRIO

▪ Discutir sobre aspectos históricos relevantes para o surgimento da Ψ;

▪ Qual a relação da Ψ com o behaviorismo?

▪ Introdução - termos/conceitos filosóficos fundamentais;

▪ Diferenças entre Behaviorismo Metodológico e Radical;


Como surge a Ψ
... assim como outras ciências naturais

Espanto/problemática + identificação de regularidades + controle e previsão


de fenômenos;

▪ Condições de possibilidade;
▪ Marcos históricos, sociais, políticos, éticos etc.;
▪ Olhar para o Zeitgeist (“clima intelectual”) de cada época;
Como surge a Ψ

Existe um consenso de que Ψ científica surgiu na Alemanha séc. 19;


Com Wundt, em 1879;
Laboratório de pesquisa experimental em psicofísica;

Alguns recortes de aspectos contextuais relevantes:

Contexto de guerras mundiais


▪ Surgimento de demandas sociais;
▪ Do laboratório para a aplicação (o mundo demandando intervenções);
▪ Muitos pensadores desenvolveram suas teorias sob influência desse contexto (Freud > Agressividade como
força motivadora da personalidade; Fromm e “comportamento anormal” > vivência chacina/fanatismo na
Alemanha);
Como surge a Ψ
Alguns recortes de aspectos contextuais relevantes:

Preconceito e discriminação
▪ Quem pode ser psicólogo?
▪ Discriminação da mulher;
▪ Discriminação étnica (Caso Maslow, “mude de nome”);

Em que contextos pode trabalhar?


▪ O nascimento da clínica (#foucaultlovers);
▪ Psicologia caminhando para diferentes espaços;

Com o que trabalha um psicólogo?


▪ Desde quando um cientista pode entender “a mente”?
▪ Moralismo em torno da investigação científica
Como surge a Ψ
“A psicologia tem um passado longo, mas uma história curta” (Ebbinghaus)

A psicologia como ciência tem esse marco no séc 19;

O investimento para conhecer o mundo (isso inclui o homem) é antigo;

Esse passado longo ainda é “enviesado”: história da experiência ocidental;


Alguns fatos importantes...
O desenvolvimento da noção de subjetividade

A construção do conceito subjetividade

Não há na Grécia a noção de individualidade / pessoa, tal como na


modernidade;

▪ Somos componentes de um grande movimento chamado “vida”;


▪ Gregos pensavam na totalidade: costume que vem das formações dos
mitos;
Alguns fatos importantes...
O desenvolvimento da noção de subjetividade

A construção do conceito subjetividade

Coletividade vs. Individualidade

▪ Civilizações antigas (Greco-romanas): coletividade;


▪ Civilizações modernas (medievais, industriais): introduz a noção de indivíduo, de pessoa;

▪ Ágora: discussões éticas e políticas sobre convívio na Pólis;


▪ Ética e política com foco no grupo/coletividade;
Alguns fatos importantes...
O desenvolvimento da noção de subjetividade

A construção do conceito subjetividade

Na idade média: subjetividade sob a ótica da ética cristã


▪ A instituição Igreja adiciona um “quê” de agência controladora;

▪ Aprender que o fundamento de tudo é Deus;

▪ Faz parte da natureza humana ser “perfeito”;

▪ Caso isso não seja possível: avalie-se!


Alguns fatos importantes...
O desenvolvimento da noção de subjetividade

A construção do conceito subjetividade

Na idade média: subjetividade sob a ótica da ética cristã


▪ Fazer o bem, caso contrário: fogo do inferno;

▪ Contingência para manter comportamento de autoavaliação (introspecção?);

▪ Somos “imagem e semelhança” de uma ideia perfeita: somos produtos, não mais parte de
um todo.

▪ Agora o nosso erro não é resultado da influência dos deuses: nossos erros são de nossa
“responsabilidade”
Alguns fatos importantes...
para pensar...
A construção do conceito subjetividade

Como essa discussão contribui para surgimento da Ψ ?


Alguns fatos importantes...
O desenvolvimento da noção de subjetividade
A construção do conceito subjetividade

Com o fim da idade média (séc. 16): as raízes do capitalismo


▪ Declínio dos feudos;
▪ Sociedade estamental -> sociedade industrial (surgimento da classe burguesa);
▪ Formação dos burgos;
▪ Possibilidade do comércio;
▪ Ampliação da vida urbana;
Alguns fatos importantes...
O desenvolvimento da noção de subjetividade
A construção do conceito subjetividade

Com o fim da idade média (séc. 16): as raízes do capitalismo

▪ Divisão entre público e privado;


▪ Efeitos sobre convívio;
▪ Afeta organização de instituições importantes como a família;
▪ Surgimento da concepção de “infância”;
Alguns fatos importantes...
O desenvolvimento da noção de subjetividade
A construção do conceito subjetividade

Com o fim da idade média (séc. 16): as raízes do capitalismo

▪ O estado responsável pela ordem no contexto público;

▪ O privado é concebido apenas até o nível em que não altera a experiência urbana;
▪ Exclusão dos doentes, das pessoas com deficiência, dos “loucos”;

▪ Começam a surgir espaços específicos para lidar com essa demanda: monetização dessas funções;
Alguns fatos importantes...
O Zeitgeist do séc. 16: início da modernidade

O espírito do mecanicismo
Física newtoniana e a mecânica clássica;

Período da construção de instrumentos: intensifica explorar a natureza;

O mundo como uma grande engrenagem;


Alguns fatos importantes...
O Zeitgeist do séc. 16: início da modernidade

O espírito do mecanicismo
Em decorrência da instrumentalização nessa época:

Filósofos e cientistas começaram a pensar sobre: talvez o universo seja


como um grande relógio que fora criado e colocado em operação pelo
“criador”. (Robert Boyle; Johannes Kepler e René Descartes).
Alguns fatos importantes...
O Zeitgeist do séc. 16: início da modernidade

A meta dos pensadores/pesquisadores modernos: método de investigação


consolidado;

A filosofia moderna muito conhecida pelo termo “epistemologia”

“Rinha” de pensadores: Racionalismo vs. Empirismo


Alguns fatos importantes...
Debate epistemológico: Empirismo vs. Racionalismo

Racionalismo Empirismo
Conhecer é dar razões Conhecer é comparar dados

O mundo é racional. O real das coisas é a forma; O mundo é captado pelos sentidos. O real é a matéria;

O modelo do conhecimento é a matemática; O modelo do conhecimento é a experiência;

As verdades fundamentais o são por evidência lógica; As verdades fundamentais vem pelos sentidos;

As ideias e a verdade são inatas; As ideias e a verdade vem da aprendizagem;

O conhecimento existe “a priori”; O conhecimento existe “a posteriori”;


Alguns fatos importantes...
Debate epistemológico: Empirismo vs. Racionalismo

Principal solução ao problema:

- É possível desenvolver um método de investigação livre de enganos;


- A divisão mente x corpo abre espaço para pensar que o corpo não é sagrado;
- Se o corpo não é “sagrado”, então, pode ser objeto de investigação;

Curiosamente: qual a área de investigação em psicologia que começa a ser foco de


trabalho do início da psicologia como ciência?
Ψ como estudo das sensações

Sensação: elemento objetivo e matematizável da experiência


(pautado na fisiologia);

Alguns exemplos de estudos da psicofísica: estudo do tempo de reação e


de variações físicas de estímulos;
Surgimento da Ψ
Ao final do séc. 19 nos EUA

Thorndike (1898)

▪ Representante da psicologia comparativa (George Romanes);


▪ Influenciado pela perspectiva evolucionista: fundamento para a continuidade;
▪ Sai da “Expressão das emoções....” para a busca de dessemelhança entre homens e
animais;
▪ Acreditava na continuidade da consciência;
Surgimento da Ψ
Ao final do séc. 19 nos EUA

Thorndike (1898)

A lei do efeito
Surgimento da Ψ
Ao final do séc. 19 nos EUA

Titchener (Séc. 19~20) Watson (Séc.19~20)


▪ Psicólogo estruturalista britânico; ▪ Crítica a Titchener;
▪ Estudou com Wundt; ▪ Ψ deveria ser científica;
▪ Usa introspecção como método de ▪ Observar e experimentar
investigação da consciência; comportamentos;
▪ Estudar comportamento per se e não
como embaixador da mente;
Watson um Behaviorista Metodológico?
Strapasson (2008; 2012)

John B. Watson (até 1920, professor da John Hopkins)


▪ Positivista (alcançar verdades por meio da observação e experimentação cuidadosa);
▪ Deu nome ao movimento “behaviorista” em um texto conhecido como “O manifesto behaviorista”;
▪ “Psychology as the behaviorist views it”
▪ Com base no behaviorismo, a psicologia seria:
▪ Ciência natural;
▪ Objetivo: previsão e controle;
▪ VD: comportamento. (ponto);
▪ Contra estruturalismo e consciência como VD;

▪ Watson entendia que há continuidade evolutiva dos processos comportamentais entre organismos
(Darwin feliz);
▪ Estudamos princípios comportamentais;

▪ Era contra o mentalismo;


Watson um Behaviorista Metodológico?

John B. Watson (após 1920):

▪ Problemas conjugais;

▪ Abuso de substâncias;

▪ Demissão de John Hopkins;

▪ Mudou de área de atuação;

▪ Falas controversas...
Surgimento da Ψ
Nos EUA novamente

Harvard (em meados do séc. 20)


Psicologia estruturalista e introspeccionista;
Tolman e o behaviorismo intencional
▪ Experimentos com ratos em labirintos

Spence e o mentalismo
▪ Usar introspecção para encontrar estrutura da consciência
Surgimento da Ψ
Nos EUA novamente

Harvard (em meados do séc. 20)


Psicologia estruturalista e introspeccionista;

Chega o bonde da Europa

Influência do Círculo de Viena: operacionismo


▪ Feigl um dos integrantes que defendia o operacionismo
▪ Operacionismo: define a teoria da verdade para o positivismo lógico;
▪ Uma boa definição científica é aquela que descreve as operações que foram realizadas para chegar em um dado
conceito;
Ex.: Inteligência (é tudo o que o teste de QI mede).
Surgimento da Ψ
Nos EUA novamente

Harvard (em meados do séc. 20)


B. F. Skinner
▪ Nasceu e cresceu no interior dos EUA;
▪ Era uma criança muito curiosa e que gostava de construir;
▪ Queria ser escritor – formou-se em letras;
▪ Lia muito;
▪ Influenciado pela leitura de Watson / Bertrand Russel;

Foi para Harvard:


- Fez doutorado com Boring, um operacionista;
- Também estudou com Crozier, um fisiologista experimentalista;
Surgimento da Ψ
Simpósio sobre o operacionismo

Harvard (1945)
B. F. Skinner
▪ Depois de formado, contratado em Harvard: “rebelou-se” contra o operacionismo (1945);

▪ Ele lança crítica ao operacionismo: acredita-se que há inteligência para além do que o teste de QI mede;

▪ Sua fala virou depois o artigo de (1945) “Análise operacional de termos psicológicos”;

▪ É aqui que Skinner dá nome aos bois:


▪ Nomeia o behaviorismo instaurado por ele como Radical;
▪ Nomeia “Behaviorismo Metodológico” a perspectiva mentalista de Harvard.
Qualificando os Behaviorismos
Behaviorismo até antes de 1945
Comportamentos de:

Inteligência Calcular;
Atentar;
causa
Status ontológico Marcar questões;
Escrever ou apagar ... etc.

Behaviorismo Skinner pós-operacionismo Calcular;


Atentar;

Inteligência Marcar questões;


Escrever ou apagar;
Obter boas notas;
Conceito ou termo que consensualmente
Estudar frequentemente;
utilizamos para descrever um conjuntos
Falar outro idioma;
de comportamentos que pode envolver:
Fazer perguntas;
Ler livros...
Então, conforme Skinner (1945) propôs:
Os behaviorismos: algumas nomenclaturas

- Behaviorismo Metodológico (Da psicologia operacionista de Harvard e ainda mentalista)

- Behaviorismo Mediacional (hoje, cognitivismo)

- Behaviorismo Radical (base filosófica para a Análise do Comportamento)


Qualificando os Behaviorismos

Behaviorismo Metodológico / Mediacional


1. Estudo científico do comportamento;
2. Base no modelo positivista lógico e operacionista;
3. Conceitos clássicos como inteligência, mente/consciência e aprendizagem sendo inferidos
para explicar comportamentos;
4. Metodológico: i) qualidade dada por Skinner aos colegas behavioristas de sua época; ii)
atribuição dada nos livros de psicologia à perspectiva behaviorista proposta por Watson.
5. Mediacional por assumir que consciência (cérebro, mente, cognição, sistema nervoso etc)
funciona ponte: portanto, deveríamos estudar essa ponte (aspecto fundamental) para
entender os comportamentos
Qualificando os Behaviorismos

Behaviorismo Radical
1. Estudo científico do comportamento;
2. Base forte na filosofia pragmática norte-americana: a verdade é definida pela utilidade;
3. Forte crítica ao mentalismo na psicologia (por isso grande aversão ao behaviorismo que
explodia em Harvard por volta de 1920);
4. Tudo que o organismo faz é comportamento, portanto, tudo que o organismo faz é
suscetível a análise e experimentação;
5. Eventos privados (pensamentos e sentimentos) são comportamentos assim como
qualquer outro comportamento;
6. Os comportamentos são selecionados (darwinismo) pelas consequências (lei do
efeito/análise funcional)
Algumas nomenclaturas
Então, Os Behaviorismos:

Metodológico Mediacional Radical


Paradigma S -> R S – O -> R Ambiente: R -> S

Objeto de estudo Comportamentos e Comportamentos, eventos Comportamentos: públicos


“eventos mentais” mentais e cognitivos; ou privados;

Bases teóricas e Círculo de Viena: Circulo de Viena: Pragmatismo norte-


Operacionismo e Operacionismo e americano; Teoria da
influencias Positivismo Lógico; Positivismo Lógico; Evolução; Lei do efeito e
fundamentais Psicologia Cognitiva de condicionamento clássico;
Bruner, Goodnow e Austin
(1956); inovações da
tecnologia informacional;
Visão de mundo Realista e Dualista Realista e Dualista Materialista e Monista

Como concebem Entidades metafísicas Entidades metafísicas Comportamento operante


eventos privados

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