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FICHA TEMÁTICA DO SEMESTRE EUROPEU

TRANSPORTES

1. INTRODUÇÃO transportes são aspetos fundamentais. No


entanto, estes aspetos continuam por ser
Os transportes são um setor fundamental da concretizados na sua totalidade. A reposta a
economia, abrangendo uma complexa rede estes desafios ajudará na prossecução de
de empresas públicas e privadas que um crescimento sustentável da União
fornecem mercadorias e prestam serviços Europeia.
aos cidadãos e empresas da União Europeia
e dos seus parceiros comerciais. Permitem Recentemente, a Comissão tomou várias
igualmente a mobilidade dos cidadãos iniciativas para promover o desenvolvimento
europeus, contribuindo assim de forma do espaço único europeu dos
significativa para a livre circulação de transportes, política que prossegue há
pessoas no mercado interno da União. décadas. Foram alcançados progressos para
a consecução deste objetivo com, por
A existência de serviços e infraestruturas de exemplo:
transporte eficientes é crucial para
aproveitar os trunfos económicos de todas  o 4.º pacote ferroviário;
as regiões da União Europeia e apoiar o  as iniciativas da Cintura Azul para o
mercado interno e o crescimento. Por transporte marítimo;
conseguinte, os transportes são um fator de  a proposta relativa ao pacote do céu
coesão económica e social. São igualmente único europeu II+ para o transporte
importantes para a competitividade aéreo (ainda pendente);
comercial, visto que a disponibilidade, o  o programa NAIADES para promover o
preço e a qualidade dos serviços de transporte por vias navegáveis interiores.
transporte têm sérias implicações nos
processos produtivos e na escolha dos A Comissão procura colmatar lacunas,
parceiros comerciais. Por força deste seu nomeadamente na integração do mercado
papel central, os transportes estão, por dos transportes rodoviários, através de
definição, igualmente interligados com vários um conjunto de iniciativas em prol de uma
outros domínios de intervenção, tais como transição socialmente justa para uma
as políticas ambientais e sociais. mobilidade ecológica, competitiva e
conectada, apresentado na sua Estratégia
Os principais desafios do setor dos de Mobilidade Hipocarbónica (adotada em
transportes na União Europeia passam pela julho de 2016) e, posteriormente, na sua
criação de um espaço único europeu dos Comunicação «A Europa em
transportes funcional, ligando a Europa com Movimento»1, de 31 de maio de 2017. Esta
redes de infraestruturas de transportes comunicação acompanha um conjunto de
modernas, multimodais e seguras, e pela propostas legislativas (designado por
transição para a mobilidade hipocarbónica, o «pacote de mobilidade») no sentido da
que implica também a redução de outras revisão das regras de acesso ao mercado do
externalidades negativas dos transportes. Do
ponto de vista social, a acessibilidade dos
preços, a fiabilidade e a disponibilidade dos 1
COM(2017) 283.
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transporte rodoviário de mercadorias, da  uma estratégia pós-2020 para todos os
melhoria da legislação social no setor do meios de transporte rodoviário, apoiada
transporte rodoviário e da revisão das regras por esforços de investigação e
da tarifação rodoviária. investimento3.

Em 8 de novembro de 2017, a Comissão Além disso, em 2018, o «Ano da


adotou um segundo conjunto de Multimodalidade» acomodará iniciativas e
propostas (a «segunda vaga do pacote de eventos importantes, nomeadamente uma
mobilidade»). Estas propostas respondem ao «plataforma única europeia» no setor do
desafio de tornar a mobilidade ecológica, transporte marítimo. No âmbito da segunda
competitiva e conectada através de uma vaga do pacote de mobilidade, a Comissão
combinação de medidas do lado da oferta e propôs a revisão da Diretiva «Transportes
da procura em matéria de mobilidade Combinados»4.
hipocarbónica. Tais medidas combinam um
quadro regulamentar favorável com ações Podem ser consultadas mais informações
destinadas a mobilizar meios financeiros, sobre a situação atual das políticas de
sempre que necessário, assegurando ao transportes no relatório de execução do
mesmo tempo a aceitação por parte dos Livro Branco de 20165, no documento de
consumidores e salvaguardando as trabalho dos serviços da Comissão que
dimensões da proteção social e do emprego. acompanha a Comunicação «A Europa em
Movimento»6 e no relatório de execução da
Em termos concretos, as propostas incluem estratégia de transporte marítimo da UE
uma série de medidas com o objetivo de para o período de 2009-20187.
permitir a transição para uma mobilidade
com um nível de emissões baixo ou A fim de ajudar os países da UE a
nulo, tais como a revisão da Diretiva desenvolverem a rede transeuropeia de
«Veículos Não Poluentes» ou o seguimento transportes (rede RTE-T), a União
do plano de ação relacionado com a Diretiva Europeia adotou, em 2013, um regulamento
«Combustíveis Alternativos»2. que estabelece as orientações da União para
o investimento nos transportes (orientações
A transição para uma mobilidade para a RTE-T). O regulamento impõe aos
hipocarbónica era já um dos objetivos países da UE a obrigação juridicamente
enunciados no Livro Branco sobre os vinculativa de desenvolverem as designadas
Transportes de 2011, tendo sido apoiada por redes RTE-T «principais» e «globais».
várias iniciativas. A Comunicação
«Estratégia Europeia de Mobilidade Além disso, o regulamento identifica projetos
Hipocarbónica» assinala os domínios sobre de interesse comum e especifica os
os quais incidirão as iniciativas da Comissão: requisitos a cumprir na execução de tais
projetos. Adotado em 2013, o Regulamento
 soluções digitais para a mobilidade; que cria o Mecanismo Interligar a Europa
(MIE)8 atribuiu um orçamento de sete anos
 preços justos e eficientes dos transportes (2014-2020) no valor de 30,4 mil milhões de
(que devem refletir melhor as externalidades
negativas dos transportes);
 promoção da multimodalidade;
3
COM(2016) 501 final.
 um quadro efetivo para fontes alternativas de 4
COM(2017) 648 final.
energia hipocarbónica; 5
Documento de trabalho dos serviços da
Comissão, SWD(2016) 226.
 implantação de infraestruturas para 6
Documento de trabalho dos serviços da
combustíveis alternativos; Comissão, SWD(2017) 177.
7
Documento de trabalho dos serviços da
 interoperabilidade e normalização para a Comissão, SWD(2016) 326.
eletromobilidade; 8
Regulamento (UE) n.º 1316/2013 do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 11 de dezembro de 2013,
 melhoramento dos ensaios de veículos; que cria o Mecanismo Interligar a Europa, JO L 348
de 20.12.2013, com a redação que lhe foi dada pelo
Regulamento (UE) 2015/1017 que cria o Fundo
Europeu para Investimentos Estratégicos, a
Plataforma Europeia de Aconselhamento ao
Investimento e o Portal Europeu de Projetos de
2
COM(2017) 675 final. Investimento, JO L 169 de 25.6.2015.
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EUR, dos quais 24 mil milhões de EUR  a falta de um equilíbrio adequado entre
destinados ao setor dos transportes. vida profissional e pessoal no trabalho
Estes exemplos demonstram as por turnos;
oportunidades consideráveis que o setor  falta de adaptação do local de trabalho e
dos transportes europeu oferece, mas dos equipamentos (por exemplo,
também os desafios com que este se inexistência de instalações sanitárias
defronta, nomeadamente em termos de para mulheres ou de vestuário de
digitalização, inovação, liderança mundial e segurança em tamanhos para mulheres);
benefícios sociais. Tal é particularmente  recrutamento específico de mulheres
evidente na atual situação de mudanças insuficiente, num setor que tem a
disruptivas no domínio das tecnologias reputação de ser dominado pelos
(por exemplo, a eletromobilidade) e dos homens;
padrões de mobilidade (por exemplo, a  falta de oportunidades de formação e de
economia da partilha), que realça os aprendizagem ao longo da vida.
desafios, mas também as oportunidades
analisadas na presente ficha. O setor dos transportes europeu oferece
amplas oportunidades de crescimento,
A presente ficha está estruturada do mas subsistem desafios significativos que
seguinte modo: a secção 2 analisa o impedem o pleno aproveitamento de tais
desempenho dos países da UE em termos de oportunidades. Dado que os transportes e a
funcionamento do mercado dos transportes, logística representam uma parte
qualidade das infraestruturas e impacto considerável dos custos das empresas e
ambiental dos transportes. A secção 3 das despesas dos agregados familiares,
identifica as políticas seguidas para enfrentar a prestação de serviços de transporte mais
os desafios e analisa a abordagem adotada eficientes e a melhoria da logística podem
ao nível da União. A secção 4 analisa a afetar os cidadãos e as empresas de forma
situação das políticas existentes e faz o palpável. Em relação às famílias da UE,
balanço da execução das mesmas pelos estima-se que os transportes correspondam
países da UE. a cerca de 13 % do seu consumo final total.
A melhoria das infraestruturas e a
otimização do desempenho das cadeias
2. DESAFIOS ESTRATÉGICOS: logísticas multimodais podem contribuir para
PANORÂMICA DO DESEMPENHO NOS reduzir os custos logísticos.
PAÍSES DA UE

Na União Europeia, o setor dos transportes e


da armazenagem emprega cerca de
11 milhões de pessoas, representando mais
de 5 % do emprego total9 e quase 5 % do
PIB10.
No entanto, a percentagem de mulheres
empregadas no setor dos transportes é
reduzida. De acordo com o inquérito às
forças de trabalho do Eurostat, na maioria
dos países da UE, as mulheres representam
cerca de 20 % da mão-de-obra no setor dos
transportes (2016). Os parceiros sociais
apontam algumas das razões para esta sub-
representação das mulheres no setor dos
transportes, nomeadamente:

9
Eurostat, Inquérito às forças de trabalho, dados
de 2016, NACE H: «Transportes e armazenagem».
10
Eurostat, Contas Nacionais, dados de 2015,
NACE H: «Transportes e armazenagem».
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Figura 1: Percentagem e crescimento do orientadas para a realização do mercado
emprego das mulheres no setor dos11 único dos transportes, a fragmentação do
transportes na UE28 (2008-2016) mercado dos transportes continuará a
limitar a qualidade dos serviços de
transporte na Europa e a impedir a
exploração do seu potencial de crescimento.

Além disso, as lacunas da legislação social


relativa aos transportes e as práticas
nacionais divergentes conduziram à
deterioração das condições sociais dos
trabalhadores do setor dos transportes e
podem ainda piorar a qualidade dos serviços
de transporte. Deste modo, a abertura do
mercado e a coesão social estão
intrinsecamente ligadas.

O transporte ferroviário, em particular,


tem sentido dificuldades para realizar o seu
potencial, isto apesar das suas vantagens
comparativas (nomeadamente, a velocidade
e o conforto no transporte de passageiros e
as economias de escala no transporte de
mercadorias) no transporte de médio a longo
curso e do seu importante contributo para a
descarbonização dos transportes e uma
mobilidade socialmente inclusiva.

FONTE: EUROSTAT, INQUÉRITO ÀS FORÇAS DE TRABALHO. Os serviços de transporte ferroviário de


mercadorias enfermam de baixos níveis de
No que toca aos produtos e serviços de qualidade e fiabilidade, devido ao défice de
elevado valor acrescentado produzidos na coordenação da oferta de capacidade
Europa, os custos de transporte podem não transfronteiras, de gestão do tráfego e de
equivaler a uma proporção muito planeamento das obras infraestruturais.
significativa dos custos totais, mas a
fiabilidade da logística é fulcral para o A criação de um espaço ferroviário
funcionamento de cadeias de valor cada vez europeu único exige importantes esforços
mais complexas. A fim de aproveitar as no sentido de concretizar a interoperabilidade
oportunidades de crescimento associadas técnica e assegurar a aptidão do material
aos transportes e reduzir os custos com os circulante para atravessar as fronteiras
mesmos, é necessário enfrentar uma série nacionais. Além disso, a normalização de
de desafios horizontais. Estes podem ser sistemas e equipamentos no seu sentido mais
agrupados sob três títulos: funcionamento lato é essencial para ganhar eficiência e
do mercado, infraestruturas e externalidades reduzir custos. A legislação específica da UE,
negativas. como o pilar técnico do 4.º pacote ferroviário,
visa promover a interoperabilidade. As regras
2.1. Funcionamento suboptimizado do são aplicadas com a assistência da Agência
mercado Ferroviária da União Europeia (ERA).

Na UE, as políticas de transportes A ausência de concorrência efetiva pode


caracterizam-se pela divergência das explicar por que razão, em muitos países da
prioridades nacionais. Sem a aplicação UE, o transporte ferroviário não evoluiu no
exaustiva, a nível nacional, de iniciativas sentido dos serviços orientados para o
políticas europeias, como as acima referidas, cliente, de modelos de negócio inovadores e
da redução de custos/preços observados,
após a abertura do mercado, noutros modos
de transporte. O grau de concorrência no
11
Salvo especificação em contrário, os países setor ferroviário, medido como a quota de
abrangidos pelos dados apresentados na presente mercado total de todas as companhias
ficha são os da UE-28.
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ferroviárias, exceto as maiores, não é elevado vários países da UE antes dos prazos legais
(ver figura 2). Apesar de um reduzido impostos pelo direito da UE, em diferentes
número de concorrentes poder refletir a graus e com resultados diversos. Foram
pequena dimensão de um mercado, vários criados novos serviços comerciais (de acesso
entraves à entrada de novos operadores aberto) na República Checa, Alemanha, Itália,
continuam a limitar o desenvolvimento da Áustria, Suécia e Reino Unido. Apesar das
concorrência no setor ferroviário. várias razões para o êxito ou fracasso da
exploração de uma nova empresa ferroviária,
O mercado do transporte ferroviário de observa-se um traço comum: na ausência de
mercadorias está totalmente aberto à garantias contra as práticas desleais, os novos
concorrência desde 2007. Entre 2010 e 2015, operadores enfrentam grandes obstáculos.
as quotas de mercado dos concorrentes
continuaram a aumentar na maioria dos Mais especificamente, os novos operadores
países da UE, sobretudo na Bélgica, Bulgária, comerciais continuam a ser objeto de
República Checa, Alemanha e Hungria. As discriminação no acesso às
exceções a esta tendência de crescimento infraestruturas ferroviárias e a
foram a Estónia e a França. instalações de serviço essenciais, tais
como estações e oficinas de manutenção,
No mercado do transporte ferroviário de muitas vezes detidas e operadas por
passageiros, as quotas de mercado dos operadores históricos. Além disso, os
concorrentes são inferiores e menos operadores históricos podem adotar um
diversificadas e dependem também do grau comportamento anticoncorrencial ou recorrer
de liberalização, que varia de país para país. a subvenções cruzadas para manter os
Na maioria dos países, as companhias concorrentes fora do mercado.
ferroviárias históricas controlam mais de
80 % do mercado, exceto na Polónia (48 %), Em 2015, dois terços dos serviços de
na Suécia (67 %), em Itália (77 %) e no transporte ferroviário de passageiros da UE
Reino Unido (onde não existe nenhum eram prestados no âmbito de CPS, em
operador histórico). Em 10 países, ainda não especial no tráfego regional e suburbano.
existiam operadores alternativos em 2015. Esta média oculta diferenças consideráveis
entre os países da UE. Na Dinamarca,
O 4.º pacote ferroviário pretende completar Irlanda, Grécia, Croácia e Luxemburgo, todos
o processo de abertura do mercado os serviços de transporte de passageiros são
desmantelando os monopólios legais que abrangidos por contratos públicos de
ainda subsistem nos mercados nacionais de serviços. A realização de concursos públicos
transporte de passageiros. Introduz o princípio para a adjudicação destes contratos é um
do concurso público para a adjudicação de indicador importante do grau de abertura do
contratos públicos de serviços (CPS) e melhora mercado. Na UE, a maioria dos CPS é ainda
a governação das infraestruturas, de modo a diretamente adjudicada aos operadores
criar um contexto não discriminatório. No históricos. Apesar de o 4.º pacote ferroviário
entanto, até que o pacote seja plenamente ter introduzido o princípio do concurso
executado, subsistirão desafios importantes público, demorará ainda algum tempo (até
para vencer no terreno. 2023) até que a realização dos concursos
seja uma prática generalizada.
A abertura dos mercados de transporte
ferroviário de passageiros foi prosseguida por

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Figura 2: Quota de mercado de todas as companhias ferroviárias, exceto as principais (2015)

FONTE: DG MOVE, INQUÉRITO DE MONITORIZAÇÃO DO MERCADO FERROVIÁRIO DE 2015, RELATÓRIOS ANUAIS DO GRUPO DE REGULADORES
INDEPENDENTES DA FERROVIA. GRÉCIA, IRLANDA, LITUÂNIA, LUXEMBURGO E FINLÂNDIA TÊM UMA PONTUAÇÃO DE 0 EM AMBOS OS
INDICADORES. DADOS DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS: DEVIDO À ALTERAÇÃO DA METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DOS RELATÓRIOS, A
MAIORIA DOS VALORES DE 2015 CORRESPONDE A ESTIMATIVAS DA DG MOVE. NÃO APLICÁVEL A CHIPRE E MALTA.

No setor do transporte rodoviário, o país exportador. No entanto, tal realidade é


mercado internacional (intra-UE) de serviços rara na UE.
de transporte de mercadorias e passageiros
foi totalmente aberto à concorrência mas, a Os transportadores de alguns dos novos
nível nacional, os transportes continuam a países da UE, como a Polónia, Bulgária,
ser altamente protegidos. No que respeita ao Croácia e Roménia, são largamente
transporte de mercadorias, a dominantes nas operações de transporte do
«cabotagem», ou seja, os transportes a nível comércio externo dos respetivos países. Esta
nacional realizados por transportadores situação decorre dos baixos custos da mão
estrangeiros, está sujeita a restrições. Por de obra.
conseguinte, os operadores têm dificuldade
em otimizar as suas operações e um em A competitividade relativa dos
cada dois veículos que realizam transportes transportadores dos novos países da UE é
nacionais fora do respetivo país de matrícula também visível na sua quota do tráfego
circula vazio12. terceiro (transporte entre dois países, não
sendo nenhum deles o país de matrícula do
O desempenho dos transportadores transportador): detêm 80 % do tráfego
nacionais pode, em certa medida, ser terceiro na UE. No outro extremo do espetro,
comparado olhando para as percentagens de os transportadores de países como a Suécia,
veículos nacionais que intervêm nas França, Itália, Bélgica e Dinamarca
exportações para e importações de outros mostram-se menos competitivos e têm uma
países da UE. Em determinadas condições, quota de mercado relativamente reduzida no
seria de prever uma distribuição semelhante que se refere ao transporte das importações
das atividades de transporte entre os e exportações das suas próprias economias.
transportadores do país importador e os do Com uma quota combinada inferior a 2 % do
total, estes países estão mais ou menos
ausentes do mercado do tráfego terceiro.
12
Comissão Europeia (2014), Relatório da
Comissão ao Parlamento Europeu e ao Conselho
sobre a situação do mercado do transporte
rodoviário da União [COM(2014) 222].
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Figura 3: Percentagem de veículos nacionais nas toneladas-km geradas nas exportações para e
importações de outros países da UE-28 (%, 2016)

FONTE: EUROSTAT. OS DADOS RELATIVOS A CHIPRE E MALTA ESTÃO INDISPONÍVEIS OU NÃO SÃO FIÁVEIS.

Quanto ao transporte de passageiros, o voo ou duplica funções dispendiosas. Em


acesso ao mercado interno continua a ser consequência, em 2014, os custos unitários
objeto de fortes restrições em vários países da prestação de serviços de navegação
da UE, que protegem operadores históricos aérea eram cerca de 35 % mais baixos nos
monopolistas da concorrência. Contudo, a EUA do que na Europa14. Dada a resistência
liberalização dos serviços de transporte em oferecida por muitos países da UE, não raro
autocarro de longo curso tem avançado em motivada por preocupações de natureza
diversos países da UE: Suécia (2012), social, a plena realização do céu único
Alemanha (2013), Itália (2014) e França europeu constitui um desafio permanente.
(2015). Além disso, prevê-se que os grandes
No âmbito das iniciativas da segunda vaga aeroportos europeus venham a enfrentar
do pacote de mobilidade, a Comissão propõe uma rutura de capacidade num futuro
uma diretiva relativa ao acesso aos serviços próximo. Estima-se que, por volta de 2035,
de transporte de passageiros e de transporte haja um excedente de procura anual de
por autocarro. O principal objetivo consiste cerca de dois milhões de voos que os
em melhorar a acessibilidade e a aeroportos europeus não conseguirão
competitividade dos serviços regulares satisfazer por défice de capacidade. Os
interurbanos e prosseguir a abertura deste países do Benelux, a Alemanha e o Reino
mercado13. Unido são os que apresentam o risco mais
elevado de não satisfação da procura em
O setor da aviação europeu já beneficiou 203515. Estes dois problemas comprometem
com a total liberalização do mercado das seriamente a capacidade do setor da aviação
transportadoras aéreas. Um dos principais europeu para crescer de forma sustentável e
problemas que afetam o seu desempenho é competir a nível internacional. Além disso,
a fragmentação do espaço aéreo da UE, a são responsáveis por congestionamentos,
qual implica elevados custos de exploração atrasos e aumentos dos custos.
para as transportadoras aéreas, uma vez
que limita a otimização das trajetórias de

14
Eurocontrol, Comparação EUA-Europa continental
13
Regulamento (CE) n.º 1073/2009 do Parlamento das tendências dos serviços de navegação aérea em
Europeu e do Conselho, de 21 de outubro de 2009, que matéria de relação custo-eficácia, 2014.
15
estabelece regras comuns para o acesso ao mercado Observatório Europeu da Capacidade e da Qualidade
internacional dos serviços de transporte em autocarro e Aeroportuárias, Learning from national, regional and
que altera o Regulamento (CE) n.º 561/2006, JO L 300 local strategies on airport capacity, Relatório final do
de 14.11.2009. grupo de missão, maio de 2015.
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Os desafios passam também pela criação de O financiamento público dos aeroportos
um melhor acesso ao mercado e de regionais é, em muitos casos, necessário
oportunidades de investimento com países para garantir a coesão territorial. No
terceiros, bem como pela manutenção das entanto, importa evitar distorções indevidas
exigentes normas da UE em matéria de da concorrência com a subvenção de
segurança e ambiente. Ambas constituem aeroportos economicamente inviáveis. O
condições prévias para um setor da aviação crescimento sustentável dos aeroportos e
competitivo. das transportadoras aéreas exige a plena
observância das regras relativas aos auxílios
O transporte marítimo necessita de estatais. De resto, existem queixas de
eliminar os nós de estrangulamento e de alegadas práticas de concorrência desleal
agir nos domínios da simplificação por parte de transportadoras aéreas de
administrativa, da capacidade e eficiência países terceiros, que assim ameaçam as
dos portos, da ligação ao interior e do transportadoras da UE.
acesso ao financiamento. A falta de
infraestruturas de alta qualidade ou o baixo No que se refere ao transporte marítimo, o
nível de desempenho dos serviços portuários Regulamento «Portos» estabelece que as
pode resultar em custos adicionais relações financeiras entre os poderes
significativos para carregadores, operadores públicos e a entidade gestora de um porto,
de transporte e consumidores: para as ou outra entidade que preste serviços
empresas da UE, os custos de portos e portuários ou de dragagem, e que seja
terminais podem representar até 25 % do beneficiária de fundos públicos, têm de ser
total do custo da logística porta a porta. O refletidas de forma transparente no sistema
Regulamento «Portos» de 201716 estabelece contabilístico. Reduz-se, assim, o risco de
regras sobre a transparência do subvenções cruzadas indevidas.
financiamento público para melhorar o
acesso ao mercado e tornar mais eficientes No setor do transporte ferroviário, são
os investimentos nos portos e as operações frequentes os casos de auxílios (à
portuárias. restruturação) e sobrecompensação das
obrigações de serviço público. Além disso, a
Os transportes por vias navegáveis não separação dos gestores das
interiores, caso não sejam objeto de infraestruturas e dos operadores dos
mudanças estruturais de longo prazo para serviços obsta a uma concorrência leal ou à
melhorar a qualidade das suas condições de exploração eficiente das infraestruturas.
funcionamento, perderão a sua vantagem
comparativa enquanto modo de transporte A Comissão monitoriza o funcionamento dos
eficiente e com baixos custos externos. A serviços de transporte para os
forma adequada de o evitar passa por consumidores no Painel de Avaliação dos
investir na melhoria das infraestruturas, em Mercados de Consumo, que classifica mais
competências, na digitalização e na de 40 mercados de consumo. Os resultados
integração na cadeia logística. Tal exige a do inquérito de 201517 indicam que os
definição de normas comuns ao nível da UE serviços de transporte ferroviário continuam
e uma cooperação transfronteiras entre a ser vistos pelos consumidores da UE como
países da UE, por exemplo, no âmbito da um dos setores de serviços com pior
Estratégia para a Região do Danúbio. desempenho (24.ª posição nos 29 mercados
de serviços objeto do inquérito de 2015),
Outro desafio comum do funcionamento do com a quarta maior incidência de problemas.
mercado reside em criar condições para uma
concorrência leal entre os vários
operadores de transportes num mercado que
não seja distorcido por auxílios estatais
ilegais ou por abusos relacionados com o
controlo das infraestruturas.

16
Regulamento (UE) 2017/352 do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 15 de fevereiro de 2017,
17
que estabelece o regime da prestação de serviços Inquérito de monitorização do mercado
portuários e regras comuns relativas à transparência ferroviário de 2015, publicado no Painel de Avaliação
financeira dos portos, JO L 57 de 3.3.2017. dos Mercados de Consumo de 2016.
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Figura 4: Índice de desempenho do mercado de três mercados de transportes (2015)

FONTE: INQUÉRITO DE MONITORIZAÇÃO DO MERCADO DE 2015. O IDM INDICA EM QUE MEDIDA UM DETERMINADO MERCADO PROPORCIONA O
RESULTADO PRETENDIDO AOS CONSUMIDORES. TRATA-SE DE UM ÍNDICE COMPOSTO QUE INTEGRA CINCO COMPONENTES PRINCIPAIS: A
CONFIANÇA DOS CONSUMIDORES NOS RETALHISTAS/PRESTADORES, A FACILIDADE DE COMPARAÇÃO DE DIFERENTES PROPOSTAS, A EXTENSÃO
DOS PROBLEMAS E PREJUÍZOS, AS EXPECTATIVAS E A ESCOLHA. CADA COMPONENTE É PONDERADO DE ACORDO COM A IMPORTÂNCIA QUE LHE
FOI DADA PELO INQUIRIDO, SENDO A PONTUAÇÃO MÁXIMA IGUAL A 100.

A heterogeneidade das pontuações dos países da avaliação ex-post da legislação social no setor dos
UE18 quase que duplica a média respeitante a todos transportes rodoviários e da sua aplicação, realizada
os serviços. Bulgária, Croácia, Roménia e Itália no período de 2015-201721, concluiu que as regras
surgem no fim da classificação. em vigor não afastam de forma eficiente e eficaz os
riscos de deterioração das condições de trabalho e
Embora os serviços de transporte aéreo recolham,
as distorções da concorrência. Tal deve-se às
em geral, uma avaliação relativamente boa (4.º
lacunas do quadro jurídico. Certas regras são pouco
lugar na classificação dos mercados de serviços),
claras, inadequadas ou difíceis de aplicar, o que dá
um quinto das queixas transfronteiras recebidas
origem a diferenças de aplicação das normas
pela Rede dos Centros Europeus do Consumidor
comuns entre os países da UE e gera o risco de
respeitam ao transporte de passageiros ou de
fragmentação do mercado interno. As regras são
bagagens por via aérea19. Um inquérito do
atualmente objeto de um trabalho de clarificação e
Eurobarómetro20 sobre os direitos dos passageiros
revisão no âmbito do pacote de mobilidade, o qual
em todos os modos de transporte revela que o nível
deverá clarificar as normas mínimas em matéria de
de sensibilização do público (31 %) se manteve
proteção social e remuneração dos trabalhadores
estável em relação aos inquéritos anteriores de
destacados no setor dos transportes (rodoviários).
2005 e 2009 (apenas sobre os direitos dos
passageiros de transportes aéreos). No setor do transporte marítimo, houve progressos
desde a entrada em vigor da diretiva que incorpora
No tocante aos passageiros com deficiência ou
a Convenção sobre Trabalho Marítimo de 2006 da
mobilidade reduzida, 81 % dos que solicitaram
Organização Internacional do Trabalho no direito da
assistência durante a viagem mostraram-se
UE22. No setor da aviação, a situação dos
satisfeitos com a assistência prestada. O mercado
trabalhadores altamente móveis é merecedora de
dos serviços de transporte por elétrico, autocarro
atenção. Pese embora a introdução do conceito da
local e metropolitano tem um resultado próximo da
«base» no Regulamento relativo à coordenação dos
média do setor dos serviços (15.º lugar).
No que se refere à dimensão social, uma
21
https://ec.europa.eu/transport/sites/
18 transport/files/facts-fundings/evaluations/doc/2016-
Medidas pelo desvio-padrão do Indicador de ex-post-eval-road-transport-social-legislation-final-
Desempenho do Mercado (IDM). report.pdf.
19
Rede dos Centros Europeus do Consumidor: 22
Diretiva 2009/13/CE do Conselho, de 16 de fevereiro
relatório Anual de 2013. de 2009, que aplica o Acordo celebrado pela Associação
http://ec.europa.eu/consumers/ecc/docs/report_ecc de Armadores da Comunidade Europeia (ECSA) e pela
-net_2013_en.pdf. Federação Europeia dos Trabalhadores dos Transportes
20
Eurobarómetro especial n.º 420, dezembro (ETF) relativo à Convenção sobre Trabalho Marítimo,
de 2014. 2006, JO L 124 de 20.5.2009.
Página 9 |
sistemas de segurança social de 201223, subsistem De igual modo, por toda a UE, as
lacunas no que respeita à clarificação das regras infraestruturas rodoviárias e ferroviárias
sobre o direito do trabalho aplicável aos têm vindo a degradar-se devido ao défice de
trabalhadores altamente móveis e ao tribunal manutenção das vias. Em muitos casos, os
competente para resolver litígios. orçamentos de manutenção foram objeto de
cortes drásticos e não evoluíram em sintonia com
2.2. Deficiências ao nível das infraestruturas a crescente extensão das infraestruturas e o
Desde a crise económica mundial que a UE se envelhecimento das ligações principais. Esta
debate com o problema dos baixos níveis de situação levou a uma deterioração do estado das
investimento nas infraestruturas de estradas em muitos países da UE, o que
transportes, os quais entravaram a aumentou os riscos de acidentes, os
modernização do sistema de transportes da UE. congestionamentos e o ruído e diminuiu o
São necessários esforços coletivos e coordenados serviço prestado à sociedade.
a nível europeu, que, recentemente, tiveram o A adaptação das infraestruturas aos novos
impulso do Plano de Investimento para a Europa, padrões de mobilidade e a implantação de
para inverter esta tendência descendente. infraestruturas para os combustíveis alternativos
Mais especificamente, a rede transeuropeia de não poluentes colocam outros desafios que
transportes (RTE-T) carece de investimentos exigem novos investimentos e uma abordagem
em novas infraestruturas e na renovação e diferente na conceção das redes e dos modelos
modernização da rede existente. É necessária de negócio.
uma melhor coordenação entre os países da UE A eliminação dos pontos de estrangulamento nas
na execução dos projetos de infraestruturas vias de interesse fundamental para a UE requer
transfronteiras. um planeamento adequado. Têm de ser criadas
Se, para alguns países da UE, a questão principal condições para assegurar a total absorção dos
reside em modernizar e manter as infraestruturas fundos do Mecanismo Interligar a Europa
existentes, para outros, a necessidade passa por afetados a projetos ferroviários nos países da UE
desenvolver ou expandir a sua rede de elegíveis para o Fundo de Coesão. Por exemplo,
transportes. A disponibilidade e a qualidade nos casos dos Estados bálticos e da Polónia, a
das infraestruturas de transportes são Comissão anunciou, em 26 de junho de 2017,
particularmente baixas na parte oriental da quase 500 milhões de EUR para dois projetos no
União Europeia. A renovação e a modernização âmbito do projeto global «Rail Baltica»
de uma extensa rede ferroviária constituem (110 milhões de EUR para o projeto conjunto do
também um desafio comum a essa parte da UE. consórcio RB Rail, entre a Estónia, a Letónia e a
Nas duas últimas décadas, os esforços Lituânia, e 338 milhões de EUR para a linha
centraram-se na conclusão da rede de Białystok-Ełk).
autoestradas. Na Grécia, em Espanha, em França, em Itália e em
A construção das ligações em falta nas Portugal, é fundamental melhorar os serviços
fronteiras entre países da UE e ao longo dos portuários e as ligações dos portos com o
principais eixos europeus, a eliminação dos interior por ferrovia (e/ou por vias navegáveis
pontos de estrangulamento e a interligação dos interiores). Os investimentos na rede ferroviária para
modos de transporte em terminais são concretizar os corredores ferroviários e revitalizar o
fundamentais para o mercado único e para ligar a transporte ferroviário de mercadorias são prioritários
Europa aos mercados externos e aos parceiros em Portugal e Espanha.
comerciais. O bom funcionamento da rede É também necessário proceder à melhoria e
europeia exige a integração e a interligação de modernização das infraestruturas da rede de vias
todos os modos de transporte, com navegáveis interiores da Bélgica, Alemanha,
equipamentos para a gestão do tráfego e França, Países Baixos e Áustria. Os investimentos na
tecnologias inovadoras. navegabilidade das vias navegáveis interiores
búlgaras, húngaras e romenas, com destaque para o
Danúbio, poderiam eliminar pontos de
estrangulamento importantes da rede de transportes
23
Regulamento (UE) n.º 465/2012 do Parlamento da UE24.
Europeu e do Conselho, de 22 de maio de 2012, que
altera o Regulamento (CE) n.º 883/2004, relativo à
coordenação dos sistemas de segurança social, e o
24
Regulamento (CE) n.º 987/2009, que estabelece as Cf. Plano de Trabalho da UE do Corredor
modalidades de aplicação do Regulamento (CE) Reno-Danúbio, Declaração Ministerial sobre o
n.º 883/2004, JO L 149 de 8.6.2012. Danúbio de junho de 2016.
Página 10 |
Figura 5: Satisfação com a qualidade das infraestruturas (2016-2017)

FONTE: FÓRUM ECONÓMICO MUNDIAL, BASE DE DADOS DOS RELATÓRIOS SOBRE A COMPETITIVIDADE MUNDIAL DE 2016-2017. ESCALA DE 1
[EXTREMAMENTE SUBDESENVOLVIDAS] A 7 [EXTENSAS E EFICIENTES À LUZ DAS NORMAS INTERNACIONAIS]. OS PAÍSES FORAM
CLASSIFICADOS QUANTO AO SEU DESEMPENHO GLOBAL EM MATÉRIA DE INFRAESTRUTURAS DE TRANSPORTES.

Tendo em conta a vaga de inovação prendem-se sobretudo com a implantação


tecnológica e de modelos de negócio fragmentada dos STIC nos países da UE. Esta
disruptivos (por exemplo, o transporte situação cria barreiras dentro do mercado único e
partilhado), aumentaram as possibilidades e a pode dificultar a interoperabilidade entre os
procura de transportes mais seguros, eficientes e diferentes sistemas eletrónicos e normas
sustentáveis. As tecnologias digitais ajudam a tecnológicas.
reduzir o erro humano. Paralelamente, podem
A implantação de sistemas de transporte
criar um sistema de transportes verdadeiramente
inteligentes para o tráfego rodoviário e da sua
multimodal e espoletar a inovação social. O
interface com os outros modos de transporte
potencial de mercado dos sistemas de condução
varia no espaço europeu. No entanto, os países
cooperativa, conectada e automatizada
da UE têm uma série de prioridades e iniciativas
deverá conduzir à criação de muitos novos postos
de colaboração comuns. Será fundamental um
de trabalho.
maior empenhamento de todos os países da UE
Os sistemas de transporte inteligentes para implantar sistemas de transporte
cooperativos (STIC) permitem que os utentes inteligentes contínuos e interoperáveis e com isso
das estradas e os gestores do tráfego partilhem e tirar partido de todos os benefícios que possam
utilizem informações para coordenar as suas advir para o mercado único e o espaço comum de
ações. Os STIC baseiam-se em tecnologias que transportes, incluindo os benefícios económicos e
permitem que os veículos «falem» entre si e com ambientais.
as infraestruturas de transportes. Além daquilo
Dadas as especificidades regionais e as diferenças
que os condutores podem ver imediatamente em
nos padrões de transporte, um indicador possível
seu redor, todos os componentes do sistema de
para comparar a situação entre os países da UE é
transportes podem, deste modo, partilhar
o índice de satisfação com a qualidade das
informações.
infraestruturas de transportes. Este indicador
A comunicação entre os veículos, as é produzido pelo Fórum Económico Mundial para
infraestruturas e os outros utentes da estrada é o seu relatório sobre a competitividade mundial
igualmente crucial para promover a segurança (ver figura 5). Assinala que a satisfação global
dos futuros veículos automatizados e a sua plena com as infraestruturas de transportes é mais
integração no sistema de transportes geral. baixa nos países da Europa Central e Oriental,
nomeadamente na Bulgária, Polónia, Roménia,
Apesar das iniciativas a nível europeu, tais como
Eslováquia e Eslovénia, mas também na Grécia e
os sistemas de transporte inteligentes para o
em Malta, cuja pontuação é francamente baixa.
tráfego rodoviário, o sistema de gestão do tráfego
Em contrapartida, a Alemanha, Espanha,
aéreo (SESAR) e o Sistema Europeu de Gestão
Finlândia, França e Países Baixos ocupam os
do Tráfego Ferroviário (ERTMS), os desafios
lugares cimeiros em termos de satisfação.
Página 11 |
Figura 6: Qualidade das infraestruturas segundo o índice de desempenho logístico (2016)

FONTE: ÍNDICE DE DESEMPENHO LOGÍSTICO DO BANCO MUNDIAL. AS PONTUAÇÕES INDICAM O DESEMPENHO COMPARATIVO (DA PONTUAÇÃO MAIS BAIXA
PARA A MAIS ALTA) NUMA ESCALA DE 1 A 5.

A análise do índice de desempenho 2.3. Mobilidade hipocarbónica e


logístico25 do Banco Mundial (ver figura 6) externalidades negativas
permite observar uma classificação
ligeiramente diferente, mas o quadro geral é Os principais custos externos dos
semelhante. Uma das componentes deste transportes são os relacionados com as
índice composto é a qualidade das emissões de gases com efeito de estufa,
infraestruturas comerciais e de transportes a poluição atmosférica local, os
(por exemplo, portos, ferrovias, rodovias, congestionamentos do tráfego, os
tecnologias da informação). Uma vez mais, o estrangulamentos de capacidade, os
índice tem os valores mais baixos na acidentes e o ruído. Em concreto, é
Bulgária e na Roménia. A Croácia, Chipre e necessário combater o forte impacto dos
Malta não apresentam resultados muito transportes no consumo energético e nas
melhores. Os países europeus com melhor alterações climáticas. Em 2015, pelo menos
desempenho são a Alemanha, os Países 33 % do consumo final de energia e 24 %
Baixos e a Suécia. das emissões de gases com efeito de estufa
(mais 23 % do que em 1990) na UE cabiam
Convém acrescentar que, no índice de aos transportes26.
desempenho logístico mundial, 23 países da
UE estão entre os primeiros 50 de um total O consumo de energia final dos transportes27
de 160 países comparados pelo Banco diminuiu entre 2005 e 2015 devido às melhorias
Mundial, ocupando a Alemanha, o no domínio da eficiência energética dos veículos
Luxemburgo, os Países Baixos e a Suécia os de passageiros, mas também à crise económica.
quatro primeiros lugares. Esta última levou a uma estabilização do tráfego
de passageiros e a um decréscimo do tráfego de
mercadorias.

No âmbito das políticas adotadas, a tendência


25
O índice de desempenho logístico (IDL) é a média para a diminuição das emissões (desde
ponderada das pontuações por país nas seis 2005) dos transportes deverá manter-se até
dimensões principais: eficiência do processo de 2030 (-12 % no período de 2005-2030)28. Os
autorização, qualidade das infraestruturas
comerciais e de transportes, facilidade de
organização de expedições a preços competitivos,
26
competência e qualidade dos serviços de logística, Fonte: Comissão Europeia, EU Transport in
capacidade para localizar e rastrear remessas, Figures, Statistical Pocketbook 2017.
27
pontualidade das expedições com chegada ao Excluindo o transporte por conduta.
28
destino dentro do prazo de entrega agendado ou Cenário de referência da UE de 2016, com base
previsto. O IDL consiste em medições qualitativas e no modelo de transporte PRIMES-TREMOVE
quantitativas. desenvolvido pelo E3M-Lab (ICCS/NTUA).
Página 12 |
principais fatores desta redução são os ganhos de para metade o número de vítimas mortais em
eficiência dos combustíveis. São incentivados 2020 face ao número de 2010. Os dados mais
pelas normas de emissões de CO2 aplicáveis aos recentes indicam que os progressos nesse sentido
veículos ligeiros, pela subida dos preços dos estagnaram, pois o número anual de vítimas
combustíveis fósseis ao longo do tempo e pela mortais na UE manteve-se constante ao longo
utilização de combustíveis menos intensivos em dos últimos três anos.
CO2. Contudo, serão necessários esforços
O custo dos acidentes de viação para a sociedade
acrescidos após 2020 para cumprir as metas
é muito elevado, em especial se se tiver em conta
globais de redução das emissões de gases com
que, para além das mortes na estrada, os
efeito de estufa. Prevê-se que os custos da
acidentes causam também, ano após ano,
poluição atmosférica causada pelo
milhares de lesões ligeiras e graves. Por cada
transporte rodoviário permaneçam elevados,
morte nas estradas europeias estima-se que haja
devido também aos congestionamentos e ao
4 acidentados com incapacidades permanentes,
crescimento previsto da procura de transportes.
tais como lesões cerebrais ou na coluna vertebral,
Por conseguinte, o atual sistema de transportes
8 feridos graves e 50 feridos ligeiros. Os custos
poderá não ser sustentável.
externos dos acidentes de viação foram
As emissões de CO2 e a poluição atmosférica dos estimados em 1,7 % do PIB em 200831.
transportes são os principais problemas
Os congestionamentos são um problema que
ambientais decorrentes das atividades de
urge resolver, mais ainda com o previsto
transporte. Os níveis de emissões de CO2 são
crescimento da procura de transportes. O
difíceis de imputar a países em concreto.
indicador produzido pelo Centro Comum de
São calculados com base nos combustíveis
Investigação para avaliar o nível de
vendidos e não correspondem às atividades de
congestionamento mede as horas gastas
transporte realizadas dentro das fronteiras dos
anualmente pelos veículos nos
países. Este método leva a valores enviesados,
congestionamentos rodoviários. Os países com
em especial para os países de trânsito. No caso
maiores níveis de congestionamento são Malta, o
do transporte marítimo ou aéreo, colocam-se
Reino Unido, a Grécia, a Bélgica e Itália (ver
questões adicionais referentes à atribuição da
figura 7).
territorialidade das emissões, no que respeita às
partes das viagens realizadas num determinado Tendo em conta que as atuais restrições
território. orçamentais não permitem investimentos
substanciais, há ainda margem para melhorar a
Contrariamente a outros setores, prevê-se que as
forma como as infraestruturas existentes são
emissões da aviação aumentem de forma
utilizadas. Um instrumento possível para
acentuada com o crescimento do tráfego aéreo
promover uma utilização mais eficiente das
mundial. As emissões de CO2 aumentaram cerca
rodovias é a tarifação do congestionamento
de 80 % entre 1990 e 2014 e deverão crescer
em função do período do dia. Contudo, a sua
mais 44 % entre 2014 e 203529. Graças à
aplicação nas estradas da UE é, atualmente,
investigação e inovação e à maior eficiência das
marginal. Apenas cinco cidades cobram uma taxa
operações e da gestão do tráfego aéreo, o setor
de congestionamento pelo acesso aos centros
da aviação alcançou alguns progressos no sentido
urbanos. Nas estradas interurbanas, a tarifação
de atenuar o seu impacto ambiental. No entanto,
em função do período do dia só é aplicada a
tais medidas não são suficientes para
todos os veículos num número reduzido de curtos
acompanhar o crescimento do tráfego.
troços de autoestrada em França e Espanha, bem
Por outro lado, da segurança insatisfatória do como num troço de autoestrada do Reino Unido.
transporte rodoviário decorrem importantes A República Checa cobra também uma portagem
custos económicos e sociais. Apesar da tendência mais elevada nos fins de tarde de sexta-feira,
positiva verificada nos últimos anos, em 2016, mas aplica-a apenas aos veículos pesados de
25 500 pessoas perderam a vida nas estradas da mercadorias. Embora estes regimes tenham
UE e outras 135 000 ficaram gravemente demonstrado a sua eficácia em termos de
feridas30. Até há pouco tempo, a tendência geral redução dos congestionamentos, a sua cobertura
aproximava-se da meta de referência de reduzir é insuficiente para reduzir os custos gerais dos
mesmos na UE.

29
AEA, AESA e Eurocontrol (2016), European
31
Aviation Environmental Report 2016. CE Delft, Infras, Fraunhofer ISI, External Costs of
30
CARE (Banco de Dados da UE sobre os Acidentes Transport in Europe - Update Study for 2008, Delft,
de Circulação Rodoviária) ou publicações nacionais. CE Delft, setembro de 2011.
Página 13 |
Figura 7: Média anual de horas gastas em congestionamentos por veículo (2015)

FONTE DOS DADOS: COMISSÃO EUROPEIA, CENTRO COMUM DE INVESTIGAÇÃO, COM BASE EM DADOS DA TOMTOM. NÃO EXISTEM DADOS
DISPONÍVEIS SOBRE CHIPRE. POR RAZÕES METODOLÓGICAS, OS DADOS RELATIVOS A MALTA SÃO DE COMPARABILIDADE LIMITADA COM OS
DOS OUTROS PAÍSES DO ESTUDO.

A transição para os veículos movidos a número de novas matrículas de veículos


combustíveis alternativos apresenta uma híbridos recarregáveis (PHEV), que
variação considerável entre os países da UE, representavam cerca de 5 % das novas
embora se verifique uma tendência geral matrículas de veículos de passageiros.
positiva na maioria dos países. A Seguiam-se a Suécia e a Bélgica. França e
percentagem de veículos elétricos Áustria registam as percentagens mais
recarregáveis (PEV) nas matrículas de elevadas de novas matrículas de veículos
veículos ligeiros de passageiros novos indica elétricos a bateria (BEV). No fundo da tabela
os progressos obtidos na implantação dos surgem a Grécia, a Bulgária, Malta e a
veículos elétricos. Em 2016, de acordo com Eslováquia, com uma percentagem de 0,1 %
o Observatório Europeu dos Combustíveis de PEV nas novas matrículas de veículos
Alternativos, os Países Baixos lideravam o ligeiros de passageiros.
processo, devido, sobretudo, ao elevado

Figura 8: Quota de mercado dos PEV nas matrículas de veículos ligeiros de passageiros novos
(M1) (2016)

FONTE: OBSERVATÓRIO EUROPEU DOS COMBUSTÍVEIS ALTERNATIVOS

Página 14 |
Figura 9: Regulamentação setorial - transporte aéreo de passageiros, transporte ferroviário e
rodoviário de mercadorias (2013)

FONTE DOS DADOS: OCDE (2013), BASE DE DADOS «REGULAMENTAÇÃO DOS MERCADOS DOS PRODUTOS». WWW.OECD.ORG/ECONOMY/PMR
AS CONDIÇÕES REGULAMENTARES E DE MERCADO ESTÃO REPARTIDAS POR DIVERSAS CATEGORIAS COM PONDERAÇÕES IGUAIS
(REGULAMENTAÇÃO DA ENTRADA E CONTROLO DOS PREÇOS NO SETOR DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS; REGULAMENTAÇÃO DA
ENTRADA E PROPRIEDADE PÚBLICA NO SETOR DO TRANSPORTE AÉREO DE PASSAGEIROS; REGULAMENTAÇÃO DA ENTRADA, PROPRIEDADE
PÚBLICA, INTEGRAÇÃO VERTICAL E ESTRUTURA DE MERCADO NO SETOR DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO). OS VALORES BAIXOS INDICAM UM
PESO REGULAMENTAR LIGEIRO (ESCALA DE 0 A 6, DA MENOS PARA A MAIS RESTRITIVA). BULGÁRIA, ALEMANHA, GRÉCIA, ESPANHA, ITÁLIA,
ÁUSTRIA, HUNGRIA, ESLOVÁQUIA E REINO UNIDO TÊM UMA PONTUAÇÃO IGUAL A 0 NO SETOR DO TRANSPORTE AÉREO DE PASSAGEIROS. OS
PAÍSES FORAM CLASSIFICADOS QUANTO AO SEU DESEMPENHO MÉDIO NOS TRÊS SETORES.

3. IDENTIFICAÇÃO DE INSTRUMENTOS O 4.º pacote ferroviário de 2016 visa abrir


POLÍTICOS PARA ENFRENTAR OS o mercado dos serviços de transporte
DESAFIOS ferroviário de passageiros. Estabelece
direitos de acesso aberto para as empresas
Espera-se que a resolução das lacunas no
ferroviárias da UE a partir de 2020 e fixa o
espaço único europeu dos transportes venha
princípio da adjudicação por concurso dos
melhorar os serviços de transporte na Europa.
contratos públicos de serviços. A ênfase
Assim, tal resolução constitui um instrumento
política deverá agora recair sobre a execução
político privilegiado para superar os desafios
da abertura do mercado e a geração de
identificados. Mais especificamente, no que se
concorrência com base em legislações
refere ao transporte ferroviário, implica,
setoriais e instrumentos políticos em matéria
sobretudo:
de concorrência.
 concluir a abertura do mercado;
 introduzir o princípio do concurso público para No setor do transporte rodoviário, as
a adjudicação dos contratos públicos de medidas propostas consistem em:
serviços;
 garantir um acesso não discriminatório às  concluir a abertura do mercado;
infraestruturas;  melhorar a aplicação das regras
 reduzir as barreiras técnicas e vigentes;
regulamentares à entrada no mercado;  fixar normas comuns para os veículos;
 implantar o sistema único de sinalização;  abordar os sistemas e tecnologias de
 estabelecer os direitos comuns dos tarifação rodoviária;
passageiros, com menos isenções a nível  envidar maiores esforços no domínio da
nacional; segurança rodoviária;
 harmonizar as normas técnicas em toda a  e resolver os problemas da
Europa; sustentabilidade ambiental e dos direitos
 e estabelecer condições de trabalho justas32. dos passageiros33.

Quanto às questões sociais, a Comissão está a


lançar iniciativas destinadas a melhorar as
32
condições de trabalho no setor dos transportes
Serviço de Estudos do Parlamento Europeu
(2014) The Cost of Non-Europe in the Single Market
in Transport and Tourism. I - Road transport and
33
railways. Ibid.
Página 15 |
rodoviários, através do pacote «A Europa em previsto da mobilidade de passageiros e
Movimento». Tal inclui uma proposta34 que mercadorias. Perante as prováveis limitações
pretende clarificar a aplicação das regras da UE de fundos públicos, será fundamental
relativas ao destacamento de trabalhadores no verificar-se um maior investimento do
setor dos transportes rodoviários. setor privado nas infraestruturas
estratégicas de transportes38.
Na sequência do êxito da liberalização dos
transportes aéreos, que beneficiou os Os níveis de investimento em
consumidores da UE35, a ação deverá agora infraestruturas têm sido reduzidos
centrar-se em: desde a crise financeira de 2008. Os
custos do desenvolvimento das
 criar postos de trabalho de alta qualidade infraestruturas de transportes da UE estão
no setor da aviação; estimados em mais de 1,5 biliões de EUR no
 proteger os direitos dos passageiros; período de 2010-2030. Só a conclusão da
 utilizar da melhor forma a inovação e as rede principal da RTE-T exigirá cerca de
tecnologias digitais; 500 mil milhões de EUR até 2030. Este
 e garantir o contributo da aviação para montante pode ser comparado com o
uma União da Energia resiliente e para a investimento total de 859 mil milhões de
atenuação das alterações climáticas. EUR em infraestruturas de transportes entre
2000 e 200639. Estima-se que a conclusão da
O transporte marítimo beneficiaria com: rede principal da RTE-T possa dinamizar a
economia. Criaria um incremento de 1,8 %
 a eliminação dos auxílios estatais diretos
no PIB em 2030, face ao valor de 2015, e
aos operadores de terminais e às
10 milhões de postos de trabalho40.
companhias marítimas;
 a liberalização e a transparência dos Em 2017, a Comissão comprometeu-se a
serviços portuários; investir 2,7 mil milhões de EUR em
 a participação dos portos não europeus 152 projetos-chave no domínio dos
nas autoestradas do mar; transportes,41 em apoio a uma mobilidade
 e uma tributação das emissões competitiva, ecológica e conectada na
adequada36. Europa. Desta forma, a Comissão
demonstra querer executar o seu Plano de
A criação de um quadro para a plataforma
Investimento para a Europa e concretizar a
marítima única europeia, aprovada pelos
conectividade na Europa, nomeadamente a
países da UE na «Declaração de Valeta» em
agenda definida na comunicação «A Europa
2017, é fundamental para simplificar e
em Movimento».
harmonizar as formalidades de declaração,
reduzir os encargos administrativos e os A fim de maximizar o valor acrescentado
custos aduaneiros e tirar pleno partido dos europeu e o seu impacto ao nível da UE, os
meios digitais para otimizar as cadeias projetos selecionados concentram-se
logísticas. maioritariamente nos troços estratégicos
da rede de transportes europeia (a rede
O setor dos transportes por vias
navegáveis interiores necessita de
políticas que eliminem as barreiras
administrativas e regulamentares, olhem 38
OCDE (2011), Strategic Transport Infrastructure
para a capacidade não utilizada e ponham Needs to 2030, Main Findings.
termo às externalidades ambientais37. 39
Relatório da Comissão ao Parlamento Europeu e
ao Conselho relativo aos instrumentos financeiros
A qualidade e a capacidade das apoiados pelo orçamento geral, em conformidade
infraestruturas de transportes terão de ser com o artigo 140.º, n.º 8, do Regulamento
melhoradas para fazer face ao crescimento Financeiro, de 31 de dezembro de 2015.
40
Fraunhofer ISI (2015), Cost of non-completion of
the TEN-T.
http://ec.europa.eu/transport/themes/infrastructure
34
COM(2017) 278 final. /studies/doc/2015-06-fraunhofer-cost-of-non-
35
Documento de discussão do Fórum Internacional completion-of-the-ten-t.pdf.
41
de Transportes (2015/04), EU Air Transport Comissão Europeia - Ficha «Mecanismo Interligar
Liberalisation Process, Impacts and Future a Europa» – Resultados dos convites à apresentação
Considerations. de propostas no domínio dos transportes de 2016.
36
Ibid. http://europa.eu/rapid/press-release_MEMO-17-
37
Ibid. 1731_en.htm
Página 16 |
principal da RTE-T). A maior parte do multimodal, o elemento central da política da
financiamento visará: rede transeuropeia de transportes43.

 desenvolver a rede ferroviária europeia Convém dar mais atenção, em todos os


(1,8 mil milhões de EUR); países da UE, ao desenvolvimento e
 descarbonizar e modernizar o transporte implantação de tecnologias e elementos
rodoviário, desenvolvendo os sistemas de infraestruturais inovadores. Tal
transporte inteligentes (359,2 milhões de melhorará uma prestação de serviços de
EUR); transporte baseada na procura e
 e implantar os sistemas de gestão do sustentável, bem como a mobilidade
tráfego aéreo (ATM) (311,3 milhões de individual. Com base no plano de ação dos
EUR). sistemas de transporte inteligentes
(STI) da Comissão de 2008, foi instituído
Este investimento será efetuado no âmbito um quadro jurídico específico com a entrada
do Mecanismo Interligar a Europa em vigor da Diretiva STI em 201044. Este
(MIE), o mecanismo financeiro da UE de quadro apoia a implantação harmonizada na
apoio às redes de infraestruturas. Ao longo UE das soluções STI para o transporte
do período de 2014-2020, permitirá rodoviário.
mobilizar 41,6 mil milhões de EUR de
financiamento público e privado. A Comissão Em 2016, a Comissão apresentou uma
está a afetar 11,3 mil milhões de EUR do estratégia europeia para a implantação
orçamento do MIE do Fundo de Coesão aos coordenada de sistemas de transporte
15 países elegíveis da UE, para continuar a inteligentes cooperativos (STIC)45 a fim
melhorar as suas infraestruturas e a reduzir de evitar uma fragmentação do mercado
as diferenças entre países. Para o período de único no que respeita aos transportes
2014-2020, estes 15 países elegíveis da UE cooperativos e à condução conectada e
são os seguintes: Bulgária, República Checa, automatizada. A estratégia recomenda ações
Estónia, Grécia, Croácia, Hungria, Chipre, destinadas a criar sinergias entre as
Letónia, Lituânia, Malta, Polónia, Portugal, diferentes iniciativas e a melhorar a
Roménia, Eslováquia e Eslovénia. interoperabilidade. Ao mesmo tempo, aborda
os aspetos mais críticos, tais como a
As políticas devem ter em conta o facto de cibersegurança e a proteção de dados. Mais
que os países da UE têm diferentes recentemente, a comunicação «A Europa em
necessidades em termos de Movimento» (2017) incidiu sobre o papel dos
infraestruturas. O aumento do STIC para permitir uma mobilidade
investimento neste domínio deve atentar no cooperativa, conectada e automatizada.
padrão de investimento antes e depois da Salientou a importância da evolução das
recente crise financeira. As políticas que tecnologias da comunicação e da
promovem as despesas em implantação das tecnologias 5G.
infraestruturas de transportes
fomentam o crescimento, desde que não No âmbito do programa de trabalho para o
criem um excesso de capacidade. Está período de 2016-2017 do programa
comprovado que a instalação de demasiadas Horizonte 2020, foi lançado um convite
infraestruturas cria ineficiências por desviar específico à apresentação de propostas para
recursos de investimentos mais produtivos42. projetos em matéria de transporte
No entanto, os países da UE em que o rodoviário automatizado.
acervo de infraestruturas é baixo ou foi alvo
de um subinvestimento poderiam, Além disso, políticas que apliquem os
certamente, beneficiar com um maior princípios do «utilizador pagador» e do
investimento em infraestruturas. De igual
modo, é necessário envidar esforços no
sentido de concluir a rede principal
43
Fraunhofer ISI (2015), Cost of non-completion of
the TEN-T.
44
Diretiva 2010/40/UE do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 7 de julho de 2010, que estabelece um
quadro para a implantação de sistemas de
transporte inteligentes no transporte rodoviário,
42
Comissão Europeia (2014), Infrastructure in the inclusive nas interfaces com outros modos de
EU: Developments and Impact on Growth, transporte, JO L 207 de 6.8.2010.
45
Occasional Papers 203. COM(2016) 766 de 30.11.2016.
Página 17 |
«poluidor pagador» e incentivos monetários além da tributação, existem outras medidas
dirigidos a utilizadores, consumidores e suscetíveis de combater as externalidades
empresas podem ajudar a reduzir o impacto negativas, designadamente:
ambiental e a internalizar os custos
externos dos transportes46.  a implantação de combustíveis não
poluentes para efeitos de transporte;
A tarifação da utilização das  a implantação de sistemas de transporte
infraestruturas e a introdução de taxas, inteligentes;
associadas a mecanismos inovadores  a fixação de normas de eficiência para os
destinados a promover o financiamento veículos;
de infraestruturas de transportes  a partilha de boas práticas (incluindo a
sustentáveis,47 podem ajudar a superar as condução ecológica);
restrições orçamentais à manutenção das  e os incentivos à utilização de modos de
infraestruturas e moldar os padrões de transporte mais eficientes em termos
mobilidade e os fluxos de transporte de energéticos, em especial os transportes
mercadorias48. No domínio dos transportes coletivos.
rodoviários, uma maior aplicação de tarifas
pela utilização das vias com base na Estas medidas foram reiteradas nas
distância e eficientemente organizada criaria comunicações «Estratégia Europeia de
fluxos de receitas regulares destinados a Mobilidade Hipocarbónica»49 e «A Europa em
assegurar a sustentabilidade e a eficiência a Movimento».
longo prazo da manutenção e do
desenvolvimento da rede. No âmbito da segunda vaga de propostas do
pacote de mobilidade, tal como referido na
Um maior aproveitamento da possibilidade introdução, a Comissão propõe a definição
de internalização dos custos externos de novas normas de emissões de CO 2
ajudaria a aplicar o princípio do «poluidor para os automóveis de passageiros e os
pagador». No entanto, os atuais regimes de veículos comerciais ligeiros após 2020 50
tarifação da utilização das que ajudem os Estados-Membros a atingir os
infraestruturas e de tributação dos seus objetivos climáticos e energéticos para
transportes variam consideravelmente 2030. O pacote inclui também a revisão da
entre os países da UE, podendo criar Diretiva «Veículos Não Poluentes» 51,
distorções de mercado e ineficiências. que ajudará a estimular uma maior procura
Os sistemas em vigor tratam igualmente pública destes veículos na UE. Finalmente, o
certos modos e combustíveis de forma pacote inclui um plano de ação para
preferencial, levando a escolhas de estimular o investimento nas
mobilidade insustentáveis. infraestruturas de combustíveis
alternativos52 e desenvolver uma rede de
A maior parte das emissões de CO2 dos postos de carregamento e de abastecimento
transportes provém do setor do rápidos e interoperáveis em toda a União.
transporte rodoviário, pelo que é nele que
os países da UE têm envidado os maiores No setor do transporte marítimo, as
esforços para atenuar este impacto. Porém, taxas portuárias diferenciadas em função do
adotam frequentemente abordagens desempenho ambiental podem estimular o
diferentes. É necessário criar incentivos investimento em navios mais ecológicos.
coerentes para os utilizadores de modo a
promover os veículos pesados de
mercadorias mais eficientes em termos
energéticos. Uma forma eficaz seria
diferenciar as portagens em função das
emissões de CO2 destes veículos. Para

46
CE Delft (2008), Road infrastructure cost and
revenue in Europe.
47
Por exemplo, margens aplicadas às tarifas
49
rodoviárias. COM(2016) 501 final.
48 50
OCDE (2007), Transport Infrastructure Charges COM(2017) 676 final.
51
and Capacity Choice. Self-Financing Road COM(2017) 653 final.
52
Maintenance and Construction, Mesa Redonda 135. COM(2017) 652 final.
Página 18 |
4. PONTO DA SITUAÇÃO EM MATÉRIA DE 11 % do mercado dos transportes públicos.
POLÍTICAS As viagens transfronteiras também
aumentaram.
4.1. Políticas em matéria de acesso ao
mercado Apesar dos progressos alcançados, a
aplicação dos blocos funcionais de
Tal como preconizado pela Comissão, o espaço aéreo não é ainda satisfatória na
espaço único europeu dos transportes maior parte dos países da UE. Estão ainda
enfrenta os problemas de funcionamento do pendentes processos por infração contra 21
mercado abrindo o setor dos transportes à Estados-Membros participantes em seis dos
concorrência de forma harmonizada. Tal não nove blocos funcionais de espaço aéreo. Os
exclui a necessidade de medidas a nível processos respeitam à falta de otimização da
nacional. A economia da UE beneficiaria com prestação de serviços de navegação aérea e
uma redução das barreiras à entrada no à utilização do espaço aéreo (com exclusão
mercado e dos encargos regulamentares nos da Bulgária, Dinamarca, Estónia, Letónia,
mercados dos transportes. Roménia, Finlândia e Suécia).
Apesar de alguns progressos, na maioria dos 4.2. Investimento nas infraestruturas de
países da UE, persistem as barreiras legais transportes
à entrada no mercado nos setores dos
transportes. Os mais recentes dados da Devido à falta de harmonização e ao caráter
OCDE sobre a regulamentação dos mercados incompleto das informações facultadas, é
dos produtos (ver figura 9), que estimam o difícil comparar o nível de investimento
caráter restritivo da regulamentação do em infraestruturas de transportes e na
mercado, mostram que a situação sua manutenção entre os países da UE. Além
melhorou no setor do transporte aéreo disso, tem de ser confrontado com as
de passageiros em quase todos os países necessidades de investimento reais. Os
com dados disponíveis. Face a 2008, últimos dados da OCDE (2015) indicam que,
permaneceu praticamente inalterada no na maioria dos países, os níveis de
que toca ao transporte rodoviário de investimento continuam baixos. A maioria
mercadorias53. O setor do transporte dos países da UE apresenta uma
ferroviário continua a ser o de percentagem do investimento total em
regulamentação mais restritiva: infraestruturas de transportes inferior a
continuam a existir encargos 1 % do PIB55. Pode deduzir-se com
administrativos, técnicos e regulamentares segurança que tal valor não cobre as
na maioria dos países54. necessidades de investimento (devido
também aos requisitos de manutenção) na
Um bom exemplo dos efeitos positivos da maioria dos países.
desregulamentação é o do mercado dos
transportes em autocarro de longo O Mecanismo Interligar a Europa, o
curso, que foi objeto de liberalização em Fundo Europeu para Investimentos
vários países (Suécia em 2012, Alemanha Estratégicos e a política de coesão
em 2013, Itália em 2014 e França em 2015). (através do Fundo de Coesão e do
São já visíveis evoluções positivas, em Fundo Europeu de Desenvolvimento
especial na Alemanha, onde os passageiros Regional) pretendem dar resposta a estas
do transporte em autocarro duplicaram para insuficiências orçamentais. Ajudam na
os 16 milhões anuais após a abertura do construção da rede principal de transportes
mercado (só 4 milhões não fizeram da RTE-T e apoiam projetos de
percursos domésticos) e representaram infraestruturas de elevada importância
económica e relevância para o mercado
interno. No entanto, os países da UE terão
ainda de desenvolver as infraestruturas da
53
Os dados da OCDE não indicam qualquer parte final da rede, que é fundamental para
melhoria da situação no setor do transporte
a incorporação dos grandes projetos de
rodoviário de mercadorias na sequência da adoção
do Regulamento (CE) n.º 1072/2009 que estabelece
regras comuns para o acesso ao mercado do
transporte internacional rodoviário de mercadorias,
55
JO L 300 de 14.11.2009. OCDE (2017).
54
OCDE (2013), base de dados «regulamentação https://stats.oecd.org/Index.aspx?DataSetCode=ITF
dos mercados dos produtos». _INV-MTN_DATA.
Página 19 |
infraestruturas nos sistemas de transporte 4.3. Promover a transição para a
locais. mobilidade hipocarbónica e combater as
externalidades negativas
A extensão da rede rodoviária
transeuropeia principal concluída no final Os países da UE oferecem vários incentivos
de cada ano, em comparação com o total, para promover a implantação dos
incluindo os troços planeados e os troços a veículos elétricos, tais como subvenções à
melhorar, pode dar uma indicação aquisição, benefícios fiscais em sede de
aproximada dos progressos das políticas da imposto de matrícula, imposto de
rede transeuropeia de transportes nos países propriedade, IRC e IVA e outros benefícios
da UE. Assim, se em certos países os financeiros, incentivos locais e incentivos
investimentos foram já concluídos (Espanha, para infraestruturas. Na maioria dos países,
Portugal, Eslovénia e Reino Unido), noutros existe uma relação clara entre os incentivos
há ainda muito a fazer. Tal aplica-se oferecidos e o aumento do número de
sobretudo a países da Europa Central e veículos elétricos recarregáveis. Sem
Oriental, nomeadamente à Estónia, Lituânia, surpresa, nos países sem incentivos
Polónia, Eslováquia e Roménia56. (Bulgária, Estónia, Polónia e Eslováquia)
existe uma fraca propensão para adquirir
Os últimos relatórios nacionais57 (agosto de veículos elétricos58.
2014) dão conta da forte e permanente
participação da maioria dos países da UE nos A introdução de regimes de internalização
sistemas inteligentes de informação e dos custos externos dos transportes,
gestão do tráfego. Estes permitem uma implicando uma aplicação mais ampla do
melhor utilização das infraestruturas, princípio do «poluidor pagador», tem de ser
nomeadamente através de uma melhor promovida e incentivada em todos os países
utilização dos dados relativos às vias da UE. A Comissão lançou um estudo
rodoviárias, ao tráfego e às viagens, e o exaustivo, intitulado «Sustainable transport
desenvolvimento de novos serviços de infrastructure charging and internalisation of
transporte inteligentes para a gestão do transport externalities» («Tarifação de
tráfego e do transporte de mercadorias. Além infraestruturas de transportes sustentáveis e
disso, as novas estratégias de dados internalização das externalidades dos
abertos para os transportes (por exemplo, transportes»), que avaliará a tarifação da
no Reino Unido) ou o recurso à colaboração utilização das infraestruturas, outras
coletiva (crowd-sourcing) (por exemplo, medidas de internalização e as despesas
informações sobre o tempo de viagem na relacionadas com as infraestruturas. Além
Finlândia) levaram a mudanças significativas disso, os países da UE devem ser
e ao desenvolvimento de novos serviços. incentivados a fazer uso da possibilidade
dada pela Diretiva 2011/76/UE59 de, para
Os relatórios nacionais sublinham também a além das taxas de utilização das
tendência crescente no sentido de um infraestruturas, cobrarem taxas por
número cada vez maior de sistemas de custos externos aos veículos pesados de
transporte inteligentes cooperativos e mercadorias.
atividades de condução autónoma nos
países da UE (por exemplo, França, Excetuando alguns países líderes neste
Alemanha, Países Baixos, Áustria, Finlândia, domínio, existe a necessidade de aumentar,
Suécia e Reino Unido). de forma harmonizada e sincronizada, a
adoção dos combustíveis alternativos em
Apesar dos investimentos significativos já todos os modos de transporte. O objetivo
efetuados em sistemas de transporte passa por evitar as ilhas tecnológicas,
inteligentes cooperativos, a monitorização e
a avaliação do seu impacto nos países da UE
continuam fragmentadas. A consolidação à 58
Observatório Europeu dos Combustíveis
escala europeia é insuficiente. Alternativos, 2017.
http://www.eafo.eu/eu#eu_incentives_over_table_a
nchor.
59
Diretiva 2011/76/UE do Parlamento Europeu e do
56
TENtec 2013. Conselho, de 27 de setembro de 2011, que altera a
http://ec.europa.eu/transport/infrastructure/ Diretiva 1999/62/CE relativa à aplicação de
tentec/tentec-portal/site/index_en.htm. imposições aos veículos pesados de mercadorias
57
http://ec.europa.eu/transport/themes/its/ pela utilização de certas infraestruturas, JO L 269 de
road/action_plan/its_national_reports_en.htm. 14.10.2011.
Página 20 |
impulsionar as economias de escala e transição do transporte de mercadorias das
assegurar a mobilidade transfronteiras. Uma estradas para modos de transporte mais
aplicação ambiciosa da sustentáveis. Ciente da sua aplicação
Diretiva 2014/94/UE60 seria uma forma de fragmentada e heterogénea nos países da
implantar infraestruturas para os UE, a Comissão apresentou, em 8 de
combustíveis alternativos com normas novembro de 2017, uma alteração à
comuns. diretiva.

A tarifação rodoviária nas estradas Apesar da sua comparativamente boa oferta


europeias não é aplicada de forma de infraestruturas, os países do Benelux, a
sistemática ou eficaz. Catorze países da UE Alemanha, Malta e o Reino Unido registam
aplicam tarifas baseadas na distância um alto nível de congestionamentos
(portagens) a veículos pesados de rodoviários, sendo obrigados a suportar
mercadorias e oito a veículos ligeiros custos elevados e crescentes para
particulares em (algumas) autoestradas61. assegurar a manutenção das suas
Outros países da UE utilizam ainda vinhetas extensas infraestruturas de transportes.
baseadas no tempo. Dez países da UE Tal situação exige uma exploração mais
dispõem de vinhetas para os veículos equilibrada de todos os modos de
pesados de mercadorias e sete para veículos transporte, que pode ser alcançada com
ligeiros, para estes últimos essencialmente tecnologias e soluções de serviços mais
aplicadas apenas nas autoestradas. Além avançadas e flexíveis (com destaque para a
disso, os sistemas variam em termos de implantação de sistemas de transporte
cobertura de rede, níveis de tarifação e inteligentes) e a fixação de preços
outras condições. Esta situação resulta em adequados pela utilização das
descoordenação e falta de clareza dos infraestruturas.
incentivos dados aos utentes. Com raras
exceções, a cobrança das portagens é feita Todos os países da UE necessitam de
por meios eletrónicos. Contudo, os sistemas prosseguir os seus esforços de melhoria da
não são interoperáveis. Todas estas segurança rodoviária. O deficiente
diferenças criam encargos administrativos e desempenho em matéria de segurança da
custos desnecessários para os Bulgária, Letónia, Lituânia, Polónia e
transportadores e os turistas. Roménia torna urgente a tomada de medidas
mais eficazes.
Os sistemas não têm necessariamente em
conta o impacto ambiental dos veículos. Os
sistemas de cobrança de portagens
aplicáveis aos veículos pesados de
mercadorias diferenciam as tarifas em
função das emissões de poluentes
atmosféricos dos veículos, mas o mesmo já
não acontece com as tarifas rodoviárias
aplicáveis aos veículos ligeiros de
passageiros.

Os países da UE podem e devem aproveitar


melhor a possibilidade, dada pela Diretiva
«Transportes Combinados»62, de apoiarem a

60
Diretiva 2014/94/UE do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 22 de outubro de 2014, relativa à
criação de uma infraestrutura para combustíveis
alternativos, JO L 307 de 28.10.2014.
61
A maioria dos países da UE tem pelo menos uma
ou duas infraestruturas especiais, como pontes ou
túneis, com portagem.
62
Diretiva 92/106/CEE do Conselho, de 7 de
dezembro de 1992, relativa ao estabelecimento de de mercadorias entre Estados-Membros, JO L 368 de
regras comuns para certos transportes combinados 17.12.1992.
Página 21 |
Figura 10: Impostos ambientais sobre os transportes em % da tributação total (2015)

10%

9%

8%

7%

6%

5%

4%

3%

2%

1%

0%
BG HR CY SI LV MT EL RO PL PT IE EE UK LT NL HU CZ DK SK IT FI LU AT BE ES DE SE FR

Impostos ambientais sobre os transportes (excl. combustível) Impostos sobre os combustíveis dos transportes

FONTE: DG TAXUD

Os impostos sobre os combustíveis dos circulação pagos pelos diferentes veículos64. A


transportes podem incentivar a eficiência Bulgária, a República Checa, a Estónia, a
energética e uma utilização mais sustentável Lituânia, a Polónia e a Eslováquia estão entre
dos automóveis, nomeadamente a utilização os países onde seria aconselhável tributar os
de combustíveis mais sustentáveis. A automóveis com base nas emissões de CO2.
estrutura destes impostos tem de refletir o
teor de carbono e o teor energético dos No entanto, nem o imposto de matrícula nem
combustíveis. Atualmente, são observáveis o imposto de circulação afetam o custo
grandes diferenças entre os países da UE nas marginal da utilização de um veículo. Além
taxas de tributação dos combustíveis. Em disso, a falta de harmonização dos impostos
geral, é dado um tratamento preferencial de matrícula ao nível da UE pode criar um
ao gasóleo, que é menos tributado do que a encargo administrativo considerável e, em
gasolina em quase todos os países da UE. certos casos, dar origem à dupla tributação
de veículos transferidos para outro país65.
A tributação dos transportes pode ter um
efeito significativo nas preferências dos A percentagem dos impostos ambientais
consumidores aquando da aquisição de um na tributação total dos transportes
automóvel. Inclui o imposto de matrícula apenas consegue indicar em certa medida a
(cobrado no momento da aquisição) e o forma como o sistema fiscal tem em conta as
imposto de circulação (cobrado anualmente externalidades dos transportes. Existem
sobre a propriedade do veículo). A matrícula outros fatores que pesam nas decisões sobre
de um veículo automóvel é tributada em a forma de tributação de transportes ou
20 países da UE, aplicando 22 impostos de veículos, sendo mais a conceção do sistema
circulação63. do que os níveis de tributação absolutos que
influi no comportamento dos automobilistas.
Os impostos de matrícula dependem
atualmente das emissões de CO2 em O tratamento fiscal favorável das
15 países da UE. Doze países têm em conta viaturas de empresa é uma prática que
as emissões na taxa dos impostos de importa considerar à luz da internalização dos

64
Comissão Europeia, Tax Reforms in EU Member
States 2015, Institutional Paper 008 | setembro
de 2015.
63 65
Guia Fiscal da ACEA, 2016. Ibid.
Página 22 |
custos ambientais. Vários países da UE
subvencionam a utilização privada de viaturas
de empresa.

A Bélgica, a Irlanda, a Estónia e a Letónia


permitem uma dedução parcial do IVA sobre
a aquisição de viaturas de empresa
destinadas à utilização privada pelos seus
trabalhadores. Os regimes favoráveis às
viaturas de empresa tendem a incentivar a
propriedade dos automóveis e afetam
frequentemente a escolha do modelo e os
hábitos de condução. As propostas recentes
da Comissão procuram resolver estes
problemas66.

Data: 14.11.2017

66
COM(2017) 275 e COM(2017) 276.
Página 23 |
ANEXO ESTATÍSTICO

Quadro 1 – Acesso ao mercado e desempenho do mercado


Produtividade
Acesso ao mercado do
laboral do Transporte rodoviário de
transporte ferroviário - Desempenho dos mercados de
Indicadores de restrições setor dos mercadorias: percentagem
quota de mercado de transporte de passageiros - Indicador
regulamentares da OCDE transportes de veículos nacionais nas
todas as companhias, de desempenho do mercado
em 1 000 EUR toneladas-km de
País exceto as principais
(2015)
Transporte Transporte Serviços de
Transporte Transporte Transporte Serviços de Transporte Exportações Importações
de de transporte
aéreo rodoviário ferroviário transporte público local para a UE-28 da UE-28
mercadorias passageiros ferroviário
(2013) (2013) (2013) aéreo (2015) (2015) (2016) (2016)
(2015) (2015) (2015)
Bélgica 0,1 2,3 3,8 25,1 % 3,3 % 79,4* 70,8 81,3 72,2 15,7 % 13,1 %
Bulgária 0,0 3,0 3,8 51,4 % 0,0 % 13,9 62,6 82,7 74,3 91,0 % 88,9 %
República 27,5 55,3 % 49,9 %
2,9 2,3 2,3 33,5 % 5,0 % 81,7 83,4 82,0
Checa
Dinamarca 0,4 1,5 2,3 29,0 % 7,0 % 88,8 76,8 82,3 76,9 16,3 % 7,7 %
Alemanha 0,0 1,5 2,3 40,9 % 13,5 % 48,0 84,4 85,3 84,6 19,0 % 14,1 %
Estónia 2,9 2,3 2,6 29,0 % 0,0 % 31,1 84,7 81,4 83,3 64,4 % 45,6 %
Irlanda 0,8 1,5 4,9 0,0 % 0,0 % 105,6 78,4 82,1 77,0 65,2 % 42,6 %
Grécia 0,0 3,3 4,5 0,0 % 0,0 % 45,2 76,2 82,1 78,5 44,3 % 34,8 %
Espanha 0,0 2,3 4,0 26,0 % 0,0 % 66,4 74,3 76,9 75,1 60,7 % 55,0 %
França 0,5 4,0 3,8 25,6 % 5,0 % 67,6 83,7 85,0 83,2 9,2 % 7,5 %
Croácia 4,0 1,5 5,3 2,0 % 0,0 % 27,7 63,8 80,9 73,5 87,7 % 64,8 %
Itália 0,0 4,3 2,8 41,2 % 23,0 % 59,8 68,5 81,1 66,6 12,6 % 11,5 %
Chipre 2,1 1,5 45,3 82,6 77,0
Letónia 3,0 1,5 2,6 31,1 % 8,3 % 20,7 79,1 81,1 76,7 62,3 % 56,1 %
Lituânia 1,5 1,5 2,6 0,0 % 0,0 % 18,9 89,6 82,8 82,8 68,6 % 57,4 %
Luxemburgo 1,5 1,5 5,4 0,0 % 0,0 % 82,0 85,9 86,2 86,0 50,9 % 46,4 %
Hungria 0,0 2,0 3,1 39,6 % 3,5 % 22,0 78,9 88,4 81,6 61,8 % 56,2 %
Malta 2,9 1,5 57,0 87,4 70,7
Países Baixos 0,2 2,3 3,1 14,9 % 81,8 73,8 80,6 76,0 37,0 % 32,0 %
Áustria 0,0 1,5 2,6 0,0 % 12,2 % 74,7 85,2 85,9 86,3 19,8 % 17,6 %
Polónia 2,8 2,3 2,8 38,1 % 51,7 % 23,4 71,3 82,2 78,7 93,5 % 93,1 %
Portugal 3,0 2,3 3,9 11,8 % 5,4 % 43,3 76,6 80,3 76,1 76,9 % 63,7 %
Roménia 2,9 3,0 2,3 60,2 % 13,5 68,2 85,9 76,8 84,0 % 69,1 %
Eslovénia 3,6 2,3 3,8 12,1 % 0,0 % 45,3 80,1 85,0 82,6 70,3 % 65,0 %
Eslováquia 0,0 1,5 3,1 17,6 % 6,0 % 30,9 79,4 81,9 80,1 64,1 % 60,8 %
Finlândia 1,7 1,5 4,4 0,0 % 0,0 % 60,8 80,3 83,2 83,7 43,5 % 32,8 %
Suécia 0,6 1,5 3,0 48,0 % 33,5 % 66,5 70,9 82,4 75,4 8,4 % 8,4 %
Reino Unido 0,0 1,5 0,3 52,6 % 83,4 72,5 81,1 77,1 16,5 % 10,4 %
NOTA: CINCO MELHORES PONTUAÇÕES EM FUNDO VERDE, CINCO PIORES PONTUAÇÕES EM FUNDO VERMELHO, QUANDO NECESSÁRIO PARA INDICAR A CLASSIFICAÇÃO. NO CASO DOS INDICADORES DA QUOTA DE
MERCADO DOS OPERADORES NÃO HISTÓRICOS, SÃO ASSINALADOS OS DESEMPENHOS INFERIORES A 3 %. SALVO INDICAÇÃO EM CONTRÁRIO, OS DADOS DERIVAM DE FONTES DA COMISSÃO EUROPEIA. (*2014)

Página 24 |
Quadro 2 – Infraestruturas
Índice de Investimento
Km de
desempenho Índice da qualidade das infraestruturas do Densidade da rede de Densidade da rede total em
linhas
logístico do Banco Fórum Económico Mundial (2016-2017) autoestradas (km) ferroviária (km) infraestruturas
ferroviárias
País Mundial (2016) de transportes
de alta
Componente por por 1 000 por por 1 000 terrestres -
IDL Portos Transporte velocidade
das Rodovia Ferrovia 1 000 km2 habitantes 1 000 km2 habitantes percentagem do
global
infraestruturas
marítimos aéreo
(2015) (2015) (2015) (2015)
(2016)
PIB (2015)
Bélgica 4,1 4,1 4,5 4,8 6,1 5,7 57,8 157,4 118,2 320,4 209 0,5 %
Bulgária 2,8 2,4 3,4 3,0 4,1 4,3 6,6 101,3 36,2 558,0 1,2 %
República
3,7 3,4 4,0 4,4 3,5 5,3 9,8 73,8 120,0 898,2 1,2 %
Checa
Dinamarca 3,8 3,8 5,5 4,6 5,7 6,1 28,7 220,2 59,2 450,9 0,9 %
Alemanha 4,2 4,4 5,5 5,5 5,5 5,8 36,4 160,9 108,7 478,3 1 475 0,6 %
Estónia 3,4 3,2 4,7 4,1 5,6 5,1 3,3 111,7 33,4 1 149,8 1,5 % 1

Irlanda 3,8 3,8 4,6 3,7 5,1 5,4 13,0 198,9 26,9 409,4 0,2 %
Grécia 3,2 3,3 4,5 2,8 4,5 4,8 12,0 145,5 17,0 207,1 1,3 % 2

Espanha 3,7 3,7 5,5 5,5 5,5 5,8 30,3 329,7 31,7 345,7 2 938 0,6 %
França 3,9 4,0 6,0 5,8 5,1 5,7 18,3 176,2 45,4 433,5 2 142 0,8 %
Croácia 3,2 3,0 5,5 2,8 4,6 4,2 23,1 308,5 46,0 616,3 1,4 % 2

Itália 3,8 3,8 4,5 4,1 4,4 4,6 23,0 114,2 56,6 280,3 981 0,6 % 3

Chipre 3,0 3,0 5,1 4,6 5,5 29,4 317,0


Letónia 3,3 3,2 3,0 4,2 5,1 5,2 28,8 936,0 1,7 %
Lituânia 3,6 3,6 4,7 4,4 4,8 4,4 4,7 105,0 28,7 642,5 1,2 %
Luxemburgo 4,2 4,2 5,5 4,9 4,6 5,6 62,3 292,9 106,3 488,5 1,0 %
Hungria 3,4 3,5 4,1 3,6 3,2 4,1 20,3 190,7 84,9 801,5 1,8 %
Malta 3,1 2,9 3,2 5,3 5,7 0,5 % 3

Países Baixos 4,2 4,3 6,1 5,8 6,8 6,6 66,4 163,8 73,6 180,9 120 0,6 % 1

Áustria 4,1 4,1 6,0 5,3 3,9 5,2 20,5 202,1 58,9 575,1 48 0,6 %
Polónia 3,4 3,2 4,1 3,6 4,2 4,5 5,0 41,0 59,2 487,0 224 0,4 % 3

Portugal 3,4 3,1 6,0 4,2 5,2 5,5 33,3 293,9 27,6 245,3 0,2 % 2

Roménia 3,0 2,9 2,7 2,6 3,5 4,0 3,1 37,4 45,2 542,3 2,1 % 3

Eslovénia 3,2 3,2 4,4 2,9 5,0 4,3 38,1 375,0 59,6 586,1 1,2 %
Eslováquia 3,3 3,2 4,0 4,4 3,0 3,5 9,4 85,5 73,9 668,8 2,3 %
Finlândia 3,9 4,0 5,4 5,6 6,2 6,3 2,6 161,6 17,5 1 082,5 1,6 %
Suécia 4,2 4,3 5,5 4,6 5,5 5,8 4,7 219,7 24,2 1 119,1 5,2 %
Reino Unido 4,1 4,2 5,1 4,7 5,5 5,5 15,5 58,6 66,5 250,3 113 0,1 %
1 2 3
2011; 2013; 2014
NOTA: CINCO MELHORES PONTUAÇÕES EM FUNDO VERDE, CINCO PIORES PONTUAÇÕES EM FUNDO VERMELHO, QUANDO NECESSÁRIO PARA INDICAR A CLASSIFICAÇÃO. SALVO INDICAÇÃO EM CONTRÁRIO, OS
DADOS DERIVAM DE FONTES DA COMISSÃO EUROPEIA.

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Quadro 3 – Dimensão ambiental e social

Percentagem Vítimas Impostos ambientais


Percentagem Emissões de CO2 de Percentagem de Pontos de
de linhas mortais de sobre os transportes
Horas gastas de fontes de veículos novos veículos elétricos carregamento
ferroviárias acidentes (combustíveis e outros
anualmente em energia matriculados (g/km) recarregáveis nas por 100 000
eletrificadas de viação impostos)
País congestionamentos renováveis (2015) novas matrículas habitantes
do total de por (2015)
rodoviários nos de ligeiros de nas zonas
linhas em milhão de
(2015) transportes Ligeiros de Comerciais utilização habitantes em % do em % da passageiros (peri)urbanas
(2015) passageiros ligeiros (2015) (2016) PIB tributação total (2016) (2017)

Bélgica 36,1 3,8 % 117,9 175,7 85,6 % 56 1,8 % 4,1 % 1,7 % 27,5
Bulgária 30,4 6,5 % 130,3 143,9 71,1 % 99 2,7 % 9,4 % 0,1 % 1,7
República
23,4 6,5 % 126,3 143,2 34,0 % 58 1,8 % 5,4 % 0,1 %
Checa 21,2
Dinamarca 22,9 6,7 % 106,2 149,8 24,3 % 37 2,4 % 5,2 % 0,6 % 199,6
Alemanha 29,6 6,8 % 128,4 182,6 52,4 % 39 1,5 % 3,9 % 0,7 % 57,8
Estónia 20,6 0,4 % 137,2 165,0 8,7 % 54 2,1 % 6,3 % 0,3 % 67,3
Irlanda 32,2 6,5 % 114,3 168,5 2,7 % 39 1,5 % 6,4 % 0,5 % 77,1
Grécia 38,8 1,4 % 106,4 186,4 23,4 % 75 2,6 % 7,2 % 0,1 % 0,7
Espanha 26,6 1,7 % 115,3 154,4 63,6 % 39 1,4 % 4,0 % 0,3 % 6,1
França 29,3 8,5 % 111,0 154,4 55,5 % 54 1,4 % 3,1 % 1,5 % 71,8
Croácia 26,0 3,5 % 112,9 156,0 37,3 % 73 3,1 % 8,3 % 0,2 % 29,3
Itália 35,4 6,4 % 115,4 153,2 71,2 % 54 2,1 % 5,0 % 0,2 % 7,7
Chipre 2,5 % 125,8 154,2 54 2,7 % 8,3 % 0,3 % 4,3
Letónia 21,8 3,9 % 137,1 172,6 13,4 % 80 2,3 % 7,8 % 0,3 % 7,1
Lituânia 21,5 4,6 % 130,0 165,1 6,5 % 65 1,7 % 5,9 % 0,4 % 3,2
Luxemburgo 32,2 6,5 % 127,5 168,9 95,3 % 56 1,8 % 4,8 % 0,6 % 37,7
Hungria 27,3 6,2 % 129,6 176,9 39,0 % 62 2,2 % 5,6 % 0,3 % 12,1
Malta 76,0 4,7 % 112,9 148,9 51 2,5 % 7,4 % 0,1 % 22,6
Países Baixos 30,2 5,3 % 101,2 163,2 75,7 % 32 2,1 % 5,6 % 6,0 % 240,1
Áustria 27,1 11,4 % 123,7 178,3 71,2 % 50 2,1 % 4,7 % 1,5 % 111,4
Polónia 25,4 6,4 % 129,3 175,2 63,6 % 80 2,2 % 6,7 % 0,1 % 3,4
Portugal 27,7 7,4 % 105,7 141,7 64,4 % 54 2,2 % 6,5 % 0,9 % 26,8
Roménia 32,1 5,5 % 125,0 170,3 37,4 % 97 1,9 % 6,9 % 0,2 % 4,2
Eslovénia 26,9 2,2 % 119,2 186,6 41,4 % 63 3,0 % 8,2 % 0,4 % 56,7
Eslováquia 22,9 8,5 % 127,7 174,1 43,8 % 50 1,6 % 5,1 % 0,1 % 70,7
Finlândia 19,9 22,0 % 123,0 174,7 55,1 % 45 2,1 % 4,8 % 1,2 % 57,9
Suécia 21,5 24,0 % 126,3 163,0 75,5 % 27 1,4 % 3,3 % 3,6 % 75,1
Reino Unido 41,5 4,4 % 121,3 178,0 33,2 % 28 2,0 % 5,9 % 1,5 % 27,1
NOTA: CINCO MELHORES PONTUAÇÕES EM FUNDO VERDE, CINCO PIORES PONTUAÇÕES EM FUNDO VERMELHO, QUANDO NECESSÁRIO PARA INDICAR A CLASSIFICAÇÃO. SALVO INDICAÇÃO EM CONTRÁRIO, OS
DADOS DERIVAM DE FONTES DA COMISSÃO EUROPEIA.

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Indicadores apresentados nos quadros

Quadro 1 – Acesso ao mercado e desempenho do mercado


Indicadores de restrições regulamentares da OCDE: Os indicadores
selecionados são os indicadores da OCDE da regulamentação nos setores da energia,
dos transportes e das comunicações (indicadores ECTR). Resumem as disposições
regulamentares nos setores do transporte aéreo de passageiros e do transporte
rodoviário de mercadorias (2013). A escala do índice vai de 0 (regulamentação
menos restritiva) a 6 (regulamentação mais restritiva). Os dados são recolhidos com
uma periodicidade de 5 anos.

Quota de mercado de todas as companhias ferroviárias, exceto as


principais: A quota de mercado total de todas as companhias ferroviárias, exceto
as principais, no transporte de mercadorias e no transporte de passageiros (2015,
fonte: Comissão Europeia - DG MOVE) pode ser vista como um indicador do nível de
concorrência no setor ferroviário. Não aplicável a Chipre e a Malta.

Produtividade laboral: Produtividade laboral aparente – valor acrescentado bruto


por trabalhador empregado no setor dos transportes e armazenagem (NACE
Revisão 2, secção H) (dados relativos a 2015; fonte: Eurostat).

Desempenho dos mercados de transporte de passageiros: O indicador


selecionado é o «indicador de desempenho do mercado» (IDM). Indica a
classificação de um país face aos outros países para um determinado mercado em
2015, segundo a perceção dos utentes dos serviços de transporte ferroviário,
transporte aéreo e transporte público local. O IDM é um índice composto que reflete
cinco aspetos principais da experiência do consumidor: 1) a facilidade de
comparação de ofertas, 2) a confiança do consumidor nos retalhistas/prestadores
em termos de cumprimento das regras de proteção do consumidor, 3) a ocorrência
de problemas e o grau dos prejuízos sofridos, 4) a satisfação geral do consumidor e
5) as opções de escolha disponíveis (fonte: Comissão Europeia).

Percentagem de veículos nacionais nas toneladas-km geradas nas


exportações para e importações de outros países da UE-28: Este indicador
mede a competitividade relativa do setor do transporte rodoviário de mercadorias de
um país na UE através da percentagem de veículos matriculados no país inquirido
em total de toneladas-km geradas quando as mercadorias são exportadas de ou
importadas para esse país por estrada, para ou a partir de outro país da UE (2016,
fonte: Eurostat).

Quadro 2 – Infraestruturas
Índice de desempenho logístico: O indicador selecionado é o índice de
desempenho logístico do Banco Mundial (Banco Mundial, 2016). O IDL classifica os
países em seis dimensões das trocas comerciais, entre as quais o desempenho dos
serviços aduaneiros, a qualidade das infraestruturas e a pontualidade das
expedições. Os dados utilizados na classificação são obtidos através de um inquérito
junto de profissionais do setor da logística, aos quais são feitas perguntas sobre os
países estrangeiros em que operam.

Qualidade das infraestruturas: Os indicadores selecionados são os índices de


satisfação com a qualidade das infraestruturas do transporte rodoviário, do
transporte ferroviário, dos portos marítimos (no caso dos países sem litoral, é
avaliado o acesso às instalações dos portos marítimos) e do transporte aéreo. Estes
indicadores integram o relatório sobre a competitividade mundial 2017-2018 do
Fórum Económico Mundial (1 = extremamente subdesenvolvidas/entre as piores do
mundo; 7 = extensas e eficientes/entre as melhores do mundo; média ponderada;
período de 2016-2017). Baseado no Executive Opinion Survey.

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Densidade da rede de autoestradas: Por 1 000 km² de território e por 1
000 habitantes (2015, fonte: Comissão Europeia).

Densidade da rede ferroviária: Por 1 000 km² de território e por 1 000 habitantes
(2015, fonte: Comissão Europeia).

Quilómetros de linhas ferroviárias de alta velocidade: Relativamente aos


países da UE com infraestruturas ferroviárias de alta velocidade, foi indicada a
extensão das linhas, mas não uma classificação (2016, fonte: Comissão Europeia).

Investimento total em infraestruturas de transportes terrestres: Despesas de


investimento e manutenção das infraestruturas de transportes (rodovia, ferrovia,
portos marítimos e aeroportos) em % do PIB (2015, fonte: OCDE). Deve sublinhar-
se que os dados relativos a este indicador não estão totalmente harmonizados.
Consoante o país, podem ser incluídas diferentes categorias de investimento e
manutenção. A cobertura é parcial para alguns países. Os dados são recolhidos a
título voluntário. Além disso, os valores elevados não estão necessariamente
associados a um desempenho positivo e teriam de ser comparados com as
necessidades de investimento reais (por exemplo, no caso dos países que estão a
recuperar de situações de atraso).

Quadro 3 – Dimensão ambiental e social


Congestionamentos: Média anual de horas gastas em congestionamentos por
veículo (2015, fonte: JRC, com base nos dados da TomTom).

Implantação de tecnologias de transporte não poluentes: Os indicadores


selecionados são a percentagem de fontes de energia renováveis (FER) nos
transportes (2015, fonte: Eurostat).

Emissões de CO2 de veículos ligeiros de passageiros novos: Gramas de


CO2/km (2015, fonte: AEA).

Emissões de CO2 de veículos comerciais ligeiros novos: Gramas de CO2/km


(2015, fonte: AEA).

Percentagem de linhas ferroviárias eletrificadas do total de linhas em


utilização: (2015, fonte: Comissão Europeia).

Segurança rodoviária: número de vítimas mortais de acidentes de viação por


milhão de habitantes (2016, fonte: Comissão Europeia – base de dados CARE).

Tributação dos transportes: Receitas dos impostos ambientais sobre os


transportes (combustíveis e outros impostos) em % do PIB e do total das receitas
fiscais (2015, fonte: Comissão Europeia).

Quota de mercado dos veículos PEV nas matrículas de veículos ligeiros de


passageiros novos: Veículos elétricos recarregáveis (PHEV+BEV), categoria de
veículos M1 (2016, fonte: Observatório Europeu dos Combustíveis Alternativos).

Pontos de carregamento por 100 000 habitantes em zonas (peri)urbanas:


Número total de pontos de carregamento de veículos elétricos dividido pela
população de zonas urbanas e/ou periurbanas. Parte-se do princípio de que a
maioria dos pontos de carregamento está instalada em zonas urbanas. (2017, fonte:
Observatório Europeu dos Combustíveis Alternativos).

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