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1 DIMENSIONAMENTO DOS FILTROS

1.1 Taxa de aplicação


A taxa de aplicação é dada pelo quociente da vazão da água que chegará à
unidade pela área total de filtros.

Onde a unidade mais utilizada é m³/dia.m².

1.2 Determinação do número de filtros


A determinação do número de filtros a serem utilizados é dada pela seguinte
formulação:

Onde C é a capacidade de produção ( L/dia).

A NBR 12216/92 recomenda que sejam empregados, no mínimo, dois filtros,


portanto, se determinado através da equação o emprego de um só filtro, adotar o
recomendado pela norma.

Conhecido o número de filtros a serem empregados, determina-se a vazão da


água em cada um dos filtros, pela divisão da vazão total pelo número de filtros.

1.3 Área dos filtros


A área de cada filtro será a resultante da divisão entre a vazão em cada filtro
pela taxa de aplicação.

Dependendo as dimensões dos filtros da geometria selecionada.

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1.4 Velocidade mínima de fluidificação
É a velocidade mínima necessária para que o leito seja expandido na operação de
retrolavagem. Este valor pode ser obtido a partir das características físicas do meio
filtrante, usando o modelo proposto a continuação. Para calcular o tamanho médio das
partículas usado no modelo é usada a seguinte equação:

Onde:
d90 é o tamanho equivalente a 90% (de massa) do material que passa. (mm)
d10 é o tamanho equivalente a 10% (de massa) do material que passa. (mm)
Cunf é o coeficiente de uniformidade. (adimensional)

Com este valor e as propriedades da água na temperatura a ser usada, pode ser
calculado o número de Galileu com a seguinte equação:

( )

Onde:
Ga é o número de galileu.
d90 é o tamanho equivalente a 90% (de massa) do material que passa. (mm)
ρágua é a densidade d’água (kg/m3)
ρareia é a densidade da areia (kg/m3)
μ é a viscosidade dinâmica d’água. (Pa.s)

Posteriormente é calculado o número de Reynolds modificado:

Finalmente a velocidade mínima de fluidificação pode ser calculada a partir de:

Onde ν é a viscosidade cinemática d’água.

1.5 Velocidade ascensional


A velocidade ascensional é a velocidade do jato d’água aplicado ao filtro
visando sua lavagem. Pode ser determinada pela formulação:

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Onde Va é a velocidade ascensional (pol/min), Te o tamanho efetivo dos grãos,


x a expansão da camada filtrante no momento da lavagem (%), e T a temperatura da
água (°C).

1.6 Dimensionamento das tubulações componentes

1.6.1 Tubulação de entrada da água


Para a determinação do diâmetro da tubulação de entrada do filtro,
recomenda-se adotar a velocidade de entrada da água na faixa de 0,30 m/s a 0,70 m/s.
Com esta velocidade, e conhecida a vazão (Qf), através da fórmula da continuidade é
determinado o diâmetro da tubulação.

1.6.2 Tubulação de saída da água


O procedimento é semelhante ao de determinação da tubulação de entrada de
água, modificando apenas a faixa de velocidade de saída adotada, recomenda-se a
utilização de uma faixa de 0,70 m/s a 1,30 m/s para esta velocidade.

1.6.3 Tubulação de água para lavagem dos filtros


A determinação do diâmetro é realizada utilizando a equação da continuidade,
porém a vazão empregada é determinada pela equação:

Onde a taxa é a velocidade ascensional (m/dia) e a área corresponde à área de


cada filtro (m²).

Conhecida a vazão na tubulação de lavagem, deve-se adotar a velocidade da


água na faixa de 1,8 m/s a 3,6 m/s, e assim, determinar o diâmetro da tubulação
através da equação da continuidade já citada.

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1.6.4 Tubulação de esgotamento da água de lavagem
Por se tratar de um bocal, a área do dispositivo de esgotamento da água de
lavagem dos filtros irá ser determinado pela equação:

Onde Qb é a vazão da tubulação de lavagem(m³/s), Cd o coeficiente de bocais –


geralmente adota-se o valor de 0,61 – g a aceleração da gravidade (adota-se 9,81 m/s²)
e h uma altura adotada, inferior à altura da base inferior da camada suporte até a base
inferior da calha coletora. Após a determinação da área e vazão, calcula-se a área e
posteriormente o diâmetro da tubulação de esgotamento da água de lavagem.

1.6.5 Dreno
A retirada da água de lavagem que não sai através das calhas coletoras é feita
pelo dreno. Para determinar o diâmetro dessa tubulação, são necessários alguns
passos:

 Cálculo do volume de água a ser drenado


Onde H1 é a altura de água da parte superior da camada filtrante até o nível de


água, H2 é a altura de água a ser drenada no meio filtrante (adotada), Af a área do
filtro, e F o fator de preenchimento da camada filtrante.

Calha coletora
H1
P

Expansão da camada filtrante


H2 Parte da altura natural da
camada filtrante

 Determinação da vazão
 É determinada através do volume de água a ser drenado e do tempo
adotado para essa drenagem (segundo a NBR 12216/92, esse tempo deve

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ser inferior ao tempo de lavagem dos filtros. A vazão é determinada pela
equação:

 Diâmetro do dreno
 Para calcular o diâmetro do dreno, primeiramente deve-se determinar a
área deste, através da equação de vazão em bocais:

 Onde Qb é a vazão da água no dreno já determinada, A a área da tubulação
de drenagem a ser determinada e h a altura do nível de água no filtro até a
parte inferior deste. Calculada a área, é determinado o diâmetro através da
equação de áreas de circunferências.
 Fundo falso
 O fundo falso tem por objetivo a passagem da água através da camada
suporte sem que haja passagem da composição granulométrica desta
camada, para isso, podem ser empregados dispositivos que coletam e
drenam a água filtrada, fazendo sua distribuição uniforme ao longo da área,
um desses dispositivos chama-se crepina.

Figura 1- Disposição de crepinas no fundo falso


 Fonte: Pluvitec, 2014.
 O cálculo da disposição das crepinas é feito tendo conhecimento do
diâmetro da crepina que ficará sobre o fundo falso, e a própria área do
fundo falso, de modo que seja feita a distribuição uniforme das crepinas.

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Tub. de entrada
NA

NA
Calha coletora
H1
P Expansão da camada filtrante

Camada filtrante
H3

H4 Camada suporte

H5

Entrada da água de lavagem Saída da água de lavagem

Dreno Tub. de saída

1.7 Calhas coletoras


As calhas de água de lavagem devem ter espaçamento máximo entre bordos
de 2,10 m e entre borda-parede de 1,05 m.

A vazão da água deverá ser dividida pelo número total de calhas para
determinar a vazão em cada uma delas. Feito isso, é determinada a altura da coluna de
água nas calhas através da equação:

Onde qc (m³/s) é a vazão nas calhas – quociente entre a vazão de lavagem e o


número de calhas adotado. b é a largura da calha (m) e H a altura da lâmina de água a
set determinada (m).

borda livre

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Recomenda-se que a altura máxima da lâmina de água nas calhas não seja
superior a 0,40m, caso seja determinado um valor superior, deve-se aumentar o
número de calhas ou alargar a calha.

1.8 Perda de carga durante a filtração


Cálculo da perda de carga:

 Determinação do tipo de escoamento

Uma vez que a modelagem matemática de perda de carga na camada filtrante


só pode ser aplicada à regimes laminares, faz-se necessário a verificação do
número de Reynolds

Onde Va é a velocidade de aproximação (m/s), é o diâmetro equivalente


dos grãos (mm), e , a viscosidade cinemática da água (m²/s).

 Determinação da perda de carga em filtros limpos

Para Re < 2000, o regime de escoamento é laminar, portanto, poderá


ser aplicada a fórmula de cálculo de perda de carga para meios porosos,
fundamentada a equação de Darcy:

Onde P é a porosidade do meio filtrante, a viscosidade dinâmica da água


(Pa.s), seu peso específico (N/m³), L a espessura do meio filtrante (m),
coeficiente de Kozeny (geralmente, adota-se 5) e Se a superfície específica

( ) em .

O valor de Se para grãos esféricos é 6/D; e para grãos irregulares é , onde

é a esfericidade referenciada (tabelada) e é o diâmetro equivalente dos


grãos (m).

Modificando a equação acima inserindo Se para grãos irregulares e


considerando o coeficiente de Kozeny igual a 5, temos:
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1.9 Determinação da porosidade do meio filtrante expandido (Pe)
Para a determinação da perda de carga, da altura do mei,o filtran te expandido
e a expansão do mesmo durante a lavagem, faz-se necessário o conhecimento da
porosidade deste meio no momento da expansão, que é realizado seguinte
modelagem matemática:

Onde Rem é o número de Reynolds modificado*, Pe a porosidade do meio


filtrante expandido, é o peso específico da água (N/m³), o diâmetro equivalente
dos grãos (m), a esfericidade dos grãos (m) e Vl a velocidade intersticial da água.

A equação acima é válida para um limite do que de chama número de Reynolds


modificado (Rem), que utiliza a velocidade intersticial para que seja caracterizado o
Rem, que é determinado pela seguinte equação:

Onde A é a área do filtro (m²), é a esfericidade dos grãos e o Rem o número


Reynolds a ser determinado.

1.10 Perda de carga durante a lavagem


No processo de lavagem dos filtros, os grãos componentes da camada filtrante
serão submetidos à velocidade ascensional, ao empuxo (força no sentido ascendente)
e ao seu próprio peso (força no sentido descendente).

O cálculo da perda de carga neste processo, que retrata a diferença das


pressões no topo da camada filtrante e no ponto mais baixo, é dado pela fórmula:

( )

Onde Af é a área de cada filtro (m²), o peso específico da água (N/m³), a


perda de carga no filtro expandido (m), o peso específico dos grãos (N/m³), e o
volume dos grãos que formam o filtro (m³).
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Conhecendo-se a porosidade do meio filtrante ( ), tem-se:

E sabendo-se que

Onde é o volume do meio filtrante (m³), a altura do meio filtrante


expandido (m) e Af a área do filtro (m²), tem-se que:

( )

1.11 A expansão do leito filtrante (E) durante o processo de lavagem


relaciona a porosidade da água antes e durante a expansão (P e Pe).

A espessura da camada filtrante na expansão será:

 Fator de segurança P:
 Altura do topo da camada filtrante expandida até a base inferior da calha,
para que não haja retirada de grãos da camada no processo de lavagem.

1.12 Altura da camada filtrante


A modelagem matemática para a determinação da altura do meio filtrante
expandido parte do princípio que não há perda de material filtrante. Dessa forma,
tem-se:

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Onde Le é a altura do meio filtrante expandido (m), L a altura natural do meio
filtrante (m), P a porosidade do meio filtrante, e Pe a porosidade do meio filtrante
expandido.

1.13 Perda de carga nas tubulações do filtro (entrada e saída de água a ser
filtrada, entrada e saída de água de lavagem e dreno) – m.

Onde a vazão Q em m³/s, área do orifício Ao (m²), Cd o coeficiente de descarga


(geralmente de 0,61 a 0,65) e g a aceleração da gravidade (m/s²).

Considerações importantes da NBR dobre a disposição e dimensionamento

 Velocidade ascensional mínima de 60 cm/min para filtros rápidos


descendentes.
 As calhas de coleta de água de lavagem devem ter o fundo localizado acima
e próximo do leito filtrante expandido.
 Espaçamento entre as bordas das calhas deve ser no mínimo de 1,00 m e no
máximo igual a seis vezes a altura livre de água acima do leito expandido,
não devendo, entretanto, ser superior a 3,00 m.
 Filtro com uma dimensão em planta igual ou inferior a 3,00 m pode ter a
água de lavagem descarregada diretamente em canal lateral, perpendicular
a essa dimensão.
 Na primeira etapa de construção, devem existir pelo menos duas unidades
filtrantes, sendo desejável o mínimo de três.
 Em instalações com área filtrante total até 4 m2, admite-se a existência de
apenas uma unidade.

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