Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
HOME
DIÁRIO
CONTEÚDO
BIO
REFERÊNCIAS
Em acréscimo ao meu artigo de 16 de agosto, eis aqui mais alguns traços que definem a mentalidade
revolucionária:
1. O revolucionário não entende a injustiça e o mal como fatores inerentes à condição humana, que podem
ser atenuados mas não eliminados, e sim como anomalias temporárias criadas por uma parcela da
humanidade, a qual parcela — os burgueses, os judeus, os cristãos, etc. — pode ser localizada e punida,
extirpando-se destarte a raiz do mal.
2. A parcela culpada espalha o mal e o pecado por meio do exercício de um poder – econômico, político,
militar e cultural. Logo, deve ser eliminada por meio de um poder superior, o poder revolucionário, criado
deliberadamente para esse fim.
3. O poder maligno domina a sociedade como um todo, moldando-a à imagem e semelhança de seus
interesses, fins e propósitos. A erradicação do mal deve tomar portanto a forma de uma reestruturação radical
da ordem social inteira. Nada pode permanecer intocado. O poder revolucionário, como o Deus da Bíblia,
“faz novas todas as coisas”. Não há limites para a abrangência e profundidade da ação revolucionária. Ela
pode atingir mesmo as vítimas da situação anterior, acusando-as de ter-se habituado ao mal ao ponto de se
tornar suas cúmplices e por isso necessitar de castigo purificador tanto ou quase tanto quanto os antigos
donos do poder.
4. Embora causado por uma parcela determinada da espécie humana, o mal se espalha tão completamente
por toda parte que se torna difícil conceber a vida sem ele. A nova sociedade de ordem, justiça e paz não
pode portanto ser imaginada senão em linhas muito gerais, tão diferente ela será de tudo o que existiu até
agora. O revolucionário não tem portanto a obrigação — nem mesmo a possibilidade — de expor de maneira
clara e detalhada o plano da nova sociedade, muito menos de provar sua viabilidade ou demonstrar, em
termos da relação custo-benefício, as vantagens da transformação. Estas são dadas como premissas
fundantes, de modo que a exigência de provas é impugnada automaticamente como subterfúgio para evitar a
mudança e condenada ipso facto como elemento a ser eliminado. A revolução é fundamento de si própria e
não pode ser questionada de fora.
5. Embora conhecida apenas como uma imagem muito geral e vaga, a sociedade futura coloca-se por isso
acima de todos os julgamentos humanos e se torna ela própria a premissa fundante de todos os valores, de
todos os juízos, de todos os raciocínios. Uma conseqüência imediata disso é que o futuro, não tendo como ser
concebido racionalmente, só pode ser conhecido por meio de sua imagem na ação revolucionária presente, a
qual ação por isto mesmo se subtrai por sua vez a qualquer julgamento humano, exceto o dos lideres
revolucionários que a encarnam e personificam. Mas mesmo estes podem representá-la de maneira
imperfeita, por serem filhos da velha sociedade e carregarem em si, ao menos parcialmente, os germes do
antigo mal. A autoridade intelectual e profética dos líderes revolucionários é portanto provisória e só dura
enquanto eles têm o poder material de assegurá-la. A condição de guia dos povos em direção ao futuro
beatífico é portanto incerta e revogável, conforme as irregularidades do percurso revolucionário. Os erros e
crimes do líder caído, não podendo ser imputados à sociedade futura, nem ao processo revolucionário
enquanto tal, nem ao movimento como um todo, só podem ser explicados portanto como um efeito residual
do passado condenado: o revolucionário, por definição, só peca por não ser revolucionário o bastante.
57
Comments
2 comments
Adicione um comentário...
David Madureira
O comunismo é uma chaga mundial que já dura a mais de 100 anos e já matou milhões de pessoas ,
que nele acreditou .
Curtir · Responder · 2 · 40 sem
Antonio Roberto
O revolucionário raiz traz a inversao de valores em seu discurso e seu modo de vida.
Curtir · Responder · 1 · 39 sem
Previous Post
São Ricardo Musse
Next Post
Votando no capitão
No Facebook
Olavo de Carvalho
1 mês atrás
Video
Veja no Facebook · Compartilhe
Olavo de Carvalho
2 meses atrás
Olavo de Carvalho
558,154 followers
Flickr Album
Arquivo anual
2022
2021
2020
2019
2018
2017
2016
2015
2014
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1989
1987
Tags
1998 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 América
Latina Antonio Gramsci Brasil Comunismo democracia Diário do Comércio Diário do Comércio (editorial)
EUA FARC Fidel Castro filosofia Foro de São Paulo Forças Armadas George W. Bush Jornal da Tarde Jornal
do Brasil KGB Lula MST mídia Obama O Globo ONU PT socialismo URSS Zero Hora Época