Você está na página 1de 5

RESENHA CRÍTICA DA OBRA: “A EDUCAÇÃO PARA ALÉM DO CAPITAL”

Gabriel Pereira dos Santos.

O livro A Educação para Além do Capital surgiu de um texto publicado com base
numa conferência feita por István Mészáros para abertura do Fórum Mundial de Educação,
em 2014, Porto Alegre. O texto mostra uma reflexão sobre um direcionamento em fortalecer a
determinação na luta contra a dominação alienante do capital e sua exploração opressiva na
Educação e trabalho. Na obra, Mészáros apresenta o debate em como há uma possibilidade
crível na superação na lógica do capital, a partir de processos educativos, que romperão a
internalização, inaugurando e instaurando uma sociedade para além do capital.

Baseando em três epigrafes, sendo elas uma de Paracelso, José Martí e Marx, István
Mészáros disserta em como o modo capitalista de ser influencia e maleficia todo o complexo
educacional como forma de criação de pensadores. O ideal de Educação foi transfigurado para
uma adequação ao capital, onde os jovens são ensinados e crescem como numa linha de
produção para no fim acabarem devorados pelo meio capital, que os faz ser somente mais
uma minúscula peça de gerar mais capital. Como o mesmo possui uma lógica incorrigível, ele
não aceita mudança porque mudança significa mexer numa estrutura “bem sustentada”,
mudança que possui nome de Educação, pensamento autocrítico sobre o meio.

Algo que o autor pontua e que deve ser combatido é a educação formal, pois nas
próprias palavras do mesmo, “Uma das funções principais da educação formal nas nossas
sociedades é produzir tanta conformidade ou ‘consenso’ quanto for capaz, a partir de dentro e
por meio dos seus próprios limites institucionalizados e legalmente sancionados”
(MÉSZÁROS, 2006, p.45), ou seja, essa mecanização que anda ocorrendo na qual os
estudantes são ensinados não a pensar e sim em como se capitalizar tem que ser evitada,
desfigurada. Infelizmente como o Mészáros (2006, p.45) aponta logo em seguida, “[…] a
tarefa de romper com a lógica do capital no interesse da sobrevivência humana, seria um
milagre monumental.”, contudo, essa mudança não é improvável, o ponto é saber onde
“atacar”, criação de leis não ajuda pois pode ser usado contra, o que de fato precisa ser
confrontado e alterado é essa forma que o capital faz de internalizar a lógica dele, todo esse
sistema de aceitação, é necessário romper com essa mão capitalista na educação.
Com essa mudança radicalizada em toda essa internalização do capital, seu domínio na
educação e mentalidade histórica será quebrado. Como Mészáros cita Paracelso, “a
aprendizagem é a nossa própria vida”, o que felizmente não nos prende totalmente nos
tentáculos da educação formal que o capital precisa. Caso simples, como o de Eduardo
Marinho que explica bem como educação está além de salas dessas “formidáveis prisões”,
contudo isso eleva o peso do papel do educador nesse quesito, suas responsabilidades são
maiores e imprescindíveis, como ser transformador, ele não pode ser arraigado ao que o
capital exige, precisa está bem munido e consciente de que suas palavras são papel
transformador e influenciador.

Agente transformador necessário para arrancar da cabeça essa concepção alienante e


desumanizante que para mudar é exigido uma intervenção em todas as camadas e subcamadas
intrapessoais e interpessoais, nas palavras de Marx mudar “[…], toda sua maneira de ser”,
pois há um processo auto alienante escravagista relacionado à questão trabalhista que toma
forma devido ao passado histórico e toda construção e fortificação dessa ideia. E nisso que
Marx quer dizer com mudar toda sua maneira de ser, e aqui surge o papel tanto do educador
quanto da educação como força motriz para romper com a internalização da educação formal
que perpetua a incorrigível lógica capitalista.

E partindo desse pressuposto marxista que Mészáros coloca dois pontos sendo de
universalização tanto educacional quanto do trabalho como meio de autorrealização, porém
citar Paracelso para defender o trabalho (Arbeit), indiretamente soa errado, porque gera uma
mecanização social, o que consegue ser sobreposto pelo papel da educação, e é curioso notar
que mesmo assim, o ideal capital é tão bem impregnado, mas com uma falha grotesca que o
fato dele ainda persistir só se dá pela forma que ele usou a educação e o trabalho a favor dele,
porque sem a alienação de mediações de segunda ordem, ele não seria nada, por isso, a
universalização educacional e trabalhista é um arremate ou xeque na lógica falha.

O risco recai sempre a tarefa educacional, pois até mesmos os educadores precisam ser
educados e ela precisa ser um ato emancipador, revolucionário e imediato, o tempo urge e o
deixar passar só piora toda a situação, pois a cada novo aluno que entra, é uma nova pessoa
que é vendida ao sistema sem nem entender sobre ele. O que a deixa inteiramente perdida
nesse mundo globalizado e capitalista, onde fera devora fera por um pedaço da gordura, a
questão é que globalização e capital não se dão bem, e isso Mészáros discute porquê.
De fato, o livro inteiro roda e discorre em como Educação e Capital não são coisas
para estarem misturados no mesmo saco de farinha, ou melhor, em como o Capital conseguiu
adentrar como um cavalo de Troia dentro da Educação, a contaminando por dentro e fazendo-
a perpetua sua lógica. Usando de Martí, Paracelso e Marx, para explicar em como
aprendizagem é como vivemos no mundo, aprendendo a cada momento, em como nossa
liberdade é condicionada pela mesma e como o lucro virou um veneno que enfraquece até
matar, pois no mundo do capital não se precisa de cabeças pensantes, apenas somente de
braços e pernas fortes, pois pensar é contra o capital. O ideal de Mészáros tem total sentido, a
mudança precisa ser agora, imediata e de dentro para fora, combater a internalização com
uma contra internalização, o destino da lógica incorrigível é ser transmutada e desfeita pelas
ações mais imediatas.

Referências:

Mészáros, I. A educação para além do capital. Tradução: Isa Tavares. 2.ed. São Paulo:
Editora Boitempo, 2005, 125 páginas.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
ALAGOAS

GABRIEL PEREIRA DOS SANTOS

RESENHA CRIÍTICA
A EDUCAÇÃO PARA ALÉM DO CAPITAL

CRAÍBAS-AL

2022
GABRIEL PEREIRA DOS SANTOS

RESENHA CRIÍTICA
A EDUCAÇÃO PARA ALÉM DO CAPITAL

Resenha critica do livro A educação para


além do capital apresentado ao curso de
licenciatura em Física, da Universidade
Federal de Alagoas, como requisito
parcial a obtenção de nota da disciplina
de Profissão Docente.

CRAÍBAS-AL

2022

Você também pode gostar