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Introdução

Com o presente trabalho de investigação trago uma abordagem em volta das 1º eleições
gerais em angola (1992) de salientar que as mesma aconteceram nos dias 29 e 30 de
setembro de 1992. Tinham como objectivo de eleger o presidente da república e os
deputados da assembleia nacional, foi a primeira vez que se realizaram eleições livres e
multipartidárias no país. Eles seguiram a assinatura dos acordos de bicesse em 31 de
maio de 1991 em uma tentativa de acabar com a guerra civil. A participação eleitoral foi
de 91,3% para as eleições parlamentares e 91,2% para as eleições presidenciais.

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Segundo “Nhuca Júnior Jornalista 04/07/2022  última atualização 09h02 do Jornal de
Angola ” afirma que cerca de cinco milhões de eleitores votaram nas primeiras eleições
multipartidárias da história de angola, ocorridas nos dias 29 e 30 de setembro de 1992.
A taxa de participação ultrapassou os 90 por cento. Estavam em disputa 220 lugares na
assembleia nacional e o cargo de presidente da república. Nas eleições legislativas
concorreram 17 partidos políticos e uma coligação, integrada por cinco partidos, e, nas
presidenciais, 12 candidatos, um dos quais, o político Mfulumpinga Nlando Víctor,
desistiu da corrida, já depois de terem sido impressos os boletins de voto.
José Eduardo Dos Santos, candidato pelo MPLA, conseguiu 1.953.335 votos (49,57 por
cento), ficando em primeiro lugar, e, em segundo, o líder da UNITA, Jonas Savimbi,
que obteve 1.579.298 votos (40,07 por cento). Para a assembleia nacional foram 11
partidos políticos e a única coligação que concorreu, a aliança democrática-coligação
(ad-coligação). O mpla saiu vitorioso com a obtenção de 2,124.126 votos (53,7 por
cento), conquistando 129 assentos parlamentares, enquanto o seu mais directo
adversário, a unita, obteve 1.347.636 votos (34,1 por cento), número correspondente a
70 assentos. A segunda volta das presidenciais não foi realizada devido ao retorno à
guerra, por jonas savimbi não ter aceitado os resultados das eleições gerais,
reconhecidas pela onu como tendo sido "livres e justas”.

Na campanha eleitoral, josé eduardo dos santos, ao lado do partido que encabeçava,
soube aproveitar os erros de jonas savimbi, líder da unita, apresentando-se aos olhos do
eleitorado como o garante de uma paz permanente para angola. A popularidade de josé
eduardo dos santos ficou reflectida nos resultados da primeira volta das eleições
presidenciais, apesar de não ter conquistado a maioria absoluta. José eduardo dos santos
só não ganhou à primeira volta por ter ficado a menos de um por cento da maioria
absoluta. Ficou em primeiro lugar, conquistando 49,57 por cento dos votos validamente
expressos, mas forçado a ir a uma segunda volta com jonas savimbi, o segundo mais
votado, com 40,07 por cento dos votos.

A segunda volta das eleições presidenciais nunca se realizou, por jonas savimbi ter
optado por mergulhar o país numa guerra pós-eleitoral, que durou 10 anos, com o
argumento de fraude eleitoral, até hoje, nunca provada. A divulgação dos resultados
finais das eleições gerais foi feita a  17 de outubro, dia em que margaret anstee, a
representante do secretário-geral das nações unidas em angola, reconheceu, lendo uma
declaração oficial, que as eleições em angola foram "livres e justas”. José eduardo dos
santos continuou à frente dos destinos do país até 2017, ano em que se retirou da vida
política activa, por vontade própria.

Jonas Malheiro Savimbi 40,07 por cento dos votos no dia 29 de setembro de 1991,
Jonas Savimbi regressou a luanda com um semblante de vitória antecipadamente
garantida, 16 anos depois da "expulsão” da unita da capital angolana. Com o rótulo de
"mwata da paz”, atribuído pelos seus seguidores, jonas savimbi não soube tirar proveito
da "popularidade relativa” que granjeou, como líder do maior movimento de guerrilha

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em áfrica, que dizia ter lutado para travar a expansão do comunismo no continente e
forçar o então mpla-pt a instaurar o multipartidarismo.

Jonas savimbi prometeu "calças novas em setembro”, um dos bordões ouvidos no


primeiro comício seu em luanda, realizado no largo 1º de maio, agora largo da
independência, e repetidos em toda a pré-campanha e campanha eleitorais de jonas
savimbi e da unita. "calças novas em setembro” foi um "convite” à alternância do poder
político, como garantia de uma "vida nova”, se os eleitores dessem a vitória à unita, nos
dias 29 e 30 de setembro.

Jonas savimbi atraía não só militantes e simpatizantes, mas, também, curiosos, alguns
dos quais críticos ao regime de partido único, em ouvir, para uma decisão em setembro,
a sua mensagem eleitoral em comícios. Os discursos do líder da unita eram intercalados
com a intervenção de cabos eleitorais do partido, que gritavam para a plateia, para esta
repetir, em uníssono, frases como "o nosso galo voa” e "calças novas em setembro”.

Jonas savimbi não soube gerir e manter a sua "popularidade relativa”, conquistada
durante a guerra civil, cometendo erros atrás de erros, nas intervenções públicas, em
luanda e noutros pontos do país, marcados por uma "linguagem belicista”, que
amedrontou o eleitorado, já cansado de guerra. Da situação tirou proveito o seu mais
directo adversário, que, ao contrário do líder da unita, era difusor de uma mensagem de
paz e de reconciliação nacional. Resultado: jonas savimbi ficou, literalmente, irritado
por ter obtido um resultado eleitoral de que nunca este-ve à espera, retomando a guerra
civil, a partir da província do huambo, para onde fugiu, no dia 6 de outubro de 1992,
três dias depois do início da divulgação dos re-sultados parciais das eleições gerais, pelo
conselho nacional eleitoral (cne).

A guerra civil só veio a terminar com a morte, em combate, de jonas savimbi, a 22 de


fevereiro de 2002, na província do moxico, onde a unita começou a luta armada pela
independência nacional, com um ataque à vila teixeira de sousa, o actual luau, a 25 de
dezembro de 1966.

Alberto Neto 2,16 por cento dos votos o presidente do já extinto partido democrático
angolano (pda), alberto neto, foi notícia, quando, no dia 17 de outubro de 1992, foram
divulgados os resultados definitivos das eleições presidenciais e legislativas. O político
conseguiu ficar à frente do líder histórico da fnla, holden roberto, tornando-se a grande
surpresa das eleições presidenciais, ao conseguir 2,16% dos votos apurados, contra os
2,11% obtidos por holden roberto.

Alberto Neto protagonizou um outro "momento histórico”, por ter reivindicado, depois
da morte de jonas savimbi, em 2002, o direito a concorrer com josé eduardo dos santos
numa segunda volta das eleições presidenciais de 1992, por ter sido o terceiro candidato
mais votado. O magro resultado eleitoral, alcançado nas eleições presidenciais de 1992,
não o coibiu de procurar respaldo legal para reivindicar o que dizia ser um direito seu, já
que o segundo candidato mais votado já não estava no mundo dos vivos.

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Certo é que a segunda volta nunca se realizou, tendo a normalização da vida
democrática sido marcada pela realização de eleições legislativas, em 2008, dois anos
antes da aprovação da ainda actual constituição da república, que determina a eleição
indirecta do presidente da república. Alberto neto "desapareceu” do cenário político, em
2013, depois da extinção automática do seu partido, por não ter conseguido, nas eleições
de 2012, o número mínimo de votos estabelecido por lei.

Holden Roberto 2,11 por cento dos votos o líder histórico da fnla, holden roberto, foi o
grande derrotado das eleições presidenciais, por ter obtido um resultado que ficou muito
aquém das expectativas. O seu discurso conciliatório não foi suficiente para recuperar o
carisma que tinha, sobretudo, em áreas de influência, quando a sua fnla ainda era um
movimento de libertação nacional.

Com a partida do líder Holden Roberto para o exílio, em 1977, a fnla perdeu expressão
política, um facto que contribuiu para o magro resultado obtido nas eleições legislativas
e presidenciais de 1992. Holden roberto veio a falecer em 2007, por doença, sem ter,
como se ventilou na altura, se reconciliado com antigos guerrilheiros da fnla, que não o
perdoaram por terem sido abandonados pelo líder histórico, alguns dos quais ainda nas
matas, na sequência do seu exílio, primeiro, na república do zaíre, actual república
democrática do congo, e, depois, em frança.

O "desaparecimento” da FNLA, enquanto movimento de libertação nacional, começou a


desenhar-se depois da captura, em combate, de mercenários, em fevereiro de 1976, entre
a damba e maquela do zombo, e da deserção de altas figuras militares e políticas da
organização. Holden roberto regressou à vida política activa, em 1992, mas já com uma
fnla fragilizada, mesmo nas suas áreas de influência. Holden roberto obteve apenas 2,11
por cento dos votos nas eleições presidenciais de 1992.   

Honorato Lando 1,92 por cento dos votos Honorato Lando, o quinto candidato mais
votado nas eleições presidenciais de 1992, era, até 1991, um desconhecido da maioria
dos angolanos. Foi fundador do partido democrático liberal de angola (pdla), criado em
1980, na província do huambo, de onde partiu, três anos depois, para o exílio, que
começou na república federal da alemanha e, depois, em frança.

Em 1991, com a instauração do multipartidarismo em angola, honorato lando regressa


ao país e legaliza, em julho de 1992, o seu partido, do qual se desvincula, em fevereiro
de 2009, para integrar o mpla. A sua relação de proximidade com o mpla nunca foi
novidade, o que deixava transparecer nos encontros regulares que mantinha com a
comunicação social, na sede do pdla, que estava situada no bairro neves bendinha, na
parte baixa da rua dos marecos.

Honorato Lando foi embaixador itinerante de angola de 1992 até à data da sua morte, a
1 de setembro de 2017, em toulouse, frança, aos 79 anos, para onde havia viajado para
receber tratamento médico especializado. 

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Luís Dos Passos 1,47 por cento dos votos luís dos passos foi eleito presidente do partido
renovador democrático (prd), numa controvérsia convenção da formação política,
realizada no anfiteatro da faculdade de medicina da universidade agostinho neto. O
evento ficou marcado pelo surgimento, à última hora, de uma nova lista, liderada por
luís dos passos, para concorrer à direcção do partido, quando já era pública a existência
de uma única lista, liderada por joaquim pinto de  andrade,  que,  na sequência do
resultado da convenção, foi apeado do cargo, que exercia, provisoriamente, desde 1991.

Luís dos passos foi o sexto candidato mais votado nas eleições presidenciais, enquanto o
seu partido conseguiu apenas um assento parlamentar, ocupado pelo escritor rui
augusto. Luís dos passos abdicou da liderança do prd, 16 anos depois da realização das
primeiras eleições multipartidárias, devido aos maus resultados eleitorais obtidos pelo
seu partido nas eleições legislativas de 2008.

Luís dos passos abandonou a vida política activa e, actualmente, exerce, na província de
malanje, o cargo de delegado da caixa de segurança social das forças armadas angolanas
(faa). 

Bengui Pedro João 0,97 por cento  bengui pedro joão não seria o candidato às eleições
presidenciais de 1992 pelo partido social democrata (psd). À última hora, foi escolhido
para liderar o partido e concorrer às eleições presidenciais, em substituição do médico
josé manuel miguel, fundador do partido,  em 1989, impedido de concorrer por "razões
judiciais”.

A candidatura de José Manuel Miguel foi recusada pelo tribunal supremo, por ele ter
sido julgado por um crime, tendo estado, já em 1992, em liberdade condicional, depois
de cumprir, na cadeia de viana, metade da pena de prisão que lhe havia sido decretada.

Bengui pedro joão foi deputado à assembleia nacional, da qual saiu, mais tarde, para
exercer o cargo de vice-ministro dos antigos combatentes e veteranos de guerra, no
governo de unidade e reconciliação nacional (GURN). A liderança de Bengui Pedro
João chegou a ser contestada por correligionários, liderados por Nzunzi Sumbo, que o
havia substituído no parlamento, enquanto foi vice-ministro dos antigos combatentes e
veteranos de guerra.

Simão Cacete 0,67 por cento dos votos o engenheiro Simão Cacete entrou para a
história das eleições gerais angolanas como o mais jovem concorrente nas presidenciais
de 1992. Concorreu à presidência da república em representação da Ad-Coligação, uma
aliança eleitoral integrada por cinco partidos e extinta, em 2008, por não ter alcançado,
nas eleições legislativas, o número mínimo de votos (0,5 por cento), exigido por lei.

Simão cacete é, também, lembrado por ter sido um dos políticos que, em 1992, depois
da realização das eleições gerais, viajaram para a província do huambo, onde fizeram,
mas em vão, uma tentativa de aconselhar o líder da UNITA, Jonas Savimbi, a seguir as

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regras democráticas, aceitando os resultados das eleições legislativas e
presidenciais.  Alegando razões de segurança, em 1992, Simão Cacete abandonou o
país, com destino a portugal, onde se encontra até hoje.   

Daniel Chipenda 0,52 por cento o MPLA quis ir coeso às eleições gerais de 1992. A
perspectiva de coesão levou à realização de uma reunião alargada, que ficou conhecida
como o encontro da "grande família MPLA”, no qual eram aguardados antigos
militantes que estavam desavindos com a direcção do partido dos "camaradas”.

Entre os antigos militantes do mpla, estava daniel júlio chipenda, que, em 1974, entrou
em rota de colisão com agostinho neto, desentendimento interno que ficou conhecido
como "revolta do leste”. Convidado por josé eduardo dos santos a reintegrar o mpla, já
com angola a respirar uma democracia multipartidária, daniel júlio chipenda foi, depois,
nome-ado director-geral da campanha do mpla para as eleições de 1992, cargo que
ocupou por pouco tempo: decidiu abandonar novamente o partido.

Acto contínuo, Chipenda optou por concorrer às eleições presidenciais apoiado, na


qualidade de independente, pelo partido nacional democrático angolano (PNDA),
conseguindo 0,52 por cento dos votos. Daniel Júlio Chipenda faleceu em lisboa, em
1996, aos 63 anos.   

Anália De Victória Pereira 0,29 por cento dos votos  "mamã coragem”, nome por que
era também conhecida Anália De Victória Pereira, é a primeira mulher a concorrer ao
cargo de presidente da república em angola. Em portugal, onde viveu exilada durante 16
anos, Anália De Victória Pereira fundou, em 1983, com o seu marido, Carlos Simeão, o
partido liberal democrático (PLD).

Anália de victória pereira morreu, em janeiro de 2009, em portugal, aos 67 anos, vítima
de doença. Nas eleições legislativas de 2008, o partido que anália de victória pereira
criou não obteve o número mínimo de votos estabelecido por lei e, por esta razão, foi
automaticamente extinto.

Rui De Victória Pereira 0,23 por cento dos votos O políticos Rui De Victória Pereira
participou nas eleições presidenciais de 1992 em representação do partido reformador
angolano (pra), de que é fundador. Pouco se sabe do percurso pós-eleitoral de rui de
victória pereira e do seu partido. Rui de victória pereira, irmão de anália de victória
pereira, morreu três anos antes da morte da líder do PLD, em decorrência de problemas
cardíacos.

Mfulumpinga Nlandu Víctor identificando-se publicamente como "líder da oposição


radical”, mfulumpinga nlandu víctor deixou a sua marca na política nacional. Conseguiu
fazer uma oposição com lucidez, inteligência e acutilância, tendo-se tornado, aos olhos

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de um número expressivo de eleitores, um deputado aguerrido, muito mais do que
deputados do maior partido da oposição, pela forma como intervinha no parlamento.

O sinal de que seria um político aguerrido retoricamente tinha sido dado na campanha
eleitoral de 1992, ano em que, nas eleições presidenciais, desistiu de concorrer, para
apoiar um dos candidatos. No dia 2 de julho de 2004, quando saía, à noite, da sede da
formação política que liderava (o partido democrático para o progresso - aliança
nacional angolana -pdp-ana), no bairro cassenda, mfulumpinga nlandu víctor foi vítima
de assassinato.

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Conclusão
Depois desta abordagem foi possível concluir que O movimento popular de libertação
de angola  (MPLA) no poder venceu ambas as eleições; no entanto, oito partidos da
oposição, em particular a união nacional para a independência total de angola (UNITA),
rejeitaram os resultados como fraudulentos. Um observador oficial escreveu que havia
pouca supervisão da ONU, que 500.000 eleitores da UNITA foram privados de direitos
e que havia 100 assembleias de voto clandestinas. A UNITA enviou negociadores à
capital, mas ao mesmo tempo preparou medidas para retomar a guerra civil. Como
consequência, as hostilidades eclodiram em luanda e imediatamente se espalharam para
outras partes do país. Vários milhares a dezenas de milhares de membros ou apoiantes
da UNITA foram mortos em todo o país pelas forças do MPLA em poucos dias, no que
é conhecido como o massacre do dia das bruxas.

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Referências

1. ↑ freeman, chas. W. (1989). «the angola/namibia accords». Foreign affairs (3).


126 páginas. Issn 0015-7120. Doi:10.2307/20044012. Consultado em 25 de
junho de 2022
2. ↑ nohlen, dieter; krennerich, michael; thibaut, bernhard (1999). Elections in
africa : a data handbook. Library genesis. [s.l.]: oxford ; new york : oxford
university press

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