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Análise sobre o texto “Colonialidade do poder e a violência contra os

povos indígenas” de Clovis Antonio Brighenti

O artigo Colonialidade do poder e a violência contra os povos


indígenas, publicado pela revista “PerCursos” no mês de setembro de 2015,
traz a discussão que, apesar de ser um conteúdo de lutas por direitos que já
percorre a muito tempo a história do nosso país, a violência praticada sobre os
indígenas segue na contemporaneidade. O autor em seu texto atribui como
necessária uma análise histórica e sistêmica, que dá a possibilidade do
entendimento da subjetividade compreendida nesta violência. Assim, atribui o
conceito da violência simbólica, que acontece pela legitimidade de um discurso
do poder dominante baseado em imposições de natureza racistas. A fonte
analisada diz que a exemplo deste exercício de poder simbólico encontramos a
classificação externa de quem se enquadra como indígena mesmo que o
conceito de raças humanas seja moldado por questões culturais e associado
com autoidentificação,como praticado outrora, quando era justificado
biologicamente.

O artigo de Brighenti como fonte histórica, apesar de conter apenas


dezoito páginas, traz um conteúdo com base e entendimento sobre o assunto,
suas referências bibliográficas para a produção do texto são bem-
conceituadas, que podem ser usadas como outras fontes históricas relevantes,
como por exemplo a Comissão Nacional da Verdade (CNV) e o
“desenvolvimento” versus os povos indígenas, do Conselho indigenista
Missionário (CIMI), Relatório: Violência contra os povos indígenas no Brasil, de
2015, inclusive tendo outros textos do autor sobre o tema analisado.
Analisando o conteúdo podemos ver que Brighenti evidencia que a violência
sistêmica ocorre devido a inferiorização dos povos indígenas, que é um
processo histórico, sendo legitimado pela omissão do Estado, sendo assim
estabelecido um racismo institucional, e abordando o início da República, foi
assim caracterizado pela utilização dos indígenas como mão de obra, pela
formulação de conceitos para dar justificativas ao seu extermínio e pela
ausência de políticas indigenistas.
O texto caminha com propriedade até o período histórico da fundação
do Serviço de Proteção aos Índios, o órgão que praticava, entre outras
atrocidades, assassinatos, tortura, prostituição e trabalho escravo. O autor nos
situa que após sua extinção foi criada a Fundação Nacional do Índio (Funai),
cuja estrutura foi baseada em dinamizar a exploração de recursos em terras
indígenas, com auxílio do Departamento Geral do Patrimônio Indígena. A
inferiorização veio baseada na determinação de raça através de fatores
biológicos, excluindo assim a categoria dos indígenas e determinando esse
status subordinado permanente. Desde a associação colonial de cor de pele
com raça e status social, o racismo está enraizado e é usado na justificativa do
uso de poder e violência sistêmica.

A fonte histórica aqui analisada traz de forma elucidativa questões sobre


a violência sistêmica e as condições de omissão e abusos sobre os povos
originários. O racismo sofrido por esse grupo vem da ideia errônea de que os
indígenas correspondem a uma raça diferente do “homem branco”. Mas é
inexistente qualquer evidência científica que respalde essa concepção racista,
visto que as populações humanas são geneticamente abertas. Assim, vê-se
que a separação em raças é puramente cultural e, portanto, não há sentido em
criar uma hierarquia de superioridade entre essas.

O artigo de Beghenti nos apresenta profundidade e objetividade acerca


de um tema extremamente importante da nossa história, analisando a situação
constitucional desse povo, percebe-se que a violência ocorre com amparo
jurídico, sendo institucional, assim sendo praticada uma doutrina de
superioridade para justificar a desumanização e ideias discriminatórias
baseados em características físicas. Ainda que em 1988 esse povo tenha tido
seus direitos reconhecidos pela constituição, atualmente existem medidas com
o intuito de diminuir os direitos dos índios dentro das três esferas políticas,
como a paralisação de demarcação das terras indígenas, o que marca um
retrocesso gigante na história do país. Desta forma, pratica-se a colonialidade
do poder, já que ainda que haja independência política, a relação colonial
continua a ocorrer baseada na imposição de classificações raciais, sendo
negados e destruídos os valores tradicionais desses povos.

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