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Resumo: Este trabalho tem como objetivo determinar os padrões de fraturas do processo condilar da
mandíbula, bem como os tipos de tratamento adotados, em um hospital público de Belo Horizonte, comparando os
resultados com a literatura internacional. Foi realizada uma análise retrospectiva de todos os casos de fraturas
mandibulares atendidos nos anos de 1999 e 2000, no Hospital Maria Amélia Lins (FHEMIG). As fraturas condilares
representaram 30,1% das fraturas mandibulares, sendo mais freqüentes em homens (77,5%), entre a segunda e
quarta décadas de vida. As causas mais comuns foram acidentes de trânsito (43%), quedas (28%) e agressões
(13%). Dentre os acidentes de trânsito, 49% foram causados por bicicletas. Fraturas condilares associadas a
outras fraturas faciais ocorreram em 51,5% dos casos, sendo a região de sínfise mandibular a mais acometida. O
tratamento conservador foi realizado em 88,8% dos casos, sendo 50,6% sem fixação maxilo-mandibular (FMM) e
38,2% com FMM. Tratamento cirúrgico, com redução aberta e osteossíntese com miniplacas e parafusos, foi
realizado em 11,2% dos casos. Todos os pacientes receberam terapia miofuncional associada. Alguns fatores
como a ocorrência de fraturas bilaterais ou a associação com outras fraturas faciais contribuíram para um maior
número de tratamentos com FMM ou de reduções abertas. Na avaliação pós-operatória média de seis meses,
foram observadas complicações em 12% dos pacientes, sendo o desvio mandibular a mais freqüente.
1
Estagiário do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Maria Amélia Lins - FHEMIG
2
Coordenador do Serviço de Cirurgia BMF dos Hospitais João XXIII e Maria Amélia Lins – FHEMIG
3
Professor Adjunto de Cirurgia BMF da Faculdade de Odontologia da PUC-Minas e de Anatomia do Departamento de Morfologia do
ICB-UFMG
Gráfico I – Distribuição dos pacientes com fraturas do processo condilar da mandíbula em relação à idade
e gênero (n=262)
Gráfico II – Distribuição dos pacientes com fraturas do processo condilar da mandíbula em relação à
etiologia (n=262)
Dentre os acidentes de transito, os ciclísticos por acidentes automobilísticos com 32 casos (28,5%) e
foram os mais freqüentes, com 55 casos (49%), seguidos motociclísticos com 25 casos (22,5%) (Gráfico III).
Gráfico III – Distribuição dos pacientes com fraturas do processo condilar da mandíbula causadas por
acidentes de trânsito (n=112)
Neste estudo foram observadas três tratamento conservador com FMM e 118 (50,6%)
modalidades de tratamento: 1) cirúrgico, que incluía receberam tratamento conservador sem FMM
redução aberta e osteossíntese com miniplacas e (Gráfico IV).
parafusos; 2) conservador, com 2 semanas de FMM Alguns fatores, como a ocorrência de fraturas
com elásticos rígidos, seguidos por 2 a 4 semanas bilaterais ou associação com outras fraturas faciais,
com elásticos leves, permitindo exercícios e contribuíram para o maior índice de reduções abertas
higienização; 3) conservador sem FMM. Terapia ou tratamentos conservadores com FMM. Dos 218
miofuncional e dieta líquida ou pastosa foram pacientes com fraturas unilaterais de côndilo, 194 foram
instituídas em todos os casos, com o auxílio da equipe tratados. Destes, 18 (9,3%) receberam tratamento
de fonoaudiologia. cirúrgico, 69 (35,6%) receberam tratamento
Dos 262 pacientes atendidos, 29 (11%) não conservador com FMM e 107 (55,1%) tratamento
retornaram para o tratamento e 233 (89%) foram conservador sem FMM. Dos 44 pacientes com fraturas
tratados. Destes, 26 (11,2%) foram submetidos a bilaterais, 39 foram tratados. 8 pacientes (20,5%)
tratamento cirúrgico, 89 (38,2%) receberam receberam tratamento cirúrgico, 20 (51,3%) foram
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