Você está na página 1de 3

15/03/23, 11:46 Sinalização celular – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sinalização celular
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A sinalização celular faz parte de um complexo sistema de comunicação que governa e coordena
as atividades e funções celulares. A habilidade que as células possuem em perceber e
correctamente responder ao seu ambiente envolvente, forma a base do desenvolvimento, da
reparação de tecidos, da imunidade e de outras funções de homeostasia em tecidos. Erros
existentes no processamento de informação celular são responsáveis por doenças como o cancro, a
autoimunidade e diabetes. Ao se entenderem melhor os processos de sinalização celular, muitas
doenças poderão ser tratadas de maneira mais eficaz e, em teoria, tecidos artificiais poderão ser
fabricados.

A linha tradicional de investigação em biologia tem-se focado em estudar partes das vias de
sinalização celular. O estudo de sistemas biológicos ajuda na compreensão da estrutura subjacente
das redes de sinalização e em perceber como as mudanças nessas redes afectam a transmissão de
informação.

Sinalização celular em organismos uni e multicelulares


A sinalização celular tem sido estudada de maneira mais profunda no contexto das doenças
humanas e na sinalização entre células de um único organismo. No entanto, a sinalização celular
pode também ocorrer entre células de organismos diferentes. Em muitos mamíferos, as células
embrionárias trocam sinais com as células do útero.[1] No tracto gastrointestinal humano, as
bactérias trocam sinais entre si e com as células epiteliares e do sistema imunitário[2] Durante o
processo de reprodução em Saccharomyces cerevisiae, algumas células enviam sinais peptídicos
(factores de conjugação) para o meio ambiente onde se encontram. Estes factores de conjugação
podem-se ligar receptores da superfície celular de outros indivíduos da espécie, induzindo o
processo de reprodução.[3]

Tipos de sinais

Alguns tipos de comunicação célula a célula requerem que estas estejam em contato direto.
Algumas células formam junções comunicantes que fazem a conexão entre os seus citoplasmas. No
músculo cardíaco, estas junções permitem a propagação do potencial de acção a partir do
pacemaker cardíaco até outras regiões do coração, fazendo com o órgão se contraia
coordenadamente.

A via de sinalização Notch é um exemplo de sinalização justácrina em que duas células adjacentes
têm que ter contato físico para que se processe a comunicação. Este requerimento de contato
direto permite um controle preciso da diferenciação celular durante o desenvolvimento
embrionário. Na espécie Caenorhabditis elegans, duas células da gônada em desenvolvimento têm
iguais hipóteses em terminar a sua diferenciação ou em se tornar numa célula precursora uterina
que continuará a dividir-se. A escolha de qual das células continua a dividir-se é controlada por
competição de sinais na superfície celular. Uma das células irá produzir maior quantidade de uma
proteína da superfície celular que ativará os receptores Notch na célula adjacente. Isto irá ativar
um sistema de feedback que reduz a expressão de receptores Notch na célula que se irá diferenciar
e aumentá-los na superfície da célula que continuará como célula estaminal.[4]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinalização_celular 1/3
15/03/23, 11:46 Sinalização celular – Wikipédia, a enciclopédia livre

Muitos sinais celulares são transportados por moléculas que são libertadas por uma célula e que
depois se movem até entrarem em contato com outras células. Os sinais endócrinos são
denominados de hormonas. As hormonas são produzidas por células endócrinas e viajam pelo
sangue para alcançar outras partes do corpo. A especificidade da sinalização é controlada se
determinada célula puder responder a um sinal específico. A sinalização parácrina tem como alvo
apenas as células que estão na vizinhança da célula emissora do sinal. Os neurotransmissores são
um exemplo deste tipo de sinalização. Algumas moléculas podem funcionar simultaneamente
como hormonas e neurotransmissores. Por exemplo, a epinefrina e a norepinefrina podem
funcionar como hormonas quando libertadas pela glândula adrenal, sendo transportadas através
da corrente sanguínea até ao coração. A norepinefrina pode também ser produzida pelos
neurónios, funcionando como neurotransmissores no cérebro.[5] O estrogénio pode ser libertado
pelo ovário e funcionar como hormona ou actuar localmente via sinalização autócrina ou
parácrina.[6]

Receptores de sinais celulares

As células recebem informação do seu ambiente envolvente através de uma classe de proteínas
denominada receptores. O receptor Notch é uma proteína da superfície celular que possui esta
função. Os animais possuem um conjunto de genes que codificam proteínas sinalizadoras que
interagem especificamente com estes receptores Notch e que estimulam uma resposta em células
que possuam estes receptores na sua superfície. As moléculas que activam (ou em alguma casos,
inibem) os receptores podem ser classificadas como hormonas, neurotransmissores, citocinas ou
factores de crescimento, mas todas elas são chamadas de ligandos de receptores. Os detalhes da
interacção receptor-ligando são essenciais no processo de sinalização celular.

Classificação da comunicação intercelular


Em endocrinologia, o estudo da sinalização celular em animais, a sinalização intercelular está
subdividida da seguinte maneira:

Sinais endócrinos são produzidos por células endócrinas e viajam através do sistema
circulatório até chegarem a todas as partes do corpo.
Sinais parácrinos são enviados apenas às células na vizinhança da célula emissora. Os
neurotransmissores são um exemplo.
Sinais autócrinos apenas afectam as células que são do mesmo tipo celular que a célula
emissora. Um exemplo são as células do sistema imunitário.
sinais holócrinos são transmitidos através das membranas celulares, via componentes
proteicos ou lipídicos, integrais À membrana, e que são capazes de afectar quer a célula
emissora quer as células imediatamente adjacentes.

Luz como forma de comunicação celular


Um estudo científico, utilizando o ciliado Paramecium caudatum, sugere que diversas populações
celulares usam 2 ou mais frequência de luz para efectuar transferência de informação,
influenciando o input energético, a divisão celular e o crescimento.[7]

Referências
1. O. A. Mohamed, M. Jonnaert, C. Labelle-Dumais, K. Kuroda, H. J. Clarke and D. Dufort (2005)
"Uterine Wnt/beta-catenin signaling is required for implantation" in Proceedings of the National
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinalização_celular 2/3
15/03/23, 11:46 Sinalização celular – Wikipédia, a enciclopédia livre

Academy of Sciences of the United States of America Volume 102, pages 8579-8584. Entrez
PubMed 15930138 (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=pubmed&
dopt=Abstract&list_uids=15930138).
2. M.B. Clarke and V. Sperandio (2005) "Events at the host-microbial interface of the
gastrointestinal tract III. Cell-to-cell signaling among microbial flora, host, and pathogens: there
is a whole lot of talking going on" in American journal of physiology. Gastrointestinal and liver
physiology. Volume 288, pages G1105-9. Entrez PubMed 15890712 (http://www.ncbi.nlm.nih.g
ov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=pubmed&dopt=Abstract&list_uids=15890712).
3. J. C. Lin, K. Duell and J. B. Konopka (2004) "A microdomain formed by the extracellular ends of
the transmembrane domains promotes activation of the G protein-coupled alpha-factor
receptor" in Molecular Cell Biology Volume 24, pages 2041-2051. Entrez PubMed 14966283 (ht
tp://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=pubmed&dopt=Abstract&list_ui
ds=14966283).
4. I. Greenwald (1998) "LIN-12/Notch signaling: lessons from worms and flies" in Genes in
Development Volume 12, pages 1751-1762. Entrez PubMed 9637676 (http://www.ncbi.nlm.nih.
gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=pubmed&dopt=Abstract&list_uids=9637676).
5. M. C. Cartford, A. Samec, M. Fister and P. C. Bickford (2004) "Cerebellar norepinephrine
modulates learning of delay classical eyeblink conditioning: evidence for post-synaptic signaling
via PKA" in Learning & memory Volume 11, pages 732-737. Entrez PubMed 15537737 (http://w
ww.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=pubmed&dopt=Abstract&list_uids=15
537737).
6. S. Jesmin, C. N. Mowa, I. Sakuma, N. Matsuda, H. Togashi, M. Yoshioka, Y. Hattori and A.
Kitabatake (2004) "Aromatase is abundantly expressed by neonatal rat penis but
downregulated in adulthood" in Journal of Molecular Endocrinology Volume 33, pages 343-359.
Entrez PubMed 15525594 (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=pu
bmed&dopt=Abstract&list_uids=15525594).
7. Fels D (2009) Cellular Communication through Light. PLoS ONE 4(4): e5086.
doi:10.1371/journal.pone.0005086

Ligações externas
(em inglês)Cell Communication (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Search&d
b=books&doptcmdl=GenBookHL&term=%22Cell+signaling%22+AND+mboc4%5Bbook%5D+A
ND+373842%5Buid%5D&rid=mboc4.section.2743#2793), Capítulo 15 em Molecular Biology of
the Cell (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Search&db=books&doptcmdl=Ge
nBookHL&term=cell+biology+AND+mboc4%5Bbook%5D+AND+373693%5Buid%5D&rid=mbo
c4) 4ª edição, editado por Bruce Alberts (2002) pubblicado por Garland Science.
(em inglês)Cell Signaling (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Search&db=boo
ks&doptcmdl=GenBookHL&term=%22Cell+signaling%22+AND+cooper%5Bbook%5D+AND+1
66039%5Buid%5D&rid=cooper.chapter.2198), Capítulo 13 em The Cell - A Molecular
Approach (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Search&db=books&doptcmdl=G
enBookHL&term=cell+biology+AND+cooper%5Bbook%5D+AND+165077%5Buid%5D&rid=co
oper.chapter.89) 2ª edição, por Geoffrey M. Cooper (2000) publicado por Sinauer Associates.
(em inglês)Cell-to-Cell Signaling (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Search&d
b=books&doptcmdl=GenBookHL&term=%22Cell+signaling%22+AND+mcb%5Bbook%5D+AN
D+107116%5Buid%5D&rid=mcb.chapter.5687), Capítulo 20 em Molecular Cell Biology (http://
www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Search&db=books&doptcmdl=GenBookHL&term
=cell+biology+AND+mcb%5Bbook%5D+AND+105032%5Buid%5D&rid=mcb.chapter.145) 4ª
edição, editado por Harvey Lodish (2000) publicado por W. H. Freeman and Company.

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sinalização_celular&oldid=58459913"

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinalização_celular 3/3

Você também pode gostar